sexta-feira, 29 de maio de 2015

CRÍTICAS EXAGERADAS



Max Verstappen causou um forte acidente em Mônaco e levou uma avalanche de críticas. Mas que novato nunca errou na F-1...?

            Um dos assuntos mais discutidos a respeito do Grande Prêmio de Mônaco, disputado domingo passado, fora a mancada que tirou a vitória praticamente certa de Lewis Hamilton na corrida do principado, foi o acidente causado pelo jovem Max Verstappen, que se enroscou com Romain Grosjean na freada para a curva Saint Devote e bateu forte na proteção de pneus, quase levando o piloto da Lotus para o mesmo destino. Choveram críticas ao jovem holandês, ainda mais depois que a Lotus apresentou em sua telemetria os dados confirmando que Grosjean não freara antecipadamente naquele ponto da pista na volta em que o acidente ocorreu, mostrando que a culpa foi mesmo de Max. Tanto que o piloto da Toro Rosso já vai levar um gancho de 5 posições do grid de punição para a corrida seguinte, no Canadá. Agora, é justo criticarem tanto o jovem piloto como tem acontecido?
            Não, não é. Verstappen tem feito algumas besteiras, mas foi apenas em Mônaco que isso teve maiores consequências, e não se pode culpá-lo por errar, afinal, é sua primeira temporada na F-1. Que piloto novato não comete erros em sua primeira temporada? Mesmo pilotos que se tornaram lendas da categoria deram mancada em suas primeiras corridas, e nem por isso viraram ameaças ao volante de seus carros. Ayrton Senna e Michael Schumacher que o digam: dois dos pilotos mais arrojados da história, começaram colecionando algumas batidas, vários dissabores com os demais pilotos. Curiosamente, Schumacher se envolveu em confusões justamente com Senna, quando em 1992 acertou o brasileiro no início da corrida da França, em Magny-Cours, tirando-o da corrida, numa manobra afoita de ultrapassagem. Desnecessário dizer que Ayrton foi tirar satisfações com o alemão depois, que reconheceu o erro que cometera, mas faltou pouco para o clima fechar entre ambos. E não seria a primeira vez que Senna reclamaria do alemão, esquecendo um pouco que, em 1984, ele andou se estranhando também com alguns pilotos pelo seu modo arrojado de condução.
            Desde que a F-1 é o que é, os pilotos precisam chegar "chegando". Por vezes, tem quem "chegue" até demais, mas é dessa forma que, a bem ou mal, o piloto é notado. O cronômetro é muitas vezes o único referencial que os chefes de equipe vão notar de um novo piloto, e se ele vem com uma postura "conservadora", corre o risco de ser passado para trás. É claro que só isso não é o suficiente, mas para muitos chefes, é o que conta. Desse modo, os pilotos novos que chegam precisam entrar na pista "matando o leão a grito", e nesse ritmo, pela inexperiência, sempre correm o risco de errarem. E quem não erra? Por mais experiente que o piloto seja, nunca será infalível, e alguns pilotos cultivaram a fama de destemidos, e até irresponsáveis e batedores. Andrea De Cesaris, por exemplo, sempre teve mais fama de destruidor de carros do que de bom piloto, tendo uma estranha tendência para estar no lugar errado no momento errado, quando não fazia barbeiragens decididas. Em Phoenix, 1989, GP dos EUA, o italiano abalroou seu próprio companheiro de equipe numa tentativa de ultrapassagem, o que rendeu até uma briga nos boxes. Gilles Villeneuve, então, poderia até ser proibido de correr na F-1 dos dias de hoje: seu estilo de arrojo, andando sempre no máximo do limite e até além, mesmo quando estava com o bico do carro quebrado tampando parte da visão, ou com o eixo traseiro desmontando-se em plena pista, era um convite aos acidentes, nunca diminuindo o pé direito no acelerador.
            Em Monte Carlo, Max vinha numa boa corrida, até que a equipe o derrubou lá para trás com um pit stop mal feito, e obrigou o jovem a fazer uma corrida de recuperação, com direito até a uma bela ultrapassagem sobre dois concorrentes em uma única manobra. Mas ele superestimou sua capacidade na luta com Grosjean, e deu no que deu. Felizmente, ambos saíram sem ferimentos do encontro, mas Verstappen não está fazendo nada diferente do que qualquer outro novato na categoria. E ele tem demonstrado velocidade e talento merecedores de ser um piloto da F-1.
            Talvez o que incomode os outros pilotos seja a "precocidade" do piloto da Toro Rosso, que aos 17 anos, é o mais jovem piloto titular da história da F-1, enquanto vários de seus adversários na pista só conseguiram chegar lá com muito mais idade, e muito mais ralação do que ele. Pertencente ao programa de desenvolvimento de pilotos da Red Bull, o jovem "atropelou" os degraus das categorias de acesso à F-1, manobra que foi tida por muitos como injusta, e até de favorecimento descarado, enquanto outros pilotos, que deram duro para estar lá, foram ignorados. O argumento não deixa de ter sentido. Afinal, como categoria máxima do automobilismo mundial, a Fórmula 1 é um certame onde, participar, deveria ser uma espécie de recompensa pelos esforços e dedicação nas categorias de base, onde inúmeros pilotos batalham entre si para mostrarem o que valem. Por isso, ao se mostrarem campeões nestes certames "menores", e mostrarem seu talento e capacidade, nada mais justo que ganhem o "direito" de ingressarem na F-1. Mas, e quando um piloto vem de uma destas categorias de base, e quase sem nenhuma experiência, já é alçado à categoria "master" do automobilismo? Com certeza, não é apenas a inveja que vai deixar de proliferar entre os demais pilotos, mas também um sentimento de injustiça e ingratidão.
            Ao promover Verstappen para a F-1 no seu time B, a Red Bull praticamente jogou outro de seus pilotos, Antônio Félix da Costa, para escanteio. Tido por quase todos na imprensa especializada como o piloto mais provável de ser o novo "eleito" da organização para adentrar a F-1, o piloto sentiu-se desprezado e traído por ser preterido em favor do jovem holandês. Daí, como fica o esforço despendido por ele para se mostrar merecedor da vaga, quando de repente, se vê passado para trás? Não estou dizendo que Max Verstappen não mereça estar na F-1, só que a maneira como a Red Bull, ou melhor, seu coordenador do programa de pilotos, Helmut Marko, poderia ter mais consideração pelos pilotos que estão dando duro para corresponder ao que deles se pede. Mas, pelo que já vi de Marko nos últimos anos, não parece haver muita justiça nas suas escolhas e/ou promoções de pilotos. Já demitiu pilotos sem dar-lhes chances de negociarem com outros times, assim como ficou invocado com alguns, e promoveu outros, como o próprio Verstappen, simplesmente ignorando a ordem da fila aparentemente proposta pela Red Bull.
            Lógico que a Red Bull, sendo dona do time, tem todo direito de escolher quem põe ou não como piloto. Mas ultimamente, parece ter optado mais por fazer marketing do que pelo critério mais correto de merecimento do piloto em si. No ano passado, Dannil Kvyat deu a forte impressão de ter subido mais por ser russo do que pelos seus feitos, e apesar de ter feito um bom campeonato, ficou à sombra de Jean-Éric Vergne. Mas foi ele quem acabou promovido para a Red Bull este ano, enquanto Verne ficou a pé, numa manobra sem muita justificativa lógica por parte da equipe. E neste ano, o time dos energéticos está vendo que Kvyat ainda está um pouco "verde" para o time principal, sendo suplantado facilmente por Daniel Ricciardo. E se lembrarmos que Verne costuma andar mais do que o australiano, dá para notar que a decisão tomada foi a mais injusta possível.
            Assim, Verstappen tem que ir para a pista "matar" ou "morrer", e quem conhece o humor instável de Helmut Marko, sabe que qualquer percalço pode servir de justificativa para rifar um piloto e chamar o próximo da lista, seja em que posição ele estiver nesta lista. E, com os testes praticamente proibidos na F-1, os novatos nos últimos tempos não tem tido a devida preparação para estrearem na categoria com um pouco mais de bagagem técnica e experiência. Antigamente, os testes adentravam as primeiras semanas de dezembro e recomeçavam no início de janeiro, e todos os novatos andavam o quanto podiam para evitar dar vexame na hora do "vamos ver'. E, se mesmo assim já não ficavam imunes de errar, atualmente é ainda pior.
            Na pré-temporada, cada time anda com apenas um carro de cada vez na pista. Antigamente, andavam com os dois carros ao mesmo tempo. Hoje, não fazem mais dizendo que é por uma questão de custos, o que rouba chance de um novato adquirir mais quilometragem. Nos treinos livres dos GPs, a ordem é andar só o necessário, porque os motores são limitados, além de outros componentes, e de os times hoje nem terem propriamente um carro reserva, como era antigamente. E sem chance de treinar, as possibilidades de errarem nas corridas só aumenta, mesmo que treinem a rodo nos simuladores dos times.
            E não podemos esquecer de pilotos que já tem experiência e volta e meia arrumam encrencas na pista. Até pouco tempo atrás, o próprio Grosjean era sinônimo de confusão, batendo a rodo, e chegando a ganhar até o apelido de "louco da primeira volta" pelas batidas logo no início dos GPs. E Pastor Maldonado, que ainda se enrosca com frequência nos GPs mais recentes, seja ou não culpa exclusiva dele? Até Felipe Massa já teve anos ruins em tempos recentes por arrumar encrenca com outros pilotos na pista. Nem Lewis Hamilton escapa...
            Assim, toda a chiadeira com o acidente causado por Verstappen em Mônaco é exagero dos demais pilotos. Ele vai melhorar, errar menos, e só na pior hipótese, virar uma "ameaça" dentro da pista. Depende apenas dele, e pelo talento demonstrado, tem plenas condições de evoluir. Os outros que saibam fazer críticas mais ponderadas, e cobrar satisfações na proporção correta, e não promover uma caça às bruxas, exagerada. E sigamos para o próximo GP.

Montoya comemora sua vitória na Indy500 deste ano. E Roger Penske conquista sua 16ª vitória em Indianápolis.

Juan Pablo Montoya brilhou domingo passado, em Indianápolis. Em sua 3ª participação nas 500 Milhas de Indianápolis, o colombiano conseguiu a sua 2° vitória na corrida mais famosa e importante das Américas. Um feito ainda mais respeitável se levarmos em conta que ele foi o pior piloto da Penske classificado no grid - 15°, e ainda teve de trocar a asa traseira em uma parada de box por causa de um toque. Mas, contando com uma pilotagem agressiva, e um pouco de sorte com as bandeiras amarelas, o colombiano juntou-se ao pelotão da frente, e na parte final da corrida, já duelava pela liderança da prova, que venceu nas voltas finais depois de um renhido duelo com seu companheiro de equipe Will Power, garantindo à equipe Penske uma dobradinha no triunfo da Indy500 de 2015. Pela vitória, Montoya faturou quase US$ 2,5 milhões, e manteve a liderança do campeonato da Indy Racing League, com 272 pontos, 25 a mais do que Power, que assumiu a vice-liderança da classificação. Foi também a 16ª vitória da Penske em Indianápolis, o time com mais vitórias na mítica corrida disputada na capital do Estado de Indiana. A última vitória da escuderia havia sido em 2009, com Hélio Castro Neves. A felicidade da Penske só não foi maior porque seus dois outros pilotos não tiveram uma boa chegada na corrida. Hélio Castro Neves andou sempre perto dos líderes, mas nunca conseguiu brigar efetivamente pela vitória, e na parte final da corrida, ainda perdeu rendimento, terminando apenas em 7° lugar, e ficando agora em 4° lugar no campeonato, atrás de Montoya, Power, e Scott Dixon, que finalizou a prova em 4° lugar. Simon Pagenaud, o mais novo contratado de Roger Penske, andou entre os líderes e tinha tudo para brigar pela vitória, mas teve um percalço com Helinho que o derrubou para o fim do pelotão, terminando em 10° lugar. Com isso, o francês ocupa apenas a 11ª colocação, com 142 pontos. Como não poderia deixar de ser, a Indy500 teve sua cota de acidentes, o mais grave deles envolvendo 3 pilotos na parte final da corrida, com uma pancada violenta entre Jack Hawksworth e Sebastián Saavedra, levando junto Stefano Coleti. Quem também beijou o muro foram Ed Carpenter e o brasileiro Tony Kanaan. Felizmente ninguém se machucou seriamente. E teve também confusão nos boxes, com alguns mecânicos da equipe Dale Coyne sendo atropelados pelos pilotos da própria equipe, que se enroscaram no pit line no momento em que tentavam retornar à pista.


E a competição da IRL não pára. Passadas as 500 Milhas de Indianápolis, equipes e pilotos já empacotaram seus equipamentos rumo a Detroit, onde hoje começam os treinos para a única rodada dupla do campeonato 2015, no circuito de rua montado no parque do Belle Isle Park, no meio do Rio Detroit, que separa os Estados Unidos do Canadá. A primeira corrida é neste sábado, e a segunda prova será no domingo, ambas às 16:30 Hrs., pelo horário de Brasília. A prova do sábado terá transmissão pela Bandeirantes, enquanto a corrida do domingo será mostrada pelo canal Bandsports. A pista do Belle Isle tem cerca de 3,7 Km de extensão, e a prova será disputada em 70 voltas. No ano passado, os vencedores das duas corridas foram Will Power e Hélio Castro Neves, da Penske.


Quem também acelera fundo neste fim de semana é a MotoGP, com a disputa da etapa da Itália, no circuito de Mugello. A pista tem um traçado de 5,2 Km de extensão, e 15 curvas, além de uma bela reta de 1,1 Km de extensão, ótima para as disputas das motos mais velozes. A corrida terá 23 voltas, totalizando 120,6 Km de percurso. Líder da competição, Valentino Rossi corre em casa, e tem de se preocupar com a ascenção do companheiro de equipe, Jorge Lorenzo, que venceu as duas últimas corridas, e está a fim de tomar a liderança do campeonato do "Doutor". Mas não é bom subestimar o atual bicampeão, Marc Márquez, que pode estar fazendo um campeonato irregular até aqui, mas pode estragar os planos dos pilotos da equipe oficial da Yamaha. E também não se pode menosprezar a dupla da Ducati, que mostrou nas corridas disputadas até aqui que a fábrica italiana está de volta para discutir as vitórias na categoria. As provas da MotoGP, bem como das categorias Moto2 e Moto3, terão transmissão ao vivo pelos canais pagos do SporTV.

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