sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

ARQUIVO PISTA & BOX – DEZEMBRO DE 1998 – 18.12.1998


            Hora de encerrar o ano, e na última postagem de 2019, trago também a última coluna publicada em 1998, no dia 18 de dezembro daquele ano. Sem um assunto principal, preferi relacionar vários acontecimentos ocorridos nos últimos dias, e fazer comentários breves, bem ao estilo das sessões “Flying Laps” que publico atualmente aqui no blog. Entre os assuntos citados, estavam o cancelamento da corrida na China, uma vez que o circuito de Zuhai, que deveria sediar o GP de F-1, não estava pronto, e por motivos diversos, nunca sediou até hoje uma prova da categoria máxima do automobilismo, uma vez que os chineses construíram outra pista, em Shanghai, que aí sim recebeu a F-1, e está no calendário até hoje. E a F-1 também começava a aplicar regras para limitar os testes das equipes de F-1, numa tentativa de conter os custos de competição que continuavam a crescer, limitando-os a 42 dias por ano. Se lembrarmos que alguns times testavam até mais de 80 dias por ano naqueles tempos, 42 dias ainda seriam um assombro nos dias atuais, onde os testes ficam praticamente limitados à pré-temporada, em ridículos 8 dias. Bem, os testes foram diminuindo, mas os custos não, pois as equipes passaram a investir em simuladores, de modo que o dinheiro economizado nas sessões de pista foram gastos nos mais modernos programas e sistemas de simulação, com os times tendo praticamente “pilotos de simuladores” que “correm” o ano inteiro nas salas das sedes das fábricas. Pois é, custos de competição exagerados na F-1 não são novidade há muito, muito tempo... Aproveitem o texto, e boas festas na passagem de ano novo. Que venha 2020...

CONSIDERAÇÕES DIVERSAS

            Nas últimas semanas, aconteceram diversos fatores relacionados ao automobilismo em geral que, por falta de tempo, acabei deixando de emitir uma opinião e análise. Aproveito a coluna de hoje para descontar um pouco o tempo perdido neste quesito. E até o ano de 1999...


Cacá Bueno perdeu o título da categoria Superturismo Sudam na última etapa do certame, disputada domingo passado. Oscar Larrauri, da Argentina, faturou o título. Larrauri, entretanto, não teve a esportividade esperada de um campeão e disparou várias farpas na direção de Cacá, acusando-o de manobras desleais e antidesportividade. Quem viu a corrida, contudo, sabe que as acusações do argentino não têm nenhum fundamento. Cacá pilotou com a agressividade de sempre, mas sem cometer nenhuma deslealdade na pista. Só houve o azar de ter um pneu furado que tirou suas esperanças de conquistar o título, além do azar de ter excedido o limite de velocidade nos boxes. Melhor sorte no ano que vem, Cacá. Talento você já mostrou que tem, e também esportividade, por não revidar as acusações esdrúxulas de Larrauri.


A nova regra da Federação Internacional de Automobilismo que limita o número de dias de testes a 42 por ano para as escuderias de Fórmula 1 é uma tentativa extremamente válida de equilibrar as forças na categoria, além de tentar conter os custos dos times. A Ferrari, por exemplo, testou mais de 100 dias este ano. A McLaren, por sua vez, chegou a cerca de 82 dias. Se a medida pode prejudicar os times de ponta, as equipes médias e pequenas praticamente nem se darão conta da medida, especialmente porque não tem verba para testarem tanto assim. É claro que isso não vai equilibrar as escuderias, mas pode ajudar os times menores a diminuírem um pouco sua diferença de performance. Tal medida também deve ajudar a mudar a mentalidade das escuderias grandes e, por conseqüência, das demais também quanto a implantarem ousadias técnicas nos carros, as quais deverão ficar mais restritas. O motivo é lógico: se uma novidade “radical” demais se mostrar uma tremenda furada, serão obrigadas a “queimar” dias de testes valiosos para tentarem resolver o problema, e faltar dias para usar em aperfeiçoamentos no desempenho da competição em relação aos outros times.


Por conta desta nova limitação de testes, as escuderias já estão investindo em simuladores para tentar contornar a situação. Simuladores altamente avançados serão capazes de reproduzir, com grande grau de perfeição, as condições das pistas, apontando possíveis caminhos a serem tomados. Isso, entretanto, não irá diminuir a importância dos testes “reais”, pois as condições dinâmicas de cada pista, tempo e estilo de um piloto ao volante ainda serão fundamentais para o acerto e desenvolvimento de um carro.


A Tasman, equipe do brasileiro Tony Kanaan na F-CART, foi comprada por Gerald Forsythe, dono da equipe Forsythe, onde correm os canadenses Greg Moore e Patrick Carpentier. Com isso, a Tasman passa a ser uma “filial” da equipe Forsythe. O ponto positivo é que a nova Tasman/Forsythe terá um orçamento de aproximadamente US$ 10 milhões para a temporada de 1999, praticamente o dobro do que teve à disposição na temporada deste ano. Já está sendo montada uma estrutura de testes para Tony Kanaan, que deverá permitir o pleno desenvolvimento do chassi Reynard e do motor Honda, além dos pneus Firestone. Para Tony, não há nenhum problema em admitir que sua meta é lutar pelo título da F-CART no próximo ano, pois agora terá o suporte necessário para isso. O patrocinador também já está definido e garantido: a rede de lanchonetes Mcdonald’s.


Bernie Ecclestone e Tony George estão firmando um acordo para levar a F-1 de volta aos Estados Unidos em 2000. A idéia de Tony George é ousada: criar um circuito misto dentro do Indianápolis Motor Speedway para recepcionar a categoria máxima do automobilismo na virada do século. Tenho de admitir que a idéia é interessante. Só espero que a construção do circuito misto não descaracterize a pista de Indianápolis, que possui uma grande estrutura em sua área interna, que pode ter de ser sacrificada para a criação do circuito misto.


Agora que Tony Stewart resolveu tentar a sorte na Nascar, John Menard parece já ter um substituto para o campeão da F-Indy (IRL) de 1997: Greg Ray. A categoria dá a largada para o seu campeonato de 99 no fim do mês que vem, em Orlando, na Flórida...


Nos primeiros testes que as equipes da F-1 fizeram este mês com os novos pneus sulcados que serão utilizados na categoria em 1999, o clima foi de reprovação geral em relação aos novos compostos. Em todas as pistas onde os pilotos testaram, houve inúmeras rodadas e saídas de pista. Os pilotos não gostaram da sensação que os pneus transmitem. Além de serem muito duros, a aderência é das piores. Mas se acharam isso ruim, o pior ainda está por vir: Max Mosley, presidente da FIA, já está decretando que, a partir de 2001, acabam os pneus de chuva, e só poderá haver um tipo de composto de pneu, que terá de ser utilizado tanto em pista seca quanto em pista molhada. Pela teoria, deverá ser um pneu do tipo intermediário. Não gostei da idéia, pois vai eliminar uma incógnita que sempre existe nas corridas com tempo instável: a estratégia de pneus. Outro que detestou a medida e não escondeu o que pensa foi Jacques Villeneuve, ao afirmar que “estão acabando com o esporte”, e eu concordo plenamente que este tipo de atitude está sendo encarado como uma palhaçada, onde quase todo mundo não está achando graça nenhuma...


Ainda sobre os testes, Ralf Schumacher e Max Wilson, respectivamente o segundo piloto da Williams e piloto de testes da equipe, andaram mais rápido que o atual bicampeão da F-CART, Alessandro Zanardi. A Williams precisa recuperar o atraso de Zanardi, que precisa se readaptar o quanto antes ao estilo de condução de um monoposto de F-1, especialmente com a restrição dos dias de testes que passará a vigorar em janeiro de 99. Em 1995/1996, Jacques Villeneuve precisou de muitas horas de vôo a bordo do Williams FW17 para se adaptar ao carro de F-1 e só conseguiu se sentir inteiramente à vontade dentro do cockpit mesmo lá pelo meio da temporada. O italiano não vai poder esperar tanto para se readequar à sua velha categoria. Só de estar sendo superado pelo irmão caçula de Michael Schumacher já está rendendo alguns comentários de desconfiança no meio...


A equipe Hogan e a Penske estudam fazer uma nova parceria, depois de separarem-se após a temporada de 96. O acordo seria benéfico para ambas as partes. A Penske, que faz o seu próprio chassi, poderia cedê-los à equipe de Carl Hogan, tendo assim mais referências para desenvolvimento e trabalho de seu projeto. Em troca, a equipe Hogan teria suporte financeiro de Roger Penske e a Hogan poderia alinhar dois carros. Atualmente, o único piloto do time é o finlandês Jirky Jarvi Letho. Em 1996, a Hogan, em sua estréia na F-CART, era uma “filial” da equipe Penske, e tinha como piloto o brasileiro Émerson Fittipaldi.


Os problemas no sudoeste asiático contribuíram para que o Grande Prêmio da China, que seria disputado no circuito de Zuhai, fosse rifado do calendário da F-1 para 99. Em seu lugar, deve voltar o GP da Argentina. Os problemas de finalização do autódromo chinês também contribuíram para o cancelamento da corrida. Em compensação, para terem sua corrida de volta, os argentinos terão de fazer várias reformas no circuito Oscar Galvez, em Buenos Aires, com o objetivo de melhorar o traçado e a segurança, de forma a garantir sua permanência no calendário. A temporada de 1999 da F-1 deverá ter 17 etapas. A conferir...

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