quarta-feira, 9 de julho de 2014

ARQUIVO PISTA & BOX - JANEIRO DE 1997 - 24.01.1997



            Trazendo mais uma de minhas antigas colunas, esta data de 24 de janeiro de 1997, e o assunto são os primeiros testes da pré-temporada daquele ano, em uma época onde os testes eram liberados na categoria máxima do automobilismo, ao contrário do que acontece hoje. De resto, algumas notas de outros acontecimentos da semana, como algumas das expectativas para o campeonato da F-CART, a Fórmula Indy original, que naqueles tempos chegava a fazer sombra na F-1, e chamava cada vez mais atenção no Brasil, pelo fato de nossos pilotos terem melhores chances de vencer por lá, algo praticamente impossível na F-1. Uma boa leitura, e em breve tem mais...


PRIMEIROS TESTES

            De quarta-feira da semana passada à quarta-feira desta semana, as principais escuderias da Fórmula 1 estiveram reunidas no circuito espanhol de Jerez de La Fronteira, para a primeira sessão de testes coletivos do ano. Benetton, McLaren, Jordan, TWR-Arrows, Stewart e Ferrari colocaram seus novos bólidos na pista para o primeiro confronto do ano.
            Para melhorar as expectativas, não houve muitos dados plausíveis dos testes. As condições de tempo, com algumas chuvas intermitentes, prejudicaram muito os planos dos times, impedindo-os de medir forças a nível real. Nos dias de tempo bom, problemas aqui e ali acabaram atrapalhando. Mas alguns dados puderam ser comparados.
            Em primeiro lugar, a Williams: a equipe campeã de 1996 continua em ótima forma. O novo motor Renault RS9 dá mostras de que a fábrica francesa terá tudo para despedir-se da F-1 com mais um título. A única dúvida é se isso se dará com a Williams. O novo carro ainda não ficou pronto, e isso pode jogar a favor dos adversários. Heinz-Harald Frentzen andou muito bem em Jerez com o modelo FW18, que levou Damon Hill ao campeonato de 96. Apesar de ainda não ter correspondido às expectativas, Frentzen acredita em uma boa temporada. Até agora, os tempos do alemão têm ficado acima dos obtidos por Jacques Villeneuve.
            Pelo seu lado, a Benetton parece pronta para se recuperar da má temporada de 96. Gerhard Berger pulverizou o recorde extra-oficial do circuito espanhol com o novo B197, que não apresentou nenhum problema de monta. Além do novo motor RS9 da Renault, o novo chassi, segundo o piloto austríaco, é muito superior ao usado em 96, e tem uma boa base, ao contrário do velho B196. Pelos tempos alcançados nos testes, tudo parece indicar que a Benetton poderá brigar pelas primeiras posições, e quem sabe, ser até o time a ser batido no campeonato deste ano.
            E a McLaren? De cores provisórias (laranja, cor original da equipe, quando foi fundada por Bruce McLaren nos anos 60), enquanto aguarda o visual definitivo (que será adotado a partir de 14 de fevereiro), o novo carro impressionou Mika Hakkinen e David Couthard. E não ficou só na impressão: tanto Hakkinen quanto Couthard conseguiram andar muito bem nos testes, batendo a Ferrari de Michael Schumacher. Pode muito bem acontecer este ano o regresso do time de Ron Dennis ao degrau mais alto do pódio.
            Enquanto isso, as coisas andam esquentando pelos lados da Ferrari. Michael Schumacher que o diga: na última terça-feira seu carro literalmente pegou fogo em plena reta dos boxes, após uma quebra monumental do novo motor V-10 da Ferrari. Apesar das declarações de Schumacher de que o novo F310B é muito melhor do que o carro de 96, começam a surgir dúvidas a cerca da confiabilidade do carro, especialmente no que tange ao motor. Não foi incomum ver o bicampeão voltar aos boxes rebocado ou guinchado, em virtude de quebras do propulsor. Cerca de 4 unidades foram pro brejo em Jerez, o que começou a dar alguns calafrios nos tiffosi, lembrando o meio da temporada de 96, quando a Ferrari quebrou várias vezes seguidas nas corridas. Diante dos acontecimentos, a escuderia de Maranello, já admite usar o motor de 96 no início do campeonato, enquanto o novo motor não apresentar a confiabilidade necessária.
            Damon Hill não conseguiu explorar satisfatoriamente o potencial de sua nova equipe, a TWR-Arrows. Pequenos problemas mecânicos, mais a chuva, impediram o atual campeão mundial de testar a contento. Outra escuderia a sentir o drama foi a nova Stewart Racing, onde Rubens Barrichello e Jan Magnussen testaram pouco o carro. Além da chuva, toda sorte de pequenos defeitos no carro impediram os pilotos de andar a fundo com o monoposto.
            Outra equipe, a Jordan, andou desenvolvendo novos componentes para o novo chassi 97. Interessante foi o fato de que, computando os dias em separado, várias equipes estiveram à frente nos testes. Os tempos foram bem adversos, é verdade, mas foi curioso. Ralf Schumacher, Gerhard Berger, Rubens Barrichello, Michael Schumacher e Heinz-Harald Frentzen estiveram com seus nomes no topo da lista de tempos em um dia ou outro. Claro que os dados não podem ser avaliados como sendo a expressão do real potencial de cada carro, pois muitos escondem o jogo nos testes, não revelando como cada carro andou e em qual configuração, o que pode gerar muitas impressões fantasiosas.
            Encerrados os testes, continua a expectativa de como será a disputa do campeonato. Os problemas mecânicos enfrentados pelas escuderias não são de preocupar, pois isso é algo comum quando se está desenvolvendo os carros. Por enquanto, a expectativa de um campeonato mais equilibrado do que o de 96 continua sendo a melhor possível, mas tudo pode mudar com os demais testes a serem feitos até a abertura do campeonato...


As escuderias da F-1 seguem em seu trabalho rumo ao Mundial de 97. Nesta semana, Tyrrel e Ligier apresentaram na Inglaterra e Mônaco, respectivamente, seus novos modelos 97, que seguirão para testes de pista na próxima semana. E, para o dia 30, está programada a apresentação do novo Jordan 97. Se não houver complicações, o novo Williams FW19 deve ir para as pistas dia 4 de fevereiro. O tempo urge, especialmente para aqueles que ainda não apresentaram seus carros novos.


Um alívio para as equipes: a FIA liberou as pistas de Barcelona e do Estoril para testes até 1º de março. A temporada começa dia 9, em Melbourne, na Austrália...


Euforia na equipe Newmann-Hass da F-CART: o novo chassi Swift, a ser utilizado como carro da escuderia nesta temporada, fez excelentes tempos nos circuitos de Phoenix e Firebird, no Arizona. Tanto Christian Fittipaldi quanto Michael Andretti elogiaram muito o desempenho do novo carro e seu conforto. O único ponto fraco até o momento parece ser o câmbio, que apresentou inúmeros problemas, que já começaram a ser resolvidos. Com a adoção do Swift, a Newmann-Hass junta-se à All American e à Penske, que são as únicas escuderias da F-CART a construírem seus próprios carros, em que pese o time de Carl Hass e Paul Newmann ser o time de fábrica da Swift, fábrica que é de propriedade do piloto Hiro Matsushita.


Pelos primeiros testes, o chassi Lola T9700 anda com a cotação em baixa entre as escuderias da F-CART. A Patrick Racing, diante de alguns resultados apenas razoáveis, não perdeu tempo: já trocou para os chassis Reynard . André Ribeiro, da equipe Tasman, novo time oficial da Lola na categoria, argumenta que o chassi não é tão ruim assim, basta desenvolvê-lo. Mas algumas escuderias preferiram não perder este tempo pondo a mão no fogo...


Ainda sobre a F-CART: semana que vem está programada a edição 97 do SPRING TRAINING, onde todas as escuderias estarão presentes no circuito de Homestead, para testarem seus carros e apresentarem seus pilotos para o campeonato deste ano...

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