quarta-feira, 22 de agosto de 2012

ARQUIVO PISTA & BOX – JANEIRO DE 1996 – 19.01.1996


            Mais uma edição da seção Arquivo, com a coluna que escrevi para o dia 19 de janeiro de 1996, comentando algumas das novidades que começavam a aparecer na pré-temporada daquele ano. De quebra, alguns toques rápidos sobre a F-1 e F-Indy. Uma boa leitura a todos, e em breve, trago mais colunas antigas...

AS PRIMEIRAS NOVIDADES DO ANO

Adriano de Avance Moreno

            Esta semana as equipes de F-1 começaram a se mexer pra valer, e começam a aparecer alguns resultados, mas isso ainda não aponta muitas pistas de como será a temporada deste ano. Todos os grandes times e alguns médios da categoria já iniciaram seus testes visando a preparação para a nova temporada. Tudo continua indicando que teremos provavelmente a temporada mais equilibrada dos últimos anos, mas há um detalhe que ainda pode alterar isso: os novos carros.
            Todos os testes feitos até agora foram com modelos 95, incorporando novidades e melhoramentos feitos para os modelos 96, que serão lançados em sua maioria apenas em fevereiro. Medir o desempenho dos modelos atuais de teste não é um dado muito confiável para adivinhar qual será o desempenho do modelo que virá a seguir. Os poucos e escassos confrontos de equipes em um mesmo circuito até agora só serviram para se comparar o desempenho dos carros do ano passado. A Williams continua na frente, dispondo do melhor carro da temporada 95, o chassi FW 17/B, e agora modificado para a versão C de testes. O carro definitivo, o FW 18, só fica pronto no mês que vem. Damon Hill e Jacques Villeneuve têm andado muito com os carros e tem conseguido sempre os melhores tempos. A única novidade confirmada é que o novo motor Renault RS-8 só vai continuar sua fama se ser o melhor propulsor da F-1 atual. A nova unidade não tem apresentado nenhum problema, o que já faz prever que os desempenhos das escuderias Williams e Benetton deverão ser boas. A Williams sai na frente em relação à Benetton, em face de ter como base o melhor chassi de 95, enquanto o time multicolorido tenta encontrar o desenvolvimento de um carro totalmente diferente ao concebido pela equipe nos últimos anos. Jean Alesi e Gerhard Berger vão ter muito trabalho para desenvolver o novo B196 a partir de seu lançamento.
            A McLaren também está enfrentando problemas para retornar à condição de equipe vencedora: o novo chassi MP4/11 será apresentado em fevereiro e, até lá, a equipe testa as inovações no chassi 95, o que impede uma compração direta de evolução em virtude dos fracos desempenhos obtidos até agora. No circuito do Estoril, onde acabou andando junto com a Williams, a McLaren ficou bem para trás, tanto com Alain Prost quanto com David Couthard. O tetracampeão mundial francês está auxiliando Couthard no desenvolvimento do carro da McLaren. Mika Hakkinen ainda não tem data definida para retornar a pilotar.
            Michael Schumacher, por seu lado, prefere ser diplomático, mas parece que não vai gostar de sua temporada este ano. Os testes com o novo motor V-10 da Ferrari prosseguem, mas o alemão já diz que o propulsor não chega nem perto dos Renault. A esperança é que o novo carro da escuderia italiana diminua a desvantagem.
            A Jordan é o primeiro time a apresentar mudanças substanciais até o momento. Ontem, no Estoril, a equipe fez a apresentação de seu novo carro, o EJ196, projetado por Gary Anderson. O carro ainda não mostrou potencial nas primeiras voltas, pois fizeram apenas uma checagem de todos os seus sistemas. A Peugeot, por sua vez, limitou-se a desenvolver o motor de 95, e agora garante que sua potência equivale-se à dos melhores motores da F-1. Rubens Barrichello e Martin Brundle começam os testes pra valer do novo carro neste fim de semana. Como primeira equipe a mostrar o carro de 96, a Jordan pode sair na frente no desenvolvimento do seu chassi, enquanto os outros times só poderão fazer o mesmo em seus modelos a partir da segunda quinzena de fevereiro.
            Até todas as equipes testarem seus novos carros, as condições de disputa do mundial deste ano na F-1 continuam sendo mera expectativa. O desempenho das equipes, por melhores que sejam, podem mudar radicalmente com os novos modelos. Algumas podem piorar, outras melhorar, ou até ficar na mesma. No momento, é preciso esperar.


Dois nomes conhecidos na F-1 acabam de se mudar para as terras da América para disputar a F-Indy este ano. Mark Blundell, que correu pela McLaren em 95, vai ser o segundo piloto da PacWest, equipe onde corre o brasileiro Maurício Gugelmim. Já o outro piloto é Michele Alboreto, que correu pela F-1 até 94, e agora vai disputar a nova IRL (Indy Racing League), liga paralela da Indy, na equipe Scandia.


Sauber e Tyrrel fecharam suas equipes para 96: a Tyrrel fica como em 95, com Mika Salo e Ukyo Katayama; a Sauber pegou Johnny Herbert para ser o companheiro de Heinz-Harald Frentzen.


Os primeiros testes de seus carros 96 deixaram os pilotos brasileiros da F-Indy animados. Gil de Ferran, Maurício Gugelmim, Raul Boesel e Émerson Fittipaldi terminaram os testes iniciais entre os mais rápidos, e já avisam que ainda não exploraram todo o potencial de seus carros. Otimismo é o que não falta para os pilotos brasileiros mandarem ver no campeonato deste ano da F-Indy.


Briga à vista entre CART e IRL: ambas marcaram corridas para a mesma data: 26 de maio. Pela IRL teremos as 500 Milhas de Indianápolis; pela CART, que comandará o calendário oficial da F-Indy como a conhecemos, teremos as 500 Milhas de Michigan. Vamos só ver no que vai dar...


Scott Goodyear fechou contrato com a Walker para ser colega de equipe de Robby Gordon na F-Indy este ano. Com isso, fecha-se a vaga na equipe, que foi oferecida inicialmente ao brasileiro Ricardo Rosset.

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