quarta-feira, 25 de março de 2020

ARQUIVO ESPECIAL – COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – ABRIL DE 2000


            Ainda com tudo parado, até mais do que deveria ser, e com alguns comportamentos lamentáveis diante da crise do coronavírus que enfrentamos, trago hoje mais um antigo texto de meus arquivos, em especial uma Cotação Automobilística, referente aos acontecimentos do mundo do esporte a motor de abril de 2000, publicado no dia 28 de abril daquele ano, em um estilo muito similar à das mais recentes cotações automobilísticas que tenho feito. Com tudo parado, adiado e/ou cancelado, posso dizer que a primeira sessão da Cotação Automobilística deste ano também acabou cancelada, pela falta de eventos neste mês de março, portanto, curtam este meu antigo texto, e façam bom proveito. E que a vida volte à normalidade o quanto antes...


SOBE:

- RUBENS BARRICHELLO:  Enfim, teve um desempenho à altura do que poderia se esperar de um piloto de    um time de ponta. Rubinho fez a primeira pole da Ferrari no ano e era nome certo para a vitória até ser traído pelo carro. A primeira vitória não está muito longe do piloto brasileiro. É só a sorte ajudar um pouco. Enquanto esteve na pista, Barrichello pilotou sem cometer erros e suportou a pressão dos pilotos da McLaren e da Jordan. E sem forçar o limite do carro. Com isso, redimiu-se parcialmente da fraca atuação de Ímola, onde ajustes equivocados do carro limitaram sua performance.

- JENSON BUTTON: Nas condições de loteria em que a classificação do GP da Inglaterra se transformou, Button foi uma das sensações ficando em 6º no grid. Na corrida, sempre esteve em luta por lugares pontuáveis e, assim como seu colega Ralf Schumacher, só não se classificou melhor porque a estratégia de duas paradas prejudicou a atuação. Mas Button também vem mostrando muita maturidade e está cometendo pouquíssimos erros. Resta saber se, em 2001, não será rifado pela Williams para a provável volta de Juan Pablo Montoya, atualmente na F-CART.

- EQUIPE PENSKE: Depois os fracos resultados dos últimos anos, o time mais organizado da F-CART está dando a volta por cima. Os desempenhos mostrados até agora na pista mostram que a Penske recuperou totalmente a sua competitividade. Para aqueles que apostavam que o time iria levar um tempo para se ajustar aos novos equipamentos, a organização de Roger Penske mostrou uma competência exemplar. A sonhada 100ª vitória do time na categoria pode chegar a qualquer momento. E, para frisar a reascenção da equipe, a performance do time foi excelente tanto nos circuitos ovais como mistos. É favorita ao título. Em Long Beach, conseguiu o primeiro pódio do ano, com o segundo lugar de Hélio Castro Neves.

- GIL DE FERRAN: Em duas etapas disputadas até agora, em termos de classificação, Gil é piloto a ser batido. Duas pole-positions consecutivas e o maior número de voltas lideradas até o momento no atual campeonato, já dão uma mostra de como Gil tem mostrado força. O piloto brasileiro tem mostrado que a Penske está voltando a seus bons dias de competitividade. Só não venceu ambas as corridas disputadas até agora porque as situações de corrida não lhe foram favoráveis e bagunçaram com sua estratégia de corrida. Só para constar a performance de Gil na classificação, em Long Beach, ele colocou praticamente ls de diferença sobre o seu colega de equipe, o brasileiro Hélio Castro Neves, que largou na 5ª fila.

- AL UNSER JR.: Depois de ficar a pé na F-CART, “little” Al mudou-se para a Indy Racing League, retornando à sua velha equipe Galles, onde foi campeão da então F-Indy em 91. Se, para muitos, ir para a IRL foi o caso de uma aposentadoria forçada e uma decadência anunciada, Al Unser Jr. mostrou que não é bem assim, e venceu a prova de Las Vegas, disputada no último fim de semana, pelo calendário da IRL. Com isso, o velho Al mostra que ainda tem velocidade para mostrar aos outros pilotos.


NA MESMA:

- MICHAEL SCHUMACHER: O piloto alemão teve em Silverstone sua pior performance do ano, depois de 3 vitórias consecutivas. Schumacher nunca esteve na luta pela vitória e contou com a sorte para subir ao pódio no GP inglês. Como a vantagem na classificação era enorme, o bicampeão ainda é favorito isolado ao título, e vai levar pelo menos mais 3 corridas com resultados similares aos de Silverstone para ter seu favoritismo contestado. Mas é difícil prever outros panoramas ruins como o do GP inglês, para sorte do alemão e azar da concorrência.

- EQUIPE ARROWS: Continua surpreendendo pela recuperação de competitividade, mas a fiabilidade dos carros continua abaixo da média. No GP da Inglaterra, o ponto alto foi a boa posição de largada de Versttappen e a suadeira que o piloto holandês deu em Michael Schumacher durante parte do GP em tentativa de pressionar para conseguir uma ultrapassagem. Não fosse a quebra, entraria nos pontos, com certeza. Se conseguir fiabilidade, a coisa vai melhorar muito.

- EQUIPE BENETTON: Nova direção e novo proprietário, mas nada disso ainda parece ter surtido algum efeito na equipe que nasceu como Toleman na década de 80. Flavio Briatore, de volta ao comando da escuderia, vai precisar de toda a sua competência para reerguer a escuderia que já chegou a ser duas vezes consecutiva campeã de pilotos nos anos 90. O apoio da Renault é bom, resta saber quanto tempo a escuderia vai levar para se recuperar. E isso é uma  incógnita.

- EQUIPE MCLAREN: Apesar da vitória com dobradinha no GP da Inglaterra, o time de Ron Dennis ainda está devendo uma apresentação decente nesta temporada. Tanto Hakkinem quanto Coulthard não demonstraram em nenhum momento aproveitar o potencial do excelente carro prateado e, para finalizar, a vitória só veio porque Rubens Barrichello quebrou e abandonou. E, em Ímola, a escuderia foi  totalmente derrotada por Michael Schumacher. Deste jeito, o título vai ficar difícil. Em Barcelona, local da próxima etapa, a McLaren vai ter de aproveitar tudo o que puder para conseguir nova vitória e diminuir a diferença.

-  ANTÔNIO PIZZONIA: O “Jungle Boy” continua detonando na F-3 inglesa, vencendo as duas etapas disputadas até agora do campeonato. E é o favorito destacado para a etapa deste fim de semana, em Oulton Park. E o pessoal da F-1 já começa a olhar para ele. Flavio Briatore já acertou com o jovem piloto brasileiro uma série de testes para ver se Pizzonia tem condições de domar um F-1. Depois do furacão Button neste início de temporada, ninguém duvida que, se Pizzonia mostrar com a Benetton o mesmo talento que tem mostrado até agora na sua carreira, vai ser mais um brazuca a estar no grid de largada da F-1 já em 2001.


DESCE:

- ORGANIZAÇÃO DO GP DA INGLATERRA: Depois da confusão das placas em Interlagos, a organização do GP Brasil foi multada pela FIA em 100 mil dólares. Quero ver o que vai acontecer com a organização do GP da Inglaterra, depois do caos do fim de semana. Obrigar os torcedores a andarem 5 quilômetros a pé para chegar ao circuito no sábado foi uma total falta de respeito, sem nem ao menos terem criado um sistema de transporte alternativo para suprir esta deficiência. E as cenas dos veículos atolados na lama, sendo que até mesmo o veículo de resgate teve de ser rebocado, foi muito interessqnte. Bagunças de uma organização de país de “Primeiro Mundo”. Bernie Ecclestone não gostou nem um pouco disso e concordo plenamente. E milhares de torcedores também.

- FIABILIDADE DA FERRARI:  A equipe italiana está ficando em uma posição meio incômoda com as quebras do carro de Rubens Barrichello. A de Silverstone foi particularmente danosa para a Ferrari porque se Rubinho vencesse, seria a 4ª vitória consecutiva da escuderia de Maranello na temporada, e a dupla rival da McLaren marcaria bem menos pontos. Até agora, em 4 corridas, o carro do brasileiro quebrou 2 vezes, mas e se as quebras passarem a acontecer com Schumacher?

- EQUIPE NEWMANN/HASS:  Um dos mais fortes times da F-CART teve uma atuação pífia em Long Beach, abandonando a corrida com problemas sérios nos carros de seus pilotos. O de Christian Fittipaldi chegou até a pegar fogo nos boxes. Como a equipe também não teve um desempenho muito convincente em Homestead, vai precisar batalhar muito para conseguir reencontrar o favoritismo para disputar o título da categoria. Há quem diga que, além dos maus resultados, Michael Andretti já pensa em aposentadoria...

- JARNO TRULLI: O piloto italiano até agora não mostrou muito a que veio na equipe Jordan. Foi contratado por Eddie Jordan para fazer uma dupla mais forte com Frentzen do que a do alemão com Damon Hill em 99. Até o momento, Trulli só tem se saído um pouco melhor que Hill nas classificações, mas continua longe de Frentzen em corrida. Em Silverstone, então, teve uma atuação apagada e só pontuou porque os pilotos à sua frente quebraram.

- EQUIPE JORDAN: Até o momento, a equipe não conseguiu repetir as boas performances de 99. A fiabilidade do carro não tem ajudado, uma  vez que comprometeu alguns resultados que já geravam preciosos pontos para a escuderia, como em Silverstone, onde Frentzen estava garantido nos pontos. O único ponto positivo até o momento é o fato de a equipe, que usa um motor Honda semi-oficial, ainda ter melhor performance do que a do time “oficial” da Honda, a BAR. Mas a situação da Jordan tende a piorar, pois acaba de perder o seu projetista Mike Cascgoyne para a Benetton para 2001.
 



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