E estamos entrando nos momentos finais
de 2019. Com o mês de novembro chegando ao fim, temos apenas o mês de dezembro
para encerrar o ano, e quase todos os campeonatos do mundo da velocidade já
conhecem seus campeões, e encerraram suas disputas, com algumas exceções.
Portanto, é hora de mais uma edição da Cotação Automobilística, a última de
2019, com uma avaliação de alguns personagens e acontecimentos no mundo do
esporte a motor neste último mês. Então, lá vamos nós, com meus comentários de
costume a respeito. Estejam ou não de acordo com minhas opiniões, façam bom
proveito da leitura e curtam o texto, no tradicional esquema de sempre: em alta
(cor verde), na mesma (cor azul), e em baixa (cor vermelha). Uma boa leitura a
todos, e até a primeira edição da Cotação Automobilística de 2020, no fim de
fevereiro, porque é hora de dar uma pequena pausa e descansar um pouco. Até lá,
então...
EM ALTA:
Marc
Márquez: O novo hexacampeão da MotoGP mostrou que não é por ter conquistado o
título antecipadamente que ele iria baixar a guarda. A “Formiga Atômica”
acelerou fundo para continuar vencendo, e terminar a temporada de 2019 com nada
menos do que 12 vitórias nas 19 etapas da competição disputadas este ano,
mostrando que praticamente ninguém lhe fez frente na última temporada. Mesmo
com uma moto considerada arisca e indócil, como apontam os outros pilotos que
usam equipamento Honda, o imenso talento e capacidade de Marc Márquez mostraram
que o piloto fez toda a diferença, e com exceção do GP dos EUA, onde sofreu um
tombo, Márquez simplesmente arrepiou os rivais com uma facilidade que deixou
todos assustados. E os rivais também nunca conseguiram demonstrar a mesma
constância de performance em seus equipamentos, o que facilitou ainda mais as
coisas para Marc, que mesmo assim, fez questão de frisar que suas vitórias não
foram assim tão fáceis como todos imaginam. Mas, diante do domínio visto este
ano, fica mesmo difícil de acreditar nas palavras do piloto. Márquez não deixou
de ser arrojado e veloz, mas ficou mais cerebral, e mesmo tendo perdido algumas
corridas ao ser superado nos momentos finais, não perdeu a cabeça, e manteve o
foco firme para as próximas corridas, o que só deixou tudo ainda mais
complicado para os rivais, que nunca tiveram uma brecha para explorarem na luta
contra o espanhol, que tem tudo para igualar o heptacampeonato de Valentino
Rossi já em 2020, se os rivais não se entenderem com suas motos...
Lewis
Hamilton hexacampeão: Era mesmo só questão de tempo, mas enfim Lewis Hamilton
conquistou oficialmente o seu sexto título, sendo agora o segundo piloto mais
vitorioso de toda a história da F-1, perdendo apenas para o alemão Michael
Schumacher, com seus sete títulos. Se a Mercedes mantiver sua força dominante
em 2020, tudo indica que Lewis igualará o número de títulos, e talvez até
supere o de vitórias do alemão já no próximo ano. E Hamilton disse que se aposentar
não está em seus planos ainda, de modo que o piloto inglês poderá vir a se
tornar o maior campeão da categoria máxima do automobilismo em sua história.
Hamilton definitivamente é outro homem hoje, e finalmente amadureceu, deixando
de ser um piloto impetuoso e até precipitado, como era visto antigamente. E
continua dando tudo de si quando pilota. Em Interlagos, deu combate a Max
Verstappen, nitidamente mais veloz, e no final, acabou cometendo um erro no
toque que acabou tirando Alexander Albon da prova nos momentos finais, e soube
reconhecer seu erro, encarando com naturalidade a punição que o tirou do pódio
depois, sem criar trauma com isso, como costumava fazer anos atrás, quando
parecia perder as estribeiras e falava várias bobagens. No auge de sua carreira,
em que pese muitos criticarem que isso tudo é pelo carro que conduz, Hamilton
responde na pista, e a comparação com os resultados de Valtteri Bottas dão uma
dimensão de como ele fez a diferença em vários momentos, assim como seu time,
que soube trabalhar de maneira incrivelmente afinada e competente. Ele quer
mais, portanto, os rivais que já comecem a se preparar para a próxima
temporada...
McLaren
líder da F-1 “B”: Depois de três temporadas abaixo das expectativas em sua
associação com a Honda, e de uma temporada em que sua associação com a Renault
mostrou que o time tinha muitas falhas a serem resolvidas, a McLaren partiu
para uma reformulação em 2019, com uma dupla de pilotos totalmente nova, uma
melhor compreensão da unidade de potência francesa, e muito pé no chão, sem
estrelismos, o que foi facilitado pela ausência de Fernando Alonso, que havia
resolvido deixar a F-1. Com um ambiente de trabalho mais calmo, e sem cobranças
exageradas, o time de Woking estabeleceu sua meta de retornar, ainda que gradativamente,
ao pelotão da frente, como fez na maior parte de sua longa e vitoriosa história
na categoria máxima do automobilismo. E, quase ao fim da temporada, pode-se ver
que a McLaren praticamente renasceu na F-1. Não voltou a marcar poles, nem disputar
vitórias, mas consolidou-se como o melhor time da categoria, depois do trio
Mercedes/Ferrari/Red Bull, com performances sólidas de seus pilotos,
especialmente de Carlos Sainz Jr., que mostrou toda a sua capacidade, e
conseguiu ainda seu primeiro pódio, ainda que devido à punição de Lewis
Hamilton em Interlagos, pelo toque dado em Alexander Albon no finalzinho da
corrida, mas mesmo assim, o melhor resultado da McLaren desde o início da
temporada de 2014, quando sua dupla de pilotos na época subiu ao pódio no GP da
Austrália. Mesmo consolidada como 4ª força, contudo, a escuderia inglesa sabe
que ainda tem muito trabalho pela frente, precisando melhorar em vários
aspectos. A confiabilidade do equipamento foi fraca em algumas corridas,
deixando seus pilotos pela pista, e alguns pit stops também não foram bons,
comprometendo os esforços deles. E a McLaren já pensa longe, acertando voltar a
usar propulsores da Mercedes, com o intuito de retornar em definitivo às
primeiras colocações. Ainda terá que dar duro para conseguir fazer isso, mas
depois da evolução demonstrada este ano, se conseguir continuar crescendo em
2020, certamente veremos a McLaren retornar às posições de destaque que sempre
demonstrou. E muitos torcedores esperam ansiosos por esse dia, com a escuderia
podendo trazer mais disputas e duelos para a F-1.
Max
Verstappen: O piloto holandês, quando mantém a cabeça fria, sem cometer
besteiras na pista, mostra que tem tudo para ser um dos grandes campeões da
F-1. Veloz e decidido, Max foi uma sombra constante à dupla da Mercedes na
etapa dos Estados Unidos, em Austin, e no México, se não tivesse falado
besteira e agido com impetuosidade, poderia muito bem ter vencido a corrida. E,
em Interlagos, sem cometer os mesmos erros, assim como o da prova de 2018, o
piloto da Red Bull tratou de mostrar as garras, marcando não apenas a
pole-position, mas sempre partindo para o ataque e dominando a corrida logo
desde a primeira volta, liderando de forma incontestável. E nem mesmo nos poucos
momentos em que perdeu a liderança, se deixou abater, e foi para cima de Lewis
Hamilton, superando o hexacampeão sem grandes dificuldades, para vencer de
forma categórica, e mostrar que sempre está pilotando no limite. Quando tiver
um carro que lhe permita vencer com mais frequência, vai incomodar bastante,
mas no presente momento, a Red Bull parece não ter como fazer isso em tempo
integral, como vem demonstrando nas últimas temporadas. Quem sabe em 2020...?
Max não costuma blefar, muito pelo contrário... Ele faz questão de ir mesmo para
cima... Só precisa tomar cuidado quando os outros pilotos resolvem fazer como
ele e endurecer o jogo... Ser pedra sempre foi mais fácil do que ser vidraça...
Honda
na F-1: O pódio em Interlagos foi o grande momento da Honda na atual temporada
da F-1. Desgastada e até desacreditada depois de três anos abaixo de qualquer
expectativa na McLaren, a fábrica japonesa teve um ano de calma para
retrabalhar o seu projeto e corrigir seus rumos em 2018, no que foi bem-sucedida
o suficiente para ganhar o voto de confiança da Red Bull, passando a equipar o
time principal dos energéticos, e não apenas seu time “B”. Com um começo um
pouco mediano, contudo, a evolução durante a temporada, em conjunto com o
desenvolvimento do carro projetado por Adrian Newey, começou a mostrar seus
resultados, e depois das vitórias de meio do ano, só agora na reta final a Red
Bull voltou a mostrar força, com a Honda antecipando nestas etapas finais
alguns trunfos que estarão presentes em suas unidades de potência para 2020. E
se a vitória escapou no México e nos Estados Unidos, ela veio em São Paulo,
pelas mãos de Max Verstappen, e com um final de corrida maluco, ainda tivemos
Pierre Gasly em 2º lugar no pódio, repetindo um resultado de dois times
equipados pela marca japonesa visto pela última vez no GP da Itália de 1987,
quando Nélson Piquet venceu e Ayrton Senna foi o segundo colocado, defendendo
as equipes Williams e Lotus, mas ambas motorizadas pelos propulsores da Honda.
E, com a marca nipônica confirmando que estará presente em 2021 na F-1, mais
uma vez fornecendo seus motores para os dois times da Red Bull, podemos esperar
por mais melhoras no desempenho das unidades da Honda, que começa a mostrar
disposição de repetir os momentos de glória vividos entre 1986 e 1991. Falta
combinar com os concorrentes, mas paciência e sabedoria nunca faltou aos
japoneses, então...
NA MESMA:
Estréia
da nova temporada da Formula-E: O certame de carros de competição monopostos
totalmente elétricos deu a largada para sua sexta temporada com muito o que
comemorar, com a entrada oficial de duas novas montadoras, e o maior grid de
sua ainda curta história. Ciente de que precisava ajustar alguns de seus
parâmetros, a direção da categoria promoveu algumas mudanças pontuais no seu
regulamento, mas nas duas corridas da rodada dupla disputada na Arábia Saudita,
a F-E mostrou um ponto positivo, que foi a competitividade de seus times e pilotos,
mas também demonstrou que ainda precisa acertar outros aspectos, há muito já
mencionados, como os procedimentos em casos de acidente, e principalmente,
rapidez nos julgamentos de infrações cometidas pelos pilotos, que acabam
terminando as provas em determinada posição, e depois se veem em outra, como
foi o caso da punição de Maximilian Gunther, da Andretti BMW, que acabou punido
apenas várias horas depois de encerrada a prova, fazendo o time de Michael
Andretti perder a dobradinha conquistada na pista. Aliás, as pistas da
categoria vão precisar ser retrabalhadas, para que possam permitir maiores
duelos entre os pilotos, uma vez que estão mais estreitas, frente a carros um
pouco mais largos desde a temporada passada, e muito mais velozes, o que torna
necessário eliminar algumas curvas muito fechadas e estreitas. Também é preciso
maior coordenação entre seus integrantes, pois numa das corridas, a bandeira
amarela estava para ser retirada quando ainda havia gente removendo o carro
batido, o que poderia resultar em um outro acidente. A competição segue boa
dentro da pista, mas é preciso eliminar estes aspectos falhos onde a F-E ainda
parece muito pouco profissional, o que pode comprometer parte de sua
credibilidade. Que possam resolver isso o quanto antes.
Ferrari
nas corridas finais da temporada 2019: Depois de dar uma “renascida” a partir
do GP da Bélgica, a Ferrari tinha tudo para pelo menos tentar se redimir de
perder mais um ano na fila da disputa pelo título. E, apesar dos percalços
entre sua dupla de pilotos, o time rosso até que vinha razoavelmente bem até a
corrida de Cingapura. Mas a partir dali, as coisas começaram a dar errado, com
seus pilotos botando as manguinhas de fora e complicando a situação, fosse
entre eles, fosse com outros pilotos, ou outros tipos de azares. E ainda
tiveram uma investigação da FIA motivada por reclamações dos concorrentes sobre
sua nova competitividade, alegando que sua unidade de potência poderia estar
consumindo mais combustível do que o permitido. E assim, o time de Maranello
foi perdendo as chances de vencer novas corridas, e voltando a perder
performance, chegando até a ser novamente superada pela Red Bull. E como
desgraça pouca é bobagem, ainda viu seus dois pilotos se eliminarem do GP do
Brasil, após uma disputa por posição na pista onde acabaram não cedendo espaço
e, com um toque sutil, ficaram fora de combate. Decididamente, o ambiente em
Maranello não deve andar dos mais tranquilos, e se Mattia Binotto não puser um
pouco de ordem na casa, podemos esperar por mais um ano de rolos e confusões em
2020 com uma dupla de pilotos cujo principal problema é não se respeitar dentro
da pista, o que pode implodir quaisquer perspectivas de disputar o título e até
mesmo vitórias na próxima temporada...
Tony
Kanaan: A situação do piloto brasileiro, praticamente decano da Indycar nesta
temporada, que foi muito complicada, dada a falta de competitividade da Foyt,
deve seguir difícil em 2020. Kanaan muito provavelmente deve permanecer no time
de A.J. Foyt, mas a escuderia, que perdeu o principal patrocinador ao fim da
temporada 2019, precisa de orçamento para correr a próxima temporada, e Tony
teria conseguido garantir apenas o suficiente para participar das etapas em
circuitos ovais do calendário, precisando garantir patrocínio para competir nas
demais corridas do campeonato. E, isso se referindo apenas em participar, o que
significa que, se permanecer mesmo na Foyt, Kanaan pode ter um ano tão ou até
mais complicado do que o de 2019, com poucas perspectivas de melhoras. Apesar
de declarar que ainda não pretende se aposentar, não há como negar que a falta
de uma chance de competir com um equipamento melhor sem dúvida tira boa parte
do entusiasmo da competição. Para quem já foi campeão da antiga IRL em 2004, e
ainda sendo cotado como um dos pilotos mais técnicos do grid, é ridículo ter de
passar por uma situação assim, infelizmente. E, se ficamos sem pilotos na F-1,
o mesmo pode acontecer na categoria norte-americana, e muito, muito breve...
Valentino
Rossi: O “Doutor” passou mais um ano em branco, sem conseguir vencer na classe
rainha do motociclismo, e seus resultados ficaram devendo, em especial na
segunda metade da temporada, quando a Yamaha teve um incremento de performance,
mas que pouco pode ser visto nas mãos do heptacampeão, que acabou eclipsado não
apenas por seu companheiro de equipe Maverick Viñales, como também pelo novato
sensação Fábio Quartararo, que mesmo com a moto de um time satélite da marca,
surpreendeu em várias corridas, não obtendo sua primeira vitória por muito
pouco. Só não se pode declarar que a cotação de Rossi tenha sido totalmente em
baixa porque no início do ano foi ele a dar à Yamaha suas melhores performances,
de modo que o “Doutor”, apesar da idade, continua a mostrar uma disposição
invejável de competir. Ele mesmo admitiu dificuldades para entender alguns
comportamentos discrepantes de sua moto em relação ao companheiro de equipe,
mas tem confiança de pelo menos conseguir se adaptar, e fazer uma temporada
mais decente em 2020, que muito provavelmente deve ser sua última na MotoGP,
quando já estará com 41 anos. Rossi tem ciência de suas limitações pela idade,
mas até aqui, sempre mostrou ao menos capacidade de se reinventar e de se
adaptar, o que apenas comprova que ele aprendeu a contar com sua experiência e
imenso talento para compensar em parte o que a idade já começa a pesar. Se ele
conseguir se reinventar novamente em 2020, será que poderemos ver uma despedida
digna do grande campeão que o italiano é? Tem boas chances, uma vez que sua
temporada não foi decepcionante como a de Jorge Lorenzo, e apesar de ter sido
superado mais uma vez por Viñales, nunca ficou exatamente à sombra do espanhol,
mantendo um pouco a dignidade que sua grande carreira lhe confere. Fica a
dúvida se saberá parar, se de fato tiver perdido sua competitividade, como
alguns acusam em referência à temporada deste ano...
Andrea
Dovizioso: Há três anos, o piloto italiano surpreendeu na MotoGP ao levar a
discussão do título da classe rainha do motociclismo para a última corrida, no
duelo com Marc Márquez, quando todos esperavam que seu novo companheiro de
equipe na Ducati tivesse tal papel. Aproveitando como poucos o excelente
equipamento que tinha em mãos, Andrea assumiu de vez a condição de piloto
vencedor na categoria, onde antes era considerado apenas um bom piloto, sem
maior destaque. Acabou vice-campeão com todos os méritos, uma vez que derrotar
a megaestrela da Honda parecia tarefa concebível apenas para gênios do esporte,
o que ele ainda não era. E, provavelmente, nunca será. A Ducati ainda continua
a ser uma moto competitiva, mas de 2017 para cá, vem caindo de rendimento, e
Dovizioso tem caído junto com o time, revelando apenas em alguns momentos as
excelentes performances que demonstrou naquele ano. Mesmo assim, o italiano tem
sido, a bem ou mal, o nome que mais conseguiu antagonizar com Marc Márquez nos
últimos anos, tendo sido vice-campeão em 2018, e também repetindo o feito neste
ano. São três vice-campeonatos consecutivos, o que não é exatamente demérito
quando se é derrotado por um monstro do naipe de Márquez, agora com seis
títulos no currículo. O problema é que, em 2018, Dovizioso já não conseguiu
levar a disputa até o final da temporada, com Márquez fechando matematicamente
a conquista com 3 provas de antecedência. E este ano foi ainda pior, com o espanhol
liquidando a fatura com 4 provas para o final. Mais do que não conseguir
rivalizar com Márquez como se poderia esperar, Dovizioso tem tido sorte de o
restante do grid estar ainda pior em termos de performance e constância, de
modo que, a grosso modo, o italiano pode ser visto como o “melhor do resto” do
grid, perdido em azares, desempenhos irregulares, e problemas variados. Mas e
quando a concorrência se acertar? Que Andrea curta seus vice-campeonatos
enquanto pode, ou mostre novamente toda a fibra de 2017, e que a Ducati também
volte a melhorar, do contrário Casey Stoner continuará a ser o único piloto
campeão com a moto italiana, objetivo que Andrea vem perseguindo há três anos,
e batendo sempre na trave...
EM BAIXA:
Jorge
Lorenzo: O que muitos esperavam, acabou se confirmando. Incapaz de se acertar
com o comportamento da moto do time oficial da Honda, com o qual Marc Márquez
foi campeão, seu compatriota Jorge Lorenzo, sentindo ainda a falta de uma
recuperação mais completa dos acidentes sofridos durante este ano, e sem
conseguir ter confiança em seu equipamento, optou por pendurar o capacete aos
32 anos, e deixar a MotoGP, ao menos, como piloto titular da competição,
seguindo o passo de Dani Pedrosa, que em 2018 também resolveu dar adeus às
competições como piloto oficial. O abandono é o final de um processo de queda
visto nos últimos três anos, desde que Jorge deixou o time oficial da Yamaha
para se aventurar como líder da Ducati. Mas, apesar de ter encontrado um
equipamento competitivo no time italiano, a diferença de comportamento da moto,
frente ao que ele estava acostumado no time dos três diapasões, resultou numa
fase de adaptação que nunca chegou a um bom termo integral, o que deixou o
espanhol à sombra de seu companheiro Andrea Dovizioso, que chegava a vencer
corridas e disputar o título. Com as críticas se avolumando, Lorenzo resolveu
deixar a Ducati justo quando as coisas pareciam engrenar para o seu lado,
preferindo o desafio de ser companheiro de Marc Márquez no time oficial da
Honda, onde esperava voltar a ser protagonista, medindo forças com o novo mito
da motovelocidade. Mas deu tudo errado, e além de não conseguir se acertar,
mais uma vez, com o comportamento da nova moto, Lorenzo ainda sofreu vários
tombos e lesões que ajudaram a minar sua autoestima e autoconfiança. Com novas
críticas por uma performance ainda mais deficiente do que a vista na Ducati, já
se questionava se ele seguiria na Honda em 2020, apesar de ainda ter contrato
com o time japonês. Mas ele preferiu sair, vendo-se sem perspectivas de uma
recuperação mais rápida, e com o temor de sofrer um novo acidente que fosse até
mais prejudicial à sua já combalida situação. Tricampeão da MotoGP, e também
três vezes vice-campeão, Lorenzo infelizmente deixa a classe rainha do
motociclismo por baixo, pouco lembrando o destemido e talentoso piloto de seus
tempos na Yamaha. Uma pena para ele e para o esporte, que perde um de seus mais
recentes protagonistas.
Rio
de Janeiro desistindo da F-1: Com muitas complicações e nenhuma resposta no
horizonte, os políticos do Rio de Janeiro parecem ter jogado a toalha sobre o
assunto de tentar trazer a F-1 de volta à cidade maravilhosa, com a promessa de
construção de um autódromo que até agora só gerou fofocas polêmicas, e nada de
concreto, além das promessas vazias e inconsequentes de políticos
irresponsáveis no trato com a administração pública. O projeto do novo
autódromo carioca também acabou criticado até por alguns pilotos, para os quais
Interlagos, apesar de suas limitações de infraestrutura, é um circuito “de
verdade”, onde existem disputas e os pilotos precisam dar duro nos duelos
travados na pista. Com as novas obras que reformularam a área do paddock quase
inteiramente finalizadas, Interlagos modernizou suas instalações, e com esse
trunfo nas mãos, tem quase tudo para renovar o contrato de realização do GP de
F-1. Quanto aos cariocas que insistiram no projeto do novo autódromo de
Deodoro, não pense que eles aprenderam a lição: só ficaram um pouco menos
“ambiciosos”. A meta agora é tentar trazer a Formula-E para o Rio de Janeiro, o
que deve ser bem mais plausível, já que a categoria de carros elétricos só
corre praticamente em pistas de rua, e há várias áreas na capital fluminense
que poderiam servir para sediar uma corrida dessas, sem arrumar tanta confusão.
O problema é que tem muita gente na “fila” para sediar uma prova do certame,
então o Rio precisará pegar um lugar entre os pretendentes, e ser bem
competente para “vender” a idéia de um ePrix em terras brasilis, e aí o bicho
volta a pegar de novo, pois eficiência é algo que anda bem em falta por aqui...
Nico
Hulkenberg: O piloto alemão, dispensado pela Renault para a próxima temporada,
parece já encarar a possibilidade de ter um ano sabático em 2020, uma vez que
não conseguiu achar um lugar para competir. Uma pena para o piloto, que se não
foi brilhante na pista como dava a entender na sua estréia, infelizmente é mais
um daqueles inúmeros casos de pilotos que não deram sorte na F-1. Em
praticamente 10 anos na categoria máxima do automobilismo, Nico nunca conseguiu
subir ao pódio, enquanto pilotos com carros menos competitivos tiveram esta
sorte. Nico tem a seu favor também o fato de raramente se envolver em confusões
na pista, o que só aumenta a indignação de alguns quando se vê a Hass, com uma
dupla titular problemática, renovar seus contratos para mais uma temporada,
sendo que Hulkenberg era até cogitado para ir para o time norte-americano,
antes de surgir essa. O piloto fala na possibilidade de retornar em 2021, mas a
hipótese parece bem remota, pois ficar um ano longe da categoria reduz e muito
as chances de um regresso. Não é impossível, mas dificulta tudo. Indycar, DTM,
Endurance, parece que o alemão não deu sorte em arrumar um lugar nas outras
categorias de competição, e saíra da F-1 pela porta dos fundos...
Sébastien
Bourdais: O piloto francês, que em seus bons tempos foi tetracampeão da antiga
F-Indy, e que nos últimos anos vinha defendendo a modesta equipe Dale Coyne,
chegando até mesmo a vencer algumas corridas no campeonato da Indycar, está a
pé para a próxima temporada da competição norte-americana. O motivo é que seu
time, com o orçamento apertado, resolveu procurar por pilotos que tragam mais
patrocínio para o time poder competir em 2020, e com isso, Bourdais, apesar de
sua qualidade como piloto, e dos bons resultados que já deu à escuderia, acabou
rifado, e terá de procurar um novo lugar se quiser alinhar no grid do certame
no próximo ano. Uma pena acontecer tal coisa, mas isso apenas mostra que o
dinheiro vem cada vez mais se sobrepondo ao talento, mesmo em uma categoria de
custos bem mais acessíveis como a Indycar. Totalmente a pé Sébastien não deverá
ficar, já que seu nome é cotado para participar do campeonato do IMSA Wheater
Tech, o campeonato de Endurance dos Estados Unidos, onde já competem alguns
pilotos que deixaram a Indycar, como o brasileiro Hélio Castro Neves e o
colombiano Juan Pablo Montoya.
Globo
fica sem Reginaldo Leme: Em um acontecimento de última hora, o jornalista e
comentarista Reginaldo Leme, que tinha mais de 40 anos de serviços prestados na
TV Globo, pediu para deixar a emissora, e já não estará presente nem mesmo na
transmissão da última corrida de F-1 da temporada, no próximo final de semana,
o GP dos Emirados Árabes Unidos, em Abu Dhabi. A se confirmar, Reginaldo
estaria incomodado com as atuais condições de trabalho e tratamento na TV
Globo, e resolveu sair, tendo como último trabalho a transmissão da etapa de
Goiânia no último dia 24 deste mês. Reginaldo começou a acompanhar a F-1 em
1972, primeiro como repórter do jornal “O Estado de São Paulo”, e em 1978,
estreou na TV Globo, onde esteve até agora, tendo coberto principalmente a F-1,
mas também estando presente em diversos outros eventos esportivos. Com mais de
500 GPs de F-1 acompanhados “in loco”, a Globo perde um profissional de
inestimável qualidade e conhecimento, mas diante da falta de respeito que a
emissora tem há tempos para com o telespectador, e especialmente para o fã de
automobilismo recentemente, a emissora cai ainda mais no conceito dos fãs, que
já não era dos melhores, e que tem tudo para decair ainda mais. Quanto a
Reginaldo, se resolver se aposentar, terá cumprido com seu dever durante quase
50 anos acompanhando o automobilismo. Se ainda permanecer na ativa, certamente
achará outro lugar para prestar seus serviços, que serão muito bem reconhecidos
por quem entende de fato do mundo do esporte a motor.
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