quarta-feira, 28 de setembro de 2011

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – SETEMBRO DE 2011

            Estamos chegando ao fim do mês de setembro, então chegou a hora de mais uma edição da Cotação Automobilística, com um balanço dos principais acontecimentos do esporte a motor deste mês. Como já é de costume, fiquem à vontade para concordar/discordar, dar opiniões, sobre as avaliações apresentadas, que vem apresentadas do modo de sempre, em três classificações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Então, vamos ao texto, e até a próxima avaliação, no mês que vem...


EM ALTA:

Sebastian Vettel: O intrépido alemãozinho da equipe Red Bull praticamente já carimbou o título de 2011, tornando-se o mais jovem bicampeão de toda a história da F-1. É verdade que dispor do melhor carro da categoria ajuda muito, mas só isso não responde pela excelente temporada que Vettel vem fazendo este ano, pois basta ver a diferença para seu companheiro de equipe Mark Webber, que tendo o mesmo equipamento, ainda não mostrou a que veio no atual campeonato. Já são 9 vitórias no ano, e com 5 corridas ainda pela frente, praticamente só um desastre completo para tirar-lhe o segundo título, algo muito improvável de acontecer.

Jenson Button: O campeão de 2009 é o principal destaque da temporada 2011 de F-1. Apenas porque Vettel, convenhamos, já ficou praticamente num nível à parte. Fora o principal piloto da Red Bull, Button vem ganhando cada vez mais respeito pelo excelente campeonato que está fazendo, e por colocar até mesmo Lewis Hamilton na berlinda dentro da McLaren praticamente sem entrar em atritos com seu jovem e arrojado compatriota, e apenas fazendo bem e quieto o seu trabalho, que é acelerar fundo, sem cometer barbeiragens na pista. Ciente de que não tem a velocidade pura de Hamilton, Button compensa com umaa cabeça fria, pilotagem milimétrica, e sem envolver-se em confusões. Não ser arrojado não significa ser lento. Jenson virou o nome principal para a luta do vice-campeonato. O título, como já foi dito acima, na prática já foi decidido...

Equipe Red Bull: Quem achava que teríamos uma segunda metade de campeonato mais equilibrada, a exemplo do que aconteceu nos últimos dois anos, deu com os burros n’água. Nas últimas corridas, a Red Bull voltou com a carga toda, e do mesmo jeito desde o início do campeonato: enquanto Vettel sobra e vence corridas de forma que parece até fácil demais, seu companheiro Mark Webber está dando um duro danado para conseguir o vice-campeonato, sem demonstrar o mesmo desempenho de seu jovem companheiro de equipe. E o time das bebidas energéticas torna-se a sensação do momento na F-1, graças ao bom trabalho de seu corpo técnico, encabeçado por Adrian Newey. Que ninguém duvide que no próximo ano, eles continuem sendo o time a ser vencido. Newey não é do tipo que costuma dormir sobre seus louros. Ou a concorrência trata de se reorganizar, ou o panorama do próximo ano será vermos mais um passeio da equipe austríaca...

Will Power: o piloto australiano da Penske soube aproveitar as etapas nas últimas pistas mistas do campeonato da Indy Racing League para reverter a desvantagem de pontos na classificação e superar Dario Franchiti na luta pelo título da categoria. Conseguindo 12 pontos de vantagem para o piloto escocês da Ganassi, porém, tudo ainda está em aberto, e as duas etapas finais ocorrem em circuitos ovais, onde Franchiti tem se saído melhor do que Power no restrospecto. O australiano tem de ter atenção redobrada para evitar o que aconteceu no ano passado, quando chegou à última corrida como o favorito, mas acabou superado por Dario com relativa facilidade. A seu favor, terá a ajuda de seus companheiros de equipe, que poderão complicar a competição do rival, chegando à sua frente na corrida. Por outro lado, corridas em ovais podem ser muito mais complicadas.

Pietro Fittipaldi: O neto de nosso primeiro campeão de F-1, Émerson Fittipaldi, tornou-se o campeão da Nascar All American Series da pista de Hickory, e com isso, tornou-se o primeiro brasileiro a vencer um campeonato de uma das divisões, ainda que de base, da Nascar, a Stock Car americana. É também o primeiro título de um Fittipaldi desde que Christian venceu o campeonato da F-3000 Internacional em 1991, na Europa. Com apenas 15 anos, o mais jovem Fittipaldi campeão ainda está apenas começando em sua carreira no automobilismo, mas já exibe ter o talento que tornou o clã Fittipaldi famoso no mundo da velocidade. Ainda é cedo para dizer até onde Pietro pode ir em sua carreira no automobilismo, e qual caminho trilhará, mas o título conquistado pelo garoto é pioneiro no automobilismo brasileiro, e tal como fez seu avô na F-1, pode abrir um caminho a ser seguido por outros esportistas nacionais. O tempo dirá...



NA MESMA:

Lewis Hamilton: O campeão de 2008 anda colecionando mais confusões do que bons resultados apenas. Em Cingapura, deu um toque em Felipe Massa que o fez perder parte do bico e furou um dos pneus traseiros da Ferrari. Incidente de corrida, na minha opinião, mas o problema é que Hamilton anda encostando em gente demais em suas tentativas de ultrapassagem, o que denota certa impaciência na hora de avançar na corrida. E quando não consegue ultrapassar, como aconteceu em Monza, onde sofreu forte defesa de Michael Schumacher nas longas retas do circuito, começou a reclamar para a equipe ir protestar com a direção de prova alegando que Schumacher estava sendo muito “duro” em sua defesa. O chororô de Hamilton ficou muito mais mal visto quando Jenson Button encostou nos dois e os passou sem maiores dificuldades. Hamilton vem desperdiçando pontos importantes em todas as últimas corridas, e parece não entender que prudência e arrojo não são características excludentes. A conseqüência disso é que Lewis vem perdendo terreno dentro da McLaren para Jenson Button, por mais que a equipe jure que não vê motivos para mudar o estilo de pilotagem de seu jovem piloto. Lewis parece estar seguindo a máxima de Fernando Alonso (“Não estou na F-1 para fazer amigos”, declarou o espanhol algum tempo atrás), mas precisa tomar cuidado para não virar inimigo de todo o restante do grid. Andrea De Cesaris era um tremendo batedor em seus tempos de piloto de F-1, mas o italiano nunca se considerou “perseguido”, “discriminado”, ou a última bolacha do pacote. Colecionou algumas rusgas, mas nunca inimigos declarados, como Lewis anda a ponto de fazer...

Casey Stoner: Precisando de uma reação no campeonato para revitalizar suas chances de título, Jorge Lorenzo até conseguiu vencer a prova de San Marino da MotoGP, mas Casey Stoner recolocou a casa em ordem vencendo a etapa de Aragon, e abrindo 44 pontos de vantagem para seu perseguidor espanhol. Com 4 etapas para encerrar o campeonato, ainda há 100 pontos em jogo, mas vai ser difícil reverter o favoritismo de Stoner, que já tem 8 vitórias no ano, e com boas chances de vencer em todas as etapas restantes. Do 3° colocado no certame para trás, todo mundo é coadjuvante na disputa, onde até mesmo Lorenzo está virando figurante de luxo. Melhor já irem pensando em 2012...

Campeonato da F-1: Quem esperava ver uma segunda metade de campeonato mais equilibrada perdeu as esperanças. Na verdade, o campeonato pelo vice-título está mesmo pegando fogo, mas como dizia Ayrton Senna, “O segundo lugar é o primeiro dos derrotados”, então ninguém diz que está a fim de ser vice, para não dar a sensação de ter jogado a toalha. Com Vettel vencendo todas, não é de se admirar que tenhamos tido até transmissão de parte das corridas ignorando o alemão da Red Bull, pois a emoção não está na dianteira, mas em quem vem atrás, com nada menos do que 4 pilotos numa briga danada pela posição “maldita” do campeonato. Quem será que vence esta parada? Acho que só saberemos mesmo em Interlagos, no ritmo que a coisa anda...

Felipe Massa: Entra corrida, sai corrida, e o piloto brasileiro não consegue melhores resultados neste que é o seu pior ano na Ferrari, indiscutivelmente. Se o 150 Italia não é um carro páreo para a Red Bull, ao menos o brasileiro deveria ter resultados mais próximos ao de seu companheiro Fernando Alonso, que está firme na luta pelo vice-campeonato. No ano passado, a desculpa mais usada por Massa era sua falta de sintonia com o aquecimento mais difícil dos pneus da Bridgestone. O início dos testes com os novos compostos da Pirelli, Felipe disse estar bem mais à vontade com os novos pneus italianos. Mas desde que o campeonato começou, o brasileiro não conseguiu nem chegar perto de disputar um pódio. E ainda por cima, vem tendo um azar danado em algumas corridas, como aconteceu em Cingapura. Sem ter um título para disputar, Massa deveria se concentrar em disputar as corridas restantes na base do tudo ou nada, porque do jeito que está, vai dar em nada da mesma maneira...

Hélio Castro Neves: o piloto brasileiro foi multado pela direção da IRL pelas ofensas que fez na internet sobre Brian Banhart. E como o dirigente se acha o rei da cocada preta, além da multa ao piloto brasileiro, Hélio está sob observação até o fim do campeonato, podendo escolher entre pagar US$ 30 mil ou prestar ações de divulgação sobre a categoria. Basta lembrar que o piloto brasileiro já foi visado pelo dirigente no ano passado, quando garfou uma vitória legítima do piloto da Penske em Edmonton com base em uma regra que não foi obedecida à risca por alguns outros pilotos, embora apenas Helinho tenha sido punido. Desta vez, a chiadeira se deu por causa de uma ultrapassagem do brasileiro sob bandeira amarela nas voltas finais da prova do Japão, em Motegi. Ao invés de rebaixarem o brasileiro para a posição em que ele se encontrava antes da ultrapassagem, rebaixaram-no para a 21ª posição. O único ponto “positivo” da história é que Will Power, em New England, tomou punição parecida após mostrar os dois dedos indicadores e ficar fulo da vida com as palhaçadas perpetradas pela direção de prova naquela etapa. E Banhart segue colecionando inimigos na categoria, dentro e fora da pista...



EM BAIXA:

Direção da Indy Racing League: Em mais uma pisada na bola, a organização da IRL resolveu mudar as regras da premiação especial que seria feita em sua última etapa do campeonato 2011 para pilotos “convidados” que porventura vencessem a corrida de encerramento do ano em Las Vegas. Como nenhum dos pilotos sondados quis participar, os organizadores anunciaram que “apenas” Dan Wheldon, que venceu a Indy500 este ano e não participa do campeonato, será o convidado “especial” da corrida final de 2011. E que se vencer, só levará metade do prêmio prometido de US$ 5 milhões, sendo que a outra metade será sorteada entre os fãs. Houve chiadeira de diversos pilotos que não foram “convidados” a participar, reclamando de “discriminação”, entre outros adjetivos menos publicáveis, por parte da direção da IRL, que teria feito uma “panelinha” de pilotos que seriam interessantes apenas à direção da categoria. Isso sem falar que o esquema proposto de parceria com Ganassi e Penske para a cessão de carros para os “convidados” também deu com os burros n’água, uma vez que ambos os times estão numa renhida luta pelo título de 2011, e não querem dividir suas atenções. Este ano com certeza vai ser mesmo é para ser esquecido dos anais da história das categorias Indy...

Danica Patrick: a ex-queridinha da IRL, já de saída para a divisão Nationwide da Nascar, andou soltando os cachorros contra os pilotos brasileiros, a quem insinuou serem barbeiros dentro da pista. Críticas à parte, o fato de não dizer exatamente a quem estava se referindo na entrevista deu pano para manga de muitas especulações e respostas contundentes por parte de alguns pilotos, como Tony Kanaan, que defendeu seus compatriotas de serem possíveis causadores de acidentes em profusão nas categorias americanas. A americana andou sim trocando empurrões com Raphael Matos em corridas da IRL, além de ter se estranhado com Nelsinho Piquet em uma das provas em que estiveram lado a lado na pista, e é seu direito fazer críticas, desde que construtivas e que pelo menos dissesse de quem estava falando. Nada mais natural desabafar, mesmo que seja até pouco educada. Afinal, este ano, os postulantes ao título da IRL, Will Power e Dario Franchiti, vem trocando farpas pela imprensa depois de se estranharem em algumas corridas, inflamados pela disputa por vezes até agressiva demais. Bater boca inclusive ajuda a ser mais espontâneo e talvez, mais honesto e sincero, pois o clima do politicamente correto, que anda praguejando a F-1, enche o saco de tamanho cinismo e hipocrisia, tentando passar uma imagem de que tudo está bem, ou em ordem, mesmo quando tudo ao redor diz ser mentira. Ao falar de forma genérica, Danica atira para todos os lados, e não dá uma imagem muito correta de sua postura, pois parece reclamar apenas por reclamar. E se ela não gosta de esbarrões e empurrões na pista, como já reclamou disso em muitas oportunidades, que se prepare, pois o que não falta na Nascar são toques, empurrões e disputas roda a roda ralando pneus e carenagens, uma vez que os carros são largos e algumas pistas meio estreitas, e com todo mundo andando beeem junto uns dos outros, o que torna todos estes encontrões muitas vezes inevitáveis, o que não quer dizer que seja pilotagem antidesportiva.

Disputas de posições na F-1 na pista: A categoria máxima do automobilismo anda um saco de se aturar em determinados momentos. No GP da Itália, a disputa de posição na pista entre Lewis Hamilton e Michael Schumacher foi um dos momentos mais eletrizantes e empolgantes do GP. Com ambos os pilotos disputando o espaço com tudo o que seus carros podiam dar, causa revolta saber que por pouco os comissários não deram uma punição para Michael Schumacher sob o argumento de pilotagem antidesportiva, pelo heptacampeão estar sendo, na opinião deles, “duro demais” na defesa de sua posição, além de “mudar demais” sua trajetória na pista. Não vi nada demais na luta entre os dois, que foi o melhor momento da corrida italiana, com ambos os campeões dando tudo de si na luta pela posição, com Lewis pressionando e Michael se defendendo. Mais revoltante ainda é ouvir a opinião de Derek Daly, ex-piloto, que era comissário convidado desta corrida, afirmar que “este estilo de pilotagem não é a postura que desejamos para as futuras gerações” de pilotos e que Schumacher deveria ter sido punido. Pior ainda é a McLaren chiar nesse caso, e Hamilton também, afinal, ele começou a reclamar no rádio para a equipe sobre o alemão estar se defendendo “demais” na pista, e que ele não conseguia passar. Hamilton devia tomar algumas aulas com seu companheiro Jenson Button, que chegou nos dois e os ultrapassou sem maiores cerimônias. Depois, Hamilton até passou Schumacher, mas saber que Ross Brawn avisou o alemão de que poderia ser punido se continuasse pilotando como estava coloca o mérito da ultrapassagem em dúvida. O que estes caras querem que a F-1 vire, afinal?

Etapas Internacionais no Brasil: Depois de perder a etapa nacional do campeonato da GT1, agora é a vez da F-Superleague desistir das etapas programadas para território tupiniquim. A categoria, que iniciou com o nome dos times de futebol de grande expressão emprestando seu nome às equipes, e este ano resolveu dar uma mudada para um esquema estilo “Copa do Mundo”, cancelou as provas que seriam feitas nas cidades de Goiânia e Curitiba. O motivo principal foram as péssimas condições do autódromo da capital de Goiás, que precisava de um recapeamento completo de todo o circuito, para não mencionar uma reforma geral de todas as instalações, em especial no aspecto de segurança. Com o tempo exíguo para se efetuarem sequer obras de emergência, e levantando-se a questão custo/benefício de se disputar apenas uma prova, uma vez que o autódromo de Curitiba está em boas condições, resolveu-se simplesmente pela exclusão de ambas as etapas. Simplesmente mais um ponto negativo para o automobilismo nacional, que além de ter poucas modalidades profissionais para os pilotos, ainda tem de encarar a incompetência das confederações – estaduais e nacional, pra não mencionar o estado de penúria de alguns autódromos, que não mereciam o descaso a que são submetidos pelo poder público de nossa nação. E não venham dizer que acreditam nas papagaiadas que a cartolagem diz, que são casos pontuais e etc., porque infelizmente, todo o automobilismo nacional, salvo um caso ou outro, encontra-se em situação vexatória...Ah, e só para citar a CBA, a autoridade não moveu um dedo sequer para se esforçar não perder as etapas tanto da GT1 quanto da F-Superleague...

Novo autódromo do Rio de Janeiro: Em reportagem do jornal O GLOBO, o Ministério do Esporte e a Federação Carioca de Automobilismo garantem que o projeto do novo autódromo do Rio de Janeiro, a ser construído em Deodoro, estará pronto até o final do ano que vem. A reportagem mostra uma nova proposta de traçado, com a pista principal, de cerca de 4,5 Km, passando por cima de si mesma. Interessante, sem dúvida, mas ainda fico na dúvida se isso ficará pronto mesmo no ano que vem, já que até o momento, a única coisa patente que se vê no Rio de Janeiro é a agonia da pista de Jacarepaguá, violentada pelas obras do Pan-Americano que viraram elefantes brancos, erguidas em seu terreno, algo que os políticos e autoridades locais “juraram” de pés juntos que nunca iria acontecer, e que o sacríficio do circuito seria por uma boa causa. Só esqueceram de dizer de quem seria a boa causa, porque até agora, sobre o novo autódromo carioca, ouviu-se muita conversa e promessas, e muito pouca ação. Se fosse tudo feito a sério, já teríamos um autódromo novo no Rio de Janeiro, mas, se realmente este fosse um país sério, não seria preciso construir um novo autódromo no Rio, pois Jacarepaguá não teria sido vilipendiado a troco de nada, e ainda estaria lá, íntegro e bem cuidado. Mais um capítulo deprimente para o esporte a motor nacional, que anda colecionando várias “boas” notícias nos últimos tempos... Lamentavelmente, para mim e muitos outros, prefiro dizer que só acreditarei nisso quando a pista for oficialmente inaugurada, e completa, ou seja, não valerá inaugurações meia-boca, que muitos políticos por vez adoram fazer neste país afora...

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