Já chegamos a 2025. Ano novo, vida nova, não é o que dizem? Sim e não, dependendo do assunto. Mas, hora de começar o novo ano, e esperar que seja melhor do que 2024, pessoalmente falando. Mas, ainda temos alguns assuntos ocorridos no mês de Dezembro para mencionar, então, é hora de mais uma edição da Flying Laps, recapitulando alguns dos acontecimentos ocorridos no último mês de 2024 no mundo da velocidade, com comentários rápidos a respeito dos tópicos, como de costume. Portanto, uma boa leitura para todos, e até a próxima edição da Flying Laps, já no início de fevereiro, e recapitulando alguns dos acontecimentos de janeiro de 2025...
A Formula-E iniciou sua nova temporada com o ePrix de São Paulo neste mês de dezembro, e como não poderia deixar de ser, a corrida apresentou emoções a rodo, com muitas disputas, problemas com alguns pilotos, e até mesmo uma capotagem durante a prova, para delírio do público que esteve presente nas arquibancadas do sambódromo, que pode ver mais uma corrida bem disputada, a exemplo das duas edições anteriores da corrida realizada aqui em São Paulo, que já se mostra um dos circuitos e edições mais empolgantes da competição do certame de carros monopostos elétricos. E a vitória ficou com Mith Evans, que conseguiu um novo recorde na categoria, tendo largada na última posição do grid, em 22º, e conquistado a vitória, numa recuperação impressionante durante a prova, sabendo usar muito bem as qualidades de seu trem de força, e o novo sistema do Modo Ataque. Tivemos até duas bandeiras vermelhas, uma delas motivada pela capotagem de Pascal Wehrlein, o atual campeão, que num toque com Nick Cassidy, acabou jogado no muro, e vendo o mundo ficar de cabeça para baixo, com o carro virado. Felizmente o piloto alemão, que inclusive havia largado na pole-position, saiu ileso do incidente. A Porsche mostrou seu poderio, e era um dos times favoritos para vencer, mas não o único. A Jaguar mostrou suas garras, e Evans venceu a corrida depois de um duelo espetacular com Antonio Felix da Costa nas voltas finais, com o português redimindo o time alemão e subindo ao pódio logo na primeira prova da nova temporada. E destaque também para a McLaren, que viu seu novo talento Taylor Barnard fechar o pódio em 3º lugar, logo à frente de Sam Bird, que chegou em 4º lugar, depois de ambos acabarem tendo punição de drive through durante a corrida. Aos 20 anos, Barnard tornou-se o mais jovem piloto da F-E a subir ao pódio de uma prova da categoria.
Quem também promete vir para cima é a Nissan, que promoveu grandes melhorias em seu trem de força, e Oliver Rowland era um dos favoritos à vitória em São Paulo, até ter uma punição por uso excessivo de energia, e despencar na corrida, tendo finalizado a prova apenas em 14º, logo atrás de seu novo companheiro de equipe Norman Nato. A qualidade do trem de força nipônico pode ser comprovada no bom resultado obtido pela McLaren, que usa o equipamento japonês, e fez 3º e 4º lugares, mesmo com seus dois pilotos também tendo problemas com punição durante a corrida, mas conseguindo-se recuperar de forma esplêndida, apresentando uma performance bem convincente, e lembrando as favoritas Porsche e Jaguar que eles certamente terão companhia na briga por vitórias este ano.
A estréia do novo modelo Gen3EVO foi mais do que bem-sucedida. O novo modelo mostrou suas qualidades logo de cara, e um dos diferenciais foi o novo sistema de tração integral, ativada quando de uso do Modo Ataque, que potencializou a tração do bólido, que juntamente com os novos pneus mais macios da Hankook, promoveram uma revigorada espetacular no recurso do Modo Ataque, tornando o carro muito mais veloz, de modo a aproveitar com muito mais eficiência o incremento de potência de 50Kw que os pilotos tem à sua disposição no tempo de ativação. Era nítido como os pilotos voavam para cima dos adversários quando usavam o recurso, que nos últimos dois anos havia se tornado um transtorno para os pilotos, e não um recurso útil na estratégia das corridas, uma vez que as posições perdidas no momento de ativação do sistema dificilmente eram recuperadas na corrida, levando os pilotos a procurarem fazer as ativações o quanto antes para se livrarem da obrigação de seu uso. Agora, o Modo Ataque voltou a ser uma ferramenta relevante, e seu uso, feito no momento certo, pode mudar radicalmente o desempenho e o resultado do piloto na corrida. É verdade que o que vimos em São Paulo pode não ser o mesmo panorama em outras corridas, até porque a prova paulistana é uma corrida no estilo “pelotão”, com os carros andando muito próximos uns dos outros, o que facilitou as recuperações e ganhos de posição com o Modo Ataque, mas não há dúvidas de que as mudanças promovidas no novo Gen3EVO foram mais do que acertadas. E o gerenciamento de energia continua extremamente necessário, uma vez que os pilotos cruzaram a linha de chegada no Anhembi praticamente com as baterias zeradas, uma vez que a corrida teve 4 voltas adicionais devido aos períodos de Safety Car durante a prova, mostrando que saber ser rápido e economizar sua carga elétrica são habilidades primordiais para os pilotos e equipes.
Quem não deu sorte em São Paulo foi Lucas Di Grassi. O novo trem de força Lola/Yamaha mostrou seus problemas de noviciado na competição, e depois de render menos do que se poderia na classificação, na corrida o brasileiro ainda enfrentou uma quebra do equipamento, que o deixou completamente sem tração, obrigando ao abandono. Frustração ainda maior para a equipe ABT, que preferiu não renovar a parceria com a Mahindra, depois dos resultados pífios do trem de força indiano nas últimas duas temporadas, mas viu a marca indiana conseguir progressos, e ainda por cima colocar sua dupla de pilotos terminando em 5º e 6º lugares na prova paulistana. Zane Maloney, o outro piloto da escuderia, terminou a prova em 12º lugar. Como esperado, o novo equipamento, que trouxe a Lola de volta a uma competição de monopostos de primeiro nível depois de décadas de ausência, pode ter potencial, mas vai precisar de muito trabalho para dar resultados. Depois de amargar resultados ruins nas duas últimas temporadas, será que o martírio de Lucas, que já foi campeão da categoria, e é um dos recordistas de vitórias do certame, ao lado de Sébatien Buemi e Mith Evans, permanecerá, ou ele ainda terá chances de voltar à posição de protagonista na competição? A conferir nas próximas etapas, esperando que possam desenvolver melhor o novo equipamento, ainda mais de um nome histórico como o da Lola, no mundo das competições automobilísticas.
A Stock Car Brasil coroou Gabriel Casagrande, da equipe A. Mattheis Vogel, como o campeão da temporada de 2024, o terceiro título do piloto paranaense, que fechou a conquista com o terceiro lugar na corrida final da temporada, na pista de Interlagos. A vitória da etapa final ficou com Gulherme Salas, da equipe KTF Racing, com Felipe Massa, da TMG Racing em 2º lugar. Mas o resultado final da temporada teve de aguardar a decisão da 1º Instância do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, que julgou recurso a respeito das desclassificações dos pilotos das equipes TMG e Crown Racing na etapa do Velopark. O STJD manteve as desclassificações, de modo que o título de Gabriel Casagrande pode mesmo ser confirmado. O piloto fechou a temporada com 926 pontos, 41 de vantagem sobre Felipe Massa, que marcou 885 pontos, e ficou com o vice-campeonato, em sua melhor temporada até hoje na Stock Car. Dudu Barrichello, da equipe Mobil Ale, fechou o ano como 3º colocado, com 868 pontos, mostrando ter herdado o talento que fez do pai bicampeão na categoria, podendo dar vôos mais altos. Ricardo Zonta, da RCM Motorsport, foi o 4º colocado, com 864 pontos. Júlio Campos, da Pole Motorsport, fechou o TOP-5 do campeonato, com 835 pontos. Daniel Serra fez uma temporada mais discreta este ano, terminando a competição em 8º lugar. Já Rubens Barrichello teve um ano apagado, finalizando apenas em 14º lugar.
O lance que mexeu com a temporada se deu na etapa do Velopark, onde os pilotos das equipes TMG e Crown Racing demonstraram uma performance absurda, andando até 2s mais rápido que os concorrentes, o que levantou a suspeita de terem feito modificações irregulares nos pneus à disposição dos dois times, uma prática proibida pelo regulamento da categoria, o que levou à necessidade de fazer uma perícia e análise nos pneus na fábrica da Hankook, na Coréia do Sul. Com o laudo da análise, foi confirmado que os pneus haviam sofrido uma adulteração, confirmando a irregularidade, o que levou os dois times a serem desclassificados da etapa, o que afetou os pilotos Felipe Massa, Rafael Suzuki, Enzo Elias e Felipe Baptista, que perderam os pontos conquistados naquele fim de semana. O caso foi para o Superior Tribunal de Justiça Desportiva, que às vésperas da etapa de Goiânia, inicialmente reverteu a desclassificação dos times, numa decisão que precisava ser confirmada. Mas, na semana anterior à etapa final da temporada, em Interlagos, o pleno do STJD devolveu o caso à 1º Instância devido às normas procedimentais, o que deixou que a temporada da Stock Car terminasse com a dúvida sobre quem seria de fato campeão, já que dependendo dos resultados, a reversão das desclassificações poderia ter impacto na classificação da temporada, que inicialmente consagrou Gabriel Casagrande como campeão de 2024. E o resultado foi que as desclassificações foram mantidas, com os pilotos e times tendo perdido os resultados obtidos naquele final de semana. Felizmente, a decisão saiu pouco tempo depois da realização da etapa final da competição, de modo que o desgaste da imagem da categoria, de não poder oficializar o seu campeão na pista, conforme a temporada, poderia ter sido bem maior. Um tipo de problema que a Stock, como maior categoria de disputa automobilística do Brasil, não poderia, e nem deveria ter em seu currículo, que poderia manchar o seu profissionalismo, sendo que a competição já tem lá seus outros problemas, e não precisava de mais um para tumultuar o ambiente.
Basicamente, na etapa do Velopark, realizada no início de setembro, as equipes TMG e Crown foram acusadas de manipulação dos pneus da Hankook, fornecedora única da categoria. O desempenho dos carros de Felipe Massa, Rafael Suzuki, Enzo Elias e Felipe Baptista levantou dúvidas durante a classificação no circuito gaúcho, visto que, em alguns momentos, chegou a ser até 2s mais rápido que o restante do pelotão. Depois de algumas hipóteses aventadas, as suspeitas recaíram mesmo sobre a vulcanização dos pneus, que consiste em efetuar uma alteração química dos compostos, que são colocados numa espécie de forno, com o objetivo de provocar alteração molecular em alta temperatura e em seguida posicionar a borracha em água fria para refixar as moléculas modificadas. O processo alterava a maciez dos compostos, proporcionando maior aderência, e portanto, uma melhor performance. Só que tal procedimento não é permitido pelo regulamento da competição, e o caso foi parar no STJD, onde as equipes até confirmaram que havia sido realizado um processo térmico sem o uso de quaisquer aditivos ou substâncias de qualquer natureza, denominado “desvulcanização térmica controlada”, que revertia parcialmente a vulcanização da borracha, deixando-a mais macia e flexível. Os pneus foram enviados para a Coreia do Sul, na sede do fabricante, para passarem por análise. Com o laudo pronto, as equipes foram desclassificadas da etapa por terem infringido o regulamento, uma vez que mesmo a prática descrita pelas equipes não é autorizada pelas normas da Stock Car. Antes mesmo do laudo ter sido divulgado, e para prevenir possíveis consequências, a Stock Car optou pela criação de um ‘Parque Fechado dos pneus’ nos fins de semana das etapas, com o objetivo de limitar o tempo em que os compostos ficam com as equipes, diminuindo as chances de qualquer tipo de ação fraudulenta similar que porventura possa vir a ser realizada por parte dos times. Assim, equipes passaram a receber os pneus minutos antes das atividades de pista e com a obrigação de devolvê-los assim que tudo acabar.
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