Com o apoio quase total da Williams, Nigel Mansell emergiu como o grande favorito ao título na metade da temporada de 1986.
Encerrada a primeira metade da
temporada, a corrida na Inglaterra prometia fortes emoções em um campeonato
que, favoritismo da Williams à parte, vinha se mostrando bem parelho, com a
dupla da equipe de Frank se vendo às voltas com Alain Prost, o atual campeão
mundial, mostrando-se forte na briga pelo bicampeonato, e ainda vendo Ayrton
Senna também se metendo na disputa. Mas o panorama iria mudar na etapa
britânica, disputada em 13 de julho, que viu uma luta titânica entre Nigel
Mansell e Nélson Piquet pela vitória, com o inglês a fazer de tudo para vencer
a corrida, chegando a fechar Piquet de forma até escancarada, mostrando ao
brasileiro que ele não se deixaria ser ultrapassado, antes preferiria bater.
Depois disso, Nélson resolveu que não iria mais compartilhar os trabalhos de
acerto que ele dava duro para desenvolver e que Mansell estava usufruindo de
forma até gratuita. E não adiantava reclamar com o time, que parecia fazer
vista grossa disso, preferindo que Nigel, um inglês, fosse campeão, do que ver
Piquet ser o campeão. O brasileiro já vinha estranhando como seu carro se
comportava estranho em alguns GPs anteriores, como na França, onde Mansell
venceu com uma grande performance, enquanto seu carro não exibia o mesmo
desempenho. Em Brands Hatch, Piquet resolveu inverter essa situação, mas
Mansell fechou a porta e mais um pouco impedindo o brasileiro de vencer a
corrida no GP de seu país.
Mas, antes mesmo deste duelo, a corrida teve um momento dramático: uma carambola na primeira largada envolvendo praticamente dez carros acabou tendo como principal vítima o francês Jacques Laffite, da Ligier, que acabou tocado e jogado de forma violenta contra o muro de concreto logo ao trecho da largada, onde não havia guard-rail ou barreiras de pneus, bastendo de frente e ocasionando fraturas nas pernas do piloto, que precisou até receber uma transfusão de sangue dentro do carro, uma vez que levou um bom tempo até que pudesse ser retirado do carro e ser levado ao hospital. Seria a 176ª corrida de Laffite, que igualaria a marca de GPs disputados por Graham Hill, até então o recordista de participações em provas da F-1. Infelizmente, as fraturas sofridas tirariam Laffite do restante da temporada, e até da própria F-1, da qual nunca mais voltaria a alinhar em um grid, tendo que encerrar sua carreira de piloto de carros. Esse acidente ajudaria a encerrar a participação de Brands Hatch como sede do GP da Inglaterra de F-1, com a pista inglesa nunca mais sediando um GP até hoje. De fato, a pista já se mostrava incapaz de proporcionar a segurança necessária para um GP de F-1, e o forte acidente com Laffite acabou sendo uma prova forte contra a pista. Vocês poderão confirmar todo o drama no início do vídeo da corrida, que pode ser visto no link abaixo, postado pelo usuário MrViniciusF1 1995 no You Tube:
https://www.youtube.com/watch?v=4m_Zp0t-XNI
Com o resultado desta corrida, Mansell assumia a liderança do campeonato, com a vitória, abrindo nada menos do que 18 pontos, o equivalente a duas vitórias na época, sobre Piquet, inconformado com o 2º lugar obtido, e ainda o 4º colocado no campeonato. Sem condições de enfrentar a dupla da Williams, Alain Prost salvou o 3º lugar, terminando 1 volta atrás, mantendo a vice-liderança na temporada. Ayrton Senna não foi feliz em Brands Hatch: abandonou com problemas no carro, em especial no câmbio, e ainda se mantinha em 3º lugar na classificação.
Duas semanas depois, na Alemanha, Piquet daria o troco, mantendo um desempenho infernal, e voltando a vencer uma corrida pela primeira vez desde a etapa do Brasil. Desta vez Nélson resolveu mudar o acerto do carro já no grid, de modo a não deixar o time passar os ajustes para o carro do inglês. E, ao contrário das etapas anteriores, mostrou um desempenho firme de seu carro, não dando chances para ninguém. Depois de ter um fim de semana esquecível na Inglaterra, Ayrton Senna também tinha motivos para se alegrar, tendo terminado a corrida em 2º lugar, e mantendo-se na briga pelo título. A corrida alemã teve alguns abandonos, entre eles a dupla da McLaren na última volta por pane seca, o que ajudou Nigel Mansell a ir ao pódio, e com isso, minimizar o prejuízo de ver parte de sua grande vantagem ser diminuída por Piquet. Mesmo assim, a situação ainda era complicada para Nélson: sua desvantagem para Mansell ainda era de 13 pontos, com Nigel ostentando 51 pontos contra 38 de Piquet, ainda o 4º colocado no campeonato. Prost ainda mantinha a 2ª colocação, com 44 pontos. Senna, por sua vez, ainda se mantinha em 3º lugar, com 42 pontos. O triunfo de Piquet era uma reação, já que Nélson obtinha apenas sua 2ª vitória no ano, contra 4 triunfos de Mansell na temporada, mostrando que ainda havia muito o que recuperar. E ele iria à luta nas etapas seguintes, como veremos. A corrida pode ser conferida no link abaixo, em mais um vídeo postado pelo usuário MrViniciusF1 1995 no You Tube:
https://www.youtube.com/watch?v=2X4FTZj3rfE&t=5012s
E ficamos por aqui, já tendo relatado nesta série dez das provas da F-1 na temporada de 1986. Ainda teríamos seis corridas, e muitas emoções até o fim daquele ano, e iremos acompanhar isso nas próximas postagens desta série, que virão aqui muito em breve. Até lá...
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