quarta-feira, 27 de março de 2013

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – MARÇO DE 2013




           Começaram os campeonatos da Fórmula 1 e da Indy Racing League, além da Stock Car Brasil, GP2, e mais alguns certames do mundo da velocidade. E, dando uma analisada em alguns dos últimos acontecimentos, eis mais uma edição da COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA, com algumas avaliações no esquema de apresentação de sempre: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Uma boa leitura a todos, e até a cotação do mês que vem...



EM ALTA:

Kimmi Raikkonem: O piloto finlandês abriu a temporada com uma vitória e performance convincentes no GP da Austrália, quando todo mundo estava mais atento às equipes Red Bull e Ferrari, e ao potencial duelo Sebastian Vettel X Fernando Alonso. Com uma pilotagem precisa, e ajudando o carro a conservar seus pneus, Raikkonem largou na frente no campeonato, e se não teve um bom desempenho na Malásia, onde sofreu uma punição imbecil, ainda conseguiu ficar firme nos pontos, depois de uma corrida onde travou alguns bons pegas. Não dá para dizer ainda se o finlandês é candidato firme ao título, mas já deu o aviso de que está à espreita, e pode fazer algumas gracinhas em cima dos concorrentes...

Pneus da Pirelli: A fabricante italiana mudou novamente a concepção de seus pneus para a temporada 2013, e como já havia acontecido no ano passado, os times da F-1 estão tentando descobrir até onde podem ir com os novos compostos, uma vez que a pré-temporada foi das menos produtivas dos últimos tempos, pelo menos no que tange aos pneus. Já tivemos resultados distintos na Austrália e na Malásia, mas ainda é cedo para dizer até onde as escuderias continuarão tendo de descobrir como obter o maior rendimento dos pneus italianos. Em 2012, isso levou praticamente meia temporada, o que fez com que tivéssemos 7 vencedores diferentes nas 7 primeiras corridas. Será que este ano vai ser preciso tanto tempo assim? O campeonato já começou com algumas performances interessantes, mas não dá para afirmar se elas continuarão surgindo nas próximas corridas. Pode até não surgir novas surpresas, mas no ano passado, também foi assim, de esperar que na corrida seguinte tudo voltaria ao “normal”, e então...

Adrian Sutil: O piloto alemão ganhou a disputa pela vaga na Force Índia e retornou ao seu velho time, onde havia competido até 2011. E logo na primeira corrida mostrou a que veio, chegando até a liderar a prova da Austrália, apostando numa estratégia de pneus diferente dos líderes. Mostrou confiança e consistência, levando todos a esquecerem que o piloto passou 2012 desempregado, sem competir. Só não terminou no pódio, ou perto dele, porque seu carro praticamente não se entendeu com os pneus supermacios, utilizados na parte final da corrida, fazendo-o despencar na classificação, mas ainda chegando melhor que seu companheiro de equipe Paul Di Resta, que já viu que terá novamente muito trabalho com seu antigo companheiro de time, agora de volta à ativa...

Equipe Andretti: Campeã no ano passado com Ryan Hunter-Reay, a Andretti Autosport já mostrou que vai querer novamente o título da IRL este ano. Mas, se o atual campeão teve uma performance modesta na abertura da temporada, em São Petesburgo, na Flórida, e acabou abandonando com problemas no seu carro, seu companheiro de equipe James Hinchcliffe mostrou que também quer sonhar alto, e fez uma corrida forte, aproveitando o único vacilo de Hélio Castro Neves para assumir a liderança e conquistar sua primeira vitória na competição. Para melhorar o astral, Marco Andretti terminou em 3º lugar, mostrando que também quer colocar as manguinhas de fora, e demonstrar que não está ali somente por ser filho do dono da escuderia. Ernesto Viso, o novo contratado do time, fez uma estréia modesta, mas firme no novo time, terminando em 7º lugar. Roger Penske e seus comandados que se preparem para encarar o desafio...

Felipe Nasr: O piloto brasileiro entrou em seu segunda ano no campeonato da GP2 visando apenas conquistar o título e nada abaixo disso. E começou bem o ano, obtendo um 4° lugar na primeira corrida disputada em Sepang, e terminando em 2° lugar na segunda prova do fim de semana. Com uma vitória e um terceiro lugar, o monegasco Stefano Coletti lidera o campeonato com 35 pontos, seguido de Fabio Leimer, com 26 pontos. Nasr é o 3° colocado, com 25 pontos. Felipe tem planos de subir para a F-1 em 2014, e para isso, conquistar o título da GP2 é essencial, e vem seguindo à risca o planejamento da carreira, de iniciar o primeiro ano em um certame para aprender, e disputar o título no segundo ano. E, competindo novamente pela Carlin, time com o qual foi campeão na F-3 Inglesa, Felipe está confiante em repetir a parceria vitoriosa agora na GP2. Nasr vem fazendo um bom planejamento de sua carreira, com bons patrocinadores o apoiando, e tem tudo para chegar ao título da categoria logo abaixo da F-1. Chegar à categoria máxima do automobilismo, entretanto, poderá ser mais complicado do que se imagina, mas Felipe está confiante em superar todos os obstáculos.



NA MESMA:

Ross Brawn: Nos seus tempos de comandante tático da Ferrari, não foram poucas as vezes em que partiram dele as famosas “ordens de equipe” para os pilotos do time manterem posições, impedindo que pudéssemos ver alguns duelos que seriam muito bem-vindos. Agora na Mercedes, Brawn mostrou que continua o mesmo, e ao negar “permissão” para Nico Rosberg ultrapassar Lewis Hamilton no final da corrida malaia, privou o piloto alemão, que trouxe os melhores resultados ao time nos últimos 3 anos, de subir ao pódio, num final de prova onde seu ritmo era muito melhor do que o de Hamilton. Rosberg merecia mais consideração por parte de Brawn, mas como já se viu em outras ocasiões, o inglês não se comove por quase nada. Só que na Ferrari Ross tinha a concordância de Jean Todt, e agora na Mercedes, Niki Lauda e Toto Wolf já deram declarações contrárias às atitudes de Brawn. Na época da Ferrari, ele e o time davam “uma banana” para os críticos de suas atitudes. Fará o mesmo agora? Pela sua expressão, parece que sim...

Dario Franchiti: O piloto escocês, tetracampeão da Indy Racing League, parece que não consegue se entender direito com o novo chassi DW12 da Dallara. Desde que o novo carro estreou na categoria, no ano passado, Dario não tem conseguido demonstrar a mesma performance que exibia quando foi campeão por 3 anos consecutivos. Em 2012, o escocês foi apenas o 7° colocado no campeonato, tendo vencido apenas a Indy500, o sonho de qualquer piloto, claro, mas vendo seu companheiro de equipe Scott Dixon lutando pelo título até a parte final do campeonato. E, neste início de temporada, Franchiti ainda abandonou a prova de São Petesburgo devido a um erro de amador: acertou o muro logo após fazer um pit stop e acelerar demais antes da hora com os pneus ainda frios. E ainda viu o companheiro Dixon terminar a prova em 5° lugar e sair na frente na disputa interna da Ganassi. E, fora das pistas, o escocês ainda se separou de sua esposa, a atriz Ashley Judd, com quem era casado. Franchiti não começou bem o ano mesmo...

Calendário da F-1 2013: Não deu mesmo para arrumar uma corrida substituta para o futuro GP de Nova Jérsei, adiado para 2014. Não foi por falta de candidatos, mas por falta de vontade política e excesso de ganância financeira por parte de Bernie Ecclestone, além de picuinhas pessoais que inviabilizaram a efetivação de uma corrida substituta. A categoria só não perde tanto porque, mesmo assim, o calendário ainda terá 19 corridas, número considerado mais do que suficiente na opinião das escuderias e pilotos. Mas ver a F-1 continuar correndo em lugares como o Bahrein, enquanto pistas como Portimão e Zeltweg ficam de fora ainda mostra como Bernie Ecclestone e a própria F-1 colocam o dinheiro acima de tudo e de todos...

Stock Car: o campeonato da Stock Car nacional iniciou o ano com um novo formato de transmissão que a restringe à TV por assinatura, ficando apenas 3 corridas para serem exibidas na TV aberta. Se por um lado a cobertura no SporTV tem potencial para ser mais completa do que na TV Globo, por outro lado, a exposição é bem mais restrita, por ser em canal de TV paga, ainda um produto caro no Brasil. Mas, ao invés de melhorar, a categoria inventa algumas coisas imbecis, como a nova janela de reabastecimento “obrigatória” dentro de um número estipulado de voltas de cada corrida, proibindo equipes e pilotos de adotarem estratégias mais diferenciadas de reabastecimento, alegando que este procedimento causa “confusão” nos torcedores, que não enxergariam a verdadeira dinâmica das corridas. Usar tal justificativa é simplesmente chamar os torcedores de burros e idiotas, e isso só ajuda a comprovar que a categoria, por mais forte que se apregoe, não vai tão bem como se autoafirma. E vale lembrar que a Stock começou o ano sem um patrocinador-chefe do campeonato, que até o ano passado era a Caixa Econômica Federal, que resolveu puxar o carro por não sentir firmeza no trato profissional do campeonato, entre outros motivos.

Robert Kubica: O piloto polonês, que por pouco não perdeu a vida há dois anos num violento acidente em uma prova de rali, mais uma vez escapou da morte, ao sofrer um novo acidente quando liderava o Rali das Ilhas Canárias, prova válida pelo Campeonato Europeu de Rali. Kubica, que liderava com folga de mais de um minuto para o segundo colocado. O polonês bateu em um trecho da pista onde errou uma freada a atingiu o guard-rail com certa violência. Danos apenas materiais no carro, felizmente, e Kubica saiu ileso. Mas do outro lado do guard-rail estava um penhasco, e se tivesse batido com mais força, poderia até ter despencado com carro e tudo, e muito provavelmente não teria tanto sorte de escapar inteiro. Kubica pode ter paixão pelos ralis, mas depois de passar perto de um potencial acidente fatal pela segunda vez, deveria tomar mais cuidado com sua paixão pela modalidade. E ainda se fala que no ano que vem ele poderia tentar voltar à F-1. Espera-se que pelo menos continue inteiro para continuar pensando firme nisso...



EM BAIXA:

Equipe Williams: o time do velho Frank mostrou em 2012 ter mais carro que piloto, e apesar de ter conseguido vencer o GP da Espanha, no restante da temporada, a escuderia viu seu principal piloto mais se meter em confusões do que pontuando, enquanto Bruno Senna não conseguia largar em boas posições e ter sempre de remar em recuperações nas corridas. Para este ano, a expectativa era o time continuar tendo um desempenho em evolução. Ao que parece, tudo saiu pela culatra, pelo menos nas corridas iniciais, onde o que se viu foi o novo FW35 mostrar um desempenho sofrível, a ponto de Maldonado chegar a classificar o carro de “inguiável”. Pelo visto, o corpo técnico de Grove parece ter errado feio novamente na concepção do novo carro, que se não melhorar rapidinho, pode ser engolido até mesmo pela briga entre Marussia e Caterham. E, só para complicar as coisas, Maldonado simplesmente abandonou as duas provas iniciais por erros de pilotagem. Frank Williams vai ter novamente um ano daqueles...

Disputas na F-1: Ordens de equipe estão virando uma praga na F-1, onde se disputa mais nos boxes do que na pista, o que não deveria acontecer. Os exemplos dados na Malásia, onde Red Bull e Mercedes simplesmente ditaram o que deveria ter acontecido, com resultados opostos em cada time, só contribuem cada vez mais para o descrédito da categoria máxima do automobilismo, e que depois não venha perguntar porque os fãs vem diminuindo... Quem curte corridas quer ver briga na pista, com o melhor piloto, ou o mais rápido, vencendo a parada, e não simplesmente tendo de obedecer a uma ordem cretina de manter posições quando pode fazer muito mais do que aquilo. E disputa na pista não significa simplesmente bater no adversário em cada ultrapassagem: pode-se perfeitamente ganhar uma posição em disputa honesta e mano-a-mano. É isso que os fãs querem ver, e não simplesmente obediência a hierarquias que muitas vezes não se justificam, que deveriam se limitar a privilégios salariais e uma ou outra vantagem, que deveria ser fora da pista. Mas, enquanto a audiência da F-1 não levar um baque, dificilmente a categoria irá tomar jeito e mudar seus péssimos hábitos...

Equipe Red Bull: O time das bebidas energéticas, desde que estreou na F-1, sempre se caracterizou por trazer um ar fresco à categoria, mostrando que dava para ser bem sucedido sem sacrificar a esportividade e a competitividade, mesmo que isso trouxesse a perda de alguns resultados. O maior temor, contudo, era se o time austríaco não seria “contaminado” pelo ambiente cada vez mais espúrio e corporativo que anda impregnando os times da categoria. Infelizmente, pelo que vimos na Malásia, até a Red Bull acabou rendendo-se aos maus hábitos que permeiam a F-1 atualmente. Sebastian Vettel mandou as ordens às favas e partiu para vencer a corrida, após um duelo que foi no mínimo desleal com Mark Webber, por este ter reduzido a potência de seu motor como ordenado pelo time. Teria sido muito mais honesta a equipe se dissesse que seus pilotos poderiam duelar à vontade desde que fossem responsáveis e cuidadosos, e aí sim que vencesse o melhor. Mas o time quis resguardar o resultado, e nessa atitude, mostrou que já pegou o jeito “ruim” que times como Ferrari disseminaram na mentalidade da categoria, que passou a ver como “normal” esse tipo de atitude. A mancha na reputação da Red Bull está criada, e vai demorar um tempo até que consigam se livrar da mácula. Seria exagerado dizer que a F-1 corrompe a tudo e a todos, mas é o que parece que acabou acontecendo com a Red Bull...

Equipe McLaren: O time de Woking errou a mão na concepção do novo MP4/28, e tanto na Austrália quanto na Malásia, seus pilotos tiveram que lutar muito apenas para conseguir pontuar, quando o esperado era que pudessem pelo menos disputar o pódio. Com a esperada boa performance entre Ferrari e Red Bull, e a confirmação de evolução da Mercedes e Lótus, foi inesperado ver Jenson Button e Sérgio Pérez terem até mesmo dificuldade para competir até com a Force Índia. Lutar pelo título pode parecer agora uma ilusão, mas o time inglês sabe recuperar-se de maus inícios de temporada, e dar a volta por cima. O problema é quanto tempo isto vai demorar, e a cada corrida perdida, terão menos tempo para conseguir reverter a desvantagem. Na Malásia, o desempenho do carro parece ter sido melhor, mas ainda é preciso melhorar muito para que a situação possa ser realmente melhorada, pois naquela prova, nomes de peso como Fernando Alonso, e Adrian Sutil e Paul Di Resta tiveram abandonos demonstrando mais capacidade de andamento do que os carros prateados.

Bia Figueiredo: a piloto brasileira conseguiu firmar um acordo à última hora com a modesta equipe Dale Coyne, e estando garantida para apenas 3 provas no campeonato, e necessitando conseguir mais patrocínio para poder disputar efetivamente todo o restante do campeonato, infelizmente teve uma estréia com o pé esquerdo no campeonato da IRL 2013. Bia largou na última posição e em nenhum momento praticamente teve ritmo para disputar posições de forma séria, e acabou abandonando com problemas no carro. A garota foi diplomática e educada, afirmando que a corrida teve seu lado positivo para aprender mais sobre o carro, e que isso será positivo para as provas de São Paulo e Indianápolis, mas vai ter de suar muito o macacão para mudar o panorama de seu lado do Box. Por ser um time pequeno, a Dale Coyne não tem condições de dar dois carros iguais a seus pilotos, e infelizmente, Bia está no lado mais fraco da disputa: seu carro apresentou diversos problemas no fim de semana, e nunca apresentou performance à altura, enquanto o outro piloto do time, Justin Wilson, com um equipamento melhor trabalhado, ficou em 9º lugar. Bia sabe que a parada é dura, e que vai ter de batalhar muito, mas infelizmente, o horizonte não parece nada promissor, e com isso, vai complicando suas chances de permanecer na categoria.

 

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