sexta-feira, 25 de outubro de 2013

DIXON TRICAMPEÃO


Com as vitórias nas duas corridas de Toronto, Dixon mostrou que o triunfo em Pocono não era circunstancial, e iniciou uma escalada meteórica rumo ao título da IRL 2013, conquistando seu tricampeonato.

            Terminou o campeonato da Indy Racing League 2013, e o melhor piloto venceu: Scott Dixon sagrou-se tricampeão da categoria com todos os méritos, derrotando o brasileiro Hélio Castro Neves, que durante boa parte da temporada foi visto como o principal favorito ao título, apostando numa campanha regular e constante. Mas, com apenas 1 vitória na temporada, e com um desempenho tido por muitos como abaixo do necessário para reforçar sua posição na luta pelo título, um único fim de semana negativo, nas duas provas disputadas em Houston, foram suficientes para implodir as esperanças do piloto brasileiro, que fez sua melhor temporada na categoria, em termos de posição de campeonato, desde 2008, coincidentemente, quando também foi vice-campeão, perdendo o título daquele ano para o mesmo rival, Scott Dixon, e a Ganassi.
            O campeonato de 2008, aliás, guarda algumas semelhanças com o deste ano: naquela temporada, Hélio também foi um piloto extremamente regular, marcando pontos em praticamente todas as corridas. Como neste ano, o brasileiro não foi um vencedor contumaz, tendo triunfado apenas em duas provas, em Sonoma e Chicago. Dixon, por outro lado, a exemplo do que vimos neste ano, foi o piloto que mais venceu no ano, com nada menos do que 6 vitórias. Mas se Hélio não venceu tanto, foi muito constante, com nada menos do que mais 9 pódios na temporada, ao passo que o neozelandês também foi muito regular, com 7 pódios. No fim, vitória para Dixon, que chegou ao bicampeonato com 646 pontos, contra Hélio Castro Neves, que conquistava seu segundo vice-campeonato, com 629 pontos. De quebra, Dixon ainda faturou as 500 Milhas de Indianápolis de 2008. Hélio, contudo, foi mais incisivo na sua regularidade em 2008, colecionado um bom número de presenças no pódio, o que não foi o caso deste ano, onde terminou bem várias provas, mas várias delas fora do pódio, cujos lugares oferecem pontuações mais generosas. Em algumas corridas, é verdade, teve problemas, mas estava de certa forma no lugar errado na hora errada, consequência de algumas classificações de grid malsucedidas, obrigando-o a tentar minimizar os estragos com estratégias de corrida para avançar à frente.
            Foi preciso o desastre de Houston para Helinho e a Penske ficarem com os brios em ponto de bala, e em Fontana, o brasileiro andou muito bem, só tendo o azar de trocar sua asa logo antes de surgir uma bandeira amarela. Mas mesmo que isso não ocorresse, já não adiantaria: mesmo que o brasileiro vencesse a corrida, ainda assim Dixon terminaria em 6°, posição mais do que suficiente para lhe garantir o título. Dixon foi ousado em várias corridas desde Pocono, e sua escalada deveria ter motivado a Penske e Hélio a cerrarem a marcação para garantir o título. Não que o time de Roger Penske tenha exatamente dormido no ponto, mas certamente poderia ter conseguido muito mais se não tivessem sido tão prudentes e conservadores, por assim dizer. Melhor para o piloto da Ganassi, que mesmo quando parecia ter perdido o páreo, continuou vindo para cima com tudo. E colheu os louros da vitória, mais do que merecidos. Foi uma recompensa à sua bravura e tenacidade, e também à sua determinação impetuosa em algumas provas.
            Com esta conquista, Dixon empata com Sam Hornish Jr. em número de títulos da IRL, ficando atrás apenas do escocês Dario Franchiti, que é o único tetracampeão da categoria. Desconsidero a Fórmula Indy porque a IRL é uma categoria que nasceu em 1996, e para mim, trata-se de outro campeonato, em que pese a chamada "reunificação" propalada em 2008, que a rigor nada mais foi do que o fechamento do campeonato da Indy original, tendo sobrado apenas a Indy Racing League.
            Aliás, Dixon estreou na F-Indy em 2001, correndo pela equipe PacWest, tendo como companheiro naquele ano o brasileiro Maurício Gugelmim. Para um ano de estréia, o neozelandês foi bem, conseguindo até uma vitória. No ano seguinte, com o fim da PacWest, ele migraria para a equipe Ganassi, iniciando uma relação que dura até hoje. Não foi uma caminhada tranquila: houve vários percalços, mas também momentos gloriosos. Ao fim de 2002, Chip Ganassi debandaria para a IRL, e as estruturas de um time da F-Indy, claramente reconhecidos como superiores aos da IRL, fez a concorrência sentir o impacto: Dixon foi campeão em seu ano de estréia na categoria, derrotando outro time que havia migrado da F-Indy para a IRL: a Penske, com sua dupla brasileira, Gil de Ferran e Hélio Castro Neves. Juntos de Tony Kanaan, liderando a equipe Andretti-Green, as equipes do certame de Tony George comeram poeira naquele ano.
            Na primeira competição travada no novo campeonato, era a primeira derrota da Penske para a Ganassi, e não seria a primeira. Para Dixon, entretanto, os dois anos seguintes foram complicados, devido a inferioridade técnica do equipamento adotado. Apenas em 2006 o time voltaria a mostrar sua força, e como piloto que não desperdiça oportunidades, Dixon entrou na luta pelo campeonato novamente, ficando em 4° lugar. Em 2007, ele travou uma luta titânica contra Dario Franchiti, perdendo o título por apenas 13 pontos, mas mostrava que a Ganassi estava de volta com tudo, o que confirmaria no ano seguinte, com a conquista do bicampeonato, na segunda vez em que a Ganassi novamente derrotava a poderosa equipe de Roger Penske.
            A partir de 2009, as maiores dores de cabeça do neozelandês não vieram da concorrência, mas dentro de sua própria equipe: tendo contratado o escocês Dario Franchiti para ser um de seus pilotos após uma passagem frustrada deste pela Nascar, Dixon precisou de muita determinação e cabeça fria para não sucumbir à avalanche de títulos enfileirada pelo novo companheiro de time, que conquistou nada menos do que 3 campeonatos seguidos, em 2009, 2010, e 2011. No primeiro ano da parceira, o título acabou decidido entre os dois pilotos da Chip Ganassi, e Franchiti venceu Dixon por apenas 11 pontos, mesmo com o neozelandês tendo 1 vitória a mais no campeonato.
            Nos dois anos seguintes, Dixon ficou um pouco à sombra de Franchiti na Ganassi. O principal rival agora era Will Power, da Penske, que depois de luta ferrenha durante todo o campeonato de 2010 e 2011, acabou ficando com o vice-campeonato, contabilizando mais derrotas da Penske frente à Ganassi. Logo atrás de ambos vinha Dixon, numa demonstração clara de que a luta dentro do time do velho Chip foi bem dura: tanto ele quanto Franchiti poderiam muito bem terem sido campeões. Faltou apenas um pouco de sorte, mas não dá para ganhar sempre.
            No ano passado, a Ganassi perdeu um pouco o ímpeto. A adoção dos novos chassis DW12 da Dallara custou um tempo de adaptação mais longo do que se imaginava, e pela primeira vez desde 2005, a Chip Ganassi não demonstrava ter força para impressionar os adversários na pista. Mas isso não foi suficiente para abater Scott, que numa campanha bem regular, salvou a honra do time, ficando em 3° lugar na competição. Foi a primeira temporada em que o neozelandês superou seu companheiro de equipe escocês: Franchiti ficou em 7° no campeonato.
            Neste ano, a Ganassi fez uma primeira metade de temporada desconexa, e Dixon tinha como melhor resultado apenas um pódio, na etapa do Alabama. Mas a partir de Pocono, a escuderia conseguiu maravilhas no acerto de seus carros, e Scott conseguiu uma segunda metade de temporada arrasadora, conquistando 4 vitórias. Desde a corrida em Pocono, também foi nítida a perda de rendimento de Helinho, tendo apenas 1 pódio no mesmo período. Dixon terminou o ano como o piloto com o maior número de vitórias: 4, contra 3 de Will Power e James Hinchcliffe. Descontando o infortúnio de Dario Franchitti na segunda prova de Houston, Dixon teve um ano muito superior ao escocês, agora superado ainda mais do que no ano anterior, tendo ficado apenas em 10° na classificação do campeonato, tendo apenas 4 pódios e nenhuma vitória. E, claro, mais uma derrota da Penske para a Ganassi, que aliás tem tudo para repetir a disputa em 2014. E a Ganassi ainda contabilizou a vitória de Charlie Kimball em Mid-Ohio, empatando com a Andretti Autosport em número de vitórias no ano: 5. Para a Penske, com apenas 4 triunfos, foi uma derrota dupla, não apenas perdeu o campeonato pelo 4° ano consecutivo, como não conseguiu vencer mais que os concorrentes.
            E a disputa entre as equipes Penske e Ganassi será ainda maior em 2014. Se por um lado a Penske contratou o colombiano Juan Pablo Montoya para reforçar seu time, que continuará contando com o brasileiro Hélio Castro Neves e o australiano Will Power, por seu lado, Chip Ganassi terá o reforço do brasileiro Tony Kanaan em sua escuderia, um reforço considerável, e talvez muito mais efetivo do que a estréia do piloto colombiano na Penske. Montoya andou nos últimos anos na Nascar, e nunca conseguiu o mesmo destaque que teve na F-Indy. Ainda por cima, ele ficou um pouco gordinho para os monopostos, mas já iniciou uma preparação ferrenha para colocar-se de novo em forma para estar em ponto de bala quando se sentar novamente em um monoposto, para o campeonato do ano que vem. Mesmo assim, fica a dúvida do que Montoya poderá render na categoria. Uma dúvida que praticamente inexiste no caso de Kanaan, que nas últimas 3 temporadas, deu mostras de andar mais do que sua equipe KV o permitia, mostrando sua grande capacidade como piloto. Será um duelo de titãs, com a Penske buscando o primeiro campeonato de seus pilotos, enquanto no time de Chip Ganassi haverá 3 campeões: Dixon buscando o tetracampeonato; Franchiti buscando o pentacampeonato, e Kanaan buscando o bicampeonato. Falta Charlie Kimball desencantar, mas vai ser complicado tendo estes companheiros de equipe, mas não quer dizer que seja impossível.
            Sem dúvida alguma, é um grande atrativo para o campeonato da IRL no próximo ano. Fica a esperança de que a prometida transmissão da Bandeirantes para o campeonato de 2014, ventilada pelos narradores durante a prova de Fontana, não tenha sido apenas para "inglês ver", e as provas do campeonato americano continuem a ser transmitidas para o Brasil. Infelizmente, a corrida em São Paulo já era, não constando do calendário divulgado pela direção da Indycar para o ano que vem. Espero que pelo menos a transmissão se mantenha, e com um esquema mais coerente por parte da Bandeirantes, que tem um produto bom nas mãos, mas precisa decidir fazer um melhor uso com ele do que anda fazendo nos últimos tempos.


E a F-1 disputa neste fim de semana o Grande Prêmio da Índia de F-1, que é sua despedida do calendário da categoria, já não constando mais na relação de provas do ano que vem. Dizem que volta em 2015, mas duvido. Mais uma corrida que não conseguiu cativar o público, em um local para onde foi levada motivada apenas pela gânancia de Bernie Ecclestone. Devemos ver a conquista antecipada do título por Sebastian Vettel, que salvo um desastre completo para o tricampeão alemão, deve ser decidido matematicamente neste domingo...

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