quarta-feira, 26 de abril de 2017

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – ABRIL DE 2017



            E mais um mês já está indo embora. Abril já se encontra em seus últimos dias, e em breve adentraremos o mês de maio. E como acontece em todo final de mês, lá vamos nós para mais uma edição da Cotação Automobilística, fazendo uma avaliação do que aconteceu no mundo do esporte a motor neste último mês, com minhas impressões sobre os acontecimentos. Então, aproveitem o texto, no esquema tradicional de sempre das avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Uma boa leitura a todos, e até a cotação do mês que vem...



EM ALTA:

Sébastian Vettel: O tetracampeão parece ter renascido com o bom modelo SF70-H produzido por Maranello, e já conseguiu duas vitórias inconstestáveis e lidera o campeonato de F-1. Não é segredo que o modelo da Ferrari parece render melhor em ritmo de corrida que o modelo W08 da Mercedes, mas o time vermelho também tem cuidado melhor da estratégia de corrida, e Vettel, voltou a andar o que demonstrava nos seus tempos de Red Bull, e até parou de reclamar pelo rádio, como vivia fazendo no ano passado. Ainda é cedo para afirmar que o piloto alemão tem primazia na pista para ser o principal favorito ao título, mas se conseguir manter a disputa no nível atual, tem boas chances de fazer a Ferrari voltar ao título, mas a parada será dura, e não é permitido errar na disputa que se prenuncia com a Mercedes.

Disputa nas corridas do campeonato na F-1: Se a corrida da Austrália deu uma imagem de que as corridas poderiam ser procissões em alta velocidade, com poucas ultrapassagens, as etapas da China e do Bahrein, felizmente, corrigiram a situação, e mostraram que teremos, sim, um bom campeonato. Não apenas a Mercedes terá de se aplicar a fundo na pista a partir de agora, se quiser continuar vencendo, como a Ferrari mostra estar sabendo usar melhor as estratégias de corrida, e com isso, equilibrar a situação a assumir até mesmo certo favoritismo na competição. No pelotão intermediário, por sua vez, está havendo boas disputas, com muita briga entre vários times, sem uma relação de forças estabelecida. O único ponto negativo é que há um abismo entre Mercedes e Ferrari e o resto do grid, incluída a Red Bull, que por sua vez, está à frente de todas as outras, mas sem conseguir encostar nos times da frente. Mas há espaço para os times desenvolverem seus carros, e quem sabe as disputas fiquem mais acirradas? Podemos ter boas brigas na pista durante o ano, e isso é o mais importante.

Novo formato de rodadas duplas da Stock Car: O novo formato das rodadas duplas do campeonato nacional da Stock Car, com a duração das duas corridas do fim de semana praticamente igual foi muito bem aceito não apenas pelos times e pilotos da categoria, como também pelos torcedores. No formato antigo, os pilotos costumavam privilegiar uma das corridas, e com isso a disputa ficava prejudicada em uma das corridas, uma vez que os pilotos procuravam economizar o equipamento, e assim, não disputavam com tudo o que poderiam render. Agora, com as duas corridas tendo a mesma duração, a parada é outra, e não há mais como preterir uma prova em detrimento da outra. É pau na máquina o tempo todo, nas duas provas do fim de semana, e com isso, já estamos vendo muito mais disputas e pegas do que vínhamos tendo na pista, e quem ganha são os torcedores, que estão tendo a oportunidade de assistir a corridas muito mais emocionantes e concorridas. Tivemos 4 vencedores diferentes nas duas rodadas duplas realizadas até agora, e com dois pilotos a dividirem a liderança da competição.

Lucas Di Grassi: Vice-campeão da F-E, o brasileiro Lucas Di Grassi deu um show de perícia na etapa da Cidade do México, ao superar as adversidades da corrida para executar com maestria uma estratégia de corrida que muitos apostavam ser completamente suicida e sem chances de sucesso. Trocando de carro várias voltas antes do esperado, o piloto da equipe Audi ABT precisaria conseguir gerenciar com muita precisão o seu consumo de energia no segundo carro para chegar até o final. Assumindo a liderança após um duelo breve com o belga Jerôme D’Ambrosio, Lucas conseguiu escapar o suficiente para controlar o seu gasto de energia, enquanto o belga segurava demais os competidores atrás de si, que quando conseguiram se livrar dele, já era tarde para impedir uma vitória completamente surpreendente do brasileiro, que volta a equilibrar o duelo pelo título da temporada da F-E, que via Sébastien Buemi disparar na liderança depois de 3 triunfos consecutivos. Ainda há muito chão pela frente, e o suíço da e.dams ainda é o favorito na competição. Mas etapas como a do México mostram que a luta poderá não ser tão fácil quando Buemi pensa. Mesmo assim, o brasileiro terá de se aplicar como nunca para superar a desvantagem de equipamento que ainda possui. Talento ele já mostrou que tem...

Pietro Fittipaldi na World Series: Em seu segundo ano competindo na categoria, o neto de Émerson Fittipaldi faturou as duas corridas da rodada dupla disputadas na pista de Silverstone. Duas vitórias incontestáveis que certamente credenciam o jovem Fittipaldi a ser o favorito para o título da temporada, e quem sabe depois, permitir o seu acesso à nova F-2, e daí, à F-1. Mas é preciso ir devagar com a coisa: antes uma categoria de acesso de renome, patrocinada pela Renault, a World Series hoje não tem mais o mesmo prestígio e a classe de competição de antes. Os triunfos de Pietro são válidos, claro, mas a concorrência é muito fraca, e o número de competidores, cerca de 12, muito pouco para dizer sobre as reais qualidades do piloto, que até pode ter feito realmente bonito na pista, mas em um certame com poucas opções competitivas, isso pode dar a ele dimensões superdimensionadas de suas capacidades, e fazê-lo levar um choque desagradável de realidade quando voltar a encarar competição de nível. Que o garoto não se deixe empolgar com seu bom momento, e saiba que ainda terá muitos desafios realmente duros pela frente, se quiser chegar à categoria máxima do automobilismo.



NA MESMA:

Sébastien Bourdais: Que o bom momento iria acabar, e a realidade se imporia, era apenas questão de tempo, mas ao que parece, o período de glória para o piloto francês, que mesmo com a fraca Dale Coyne está conseguindo liderar o campeonato 2017 da Indycar ainda vai durar um pouco mais. Mesmo tendo feito sua corrida mais fraca na temporada na etapa do Alabama, o bom resultado obtido na prova de Long Beach, onde novamente subiu ao pódio, depois de uma performance quase tão espetacular quanto a de São Petesburgo, mantém o piloto francês como líder da temporada após 3 corridas disputadas. Mas não se pode ficar iludido: os concorrentes mais poderosos estão chegando perto, em especial Scott Dixon e Josef Newgarden, que estão comendo a vantagem inicial de Bourdais, e tem tudo para desbanca-lo da liderança da competição já na próxima corrida, pondo fim ao conto de fadas que muitos gostariam que perdurasse. Mas a próxima corrida é em uma pista oval, e o pessoal da Honda parece forte neste tipo de pista. Quem sabe Sébastien não continue nos surpreendendo um pouco mais? O campeonato agradeceria muito.

Marc Márquez: O piloto da equipe oficial da Honda na MotoGP pode estar em certa desvantagem no atual momento na competição, em relação à dupla da Yamaha, mas em se tratando na pista de Austin, no Texas, a “Formiga Atômica” mostra que o circuito texano tem dono. Márquez marcou a pole-position para a prova, e apesar de um duelo inicial com seu companheiro de equipe Dani Pedrosa, partiu para conquistar sua 5ª vitória consecutiva no Circuito das Américas, mantendo sua hegemonia por lá intacta, pelo menos até a próxima temporada. Que o diga Maverick Viñales, que desta vez foi para o chão sozinho ainda na primeira metade da corrida, e não pode testar a invencibilidade do atual tricampeão no circuito do Texas.

Felipe Massa e a Williams: Se há alguma coisa que se pode observar a respeito de Felipe Massa e da equipe Williams nas últimas temporadas, é que o piloto e o carro da escuderia inglesa possuem aversão a piso molhado, não conseguindo render o esperado neste tipo de condução. E nem mesmo o novo FW40 se mostrou diferente neste quesito: na prova da China, Massa terminou fora da zona de pontos, só não cruzando a linha de chegada em último por haver uma Sauber ainda na pista. Não apenas o carro não conseguia oferecer tração, como Felipe também parecia não conseguir mostrar o que sabe. Mas bastou uma corrida em pista seca para o time se reencontrar e voltar a mostrar ser a 4ª força da F-1 no momento, na pista de Sakhir, onde Massa até travou duelos com pilotos mais bem equipados, como Daniel Ricciardo e Kimi Raikkonem, mas exibindo uma performance solitária de sua posição na pista, sem conseguir ir mais à frente, mas conseguindo se defender sem problemas de quem vinha atrás. Infelizmente para a Williams, até o presente momento o time é uma equipe de um piloto só, já que Lance Stroll ainda não conseguiu se livrar dos problemas, mesmo que ele não tenha sido o responsável principal, como ocorreu na prova do Bahrein.

Valentino Rossi: O “Doutor” é simplesmente o maior nome da MotoGP na atualidade, e se mostra competitivo e forte, e se não tem a velocidade bruta dos pilotos mais jovens, como Marc Márquez e o seu novo companheiro de equipe, Maverick Viñales, o italiano compensa com experiência e sabedoria nas corridas. Por isso, Rossi é o líder do campeonato, após marcar presença no pódio em todas as corridas disputadas na temporada 2017, enquanto os rivais diretos já beijaram o chão em alguma corrida. O piloto da Yamaha mostra que apesar da pré-temporada ter ficado aquém do esperado, não se pode subestimar sua capacidade de reação, especialmente em corrida. Mas, se quiser chegar a seu oitavo título na classe rainha do motociclismo, Valentino sabe que terá desafios difíceis pela frente, em especial seu novo companheiro de time, e o sempre combativo Marc Márquez. Mas o “Doutor” mostra que ainda é um erro subestimá-lo na pista, e ele pretende dar tudo de si sempre. Segura o italiano!

Equipe Penske na Indycar: O time de Roger Penske até que se abalou um pouco com o poderio reforçado dos times da Honda na categoria, mas mostrou que ainda é o time a ser vencido. Seus pilotos marcaram a poles em todas as corridas até agora, e Josef Newgarden já averbou sua primeira vitória na sua nova escuderia, na pista de Barber, onde contou com 3 de seus pilotos entre os 4 primeiros colocados na bandeirada. A disputa na Indy este ano está mais parelha, e com boas possibilidades de outros times surpreenderem, mas não se deve subestimar a força competitiva da Penske, que mostra que deve vir firme na disputa do título em mais uma temporada.



EM BAIXA:

Kimi Raikkonen: o piloto finlandês, que pareceu renascer no ano passado obtendo boas performances e garantindo mais um ano de contrato, está decepcionando neste início de temporada. Apesar de dispor do mesmo excelente modelo que está permitindo a seu companheiro de equipe Sébastian Vettel vencer corrida e liderar o mundial, Kimi até agora ficou praticamente fora dos pódios na temporada, e dos pilotos dos dois times que comandam o campeonato, é o último colocado, tendo apenas metade dos pontos de Vettel. A situação já serviu de motivo para a direção do time chamar o finlandês para uma “conversa” a fim de solucionar a situação, e então voltamos à situação dos últimos anos, em que Kimi está novamente na corda bamba em Maranello, podendo este ser, “mais uma vez”, o seu último ano na categoria máxima do automobilismo. Se o carro da Ferrari não fosse competitivo, até se poderia compreender, mas a situação é exatamente oposta. A Ferrari é uma força real, e a cúpula da equipe quer seus dois pilotos brigando lá na frente, e não apenas um deles. E isso infelizmente é ruim para a disputa da F-1, com um piloto a menos em condições de discutir as vitórias não entregando a disputa que todos esperavam.

Will Power: O piloto australiano da equipe Penske não vem tendo um início de campeonato muito inspirador. Apesar de ter conquistado 2 pole-positions nas 3 etapas da temporada disputadas até aqui, Power não vem tendo sorte nas corridas. Em São Petesburgo, teve problemas no carro e abandonou a corrida, depois de andar sempre entre os primeiros colocados. Na etapa de Long Beach, Will se envolveu em um enrosco com Charli Kimball, com ambos os pilotos indo parar no muro, e saindo da disputa das primeiras colocações. Em Barber, Power também vinha em relativa boa posição na corrida, mas um problema num pneu o obrigou a uma parada extra nos boxes, que o fez cair para o meio de trás do pelotão, de onde não conseguiu se recuperar. Com todos estes percalços, Power ocupa apenas a 14ª posição na classificação, com 50 pontos, sendo o pior piloto da Penske na competição até aqui. Vai ser preciso fazer umas sessões de reza brava para tirar essa urucubaca toda de cima, e começar a abocanhar bons resultados, se quiser disputar o bicampeonato.

Grande Prêmio da Malásia de F-1: Que os malaios já não estavam mais empolgados em sediar uma corrida de F-1, não era nenhum segredo, e que o contrato em vigor, válido até 2018, não seria renovado, diante dos altos custos que vinham sendo praticados na gestão de Bernie Ecclestone. Pois eis que os malaios resolveram antecipar sua saída: a etapa deste ano será a última corrida da F-1 em Sepang, não sendo realizada a corrida em 2018, como previsto inicialmente. O objetivo agora é ter a MotoGP como evento principal no circuito de Kuala Lumpur, que na opinião dos organizadores, custa muito menos e oferece muito mais disputas. Com o interesse do retorno das provas da França e da Alemanha ao calendário do ano que vem, o pessoal do Liberty Media, muito mais flexível e menos “guloso” em termos de taxas de realização de corridas, não colocaram empecilhos à saída antecipada dos malaios. Qual será a próxima corrida a sair de agora em diante? Cingapura também não está mais tão seduzida pela categoria máxima do automobilismo, e pode realmente sair fora a qualquer momento...

Bernie Ecclestone: O ex-todo poderoso chefão da F-1 voltou a frequentar o grid da categoria máxima do automobilismo, no Bahrein, a convite da família real barenita, e pareceu não gostar de ser apenas uma peça decorativa, já que não tem mais poder para decidir nada. Mesmo assim, mostrou que se estivesse à frente ainda da F-1, não concordaria com certas coisas que andam acontecendo, como a decisão de Fernando Alonso de disputar a Indy500 deste ano, mesmo abrindo mão de correr o GP de Mônaco, marcado para o mesmo dia. Na sua opinião, piloto de F-1 tem de estar comprometido com a F-1, e não com outras categorias. É por este tipo de atitude que Ecclestone não deixará saudades de sua gestão. E não adianta também fazer um mea culpa, ao admitir que certas corridas ainda poderiam estar no calendário se ele tivesse cobrado taxas mais razoáveis, porque ele sabia exatamente o que estava fazendo, e tinha plena noção, melhor do que ninguém, que a situação estava ficando cada vez mais insustentável, com taxas cada vez mais altas. Os tempos definitivamente são outros, e a F-1 precisa se adaptar e mudar para atender a esse novo mundo atual. E o velho Bernie, apesar de tudo o que fez pela F-1, lamento dizer, seu tempo já passou...

Equipe Mercedes na F-1: O time alemão, campeão nos últimos três anos, parece não estar sabendo reagir direito à concorrência de verdade que está enfrentando pela primeira vez desde que se tornou uma força dominante na F-1. No Bahrein, além de cometer o erro na calibragem do pneu de Valtteri Bottas, ainda precisou se “rebaixar” e apelar para ordens de equipe, a fim de deixar Lewis Hamilton na posição de desafiar Sébastian Vettel pela vitória na etapa de Sakhir. O time alemão ainda é uma grande força na F-1, e possivelmente ainda tem o melhor carro do grid, mas a competição mais acirrada está fazendo a escuderia pecar em detalhes mínimos no final de semana que estão sendo devidamente aproveitados pelos rivais, e com isso, superando o time prateado, que terá, sim, disputa direta pelo título com uma escuderia rival, e não apenas internamente, como ocorreu de 2014 a 2016. Os prateados que botem a cabeça no lugar e tratem de se acostumar com o novo panorama da F-1, muito mais interessante para todos que curtem o automobilismo e bons duelos. Ah, sim: também pegou mal ver que aquele papo de “igualdade de condições” que diziam dar a Hamilton e Nico Rosberg era devido apenas ao time alemão dominar a competição...

 



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