sexta-feira, 15 de setembro de 2017

DECISÃO EM SONOMA


O autódromo de Infineon Raceway mais uma vez encerra a temporada da Indycar com mais uma decisão do título da categoria.

            Chegou o momento da decisão. O pessoal da Indycar está em Sonoma, no Infineon Raceway, para o encerramento da competição, e temos quatro pilotos na luta pelo título da temporada, praticamente. Embora a pontuação desta corrida seja dobrada, por ser a prova final do campeonato, e matematicamente 6 pilotos ainda possam em teoria chegar ao título, a rigor só Josef Newgarden, Scott Dixon, Hélio Castro Neves, e Simon Pagenaud tem chances reais mesmo de título. Will Power, o 5º colocado na competição, tem 68 pontos de desvantagem para Newgarden, e seria preciso uma combinação de fatores extremamente complicada para dar ao australiano o bicampeonato da categoria. E seria preciso que os demais pilotos na briga caíssem fora da competição para que suas chances ficassem realmente válidas. O mesmo vale para Alexander Rossi, que precisaria de uma combinação praticamente perfeita de uma vitória e um desastre completo dos demais postulantes ao título para poder sonhar com a taça.
            Com 560 pontos na carteira, e ocupando a primeira colocação da tabela, o americano Josef Newgarden faz uma temporada de estréia na Penske muito boa, e com chances de faturar o título. Mas ele poderia ter complicado a situação ainda mais para seus rivais se não tivesse batido de forma bizarra após sair dos boxes em Watkins Glen na semana retrasada, praticamente ficando de fora das primeiras colocações, e marcando apenas 13 pontos porque o sistema de pontuação da categoria não deixa ninguém no zero em nenhuma etapa. Josef venceu 4 corridas no ano, e em tese, depende apenas de si mesmo para chegar ao seu primeiro título.
            Mas a pista mista de Sonoma pode ser complicada, e tudo pode acontecer na corrida. Qualquer descuido, já nos treinos livres, pode azedar todo o final de semana, e logo atrás do americano da Penske vem a maior ameaça à sua conquista, o neozelandês Scott Dixon, da Ganassi. Dixon tem aproveitado todas as oportunidades que surgem à sua frente, e qualquer vacilada da concorrência pode ser um prato cheio para ele, que apesar de certa inferioridade de seu carro frente aos pilotos da Penske na luta pelo título, venceu uma corrida no ano e com uma grande constância mantém-se firme na luta, sendo o único piloto não-Penske a de fato poder conquistar a taça. Dixon foi 2º colocado em Gateway e Watkins Glen, e com isso, colou em Newgarden, que ficou apenas 3 pontos à sua frente. Basicamente, Scott precisa chegar na frente de Josef, para levar o seu 5º título, e ele tem ginga e capacidade para isso. Se a Ganassi tiver um bom acerto no seu carro, na prática Dixon assume os ares de grande favorito em Sonoma, que em caso de vencer o campeonato, seria o seu 5º título nas categorias Indy, tornando-o um dos maiores campeões de todos os tempos.
Josef Newgarden (acima) lidera o certame, mas Scott Dixon (abaixo) está em seus calcanhares e pode dar um bote certeiro no piloto da Penske.
            Um pouco mais atrás, vem dois outros pilotos de Roger Penske. Hélio Castro Neves vai para o tudo ou nada na disputa pelo título. Com 22 pontos de desvantagem para Newgarden (538 a 560), o brasileiro precisa vencer para poder dizer que deu tudo de si na luta, mas mesmo que vença, Newgarden e Dixon terão de ficar abaixo do 2º lugar para garantir a taça a Helinho, que por via das dúvidas, deve se garantir nos pontos extras, a fim de abater moralmente seus rivais. Hélio tem feito uma temporada constante e combativa, embora tenha perdido a chance de obter alguns resultados melhores por problemas alheios a seu controle, como a bandeira amarela em Toronto que arruinou suas chances de vitória ou pódio, ou por pequenos deslizes, como deixar o motor morrer numa das paradas de box em Gateway. Mas o brasileiro só abandonou uma corrida, no Texas, e voltou a vencer, depois de um jejum de 3 anos, ao cruzar em primeiro a linha de chegada em Iowa. Mas, se quiser mesmo ser campeão, sem sombra de dúvidas, ele tem de pensar firme na vitória em Sonoma. Helinho já venceu nesse circuito, em 2008, e a Penske tem bom retrospecto no circuito californiano, com triunfos em 2010, 2011 e 2013, com Will Power; 2012 com Ryan Briscoe; e no ano passado com Simon Pagenaud. Mas aí é que está o maior perigo: Josef Newgarden também é piloto de Roger Penske, então...
            E Scott Dixon também tem bom retrospecto em Infineon, com vitórias em 2007, 2014 e 2015, esta última dando-lhe seu 4º e último título, sem mencionar que naquele ano ele chegou a Sonoma praticamente como azarão na disputa, com Juan Pablo Montoya cotadíssimo para conquistar o título. Na verdade, ambos acabaram empatados em número de pontos, mas Dixon levou a taça por ter mais vitórias no campeonato que o colombiano. Portanto, é preciso ficar de olho no piloto da Ganassi, até porque a situação do neozelandês não é tão débil agora. Mesmo assim, Scott terá de dar duro para manter o time da Penske atrás de si. E mesmo que esteja em posição muito complicada para tentar ser campeão, nem por isso Will Power irá desistir de encerrar o ano com mais uma vitória, mesmo que não vença o campeonato.
Hélio Castro Neves (acima) e Simon Pagenaud (abaixo) também estão de olho no título, e querem terminar o ano em grande estilo.
            E, ao contrário da F-1, sem jogo de equipe na Penske. É cada um por si na pista. Além de Newgarden e Hélio no pau a pau, Simon Pagenaud, o campeão do ano passado, ainda tem esperanças de ser bicampeão. Com 526 pontos, o piloto francês, tal como o brasileiro, venceu apenas uma corrida este ano, não fazendo uma temporada deslumbrante como a de 2016, mas tem conseguido manter a constância e ficar longe de confusões, e ainda que tenha carecido de alguns melhores resultados para estar com menos desvantagem na pontuação, não pode reclamar muito da sorte, a exemplo de Will Power, que teve dois abandonos fatais para suas ambições de também lutar pelo segundo título na categoria, nas provas de Toronto e Gateway. Se quiser ser campeão, a exemplo de Hélio, Simon tem de pensar unicamente em vencer, e ainda por cima, torcer para que Newgarden ou Dixon subam ao pódio. A diferença para o piloto brasileiro pode parecer mais fácil de ser suplantada, mas nada pode ser considerado fácil na pista de Sonoma. E Pagenaud tem mais motivos para não dar mole na pista, após levar um toque de Josef Newgarden na etapa de Gateway quando ambos disputavam a liderança da corrida e quase ir parar no muro. Josef não se desculpou pela forma excessivamente agressiva como superou o companheiro de time na pista, numa manobra que acabou sendo crucial para seu triunfo na prova. Então, se o francês estiver à sua frente na pista, Josef que se prepare para não ter vida fácil, especialmente de Pagenaud.
            Com cerca de 3,57 Km de extensão, o circuito localizado na cidade de Sonoma tem poucos trechos de reta, e várias subidas e descidas. A maior parte do traçado é estreita, e suas 11 curvas fazem da pista um pesadelo para ultrapassagens. Quem tiver o azar de largar mais atrás vai precisar de um bom jogo de cintura e estratégia para ir para a frente, além de um carro muitíssimo bem acertado. E mesmo assim, dependendo das circunstâncias de corrida, pode-se passar a prova inteira “trancado” atrás de alguém, sem conseguir passar. Os times terão de ser impecáveis nos pit stops durante a corrida, para permitirem a seus pilotos subirem posições na pista. E nem cheguei a mencionar que, vez por outra, o pessoal se empolga demais em algumas disputas e divididas, e surge a bandeira amarela, que pode tanto ajudar quanto arruinar a corrida de alguém.
Ultrapassar em Sonoma pode ser bem complicado, portanto, largar na frente será muito importante, e caprichar na estratégia de corrida e nos boxes. 
            Para os fãs brasileiros da categoria, uma lástima a Bandeirantes não exibir a prova no canal aberto, confinando-a apenas ao canal pago Bandsports. É o encerramento da competição, e com quatro pilotos lutando a fundo pelo título, sendo um deles brasileiro, esperava-se da emissora um pouco mais de respeito pelos amantes da velocidade. Antes, o que atrapalhava era o futebol, cujas partidas acabavam colidindo com os horários de várias provas, mas o que se viu este ano foi o esquema de sempre, com várias corridas sendo exibidas apenas no canal pago. Na verdade, dá-se a impressão de que a emissora atualmente odeia o esporte, ao contrário do que já foi um dia, o “canal do esporte”, antes mesmo que tivéssemos no Brasil canais especializados no assunto. A divulgação das corridas é ínfima, e mesmo nos telejornais, o espaço é tremendamente reduzido. Dessa maneira, não há como exigir uma audiência maior, se a própria emissora não faz uma divulgação decente de seu produto. A transmissão do Bandsports começa a partir das 19hrs.40min, ao vivo, pelo menos. Até aqui, o canal aberto transmitirá um compacto de 15 minutos da corrida durante a madrugada de domingo para segunda, das 1h30min às 1h45min. É mole? Não, não é!
            Aliás, o torcedor brasileiro que aproveite bem esta corrida. Pode ser a última que tenhamos dois pilotos brasileiros na categoria. Para o ano que vem, apenas Tony Kanaan está garantido, e Hélio tem uma posição mais duvidosa: não que ele vá ficar sem emprego, mas Roger Penske tem outros planos para o piloto brasileiro. Isso será tema de uma outra coluna muito em breve. Por enquanto, vamos à decisão da Indycar 2017, e que vença o melhor piloto!


O belo visual noturno do traçado de Marina Bay, em Cingapura, recebe os carros da F-1 neste final de semana, com a expectativa da revanche da Ferrari contra a Mercedes pela liderança do mundial de pilotos.
Hoje a F-1 começa os treinos para o Grande Prêmio de Cingapura, e a perspectiva é de que a Mercedes terá muito trabalho com a Ferrari, e talvez até mesmo com a Red Bull nesta pista. O circuito urbano montado na Cidade-Estado do sudeste asiático nos últimos dois anos não foi bem hospitaleira para as hostes prateadas dos campeões mundiais. É verdade que em 2016 a vitória foi de Nico Rsoberg, que largou na pole e conseguiu comandar a corrida até a bandeirada, mas em nenhum momento o piloto alemão conseguiu ter sossego durante a corrida. Daniel Ricciardo deu uma boa canseira em Nico, e só não venceu porque Rosberg aguentou firme a pressão do australiano da Red Bull. Lewis Hamilton fez uma corrida meio apática, largando em terceiro e finalizando nesta mesma posição. Quem não esteve bem foi a Ferrari, com Kimi Raikkonem em 4º, até bem próximo de Hamilton, mas com Sebastian Vettel bem mais longe, em 5º lugar. Já em 2015, o panorama foi diferente: vitória de Vettel, seu terceiro triunfo no ano, com Nico Rosberg apenas em 4º lugar, enquanto Hamilton ficou pelo caminho com problemas no carro. Em 2014, no primeiro ano da nova era turbo híbrida, Hamilton venceu a corrida até com alguma folga, mas a Mercedes viu Nico Rosberg ficar pelo meio do caminho. E este ano, o que poderá acontecer? A Ferrari vem muito forte, e apesar do aparente tropeço em Monza, o circuito de Marina Bay é outra história. Travado e cheio de curvas, ele tem mais a ver com as tortuosas ruas de Mônaco e o traçado travado de Hungaroring, pistas onde os carros de Maranello mostraram muito mais desenvoltura do que os da Mercedes. Não por acaso Hamilton evitou se empolgar demais após sua vitória na Itália, por saber que nesta pista a situação tenderá a ser bem mais complicada para ele obter a vitória. Novo líder do campeonato, com apenas 3 pontos de vantagem para Vettel, Hamilton sabe que um triunfo nesta pista seria crucial para abater o moral dos ferraristas. Mas o inglês terá de se aplicar a fundo para conseguir este intento. No ano passado, Nico Rosberg esteve bem mais à vontade na pista do que Lewis, e conseguiu uma vitória importante para a conquista de seu título mundial. Se Hamilton conseguir manter-se no controle, largando na frente, tem boas chances de vencer a corrida. Mas falta combinar com os adversários, e eles, diga-se de passagem, tem idéias bem diferentes. Vamos ver quem consegue se dar melhor neste final de semana, que tem tudo para apresentar uma corrida interessante.


A Williams não terá mais a presença de seu comando-maior em Cingapura e até o final da temporada. O time de Frank Williams já não conta com a presença de seu fundador nas últimas corridas, uma vez que o seu estado de saúde já não é o mesmo de antes. E sua filha Claire, que assumiu a direção do time, está grávida, devendo dar à luz agora no mês de outubro, e depois tendo de dar atenção à nova criança. A escuderia já dá como perdida a 4ª colocação no Mundial de Construtores, não vendo perspectivas de alcançar a Force India. Por outro lado, tem de se preocupar com quem vem atrás, com ameaças bem reais de Toro Rosso, Renault, e até mesmo da Hass, se os carros ingleses voltarem a demonstrar a performance de corridas como Áustria, Inglaterra, Hungria, e até da Bélgica. Felipe Massa, aliás, já adiante que o circuito de Marina Bay não deverá facilitar para o time neste final de semana, pelas similaridades com as pistas de Hungria e Monte Carlo. No ano passado, o brasileiro terminou a corrida em um nada apreciado 12º lugar...


Quem está mais animado para este final de semana é Fernando Alonso. A pista deve favorecer menos a potência dos motores, e a McLaren pode ter sua chance de voltar aos pontos, depois de literalmente ficar a ver navios nas últimas duas corridas, disputadas em pistas de alta velocidade. Mas não é apenas pela perspectiva de um resultado mais positivo que o espanhol está muito sorridente: o esperado anúncio do acordo McLaren/Renault já é tido como sacramentado, e com isso, o time de Woking passa a ter pelo menos um motor satisfatório para a próxima temporada. E, mesmo que a unidade de potência francesa não se iguale em performance às da Mercedes e Ferrari, se o carro for bom, pelo menos há esperanças bem melhores, como se vê na Red Bull. Aliás, o desempenho dos carros dos energéticos em Monza, um circuito onde a potência do motor é fundamental, foi muito boa, conforme o 4º lugar de Daniel Ricciardo, largando lá da parte de trás do grid. Poder pelo menos lutar com dignidade deve dar a Alonso esperanças de dias muito melhores. E os japoneses irão se virar com a Toro Rosso no próximo ano, bastando isso ser confirmado oficialmente também. Aguardemos os comunicados de praxe para tornar tudo confirmado preto no branco...

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