quarta-feira, 17 de setembro de 2014

ARQUIVO PISTA & BOX - MARÇO DE 1997 - 07.03.1997



            Trazendo mais um texto antigo, este foi publicado no dia 7 de março de 1997, às vésperas do Grande Prêmio da Austrália daquele ano, que iniciava o campeonato da Fórmula 1 com a novidade de inverter as posições do país da Oceania na competição, pois desde a sua estréia no calendário, a Austrália sempre fechava o calendário, tendo assistido a algumas decisões de títulos da categoria, na pista urbana de Adelaide. Esta cidade, aliás, também ficava para trás: o ano de 1997 marcava a estréia de Melbourne no calendário como nova sede do GP australiano, com um circuito montado no Albert Park, no centro da metrópole. A nova pista veio para ficar, pois desde aquele ano segue firme no calendário até hoje, mesmo com algumas brigas que ocorrem entre os organizadores e Bernie Ecclestone, além de alguns ecochatos que protestam alegando poluição sonora por ocasião do GP. Curtam o texto, e boa leitura...


ENFIM, A AUSTRÁLIA

            Bem, lá vamos nós de novo para mais um campeonato mundial da Fórmula 1. O palco está armado na bela cidade de Melbourne, na Austrália, onde o circo da categoria máxima do automobilismo pelo segundo ano consecutivo abre a temporada da competição. Depois de uma década montado na também bela cidade de Adelaide, Melbourne é agora o novo palco do GP australiano, de longe o mais animado e festivo Grande Prêmio do campeonato.
            Desde sua estréia em 1985, virou unanimidade geral entre pilotos e equipes a certeza de ser este o melhor GP do ano em termos de atmosfera e competição, salvo uma ou outra exceção. Em Adelaide, o trabalho de promoção da corrida era excelente e praticamente toda a cidade se voltava para a prova. Festas, promoções de patrocinadores e outras atividades recheavam a semana do Grande Prêmio da Austrália. E, logo após a prova, todo mundo se mandava para as mais diversas festas organizadas como comemoração de encerramento de mais uma temporada. Na prática, uma festa antecipada de fim de ano, só que em novembro.
            O próprio clima do GP era também o mais agradável do ano. Como geralmente o campeonato, fosse de pilotos, fosse de construtores, já estava definido, todos os pilotos e escuderias estavam mais relaxados em Adelaide. E este clima de paz e tranqüilidade era um convite para uma excelente prova, onde os pilotos podiam pilotar mais pelo prazer de competir do que para lutar pelo título. Lógico que nem todos podiam pensar nisso, pois sempre haviam posições ainda em jogo no campeonato, mas a atmosfera tranqüila proporcionava melhores performances dos pilotos, decididos a mostrar seu potencial na pista. Outros, por sua vez, com mudanças de equipe programadas e/ou encerramento de carreira, davam o máximo de si para terminar o ano da melhor forma possível.
            E o GP australiano é muito competitivo. Dos pilotos que venceram a prova, o máximo que obtiveram foi 2 vitórias. A conferir: Alain Prost (1986 e 1988); Gerhard Berger (1987 e 1992); Ayrton Senna (1991 e 1993); e Damon Hill (1995 e 1996). Os demais venceram apenas 1 única vez: Keke Rosberg (1985); Thierry Boutsen (1989); Nélson Piquet (1990); e Nigel Mansell (1994). No quesito equipes, a McLaren acumula 5 vitórias (1986, 1988, 1991, 1992 e 1993), tendo obtido nesta corrida sua última vitória na categoria. Em segundo lugar, vem a Williams, com 4 triunfos (1985, 1989, 1995 e 1996). Depois temos a Ferrari (venceu em 1987), e a Benetton (venceu em 1990), ambas com apenas 1 vitória cada uma.
            Para o GP deste ano, o favoritismo inicial está com a equipe campeã de 1996, a Williams, que joga todas as suas fichas em Jacques Villeneuve. As demais escuderias, por sua vez, prometem jogar areia nas pretensões do canadense, e se confirmarem o potencial exibido nos testes, realmente terão grandes possibilidades de conseguirem isso. Nos treinos classificatórios, já poderão dar uma amostra do que poderão fazer na corrida. Pelo menos, no momento em que esta coluna estiver sendo lida, os primeiros treinos livres já terão sido encerrados em Melbourne. O treino classificatório, é bom lembrar, ocorre hoje à noite (pelo horário de Brasília). Então, quem está lendo esta coluna agora possivelmente já deverá estar a par dos tempos obtidos nos primeiros treinos, e é sempre bom lembrar que, por serem treinos livres, podem dar algumas impressões equivocadas. No treino de classificação é que poderemos ter uma idéia do potencial real das escuderias somente.
            Bem, é hora de dar a largada. Façam suas apostas, acelerem suas torcidas e que vença o melhor piloto e equipe. Começou mais um campeonato de F-1!


Fofocas de bastidores: a nova aposta em voga é de qual será a equipe “lanterna” do grid em 97? Em 1996, a Minardi, depois da Forti Corse, foi a escuderia que ficou o maior número de vezes na última fila. E este ano? Até o momento, há duas opções: Minardi e Lola. O motivo primário da colocação é um só: ambas as escuderias usam os motores mais fracos entre todas as demais...


O Brasil larga com 3 representantes na F-1 em 97: Rubens Barrichello (Stewart/Ford), Pedro Paulo Diniz (TWR-Arrows), e Ricardo Rosset (Lola/Ford). Na retaguarda, como piloto reserva da Minardi, está Tarso Marques, sem previsões de ser efetivado a curto prazo...


Declaração de Jacques Villeneuve durante os testes da pré-temporada: “Damon Hill não vai ser bicampeão este ano!” Brilhante dedução...como é que ninguém percebeu isso antes...?


A F-CART deu sua largada no último domingo com o Grande Prêmio de Miami, no circuito de Homestead. Michael Andretti, demonstrando grande arrojo e sorte, venceu a corrida, marcando a estréia vitoriosa do novo chassi Swift na categoria. Paul Tracy e Jimmy Vasser completaram o pódio. A prova te certo ponto foi monótona, com a maioria dos pilotos mantendo posições, devido às dificuldades aerodinâmicas criadas pela nova configuração obrigatória, própria apenas para os superespeedways, mas inadequada para o traçado médio de Homestead. A CART ainda percebeu o erro da medida, mas apenas às vésperas da prova, e já não dava para as equipes voltarem atrás em seus acertos. Além dessa gafe da direção da CART, houve outra, que bagunçou a classificação da corrida. O pace-car, em uma das bandeiras amarelas, entrou de maneira errada na pista, e posicionou-se de maneira incorreta, acarretando confusão entre vários corredores, que foram reposicionados diversas vezes e em algumas delas erradamente. Scott Pruett, por exemplo, foi elevado à condição de “retardatário”, perdendo, na cronometragem oficial, 1 volta, mesmo tendo cruzado a linha de chegada em 2º lugar, atrás de Michael Andretti. O novo sistema de cronometragem, realizado pela Omega, em subsituição à EDS, que fazia isso em 96, teve muitos problemas, o que acarretou protestos de outras escuderias. A CART, por sua vez, já admite rever a regra das relargadas para evitar tais confusões. Para os brasileiros, foi mais uma corrida marcada pelo azar: Gil de Ferran foi fechado de maneira totalmente irresponsável por Dennis Vitolo, o que o fez perder a corrida praticamente; Raul Boesel começou 97 como terminou 96, abandonando com o carro quebrado; Roberto Moreno passou mais tempo nos boxes do que na pista; Christian Fittipaldi teve a sorte inversa de seu companheiro de equipe Michael Andretti, abandonando a corrida. Só Maurício Gugelmim terminou a prova razoavelmente bem, em 6º lugar. André Ribeiro, sem carro para brigar pelas primeiras posições, ficou em 12º, enquanto o novo piloto brasileiro da categoria, Guálter Salles, terminou em um modesto 17º. De positivo, o fato de que o campeonato está mais competitivo do que nunca. A Ganassi, que parecia ser a franca favorita, foi surpreendida pela concorrência e parece que vai ter muito trabalho para conquistar novamente o título. Tomara que o mesmo aconteça em relação ao campeonato da F-1, que começou oficialmente nesta madrugada...
 


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