quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

FLYING LAPS – NOVEMBRO DE 2019


            E chegamos ao mês de dezembro de 2019. Estamos praticamente no fim do ano, e logo chegaremos a 2020. Com o ano do automobilismo quase praticamente encerrado em sua totalidade, chega a hora de darmos uma olhada em alguns dos acontecimentos ocorridos no mundo da velocidade neste mês de novembro, em mais uma edição da sessão Flying Laps, relatando alguns destes acontecimentos, sempre com alguns comentários rápidos a respeito, como de costume. Então, uma boa leitura para todos, e aproveitem o texto desta que é a última Flying Laps do ano de 2019, pois a próxima virá somente em janeiro, já no novo ano que se aproxima...



O Mundial de Rali de 2019 acabou terminando sem que sua última prova fosse disputada. O Rali da Austrália, que fecharia o mundial que consagrou o estoniano Ott Tanak campeão, pondo fim à dinastia de Sébastien Ogier, acabou cancelado pela organização, em acordo conjunto com todos os pilotos. O motivo foram os fortes incêndios na região de Nova Gales do Sul, onde seria disputada a competição. Com o tempo seco, e as autoridades tendo problemas para debelar as chamas, o cronograma e itinerário da etapa do Mundial de Rali já havia sido reduzida em relação à sua programação original, justamente pelo perigo dos incêndios. Infelizmente, com as chamas se alastrando muito mais do que se esperavam, não houve como garantir a segurança dos participantes e do público, uma vez que o percurso do rali não tinha a segurança mínima assegurada diante dos fortes incêndios. Assim, optou-se pelo cancelamento da prova, encerrando o campeonato de 2019 com 13 eventos disputados. O cancelamento garantiu o vice-campeonato para o belga Thierry Neuville, que tinha 10 pontos de vantagem para Sébastien Ogier, que terminou o ano em 3º lugar, e cuja disputa prometia ser a grande atração da etapa final da competição. Da mesma forma, a Hyundai garantiu o título de construtores, com seus 18 pontos de vantagem para a Toyota, que ficou com o vice-campeonato.


A Toyota, campeã de pilotos com Ott Tanak no Mundial de Rali deste ano, aliás, viu seu novo campeão bandear-se para a rival Hyundai na próxima temporada, ficando sem poder capitalizar a sua conquista na competição. Mas o time japonês acabou sendo rápido, e garantiu para ele os serviços de Sébastien Ogier, que resolveu não cumprir o restante de seu contrato com a Citroen, e em 2020 defenderá a equipe nipônica em seu ano de adeus ao Mundial de Rali, em decisão comunicada pelo piloto no ano passado. A consequência deste troca-troca acabou sendo a debandada da Citroen da competição, uma vez que ficaram sem ter um piloto de ponta que pudesse defender o time francês na próxima temporada. A marca francesa, porém, já havia anunciado que não ficaria muito tempo no WRC, tendo informado que não participaria da temporada de 2021, quando os carros de competição passarão a ser híbridos, ficando somente até o fim de 2020. Como perderam Ogier, resolveram antecipar seus planos, e já encerraram sua participação, não retornando no próximo ano.


A Formula-E deu sua largada para a sexta temporada da competição de carros elétricos na rodada dupla disputada em Diriyah, na Arábia Saudita. Assim como na temporada passada, a Andretti BMW mostrou força, com Alexander Sims a marcar a pole-position nas duas corridas do fim de semana. E Sims ainda conquistaria sua primeira vitória na categoria, ao vencer a segunda corrida, repetindo o triunfo de seu time, que havia vencido a prova na temporada passada, com o português Antonio Félix da Costa. Mas na primeira corrida Sims acabou sucumbindo aos rivais, que demonstraram mais força na corrida. A equipe de Michael Andretti, aliás, teve outro percalço na segunda corrida saudita: na pista, o time fez dobradinha, tendo Maximilian Gunther chegando em 2º lugar, mas o alemão acabou cometendo ultrapassagem na pista durante o período de bandeira amarela em toda a pista, e por isso acabou penalizado, caindo para a 11ª colocação. Com uma pilotagem precisa e forte, Sam Bird levou a Virgin novamente à vitória, ao triunfar na primeira corrida, e se tornando, até o presente momento, o único piloto presente desde a primeira corrida a vencer provas em todas as temporadas da F-E, condição que só pode ser igualada por Lucas Di Grassi, que também venceu corridas em todas as cinco temporadas. E Porsche e Mercedes, estreantes na F-E, fizeram bonito logo em sua primeira corrida, com André Lotterer chegando em 2º lugar, com Stoffel Vandoorne fechando o pódio em 3º. O time das três pontas ainda pontuou com o novato Nyck de Vries, que chegou em 6º lugar. As duas marcas não haviam sido particularmente impressionantes nos testes da pré-temporada, mas começaram sua participação com o pé direito no certame, e prometendo engrossar a lista dos times candidatos a vitórias na F-E. Vandoorne, aliás, repetiu o resultado na segunda corrida, e mais uma fez fechou o pódio.


Aliás, fiel a seu estilo mais “imprevisível”, a segunda corrida da F-E nos subúrbios de Riad viu alguns pilotos terem sorte diferente da primeira prova. Sam Bird, que venceu a primeira corrida, acabou tendo problemas e ainda por cima bateu na segunda prova. Aliás, a Virgin teve uma segunda corrida para esquecer, pois seu outro piloto, Robin Frijns, que havia feito um bom 5º lugar na primeira prova, também bateu na segunda corrida, deixando o time fora de combate. Lucas Di Grassi, que teve uma classificação horrorosa na primeira prova, terminando apenas em 13º, reagiu na segunda corrida, e com um carro da Audi que ele mesmo classificou como não bem desenvolvido, terminou em 3º lugar na pista, e com a desclassificação de Gunther, herdou a 2ª posição. André Lotterer, por outro lado, foi outro que foi bem na primeira prova, e viu as coisas não funcionarem direito na segunda, ficando fora da zona de pontos. E teve aqueles que tiveram azar nas duas corridas. Um deles foi Felipe Massa, que até iniciou bem a primeira corrida, mas depois foi ficando para trás, terminando em 12º. Já na segunda corrida, o brasileiro cometeu um erro bisonho, de largar da posição errada do grid, o que o levou a tomar uma punição que o jogou para o fim do pelotão, terminando apenas em 17º. Sébastien Buemi, depois de terminar a temporada passada em estado de redenção, voltando a vencer, e sendo vice-campeão, teve um fim de semana para riscar da memória em terras árabes: o piloto suíço da e.dams abandonou a primeira corrida, e na segunda, apesar de largar da 2ª posição, levou um toque na prova, e terminou a corrida em 12º. Mas o pior foi o piloto, com o carro virado após ser tocado por Antonio Félix da Costa, ter voltado à pista no meio da trajetória dos carros, o que poderia ter causado um acidente feio, o que o fez tomar uma punição de 10s, enquanto Da Costa tomou um drive through pelo ocorrido. Quem também teve um final de semana de extremos foi o novo bicampeão Jean-Éric Vergne: o piloto francês também ficou fora de combate na corrida 1, mas conseguiu se recuperar um pouco na corrida 2, finalizando em 8º lugar. E Jerôme D’Ambrosio teve sorte inversa: terminou a primeira corrida em 9º, e nem conseguiu largar na 2º prova, com problemas em seu carro. Com resultados de altos e baixos para a grande maioria dos pilotos e equipes, o campeonato promete ser bem disputado, e ganhará quem conseguir ser mais constante que os demais, ou tiver a sorte de não se envolver em confusões na pista, o que nem sempre é muito fácil de se conseguir evitar. Com os resultados, Alexander Sims é o líder na classificação, com 35 pontos. Soffel Vandoorne, com seus dois pódios, é o vice-líder, com 30 pontos. Apesar de abandonar a segunda prova, Sam Bird ocupa a 3ª posição, com 26 pontos. Oliver Rowland é o 4º, com 22 pontos, seguido por Lucas Di Grassi em 5º, com 18 pontos. Entre os novatos, Nyck de Vries é o 9º, com 8 pontos; James Calado é o 11º, com 6 pontos; e Brendon Hartley o 14º, com 2 pontos.


Lucas Di Grassi, aliás, tem uma marca para ser comemorada e respeitada: único piloto da F-E a ter participado de todas as 60 corridas disputadas desde o início da competição, em 2014, o brasileiro conseguiu na segunda corrida em Diriyah seu 31º pódio, o que lhe dá a incrível façanha de ter subido ao pódio em praticamente pouco mais de metade de todas as provas da categoria de carros de competição monopostos totalmente elétricos. Lucas, aliás, também foi o primeiro vencedor de uma prova da competição, em Pequim, na corrida inaugural, herdando a vitória, depois que Nicolas Prost e Nick Heidfeld se estranharam e bateram no finalzinho da corrida. Coincidência ou não, ambos não fazem mais parte do grid da categoria. Lucas ainda conquistou um campeonato, e foi duas vezes vice-campeão, terminando outras duas temporadas em 3º lugar. Se a Audi se acertar, o brasileiro certamente disputará firme o título, mas a parada promete ser mais dura do que nunca, com mais gente disputando as primeiras colocações...


Com o fim do campeonato, e mais uma vitória de Marc Márquez na etapa final, em Valência, a Honda anunciou a contratação de Alex Márquez, o irmão mais novo do hexacampeão da classe rainha, e que foi campeão da temporada da Moto2 este ano. Assim, o time oficial da Honda terá uma dupla familiar em 2020, com Alex a ocupar o lugar do agora aposentado Jorge Lorenzo, que surpreendeu a todos em Valência ao anunciar sua retirada das pistas, após a péssima temporada que teve este ano, além das várias quedas e acidentes sofridos. Marc nunca escondeu que desejaria competir com seu irmão na mesma equipe, e a Honda resolveu atender seu pedido. E, obviamente, começarão as comparações, e muito provavelmente, pressões que virão por esta decisão, afinal, todos vão querer saber se o jovem Alex terá as mesmas qualidades do irmão mais velho, e de como se dará o embate entre os dois irmãos na pista. Marc prometeu ajudar seu irmão caçula em tudo o que ele precisar para se aclimar ao equipamento, e a relação entre ambos é a mais amistosa possível. Mas isso até agora, quando ambos estão em estágios diferentes de suas carreiras, ou melhor, estavam. E o próprio Marc já admite que ter o irmão dividindo o box na mesma equipe pode ser bom e também ruim. Ele admitiu que Alex será mesmo cobrado e pressionado para duelar com seu irmão mais velho. Mas Alex, pelo menos até o presente momento, parece não estar preocupado com isso, ao afirmar que quando for correr, não pode ligar para quem for seu companheiro de equipe, dando a entender que isso não fará diferença. Pelo seu lado, Marc, apesar da ajuda que promete dar ao irmão caçula, também já afirmou que isso não irá desviar o seu foco de atenção no seu lado do box, já insinuando que sua ajuda terá limites. Tem tudo para ser um duelo interessante. Marc certamente não vai querer dar mole para o irmão na pista, e Alex, por sua vez, precisará marcar seu território dentro do time. E isso tudo, claro, vai parar na pista, e todos se perguntam o que irá acontecer quando ambos dividirem freadas um com o outro numa disputa de posição. E os dois irmãos pelo menos concordam em algo: eles serão rivais na pista. E com rivais, a disputa será franca e aberta. O que poderá acontecer? Se eles se digladiarem pelas vitórias, manterão assim mesmo o amor fraternal que dividem atualmente, ou a relação irá para o vinagre? Saberemos as respostas em 2020...


Na Fórmula 1, aliás, essa pergunta sobre correr com o irmão na mesma equipe foi algo que muitos se fizeram quando Michael Schumacher e seu irmão Ralf competiam na categoria máxima do automobilismo. E Michael foi taxativo ao responder o que acharia de ter o irmão como companheiro de equipe, ao afirmar que seria legal, mas também seria muito ruim, porque alguém teria de perder, dando a entender que ele não iria deixar que seu irmão mais novo dividisse seu espaço com ele numa luta por vitórias. E se lembrarmos que o heptacampeão fazia questão de garantir para si os melhores recursos do time, podemos imaginar como isso iria acabar... Será que veremos algo assim na MotoGP? Creio que não, no que tange a reservar para si os melhores recursos do time, além da clara distinção entre primeiro e segundo piloto, algo que Schumacher nunca admitiria perder seu status de estrela principal. Na classe rainha do motociclismo, contudo, a situação é diferente, e em um time que não pode ficar refém apenas de um de seus pilotos, Alex terá liberdades de competição que podem ser tanto positivas quanto negativas para o time. Para Marc, ele quer a chance de duelar a fundo com alguém, e para o time, precisam de dois pilotos fortes na pista para lutar por vitórias. Vamos ver qual situação prevalecerá...

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