quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

ARQUIVO PISTA & BOX - OUTUBRO DE 1996 - 11.10.1996



            Trazendo alguns textos antigos para fechar o ano, eis esta coluna publicada em 11 de outubro de 1996, trazendo como tema a decisão do campeonato de Fórmula 1 daquele ano, em uma das melhores pistas do calendário, que felizmente continua presente até hoje: Suzuka, no Japão. Uma boa leitura, e em breve tem mais textos antigos...


RETA FINAL: SUZUKA

            Enfim, a Fórmula 1 está em sua derradeira etapa do mundial de 1996. E o palco não poderia ser melhor: Suzuka, onde é realizado o Grande Prêmio do Japão. Na minha escala dos circuitos que compõem o calendário da categoria, Suzuka só fica atrás de Spa-Francorchamps e Monza. Aquele por ser o mais desafiador circuito do calendário, este por sua atmosfera única. Suzuka é da mesma estirpe que Spa, embora em um plano um pouco inferior. Há curvas para todos os gostos, entremeados por boas retas e excelente traçado, onde a pista chega a passar por cima dela mesma.
            Tecnicamente, o circuito exige um bom equilíbrio dos carros pela grande variedade de curvas, enquanto em outros trechos a força do motor tem grande importância. Dependendo do tipo de situação, até ultrapassar torna-se difícil aqui nesta pista. Muitas vezes, o braço do piloto faz a diferença. Outro detalhe que geralmente acaba complicando a corrida é o clima. Vez por outra, a chuva vem sem aviso, enquanto em outras ocasiões ela sempre ameaça mas não cai, confundindo equipes e pilotos.
            O Grande Prêmio do Japão é um dos GPs mais recentes do calendário. Até agora, foram disputadas 11 provas em terras japonesas, fora os dois GPs do Pacífico realizados no circuito de Ainda, também no Japão. O primeiro GP foi disputado em 1976, no circuito de Monte Fuji. A prova, que encerrou o mundial daquele ano, foi vencida por Mario Andretti, da Lótus, em meio a uma chuva torrencial, e decidiu, pela primeira vez em terras do Sol Nascente, o título da F-1, em favor de James Hunt, que chegou em 3º lugar e superou Niki Lauda por 1 ponto no campeonato. Em 1977, a prova foi vencida por James Hunt.
            Seguiu-se uma longa ausência, e o GP do Japão só retornou em 1987, agora no moderno autódromo de Suzuka, não por coincidência de propriedade da Honda, então fornecedora do melhor motor motor da categoria, equipando os times Williams e Lótus. E, como em 1976, a prova japonesa novamente decidiu o campeão da temporada, Nélson Piquet. Com o violento acidente de Nigel Mansell nos treinos, impossibilitando-o de disputar a prova, Piquet conquistou o tricampeonato, e deu à Honda o seu primeiro título de pilotos na F-1.
            O GP do Japão, aliás, é privilegiado no que tange à decisão de títulos da F-1. Nunca um GP foi palco de tantas decisões em tão pouco número de provas realizadas, à exceção, é claro, do GP do Pacífico, que também viu uma decisão de título em uma de suas duas realizações. Contando com a corrida deste ano, que também definirá o campeão da temporada, já que é a última etapa do campeonato, serão 12 corridas e 7 delas com decisão de título, um índice de decisões de aproximadamente 58,34 % dos GPs realizados. Para os japoneses, foi um delírio só. A F-1 conquistou os japoneses a partir de 1987 e os novos fãs nipônicos do automobilismo tiveram como grandes ídolos especialmente os campeões brasileiros Nélson Piquet e Ayrton Senna. Piquet deu o primeiro título de pilotos `fábrica da Honda, e Senna continuou a saga de vitórias da Honda. Em 1988, também em Suzuka, Ayrton conquistou seu primeiro mundial, e o 2º título de pilotos consecutivo para a Honda, em uma corrida sensacional que até hoje cada fã japonês deve se lembrar nos mínimos detalhes.
            Em 1989 e 1990, ambos os títulos também se decidiram em Suzuka, mas de forma lamentável: Alain Prost e Ayrton Senna bateram em si mesmos durante a corrida. Em 89, Prost fechou Senna quando o brasileiro tentava ultrapassá-lo na chicane antes da reta dos boxes. Senna ainda retornou à corrida e a venceria, mas foi desclassificado por cortar caminho na chicane, e Prost ficou então com o título. Em 90, foi a vez de Senna dar o troco no francês, que se encontrava em situação inversa à de 89. E a batida acabou dando o bicampeonato a Senna. Em 1991, último ano em que Suzuka decidiu um título até a etapa deste ano, tivemos uma luta limpa entre Senna e Nigel Mansell, e o brasileiro levou a melhor, quando Mansell acabou saindo da pista.
De lá para cá, houve algumas boas corridas, mas não uma nova decisão de campeonato, o que volta a acontecer somente agora. Mas Suzuka continua com seu charme. É verdade que o ânimo dos japoneses diminuiu um pouco com a morte de Senna, mas este ainda é o único GP do mundo onde os ingressos são sorteados entre os compradores: mais de 1 milhão se credencia para o sorteio dos ingressos, já que a lotação do autódromo fica em 200 mil pessoas. O preço é salgado, como qualquer coisa no Japão, mas nem por isso os japoneses se desanimam. Muito pelo contrário, a Honda, que saiu da F-1 em 1992, já até prepara o seu retorno à categoria em breve. A concorrência que se prepare...


Ayrton Senna e Gerhard Berger são os maiores vencedores do GP do Japão, com 2 vitórias cada um. Senna venceu em 1988 e 1993; Berger em 1987 e 1991. Os demais só venceram 1 vez: Mario Andretti (1976), James Hunt (1977), Alessandro Nanini (1989), Nélson Piquet (1990), Riccardo Patrese (1992), Damon Hill (1994) e Michael Schumacher (1995). Por equipes, a McLaren é a maior vencedora da prova, com 4 triunfos (em 1977, 1988, 1991 e 1993); a Benetton obteve 3 triunfos (1989, 1990 e 1995). A Williams contabiliza 2 vitórias (1992 e 1994), e as demais escuderias apenas 1 vitória: Ferrari (1987) e Lótus (1976).


Ralf Schumacher já começou a testar a Jordan. Foi no Estoril, semana passada. Depois de muitas voltas, seu melhor tempo foi 0s3 mais lento que o tempo de Rubens Barrichello no grid de largada do GP de Portugal. Ralf criticou os pilotos do time, dizendo que o carro não é tão ruim como eles dizem. Mais: enalteceu Martin Brundle e criticou Barrichello, dizendo abertamente que prefere ter o inglês como colega de equipe. Com certeza, Michael Schumacher já deve ter avisado o irmão caçula de que o brasileiro é jogo duro, ao contrário de Brundle, que só oferece muita resistência em dias inspirados, o que não é muito freqüente.


Comentário no meio da F-1 sobre a decisão em Suzuka: Damon Hill, que tem 9 pontos de vantagem sobre Jacques Villeneuve e só precisa de um 6º lugar para conquistar o título, está com a faca e o queijo nas mãos. Resta saber se ele não vai acabar se cortando com a faca ou ficar engasgado com o queijo...


Definido o primeiro dos pilotos da equipe Stewart de F-1: Jan Magnussen vai pilotar um dos carros de Jackie Stewart em 97. O colega de equipe do dinamarquês deverá ser Rubens Barrichello, que já está mantendo contatos fortes com Jackie Stewart neste sentido. Rubinho, entretanto, ainda é muito cotado para ficar na Jordan. E continua a dança dos pilotos para 97: Pedro Paulo Diniz está cotado para ser o companheiro de Damon Hill na TWR-Arrows em 97. Diniz levaria o vultoso patrocínio da Parmalat para a escuderia. A hipótese de ficar na Ligier perde força com a nova direção da equipe, que prefere ter dois pilotos franceses. Olivier Panis já renovou para 97.


O piloto português Pedro Lamy teve um susto tremendo no Estoril: bateu forte com sua Minardi numa das curvas fechadas do circuito e por pouco não teve conseqüências mais sérias. Felizmente, os danos foram só materiais: não sobrou muita coisa que pudesse se aproveitar de sua Minardi após a batida, contudo. Lamy, já recuperado, corre em Suzuka.
 

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