sexta-feira, 5 de maio de 2017

FERRARI X MERCEDES: ROUND 4


Valtteri Bottas estragou a festa que a Ferrari esperava promover em Sochi, e pode vir a ser uma nova preocupação para a Ferrari no campeonato.

            O Grande Prêmio da Rússia conseguiu ser a corrida mais chata da temporada até agora. Praticamente ninguém passou ninguém na pista, e nem mesmo as estratégias de box conseguiram dar um alento à corrida, que fica cada vez mais intragável quando vejo o presidente russo Putin fazer o seu marketing pessoal, ainda mais com Bernie Ecclestone a seu lado. Saber que a corrida russa a ainda deve permanecer vários anos no calendário dá uma indigestão danada, enquanto pistas mais atraentes continuam de fora.
            A única coisa interessante em Sochi foi ver mais um round no duelo que promete agitar a Fórmula 1 na temporada 2017: o confronto Ferrari X Mercedes. Não se pode nem dizer mais que a luta é de Sébastian Vettel contra Lewis Hamilton, porque Valtteri Bottas resolveu entrar na parada, e tem tudo para complicar, a bem ou mal, a luta pelo título da temporada. Se até então vínhamos vendo a Mercedes ser o carro mais rápido na classificação, e a Ferrari o melhor em corrida, eis que as coisas se inverteram na corrida russa. Foi a Ferrari a dar as caras na classificação, dominando a primeira fila do grid como não fazia há praticamente uma década. Tudo apontava para um possível passeio do time vermelho no domingo, pelo retrospecto das provas anteriores, que mostravam que o modelo SF70-H demonstrava um melhor ritmo de corrida do que de classificação. Seria um golpe e tanto na Mercedes, que até então vinha equilibrando a luta, mas perdendo por detalhes para os rivais de Maranello. E levando em conta que na próxima corrida, na Espanha, teremos todos os times com novidades, nada melhor do que partir para a etapa da Catalunha com o melhor saldo possível.
            Mas Valtteri Bottas resolveu melar os planos do time vermelho. Uma largada poderosa e precisa fez o piloto finlandês, que já havia posto as manguinhas de fora no Bahrein ao conquistar sua primeira pole-position, chegar à liderança da corrida ainda na primeira volta, e de lá não saiu mais, conquistando com méritos a sua primeira vitória na F-1. Para a Ferrari, o prejuízo só não foi maior porque Kimi Raikkonem foi o 3º, logo atrás de Vettel, e Hamilton, que é considerado o verdadeiro adversário do alemão, foi um apagado 4º lugar, em que nunca demonstrou ritmo para brigar pela vitória. O resultado está na classificação do campeonato, com Vettel mais líder do que nunca, com 86 pontos, contra 73 de Hamilton. São 13 pontos de vantagem importantes. Bottas, com o triunfo de Sochi, chegou a 63 pontos, ou seja, 23 de desvantagem para Vettel, e por isso mesmo, até o presente momento, não é considerado ameaça. Mas isso pode mudar.
            A performance de Valtteri em Sochi demonstrou que a Mercedes, a princípio um pouco perdida no acerto de seu carro, corrigiu os problemas e melhorou sua performance. O problema é que apenas o finlandês aproveitou-se disso. Lewis Hamilton fez na Rússia sua pior performance desde o GP de Cingapura do ano passado, quando também coube a seu companheiro de equipe, o alemão Nico Rosberg, garantir mais um triunfo à escuderia prateada, em uma corrida que parecia destinada a ser vencida pelos concorrentes, mais preparados. Uma vez na liderança, Bottas sentou o pé direito no acelerador para ganhar uma vantagem segura que impedisse a Ferrari de tentar dar o bote na parada de box, como havia feito na Austrália. Vettel melhorou o seu ritmo depois do pit stop, mas precisou ir à caça do piloto da Mercedes, e quando finalmente encostou a ponto de criar alguma emoção na luta pelo vitória da corrida russa, as características do circuito jogaram contra. Mas seria errado desmerecer o mérito de Bottas na sua condução na segunda metade da corrida: o finlandês manteve um ritmo forte o tempo todo, de modo a garantir que Vettel nunca chegasse perto o suficiente sequer para fazer uso do DRS, e com isso, encostar de vez.
Um arranque fulminante do finlandês e uma ultrapassagem decidida: Bottas assumiu a liderança e comandou a corrida com autoridade.
            De nada adiantou também o chilique de Vettel com Felipe Massa, apontando o dedo para o brasileiro, a quem acusou de atrapalhá-lo na luta com seu ex-companheiro de equipe. O piloto da Ferrari não teria conseguido superar Bottas de qualquer maneira, tivesse ou não perdido tempo atrás do piloto da Williams. E é bom que se diga que Vettel pegou Massa num ponto ruim, menos favorável do que quando Bottas precisou superar o brasileiro, retardatário, nas voltas finais. Faz parte do jogo: é preciso saber se livrar dos retardatários com desenvoltura, e perder o mínimo de tempo na pista. E Felipe esteve longe de bloquear o piloto da Ferrari também. Ali, de certa forma, Vettel acusou o golpe de perder uma corrida que pensava poderia ser sua. Faltou combinar com Bottas.
            A perspectiva do duelo em Barcelona é alta. A Ferrari terminou os testes da pré-temporada com o melhor tempo na pista da Catalunha, mas as escuderias trarão novos pacotes de desenvolvimento de seus carros, e a tendência é que algumas coisas possam mudar. Nada impede que a Ferrari melhore o seu ritmo, e possa passar de fato à frente da Mercedes em todos os parâmetros. Mas, nada também garante que a Mercedes corrija as pequenas deficiências do seu carro, e volte a se impor na pista, seja em classificação ou em corrida. O que se teme é que a prova de Barcelona vire uma procissão tão enfadonha e monótona quanto a de Sochi, de modo que quem largar na frente lá chegará, se nada de anormal acontecer. Se o pior se concretizar, as emoções da corrida poderão se resumir à primeira volta, com quem conseguir chegar na frente depois da primeira curva a garantir a vitória se não cometer erros.
Lewis Hamilton não se achou na Rússia. O azar foi só dele.
            Neste ponto, o treino de classificação volta a ganhar importância fundamental. Mas, ao mesmo tempo, é preciso lembrar o que aconteceu na Rússia, onde a perspectiva de uma vitória ferrarista veio abaixo logo na freada da primeira curva. Foi praticamente a única surpresa da corrida de Sochi, mas foi fundamental para se mudar a expectativa da corrida. Em Barcelona, temos uma boa reta de largada, e o espaço até a freada da primeira curva, se não é tão grande quanto na pista russa, é suficiente para alguém que consiga largar bem dar bote semelhante, e tanto Mercedes quanto Ferrari estarão de sobreaviso para tentar impedir o rival de tentar pulo semelhante.
            Já no que tange à disputa dos pilotos, a Ferrari parece mais cômoda. Kimi Raikkonem fez sua melhor corrida na Rússia, mas mesmo assim esteve longe de ameaçar a posição de Vettel no resultado da corrida. Já na Mercedes, a intenção é manter o jogo livre entre a dupla de pilotos, ainda que a direção da escuderia admita que possa ter de fazer uso de ordens de equipe. Mas dependerá principalmente da performance de Hamilton para ter ou não de apelar para isso. Lewis esteve abaixo do seu normal em Sochi, mas se o inglês se recompor e mostrar do que é capaz, ele é um adversário quase imbatível, e nestas condições, o melhor que Bottas pode fazer é ficar por perto para garantir o melhor resultado possível, de preferência ficando entre Hamilton e o maior rival da Ferrari. Por outro lado, Valtteri terá de mostrar serviço para garantir à Mercedes poder lutar livremente pela vitória, como fez na Rússia, onde conquistou uma vitória que impediu que a Ferrari nocauteasse o time alemão.
A corrida foi a mais enfadonha da temporada até aqui. Ninguém passou ninguém, praticamente.
            Se a Mercedes quiser privilegiar Hamilton, o inglês terá de fazer por merecer. Em Sochi, nem de longe ele mereceria uma ajuda por parte de Bottas, que tinha de cuidar de sua corrida. E se o finlandês continuar subindo de produção, isso deverá ser bom para o campeonato, uma vez que Valtteri deverá entrar efetivamente na luta pelo título. Mas pode ser ruim para a Mercedes, se tiver que dividir forças entre seus pilotos, enquanto para a Ferrari não seria incômodo algum colocar Raikkonem em segundo plano para privilegiar exclusivamente Vettel. Aliás, pelas cobranças que a cúpula ferrarista tem feito, ou Kimi acorda de vez, ou ficará para escanteio em Maranello. Isso pode ser um revés para a Mercedes, mas se o time alemão cumprir com sua parte nos boxes, e seus pilotos fizerem a sua na pista, nada impede que tanto Hamilton quanto Bottas virem pesadelos para Vettel, que ao invés de ter de derrotar apenas um deles, terá os dois pilotos para infernizá-lo, e com boas perspectivas até de deixarem o ferrarista em segundo plano. Difícil? Talvez, mas não impossível. Basta apenas Lewis Hamilton se focar na pista, não perder sua concentração, e Bottas garantir o seu lado na competição.
            Afinal, a Mercedes ainda lidera o campeonato de construtores, com 136 pontos. Uma amostra de sua força, mas que mantenha o pé no chão, pois a Ferrari está bem atrás, com 135 pontos. Suas duplas de pilotos estão bem à frente da concorrência, até mesmo Raikkonem, o mais fraco na competição até aqui. Curiosamente, Vettel manifestou desejo de que a Red Bull volte rapidamente a disputar posições na frente, obviamente com a esperança de que o time dos energéticos bagunce a relação de forças, e complique a situação para os lados da Mercedes. Sébastian precisa tomar cuidado com seus desejos, pois parece se esquecer de que a própria Ferrari também pode se complicar nisso. Ou ele esqueceu do seu chilique em Sochi no ano passado que acabou promovendo Max Verstappen para a Red Bull, e transformou o atrevido holandês em mais uma pedra na sua sapatilha? Se ele quiser se garantir, melhor que a disputa fique apenas entre ele e os pilotos da Mercedes. Para a competição, seria ótimo do ponto de vista esportivo.
            Mas, do jeito que a coisa vai no momento, creio que devemos nos garantir mesmo é com o duelo Mercedes X Ferrari. No ritmo que as coisas estão até o momento, a emoção da disputa está garantida. Claro que seria bom a Red Bull chegar junto para disputar vitórias, mas será que conseguiria disputar o título? Seria realmente muito bom. Sonhar ainda é preciso. Só é preciso tomar cuidado para que os sonhos não virem pesadelos. Sigamos para o próximo round desta disputa...


A MotoGP chegou à Europa para sua primeira corrida no velho continente. Neste domingo temos o Grande Prêmio da Espanha, e o palco é o conhecido circuito de Jerez de La Fronteira, na região da Andaluzia, ao sul da Espanha. O autódromo, que já recebeu provas da F-1 até a segunda metade dos anos 1990, tem a pista com uma extensão de 4,4 Km, com cerca de 5 curvas para a esquerda e oito para a direita, num total de 13. A corrida da classe rainha do motociclismo será disputada em 27 voltas. Valentino Rossi é o maior vencedor desta pista, com nada menos do que 7 vitórias, a última dela justamente no ano passado. O pódio foi completado por Jorge Lorenzo, então companheiro de Rossi na Yamaha, e Marc Márquez em 3º lugar. Aliás, o “Doutor” chega a Jerez como líder do campeonato, com 56 pontos, após o segundo lugar em Austin, na etapa do Circuito das Américas, no Texas, Estados Unidos. Maverick Viñales, seu atual companheiro da equipe da Yamaha, ocupa a vice-liderança, com 50 pontos, resultado de seus triunfos no Qatar e na Argentina. Com a vitória em Austin, Marc Márquez, da Honda, que vinha um pouco em baixa na temporada, assumiu a 3ª posição, com 38 pontos. Andrea Dovizioso é o 4º colocado, com a Ducati, com 30 pontos. Carl Crutchlow, da LCR Honda, vem logo a seguir, com 29 pontos. Dani Pedrosa, da Honda, é o 6º colocado, com 27 pontos. Quem até agora não conseguiu se achar em sua nova equipe é Jorge Lorenzo, que no momento ocupa a 13ª posição na classificação, com apenas 12 pontos, mas está decidido a virar o jogo e pelo menos subir de produção, embora já tenha se dado conta que o desafio de conduzir o time de Borgo Panigale ao topo será um pouco mais complicado do que imaginava. A corrida terá transmissão ao vivo a partir das 9:00 Hrs. no canal pago SporTV3 na manhã deste domingo.
A pista de Jerez de La Fronteira, na Andaluzia, está pronta para mais uma etapa da MotoGP.


Felipe Massa vinha fazendo mais uma corrida sólida em Sochi, ocupando a 6ª posição, e garantindo-se como “melhor do resto” na pista, fora os pilotos das três grandes – leia-se Mercedes, Ferrari e Red Bull. Não ameaçava quem ia à frente, mas também não dava chances a quem vinha atrás. Até que teve um pneu furado na parte final da corrida, e precisou fazer um it stop extra. Voltou na 9ª posição, o que só serviu para salvar 2 pontos. Lance Stroll, por sua vez, voltou a dar o seu showzinho: desta vez, rodou sozinho logo no início da corrida, e conseguiu não ser atingido por ninguém, voltou à prova, e conseguiu terminar sua primeira prova de F-1, ainda que em 11º lugar, mas pelo menos superou as Sauber, o que não é muito difícil; além de um carro da Hass e daToro Rosso, o que já é um bom sinal. Mas o azar sofrido por Felipe, eu teria marcado mais 6 pontos se tivesse conseguido chegar em 6º, cobrou o seu preço: A Force India, que vem conseguindo marcar pontos de maneira firme e sólida em todas as corridas do ano, e com seus dois pilotos, já é a 4ª colocada no Campeonato de Construtores da F-1, com 31 pontos. A Williams, que até o presente momento é um time de um piloto só em termos de resultados, vem no5º lugar, com 18 pontos conseguidos por Felipe Massa. O time de Frank tem um carro melhor, e maior potencial de evolução, mas a Force India tem uma dupla de pilotos mais efetiva, tanto que ambos tem largado mais atrás no grid, e conseguido avançar até a zona de pontos. Lance Stroll, por enquanto, vem sendo o calcanhar de Aquiles da escuderia de Grove.


Stoffel Vandorne não conseguiu largar com a McLaren no Bahrein. Em Sochi, a vítima foi Fernando Alonso. Quem será a vítima da vez em Barcelona? Façam suas apostas!

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