sexta-feira, 1 de abril de 2022

CONQUISTANDO A AMÉRICA

Mais um Grande Prêmio de F-1 a caminho para 2023, agora em Las Vegas, nos Estados Unidos, a capital mundial do jogo.

            O campeonato da Fórmula 1 sempre foi considerado a maior categoria de competição do esporte a motor do mundo, ainda que não seja exatamente a mais disputada e competitiva de todas. Mesmo assim, a fama e o prestígio da “categoria máxima” do automobilismo, como costuma ser chamada, estendeu sua fama e popularidade a todo o planeta, embora nem sempre tenha sido popular ou muito conhecida em alguns lugares. Um destes lugares era justamente a maior potência econômica do mundo, os Estados Unidos, onde por muito tempo a F-1 demorou para emplacar e conquistar os fãs da velocidade do país, sendo conhecida apenas por pequena parcela do público amante das competições do esporte a motor. Mas, os tempos mudam, e esta semana a Liberty Media, atual proprietária da categoria, acabou de anunciar a realização de mais um Grande Prêmio de F-1 em terras do Tio Sam, e desta vez será em Las Vegas, cidade conhecida como capital mundial do jogo, devido ao grande número de cassinos presentes no lugar.

            Sobre a corrida, foi definido que será um traçado urbano, montado nas ruas de Las Vegas, com uma extensão de cerca de 6,12 Km, e 50 voltas de duração, com data prevista para o dia 25 de novembro, fazendo sua estréia no calendário de 2023 da F-1, o que fará com que os Estados Unidos tenham três corridas na temporada do ano que vem. E isso porque este ano, em maio, estréia o tão aguardado Grande Prêmio de Miami, segunda corrida no país, que continuará tendo o Grande Prêmio dos Estados Unidos disputado no Circuito das Américas, em Austin, no mês de outubro.

            A grosso modo, não é a primeira vez que os Estados Unidos sediam três Grandes Prêmios em uma mesma temporada da F-1. Na verdade, durante algum tempo, foi muito comum a categoria correr em mais de um GP por lá no mesmo ano. Entre 1976 e 1984, a F-1 sempre correu mais de uma vez nos Estados Unidos, e em 1982, foram três corridas realizadas por lá, realizadas nas cidades de Long Beach, Detroit, e Las Vegas, vejam só, justamente para onde a categoria retornará no próximo ano. Mas, os momentos de antigamente, e atualmente, são bem diferentes.

            Na época, a F-1 até tinha razoável popularidade nos Estados Unidos, que contavam com um nome de peso na categoria máxima, Mario Andretti, que já tinha no currículo títulos na antiga F-Indy, e chegou a ser campeão da F-1, pela Lotus, em 1978. Até Roger Penske tinha um time na categoria máxima do automobilismo, que infelizmente durou pouco tempo diante da falta de resultados. E essa popularidade acabou motivando a realização de mais um GP por ano em terras do país da América do Norte, a princípio mantendo o GP já disputado no circuito de Watkins Glen, e uma nova corrida, em circuito de rua, no balneário de Long Beach, ao sul de Los Angeles, na Califórnia. E as duas corridas, que passaram a ser chamadas, respectivamente, de GP dos EUA-Leste, e GP dos EUA-Oeste, sempre atraíram bom público. E o sucesso destas corridas, claro, motivou Bernie Ecclestone a tentar ampliar o leque de provas por lá. Com a saída de Watkins Glen do calendário, a F-1 acabou perambulando por pistas de rua, montadas nas cidades de Detroit, Dallas, e Las Vegas. Mas, ao contrário da prova de Long Beach, que era um sucesso entre público, e entre equipes e pilotos, as demais pistas, todas urbanas, não conseguiram cativar e conquistar o público, e muito menos o pessoal da F-1. Detroit, além de não ter um traçado agradável, possuía um asfalto tenebroso, e Dallas padeceu de problemas similares, durante muito pouco no calendário, com apenas uma prova realizada por lá, em 1984. Mas ruim mesmo acabou sendo a pista de Las Vegas, montada, vejam só, no estacionamento do hotel Caesars Palace,com um traçado pra lá de horroroso e sem graça, para não falar de um asfalto ainda mais tenebroso.

Las Vegas já sediou duas provas da F-1 nos anos 1980, em um circuito improvisado no estacionamento de um hotel, e não deixou saudades em quem participou das corridas.

            Não tinha como dar certo. E, infelizmente, a ganância de Ecclestone em cobrar mais pela realização da corrida fez Long Beach desistir da F-1, e entrar para o calendário da antiga F-Indy, uma categoria muito mais barata, e que oferecia disputas melhores do que a F-1, já naquela época. Detroit até aguentou mais um tempo no calendário, mas as queixas dos pilotos motivaram a saída da categoria da capital do automóvel após 1988, indo encontrar refúgio breve nas ruas de Phoenix, no Arizona, onde mais três provas foram realizadas, até 1991. Com o prestígio em queda, provocado pelas péssimas pistas de rua por onde andou, a F-1 deixou os Estados Unidos de fora do calendário da competição, até porque havia muitos interessados em sediar GPs, e que pagavam os valores impostos por Ecclestone, que apesar disso, nunca desistiu de reincluir o país no calendário, até porque não se podia ignorar o maior mercado consumidor do mundo. Mas não foi fácil promover um retorno. A antiga F-Indy tinha crescido muito, e era um certame não apenas mais barato de se realizar e promover do que a F-1, mas também apresentava corridas muito mais emocionantes, com vários pilotos vencendo corridas, e mais postulantes ao título do que na categoria máxima do automobilismo. Nem era preciso pensar muito para ver qual competição o fã estadunidense de automobilismo preferia. E a F-Indy começava a crescer a ponto até de incomodar a F-1, algo que Bernie Ecclestone não estava disposto a permitir, e por isso, o esforço para reincluir os EUA no calendário.

No belo Circuito das Américas, no Texas, a F-1 voltou a encantar os torcedores dos Estados Unidos.

            Isso foi conseguido no ano 2000, com uma prova a ser realizada em um traçado misto criado dentro do traçado oval do autódromo de Indianápolis, palco das famosas 500 Milhas, e que passou a receber a F-1 de verdade, uma vez que, nos seus primórdios, a F-1 incluía da famosa corrida em oval como parte de seu campeonato numa manobra “para inglês ver”, e justificar seu status de campeonato mundial. A competição até fez sucesso por alguns anos, mas a malfada edição de 2005, com apenas 6 carros, devido a problemas dos compostos da Michelin na curva 1 do circuito oval, naquele ano, desgastou a imagem da F-1, levando os Estados Unidos a ficaram novamente de fora do calendário da competição, o que só foi solucionado em 2012, quando a F-1 estreou em um circuito construído especialmente para receber de novo a categoria máxima do automobilismo em terras do Tio Sam, no belo Circuito das Américas, em Austin, no Texas, num dos raros trabalhos de Hermann Tilke que agradaram aos pilotos, e que pelo menos permitia a realização de boas corridas. Foi um renascimento da popularidade da F-1 nos Estados Unidos, com o país deixando de realizar uma corrida apenas em 2020, devido à pandemia da Covid-19.

            Nessa última década, não faltaram iniciativas de Ecclestone para tentar emplacar outras corridas em solo estadunidense. Falava-se, principalmente, em uma corrida em Nova Iorque, mas o projeto, assim como outros imaginados nesse período, nunca foram para frente, em especial diante das altas taxas que o então chefão da FOM queria cobrar dos organizadores, o que assustou e desestimulou todos eles a seguir em frente. Com a mudança de propriedade da F-1, passando às mãos da Liberty Media, não por acaso um grupo sediado nos Estados Unidos, que assumiu as rédeas da competição, e “aposentou” Ecclestone, o clima para se arregimentar novas corridas nos EUA mudou. Foi crucial para melhorar a atratividade da F-1 as boas corridas disputadas em Austin, que sempre atraíram grande público, apesar do problema das altas taxas, mas mostrando que havia sim, um grande público interessado na categoria máxima do automobilismo por lá. A produção da série “Drive To Survive”, da Netflix, numa empreitada assumida pelo serviço de streaming e a direção da Liberty Media, serviu para apresentar a F-1 a um novo grupo de fãs que pouco conhecia a categoria, ajudando a popularizá-la ainda mais. Ajudou também a mentalidade diferente da Liberty Media no trato de acordos para tentar despertar interesse em novas corridas no país, sendo mais maleáveis e flexíveis do que o velho Bernie.

Detroit (acima) até tentou, mas não conseguiu seduzir o pessoal da F-1, que gostava de Long Beach (abaixo), até a pista resolver trocar a corrida para o campeonato da F-Indy devido aos altos custos.


            E enfim, os esforços frutificaram, com o anúncio, ainda no ano passado, do novo Grande Prêmio de Miami, após superarem inúmeros obstáculos visando criar um interessante traçado na cidade da Flórida, que fará sua estréia no próximo mês de maio, para felicidade dos fãs da velocidade, mas principalmente do Liberty Media, que tinha como ponto de honra conseguir emplacar uma nova corrida em seu país natal, ao lado da já firme prova no Circuito das Américas, que no ano passado, após ficar ausente em 2020, registrou seus recordes de público no fim de semana de GP, comprovando o sucesso da etapa. Um sucesso que a Liberty espera repetir em Miami, claro. E, futuramente, em Las Vegas.

            Mas, diferente de como foram feitas as corridas por lá anteriormente, hoje tudo é feito com muito mais planejamento e antecedência, de modo que as condições, hoje consideradas malucas e completamente displicentes, daquela época, e que ajudaram a contribuir para o fracasso das etapas, não se repitam. Tudo é muito mais estudado e calculado, de modo que as novas corridas possam oferecer o que há de melhor em estrutura para a competição da F-1, e também para o público que estará presente. Para a criação do traçado de Miami, foram necessários estudos e muitas negociações com as autoridades locais e associações de moradores, a fim de criar uma pista aceitável para todos, além de criar diferenciais que façam o público ficar empolgado com o que irão ver, na pista, e fora dela.

            Para a corrida de Las Vegas, o cuidado em tornar a prova diferenciada também está sendo grande. Começando pelo seu dia de disputa, que será na noite de sábado, às 22 horas locais, em mais uma etapa noturna no campeonato. Será a primeira corrida de F-1 disputada em um sábado desde o Grande Prêmio da África do Sul de 1985, a última a ser disputada em um dia que não fosse domingo. Até então, era comum alguns GPs serem realizados aos sábados. A partir de 1986, a FIA e a FOCA padronizaram as regras, de modo que as corridas passaram a ocorrer somente aos domingos desde então. O traçado montado pela Liberty Media nas ruas da capital do jogo contará com 3 trechos de retas principais, e um total de 14 curvas, numa extensão de 6,12 Km, com a prova sendo disputada em 50 voltas. Estudos indicam que os carros de F-1 poderão atingir mais de 340 Km/h de velocidade máxima nos trechos de reta. E, segundo Stefano Domenicalli, atual CEO da Liberty Media, o horário escolhido para a corrida fará parte do show que a F-1 quer se mostrar, ainda mais em uma cidade onde a noite é efervescente, e boa parte da audiência nos Estados Unidos certamente poderá acompanhar o GP.

            Pelo visto, desta vez a F-1 se programou melhor do que nunca para conquistar a América, e tem bons motivos para comemorar.

 

 

Marc Márquez vai desfalcar a Honda na etapa deste final de semana da MotoGP, na Argentina, e certamente também na próxima corrida, que já é semana que vem, nos Estados Unidos. O hexacampeão sofreu um forte acidente durante o treino do warm-up na etapa da Indonésia, sendo levado para o hospital onde se verificou ter sofrido uma concussão, e felizmente, não sofreu nenhum ferimento. Mas, ao chegar em casa, constatou o retorno da diplopia, a visão dupla, que o acometeu após sofrer uma queda durante um treino de motocross em outubro do ano passado, também devido a uma concussão. Apesar dos médicos afirmarem que o caso é menos grave que o daquele momento, Márquez ficou em repouso, e a Honda tratou logo de comunicar sua ausência da etapa em Termas do Rio Hondo, neste final de semana, onde será substituído por Stefan Bradl, que fez a mesma função nas etapas onde Marc teve de se ausentar no ano passado. Como o tempo entre a prova da Argentina e a dos Estados Unidos é de apenas uma semana, é praticamente certo que o espanhol irá ficar de fora também da próxima corrida, com a equipe japonesa já planejando seu retorno para a prova seguinte, em Portimão, no dia 24 de abril, visando dar ao seu piloto um tempo de recuperação sem sobressaltos. Pelo visto, a sina de Marc Márquez segue complicada, e não são poucos os que dizem que, infelizmente, o hexacampeão pode ter sua carreira comprometida na classe rainha do motociclismo, depois de tantos percalços, e do risco potencial do que futuros acidentes podem desencadear no piloto...

 

 

A MotoGP se complicou na viagem da Indonésia para a Argentina, devido a problemas na logística de transporte, azares, e até mesmo o conflito Rússia-Ucrânia, o que fez com que os materiais de equipes e da própria Dorna atrasassem para chegar ao circuito de Termas do Rio Hondo, onde será disputada a etapa deste fim de semana. Com parte da carga chegando ao seu destino apenas hoje, a Dorna precisou cancelar as atividades da sexta-feira na pista argentina, transferindo os treinos para o sábado, e alterando toda a sistemática do final de semana, preocupando-se em manter os horários das corridas do domingo inalteradas. Com os treinos livres remarcados para a manhã deste sábado, o treino de classificação será realizado um pouco mais tarde, e com o cancelamento de um dos treinos livres, a Dorna optou por aumentar um pouco o tempo do warm-up no domingo, como forma de compensação. O transporte do material da MotoGP é realizado em cinco aviões, e dois deles apresentaram problemas nas escalas feitas entre Mandalika, na Indonésia, e a Argentina. Mas a Dorna garante que, apesar do atraso, tudo correrá normalmente no sábado e no domingo, com a realização das corridas da MotoGP, Moto2 e Moto3 ocorrendo dentro dos conformes. E olhe que a MotoGP ainda deu sorte, pois a prova da Indonésia foi há duas semanas atrás, mas e se esse problema ocorresse no intervalo de apenas uma semana entre uma corrida e outra, como é o caso das etapas da Argentina e dos Estados Unidos? Isso já seria muito mais complicado de se resolver...

 

 

Mick Schumacher está “invicto” no Grande Prêmio da Arábia Saudita. O filho de Michael Schumacher havia batido forte com sua Haas na corrida do ano passado, e desta vez ele acabou repetindo a dose no treino de classificação, o que desencadeou uma bandeira vermelha, e a remoção do piloto para o hospital, felizmente, por precaução, onde teve alta, e só não pode correr na prova porque a Haas não tinha condições de reparar completamente o carro, que ficou ainda mais destruído do que na pancada de 2021. Felizmente para a escuderia, Kevin Magnussen fez outra excelente corrida, terminando a prova de Jeddah em 9º lugar, e garantindo mais alguns pontos para a escuderia, que ocupa a 5ª posição no Mundial de Construtores, com 12 pontos marcados até o presente momento, obtidos nas duas primeiras corridas da temporada. Em comtrapartida, os gastos de recuperação do carro destruído por Mick foram estimados em cerca de US$ 920 mil, um prejuízo que certamente será sentido pelo time, especialmente depois de ter ficado sem o patrocínio da empresa Uralkali, do pai de Nikita Mazepin, ex-piloto da equipe, demitido depois dos problemas desencadeados pela guerra da Rússia contra a Ucrânia.

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