quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – JANEIRO/FEVEREIRO DE 2013


            Hora de começar pra valer os campeonatos da velocidade de 2013, e a COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA está de volta, com um pequeno apanhado do que se viu nos nestes dois primeiros meses do ano de 2013. Como de costume, vamos às classificações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Então, boa leitura a todos, e até a cotação do mês que vem...



EM ALTA:
Stéphane Peterhansel: O piloto francês, que já havia vencido o rali Dakar em 2012, repetiu a dose este ano, e ampliou ainda mais seu recorde de títulos na competição mais perigosa de rali do planeta: foi seu 11° triunfo no Dakar. A vitória de 2013 tem maior valor pelo fato de ter sido seu 5° triunfo na categoria carros, superando o finlandês Ari Vatanen, um dos maiores nomes da história do Dakar, que tinha 4 títulos na competição de carros. Peterhansel havia igualado o feito de Vatanen no ano passado, e agora em 2013, passou à frente. E, somado a isso, ainda tem nada menos do que 6 títulos obtidos quando competia na categoria motos, recorde até hoje na história do rali, tendo como maiores adversários os conterrâneos Cyril Neveu, já retirado das competições; e Cyril Despress, que conquistou o 5° título nas motos este ano e promete tirar de Peterhansel seu recorde nas motos. Pode até ser que consiga, mas Despress nunca irá apagar o feito obtido por seu compatriota, que conseguiu ser recordista em duas categorias de competição do Dakar. Mas ele bem que vai tentar...
Sebastien Loeb: O campeonato mundial de rali começou 2013 e nem parece que mudou nada, pois o campeão dos últimos 9 anos, novamente ao volante de um Citroen, iniciou o certame deste ano novamente na frente: Loeb venceu o rali de Monte Carlo e, não fosse o fato de não disputar integralmente este campeonato, poderíamos afirmar que o troféu do título já teria novamente a estante do francês como local de descanso. E, apesar da vitória incontestável de Sebastien Ogier na etapa da Suécia, Loeb ficou em 2° lugar, posição que também ocupa no campeonato, que tem a liderança de Ogier. Muitos gostariam que Loeb repensasse sua decisão e competisse de forma integral, mas ele diz que não mudará sua decisão de dar um novo rumo em sua carreira. Seus rivais no WRC comemoram...
Visual dos carros 2013 de F-1: Se no ano passado os bicos com “degraus” desagradaram a gregos e troianos que detestaram o visual dos carros da categoria máxima do automobilismo, os bólidos deste ano estão muito mais “atraentes” para os amantes da velocidade. O uso de uma “tampa” que permite disfarçar o malfadado degrau deixou os carros com uma estética muito mais harmoniosa e elegante, com raras exceções que ainda mantiveram o declive do bico, ainda que menos pronunciado. Resta agora que com carros mais bonitos, o campeonato seja tão eletrizante como foi o do ano passado, que foi um dos mais equilibrados e disputados dos últimos tempos, com nada menos do que 8 pilotos e 6 times diferentes vencendo corridas.
Danica Patrick: a ex-queridinha da Indy Racing League pode ser muito chata e se achar mais do que é, mas nas 500 Milhas de Daytona, que abriram a temporada deste ano da Nascar, na Sprint Cup, a baixinha invocada mostrou os dentes: largou na pole-position e andou durante os líderes a maior parte da corrida. Na volta final, contudo, acabou surpreendida por vários concorrentes e acabou apenas em 8° lugar, mas deu o seu recado: está lá para acelerar fundo. E depois, ainda desdenhou da F-1, ao ser indagada se gostaria de correr por lá, alegando que nunca teria na categoria máxima do automobilismo o que tem nos Estados Unidos. E está certa, ela não precisa da F-1 para mostrar seu talento, e aos poucos, vai marcando seu território dentro da Nascar. Ela mesmo admitiu que a inexperiência na Sprint Cup foi seu maior adversário na parte final da corrida, quando perdeu várias posições, mas é bom não baixarem a guarda novamente para a garota, porque ela pode, e vai dar trabalho. Disputar o título ainda é prematuro afirmar, mas se mantiver no restante do campeonato o ritmo exibido em Daytona, a primeira vitória feminina na Nascar não está muito longe de acontecer...
Nelsinho Piquet: O filho do tricampeão Nélson Piquet inicia este ano mais um degrau na sua escalada para chegar à principal divisão da Nascar, a Sprint Cup: Nelsinho vai correr na Nationwide, a segunda divisão da Nascar, em todo o campeonato. No ano passado, Nelsinho já participou de algumas provas desta divisão, mas seu foco principal era na Truck Series, onde conquistou alguns bons resultados, e mesmo que seus números por lá tenham sido modestos, ganhou a promoção de ir para a Nationwide, onde correrá pela Turner Scott, onde pilotará um Chevrolet modelo Camaro, com o número 30. Serão 33 corridas ao longo do campeonato, e na primeira corrida, em Daytona, o brasileiro terminou na 11ª colocação. Com um passo de cada vez, e encarando a concorrência fortíssima que a Nascar apresenta, Nelsinho com certeza tem condições de chegar à categoria principal, e vai tentar incluir o nome Piquet, que já foi reverenciado na F-1, no hall da fama da Stock Car americana. É esperar para ver.

NA MESMA:
Bruno Senna: pelo 4° ano consecutivo, Bruno Senna tem um novo “início” em sua carreira de piloto, que até agora não conseguiu ter uma estabilidade digna de nota. Preterido na Williams em favor de Valtteri Bottas, o sobrinho de Ayrton Senna tentava a sorte na disputa das equipes Caterham e Force Índia. No fim, resolveu optar pelo Endurance, onde será piloto titular da Aston Martin, um time de respeito, na disputa de um campeonato que já no seu ano de estréia, em 2012, se saiu muito bem. Ciente de não estar em posição de garantir uma vaga em um time competitivo, Bruno resolveu dar outro rumo à sua carreira, e o fez bem. O mundo das corridas não se restringe à F-1, e pelo menos irá tentar fazer sua carreira deslanchar em outros ares. Em tempos não tão distantes, ele teria ainda chances de mostrar serviço na F-1, mas com o pelotão intermediário tomado por pilotos pagantes tão ou mais talentosos do que ele, e com mais patrocínios, Bruno infelizmente se viu sem saída para continuar na F-1. Ganha méritos por reconhecer isso e tentar reiniciar em outras paragens. Que consiga ter sucesso em seu novo ambiente de trabalho...
Force Índia: O time de Vijay Mallya já estava enrolado com o fato de seu proprietário estar com várias de suas empresas em maus lençóis financeiros, dos quais o caso mais conhecido é da Kingfisher, sua companhia aérea que perdeu sua licença para operar na própria Índia, e tem dívidas gigantescas a saldar, estando praticamente morta comercialmente. Agora é o grupo Sahara, para quem Mallya vendeu parte acionária na escuderia, estar encrencado, desta vez com fisco indiano, devido a algumas maracutaias financeiras. Claro que dizem que tudo isso não afeta a escuderia de F-1, mas até o fechamento desta matéria, o time ainda não havia terminado seu “leilão” de sua segunda vaga de piloto, promovendo uma disputa entre Jules Bianchi e Adrian Sutil. Quem der mais, leva, mas tem quem aposte que o time não verá 2014 chegar. De qualquer maneira, a escuderia parece sempre prometer muito, mas nunca acaba conseguindo entregar tudo o que se propõe, e não deverá ser diferente este ano...
Campeonatos da Nascar: A Stock Car americana abriu sua temporada automobilística no seu mais carismático circuito, Daytona, e como de costume, todas as corridas mostraram a costumeira competição ferrenha e disputa por posições com vários pilotos e times brigando ferozmente pela ponta, prenunciando mais um ano de pegas e emoções no principal certame automobilístico dos Estados Unidos. E não faltou também um acidente de grandes proporções, com direito a muitos carros quebrados e estilhaços para todos os lados. Aconteceu no encerramento da etapa da Nationwide, a segunda divisão da Nascar, onde vários carros se enrolaram e bateram na última volta. Se o público se empolgou com o acidente, infelizmente houve conseqüências para vários torcedores, que foram atingidos por pedaços dos carros, sendo que um deles, aliás, roçou direito sobre o alambrado, de frente para os torcedores. Se os pilotos não sofreram nada, infelizmente houve vários torcedores hospitalizados, mas felizmente a maioria sem grandes ferimentos. Dois, contudo, ficaram mais gravemente feridos, pegos por um pneu que voou por cima do alambrado. O público da Nascar adora quando vê esses acidentes, mas se esquece que podem ser pegos pelo rescaldo destas batidas, e a categoria deveria incrementar a segurança de suas pistas, tentando incrementar as medidas de segurança dos autódromos, para evitar que, pelo menos, o público fique mais bem protegido nestes casos.
Equipe Red Bull: Em time que está ganhando não se mexe, como diz o ditado, e ao que parece, a equipe austríaca, tricampeã nos últimos 3 anos, vai novamente fazendo uma pré-temporada onde mostra apenas que estará na briga, sem revelar exatamente em que patamar se encontra. É cedo para afirmar que o time vai dominar o campeonato, mas que ele estará na briga pelas vitórias, e provavelmente pelo título, isso é certo. No ano passado, a pré-temporada da Red Bull também não foi exatamente esplendorosa, e apesar de não ter começado o ano exatamente como imaginava, soube reagir durante o campeonato, e especialmente na reta final da competição, para novamente levar os canecos de pilotos e construtores. E é bom lembrar: quem tem Adrian Newey nunca pode ser subestimado...
Equipes nanicas da F-1: Com a falência da Hispania, dos times que estrearam em 2010, sobraram apenas Caterham e Marussia, times que já mudaram até de nome desde que estrearam na categoria máxima do automobilismo, mas que nunca conseguiram pontuar, ou se intrometer na briga por posições de maneira efetiva com os demais times. E neste ano, fica a dúvida sobre quem ficará na lanterna do grid. Pelo histórico e capacidade técnica, a Marussia deveria ficar em último, mas nem tudo sai como se espera na teoria, e pelo menos nos treinos, dá para esperar que os dois times devem ter uma boa briga para fugir da rabeira do grid. Mas, ir mais adiante, e lutar com os outros times, parece que ainda não será desta vez que irão conseguir. E se começa a duvidar se em 2014 eles ainda estarão no grid, pois as dificuldades financeiras não apenas persistem, como parecem piores do que nunca, pois se antes ambos os times ainda contavam com pelo menos um piloto assalariado, agora ambos apostam apenas em pilotos pagantes, um sinal de que a grana está escassa como nunca...

EM BAIXA:
Calendário da F-1: Com o mundial de 2013 prestes a começar, a vaga aberta pelo adiamento da prova de New Jersey para 2014 ainda não foi preenchida. E não é que faltem candidatos para substituir a corrida. O que falta é disposição de pagar os valores absurdos cobrados por Bernie Ecclestone, e mesmo quando há alguém disposto a bancar o valor, aí é Bernie que não quer a corrida, mostrando birra para com certos locais. O campeonato, aliás, por pouco não perdeu mais uma corrida, na Alemanha, que conseguiram viabilizar para este ano. Mas que fica na dúvida para o ano que vem. E com a ganância de Ecclestone ainda em alta, o calendário só vai tomar jeito quando a categoria sofrer um baque muito forte economicamente...
Equipe Mercedes: o time de Stuttgart inicia 2013 como o ano do “vai ou racha”: contratou novos profissionais, dispensou Michael Schumacher e Norbert Haug, e trouxe Lewis Hamilton, e Toto Wolf, e dentro dos escalões de comando, correm rumores de que o time pode estar na corda bamba se o investimento não se justificar com resultados este ano. Mas o que se anda vendo mais é que o time alemão está ficando cheio de “caciques” no meio de poucos “índios”: Niki Lauda, Toto Wolf, Ross Brawn, etc. Já vimos este filme antes, há mais de 10 anos atrás, quando a Ford comprou a equipe Stewart e a transformou na Jaguar, que de tantos chefes, nunca conseguiu rugir, apenas miar, a ponto de a Ford cansar da brincadeira e dar adeus à F-1, onde nunca mais voltou até hoje. E dos escombros da Jaguard, nasceu a Red Bull, que soube coordenar muito melhor o material e potencial que possuía. A Mercedes tem história na categoria com seus motores, mas a Ford também tinha. O novo carro parece promissor, mas ninguém ainda sabe se ele será capaz de encarar o trio McLaren/Red Bull/Ferrari, e olhe que a Lótus ainda está firme na parada...
Luiz Razia: o piloto baiano tanto tentou que conseguiu enfim fazer sua estréia na F-1, ao ser contratado como piloto titular da equipe Marussia. Só que o brasileiro pode ser o primeiro piloto do ano a acabar rifado, pois rolam fofocas de que alguns de seus patrocinadores ainda não liberaram toda a verba prometida ao time, e por causa disso, Razia já acabou perdendo toda a segunda sessão de testes da pré-temporada, em Barcelona, pela falta de pagamento prometida ao time. E isso já compromete boa parte de seu desempenho, que já não seria grande coisa no time que deve disputar a rabeira do grid neste ano, em uma disputa com a Caterham. Luiz foi mais ou menos no estilo “pegar ou largar”, mas parece que ele é que vai ser “largado”, se a grana prometida faltar. Talvez devesse ter buscado outras oportunidades de competição em 2013...
Campeonato brasileiro da Stock Car: O certame de 2013 foi “rebaixado” na programação da TV aberta: a Globo só irá transmitir ao vivo 3 das 12 etapas do campeonato deste ano, enquanto as demais provas ficarão restritas a compactos dentro da progamação da emissora. Quem quiser acompanhar o campeonato a fundo terá de ter TV por assinatura, mais precisamente os canais do SporTV, que será o único lugar onde se poderá assistir na íntegra as provas da categoria, que se fosse a maravilha que a Globo prega, nunca seria “escondida” na TV paga. Mas, deste jeito, a emissora carioca, ao mesmo tempo em que rebaixa a Stock na sua programação esportiva, ainda a mantém sob contrato de televisionamento, impedindo que algum concorrente ofereça melhor visibilidade, e acabe roubando a atração. Transmitir os treinos de classificação, que também ficarão restritos à TV paga, não é lá um grande acréscimo ao tratamento que a categoria merece. Mas, se formos pensar bem, já que a Stock “se vendeu” aos caprichos da Globo nos últimos tempos, ela que resolva isso por si mesma. Enquanto isso, a Fórmula Truck deverá se tornar a principal categoria de competição nacional na TV aberta, pois pelo menos ainda terá todas as suas provas transmitidas pela Bandeirantes. Ah, e nem mencionei que a categoria perdeu seu patrocinador principal: a Caixa Econômica Federal deixou a Stock Car, e vai patrocinar outra coisa este ano, visando um retorno mais garantido...
Brasileiros na GP2: A categoria de acesso logo abaixo da F-1, que nos seus antigos tempos de F-3000 já teve vários brasileiros em sua disputa, com vários títulos obtidos por nossos representantes, terá apenas Felipe Nasr no grid este ano. O brasileiro pode ser o canto do cisne na linhagem de pilotos de monopostos que nosso país tanto formou ao longo das últimas décadas, mas que nos últimos tempos vem sendo extinta pelo descaso e falta de profissionalismo da CBA, uma vez que praticamente não há mais categorias de base de fórmula no Brasil. O dia em que ficaremos sem representantes no automobilismo internacional de monopostos não vai tardar a chegar, e talvez venha ainda mais rápido do que se espera...

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