sexta-feira, 8 de março de 2019

HORA DE ACELERAR FUNDO

A MotoGP dá sua largada na pista do Catar, com Marc Márquez lutando pelo hexacampeonato.

            Começou o mês de março, e com ele, alguns dos mais relevantes campeonatos do mundo do esporte a motor iniciam suas disputas, e neste final de semana, temos as etapas iniciais da Indycar e da MotoGP para satisfazer a sede de emoções dos fãs da velocidade.
            Começando pela disputa nas duas rodas, a classe rainha do motociclismo, junto às suas categorias de acesso, a Moto2 e a Moto3, iniciam hoje na pista de Losail, no Catar, os primeiros treinos oficiais para a etapa do Catar, que abre os campeonatos das classes de disputa do motociclismo mundial. Na MotoGP, a principal, a Fórmula 1 do motociclismo, a perspectiva é de mais um ano de boas disputas na pista, homem a homem, pelas melhores colocações.
            Marc Márquez, o novo pentacampeão mundial, é mais uma vez o homem a ser batido, e não tenham dúvidas de que a “Formiga Atômica” partirá em busca do hexacampeonato. Pilota para um dos principais times da categoria, o time oficial da Honda, e está bem mais tático e cerebral, além de continuar absurdamente rápido ao volante de uma moto. Sem deixar de ser arrojado, Marc lutará sempre pela vitória se sentir condições de fazê-lo, enquanto tentará sempre marcar as melhores posições possíveis se a vitória estiver fora de alcance. Mas o pentacampeão ainda não está 100% recuperado de uma cirurgia que fez no ombro no período intertemporadas, e ele mesmo já admitiu que só deverá estar plenamente recuperado na segunda etapa da competição, na Argentina, o que não significa que ele não tentará dar tudo de si para sair de Losail provavelmente com mais uma vitória, e a liderança do campeonato. Mas ele vai ter vários pretendentes a superar neste fim de semana para conseguir tal intento.
            E o primeiro adversário e Márquez está bem ao seu lado, no box da Honda. É Jorge Lorenzo, que depois de dois anos para esquecer na Ducati, onde foi superado com folga por Andrea Dovizioso, quer restaurar seu status de piloto vencedor e campeão. Para Márquez, que desde que estreou pela Honda sempre deixou seu antigo companheiro Dani Pedrosa na sobra, será uma experiência interessante contar com um companheiro de equipe que pode realmente pressioná-lo na pista. Mas isso ainda vai depender da adaptação de Lorenzo à RC213V, e à recuperação do piloto espanhol, que fraturou o pulso num treino particular no período intertemporadas, precisando fazer uma cirurgia para corrigir o problema, que o deixou de fora da sessão coletiva de testes da Malásia, e certamente lhe roubou tempo importante para se acostumar com as reações e comportamento do novo equipamento. Isso pode significar dificuldades adicionais para Lorenzo no início deste campeonato, já que em tese ele estará menos sintonizado com sua moto do que Márquez, que deve sair em vantagem no princípio. O problema pode vir depois: se Márquez disparar na frente, a tarefa de alcança-lo será bem mais complicada, pois Marc não é o tipo de piloto que deixa os rivais tentarem uma reação se tiverem chance. E será um teste duro para Lorenzo: se ele levar mais tempo do que se espera para render tudo com a moto da Honda, e levar um banho de Márquez, sua imagem de piloto vencedor pode sofrer um estrago considerável.
            E isso também leva em consideração o ambiente interno na Honda. Lorenzo certamente não aceitará com passividade ser superado por Márquez, e este, por sua vez, não pretende baixar a guarda para o novo companheiro de equipe. Quanto tempo levará para o clima entre os dois azedar tem sido uma das apostas preferidas da imprensa especializada, dado o retrospecto de Jorge na Yamaha e na Ducati. Para complicar ainda mais, Márquez diz que está pronto para encarar um companheiro de equipe forte e testar sua força, e estando plenamente adaptado ao equipamento da Honda, Lorenzo terá um desafio e tanto pela frente, com a possibilidade de ambos soltarem faíscas se começarem a duelar roda a roda nas corridas, disputando posição entre eles. E o público está ávido por ver este duelo pegar fogo, e que tem tudo para ser um dos chamarizes da competição.
Depois de dois anos como vice-campeões, Andrea Dovizioso (Nº 04) e a Ducati querem o título da MotoGP.
            Na Ducati, Andrea Dovizioso parte mais uma vez em busca do título, perdido na luta dos últimos dois anos para Márquez. A Desmosedici continua a ser uma moto forte, e embora o vice-campeão do ano passado mantenha uma postura mais comedida, que ninguém duvide se ele continuar infernizando Márquez nas corridas. Mas vai precisar ser bem constante, e não cometer erros como o do ano passado, se quiser triunfar de vez. Ao menos o ambiente interno na Ducati será bem mais calmo e cordial, com Danilo Petrucci ao seu lado, cujo principal objetivo será aproveitar sua oportunidade de guiar uma moto de ponta, e se firmar como piloto do primeiro pelotão das corridas. Com contrato para apenas este ano, Petrucci certamente vai evitar entrar em atrito com Dovizioso, que está ajudando o novo parceiro em tudo o que pode, demonstrando um companheirismo e camaradagem que não teve com Jorge Lorenzo quando dividiram a escuderia.
            E fica a dúvida se a Yamaha, depois de dois anos de resultados abaixo do esperado, vai se recuperar este ano. A julgar pelo que vimos nos testes em Losail, parece que o time dos três diapasões conseguiu acertar o seu ritmo, e se desembaraçar dos problemas de eletrônica e tração que os infernizou desde meados da temporada de 2017. Já nos 40 anos, Valentino Rossi ainda mostra dedicação e disposição maior que muitos pilotos mais jovens, e mostra que ainda tem muita lenha para queimar, alinhando consistência, experiência, e velocidade. Se o equipamento não o deixar na mão, ele vai vir com tudo, e seu companheiro de equipe Maverick Viñalez também vai querer mostrar o seu cartão de visitas, como fazia na Suzuki. Ficar à sombra do “Doutor” não é uma das opções do piloto espanhol.
            E o ex-time de Viñalez, a Suzuki, parece determinada a infernizar os favoritos, já que Alex Rins mostrou constância e velocidade nos testes de Losail, e vai querer se intrometer na briga por pódios e quem sabe vitórias. Com um companheiro de equipe inexperiente ao seu lado, Rins deverá concentrar as atenções da Suzuki pelos melhores resultados, e não pretende deixar a chance escapar, principalmente pela boa evolução que seu time mostrou do fim da temporada do ano passado pra cá. Um pouco mais atrás, vem a KTM, que continua melhorando pouco a pouco, e tem como meta ter na classe rainha do motociclismo o mesmo sucesso que colecionou por anos no rali Dakar. O time austríaco já conseguiu deixar o fim do grid para trás, mas à medida que tenta chegar mais à frente, percebe que as dificuldades aumentam, e vai ser preciso ainda muito esforço para conseguir destronar os rivais já estabelecidos. Mas paciência não lhes falta, e uma hora a persistência e determinação renderão frutos. E quem sabe consigam mostrar uma evolução mais significativa já este ano?
            Vai ser um bom pega, e com todos os ingredientes para uma disputa que promete vários duelos e disputas. E veremos quem irá receber a bandeirada em primeiro lugar na noite do deserto catariano neste domingo. A transmissão da prova começa às 14 horas, pelo fuso horário de Brasília, no canal pago SporTV2, que a partir das 10:30 mostrará as provas de estréia da Moto2 e Moto3.
            À tarde, é hora da Indycar dar a largada para o seu campeonato. E ao menos para quem vai acompanhar a transmissão pelo canal pago Bandsports, o ponto positivo é que emissora irá exibir antes da corrida um especial sobre a temporada, primeiro às 9 da manhã, e depois às 12:30 Hrs. Logo a seguir, irá apresentar o programa Supermotor, apresentado por Celso Miranda, com as principais notícias da semana no mundo da velocidade, e com destaque para o campeonato da Indycar. Miranda, aliás, reassume como comentarista das transmissões do campeonato na Bandeirantes e Bandsports, ocupando o lugar que nos últimos anos foi de Felipe Giaffone, que se desligou da emissora, e hoje integra a equipe do SporTV na área de automobilismo. Eduardo Vaz, que assumiu a narração no ano passado, após a emissora dispensar Téo José, continua narrando as corridas, e espera-se que esteja mais familiarizado com o campeonato. Ao menos, a emissora fez a reposição da saída de Giaffone pelo nome mais óbvio e racional, uma vez que Miranda conhece a fundo as categorias Indy, tendo começado como comentarista na segunda metade dos anos 1990, no SBT, quando transmitia a antiga Indy.
Tony Kanaan vai para sua segunda temporada na Foyt esperando por melhores dias.
            Quem tiver somente o canal aberto, verá apenas a transmissão da corrida de São Petesburgo ao vivo, a partir das 14:30, que será transmitida também pelo Bandsports. Pelo cronograma da emissora, pelo menos 6 das 17 corridas deverão ser exibidas no canal aberto, ficando as outras provas no Bandsports. Mas os fãs da velocidade terão uma novidade na área de transmissão da Indycar este ano, com a entrada da plataforma de streaming DAZN, que vai transmitir as 17 corridas da temporada 2019 para o Brasil. O novo acordo da DAZN não afeta os direitos da Bandeirantes, já que estes são relativos à TV, enquanto a DAZN é um sistema de streaming de internet, que tem como destaque a transmissão de vários outros campeonatos esportivos, como vários campeonatos de futebol mundo afora. Resta esperar que façam um trabalho decente, oferecendo ao público fã da velocidade uma opção além do trabalho desenvolvido pela Bandeirantes, que nos últimos anos deixou muito a desejar, especialmente na divulgação da competição e cobertura de notícias, e ainda tendo presenteado o telespectador com seu esquema meio roleta russa de transmissão das corridas ora em canal aberto, ora em canal fechado.
            As ruas da cidade de São Petesburgo, no Estado da Flórida, abrem novamente o campeonato, e na luta pelo título, a disputa deve se polarizar entre Penske, Ganassi, e Andretti, os três principais times do grid, com especial destaque para Scott Dixon, que contrariando as expectativas no ano passado, conseguiu manter a Ganassi viva na disputa, e faturou o pentacampeonato, desbancando Alexander Rossi, que levou o time de Michael Andretti de volta à disputa do título após alguns anos de ausência, tendo ficado à sombra dos embates dos times de Chip Ganassi e Roger Penske. E Dixon é o homem a ser batido, e não se pode bobear com o neozelandês, que sabe aproveitar todas as oportunidades que surgem nas corridas, mesmo que não tenha carro para disputar a vitória, como mostrou no ano passado.
Scott Dixon, da Ganassi, é o atual campeão (acima), mas vai sofrer marcação cerrada dos rivais, como Josef Newgarden (abaixo) e da Penske.
            Em contrapartida, a Penske quer recuperar o trono de campeã, tendo ficado um pouco atrás do duelo Dixon X Rossi, apesar de ter um trio de campeões em sua esquadra. Josef Newgarden é um piloto que não pode ser subestimado, e Will Power também não costuma brincar em serviço, e ambos estão ávidos por mais um título, e devem ser adversários bem difíceis na pista. Simon Pagenaud, por outro lado, anda um pouco apagado nos últimos tempos, mas pode acordar este ano, e lutar por mais um título. E olhe que Roger Penske pode repensar sua decisão de ter mandado Hélio Castro Neves para o campeonato do IMSA Wheater Tech Sportscar se o francês tiver outro ano meio apático como 2018. Helinho, aliás, está confirmado novamente para as corridas em Indianápolis, tanto no misto, como nas 500 Milhas, onde tentará novamente uma nova vitória.
            Em tempo integral, teremos apenas novamente Tony Kanaan e Matheus Leist como representantes nacionais no grid, mais uma vez defendendo a Foyt Enterprises. O time iniciou uma reestruturação no ano passado, que espera-se começar a dar frutos este ano, embora Kanaan admita que ainda há muito trabalho a ser feito até que a escuderia possa almejar melhores resultados. O próprio time sabe que não deu a seus pilotos as melhores condições no ano passado, e por isso mesmo, não hesitou em renovar os contratos de ambos, para que tenham chance decente de mostrar o que sabem. Mas dada a competitividade da categoria, melhor não esperar muita coisa de nossos pilotos, pelo equipamento que terão à sua disposição.
            Vice-campeão no ano passado, Alexander Rossi quer ir à forra este ano, e desbancar Dixon, mostrando todo o seu arrojo e combatividade. Mas ele deverá ter pela frente o trio da equipe Penske a querer também o título, o que pode complicar a disputa, que tem tudo para ser bem acirrada. Estes devem ser os principais protagonistas do campeonato, não podendo esquecer que sempre existe a possibilidade de alguém mais entrar na festa, com um pouco de sorte, e um esquema razoável de competição dos outros times, como na Dale Coyne, Carpenter, e Schmidt-Peterson, e até mesmo a Rahal/Letterman/Lannigan. Muita coisa pode acontecer nas 17 provas do ano.
Hélio Castro Neves disputará novamente as corridas em Indianápolis.
            Provas, aliás, que terão como destaque a estréia das pistas de Laguna Seca e do Circuito das Américas. Laguna Seca sediou pela última vez uma corrida de categoria Indy em 2004, na antiga Indy, corrida que foi vencida por Patrick Carpentier, da Forsythe. Do grid atual, apenas Sebastien Bourdais, Tony Kanaan e Scott Dixon correram lá. E a pista de Austin, que recebe a F-1 e a MotoGP, agrega agora a principal categoria de monopostos dos Estados Unidos, numa etapa que inevitavelmente terá muitas comparações especialmente com a F-1, por correr na mesma pista que a categoria máxima do automobilismo.
            E ainda temos a disputa Chevrolet X Honda no campeonato, com a marca japonesa a desfrutar de um momento de superioridade na disputa, mas sem poder relaxar, pois a Chevrolet quer o trono de volta, e contará com a força da Penske para isso. Vai ser um fim de semana bem cheio para o fã da velocidade, e não ficará somente nisso. Acabaram-se as férias. E vamos para as competições de 2019! É hora de pisar fundo!


Com as motos entrando na pista do Catar hoje para os primeiros treinos, a Dorna confirmou a extensão da renovação do contrato da pista de Losail para continuar recebendo a etapa da MotoGP e suas categorias de acesso. O novo acordo garante a realização da prova até 2031, ou seja, por mais de uma década ainda veremos os competidores acelerarem nas duas rodas no autódromo do deserto catariano, onde disputaram o primeiro GP no já distante ano de 2004, sendo que a partir de 2008, a prova passou a ser disputada à noite, um dos seus grandes destaques no calendário da categoria.


Na madrugada deste domingo, pelo horário de Brasília, é a Formula-E quem acelera, em mais uma etapa do campeonato, com a etapa de Hong Kong, na China. O traçado do ePrix do antigo protetorado britânico tem 1,86 Km de extensão, com pelo menos uma boa reta para se tentar ultrapassagens após um hairpin, uma vez que o restante da pista é bem truncada e não deve ser muito favorável às ultrapassagens. E quem chega embalado para tentar continuar sua ascenção no campeonato é o brasileiro Lucas Di Grassi, vencedor da última etapa, na Cidade do México, que já está com os líderes da competição em sua alça de mira, ocupando no momento a 4ª colocação. Mas o certame dos carros de competição elétricos vem mostrando um bom equilíbrio, com 4 vencedores diferentes até agora nas 4 corridas disputadas, e pelo andar de alguns competidores, não será nada impossível assistirmos a um novo vencedor diferente, dependendo do que acontecer na prova. A corrida será transmitida ao vivo pelo canal pago FoxSports a partir das 4:30 Hrs. da madrugada.

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