quarta-feira, 8 de agosto de 2018

ARQUIVO PISTA & BOX – JUNHO DE 1998 – 19.06.1998


            Hora de trazer mais um de meus antigos textos aqui no blog, e essa coluna foi publicada em 19 de junho de 1998. Mais de vinte anos atrás, por algumas semanas. O assunto era o campeonato da F-CART, a Indy original, e as fofocas que circulavam sobre a dança das cadeiras nas equipes da categoria, com muitas especulações e histórias que surgiam a todo instante. Como de costume, nem todas se confirmaram, enquanto outras surpresas surgiriam algum tempo depois, delineando o perfil das escuderias para o ano de 1999. Entre as confirmações, a aposentadoria de Bobby Rahal como piloto, passando a se concentrar apenas como dono de sua equipe. Entre as surpresas, a ida de Alessandro Zanardi, já bicampeão da categoria, para a equipe Williams na F-1, onde infelizmente viveria, ele e os torcedores, uma tremenda desilusão no ano seguinte. Outra surpresa foi a aposentadoria de André Ribeiro, que pendurou seu capacete muito cedo, para se tornar sócio de Roger Penske em iniciativas empresariais do seu então patrão na equipe Penske no Brasil. De quebra, alguns tópicos rápidos sobre a F-1, e alguns acontecimentos na semana. Uma boa leitura a todos, e em breve, trago mais textos antigos por aqui, como de costume...


DANÇA DAS CADEIRAS

            A F-CART disputa neste domingo o GP de Portland, no belo circuito de Portland International Raceway, o primeiro circuito misto da temporada. Ano passado, neste circuito, tivemos a chegada mais disputada da temporada, com Mark Blundell, Gil de Ferran e Raul Boesel cruzando a linha de chegada praticamente emparelhados. Blundell levou a melhor, e por uma fração mínima, ficou com a vitória, deixando Gil na segunda posição e Boesel em terceiro.
            Esta etapa é considerada praticamente o meio da temporada, mais pelo tipo de circuito que passará a predominar agora. Depois de um começo cheio de pistas ovais, com apenas uma prova em circuito de rua (Long Beach), o campeonato entra agora numa fase de circuitos urbanos e mistos, iniciado semana passada com a prova de Detroit. Daqui até o fim do campeonato só haverá mais duas corridas em pistas ovais, que são Michigan e Fontana, onde serão disputadas provas de 500 milhas.
            Disputas de pista à parte, os bastidores da categoria começam também a ferver com a possibilidades de trocas de pilotos. Boatos e notícias não-confirmadas surgem a todo instante. De concreto mesmo, só a aposentadoria de Bobby Rahal ao fim da temporada, o que abre uma vaga na equipe Rahal Racing. Bryan Herta segue no time, e entre os nomes cotados para a outra vaga está Jimmy Vasser. Mas outro nome bem cotado é o do brasileiro Guálter Salles, especialmente depois do seu espetacular desempenho em Long Beach com o carro da modesta Payton/Coyne. Nem mesmo o atual campeão e líder do campeonato, Alessandro Zanardi, está confirmado na Ganassi para 1999. Tudo indica que tanto o italiano como Vasser, atual dupla de pilotos do time, pode trocar de ares no próximo ano, como também pode renovar e continuar por mais uma temporada na Chip Ganassi. O velho Chip não é conhecido por pagar bons salários a seus pilotos, e se mantiver o pão-durismo, pode perder a sua excelente dupla de pilotos. Fica, porém, a dúvida: a Ganassi dá a entender que, pelo terceiro ano consecutivo, possui o melhor conjunto técnico da F-CART. Embora ninguém garanta que o time vá ainda ter um carro tão bom em 1999, também nada confirma que os demais times vão ter carros superiores. Fica a dúvida de ganhar menor, e continuar disputando o título com um carro supercompetitivo, ou tentar a incerteza de recomeçar a disputa em uma nova escuderia.
            Michael Andretti deve continuar firme na Newmann-Hass, mas Christian Fittipaldi começa a ter sua vaga ameaçada. A equipe alega falta de resultados, o que é uma inverdade, pois Christian tem enfrentado azares diversos e muitos deles totalmente fora de seu controle, como as quebras em diversas etapas, ou as trapalhadas do time. E Michael Andretti também poderia ser mais cobrado, pois já perdeu várias chances de pontuar devido ao seu excesso de ousadia, o que resultou em acidentes diversos e algumas vitórias em potencial que foram para o brejo.
            Na Penske, a atual dupla Al Unser Jr. e André Ribeiro é tida como certa. E o trabalho de desenvolvimento do chassi Penske exige a continuidade dos pilotos para dar sentido ao desenvolvimento do projeto. Na Forsythe, Greg Moore segue firme, mas Patrick Carpentier está ameaçado, depois de diversas provas que foram jogadas para o ar por sua impetuosidade, como em Milwaukee. Na Green, nada está certo entre Paul Tracy e Dario Franchiti. A PacWest deve manter os seus pilotos, que esperam encontrar dias melhores ainda este ano, depois dos bons momentos vividos em 1997.
            Gil de Ferran, até declaração em contrário, segue firme na Walker. Tony Kanaan e Hélio Castro Neves também devem ficar onde estão. Já nos times menores da categoria, a dança das cadeiras é mais agitada, podendo ocorrer trocas a qualquer instante.
            No momento, como se pode ver, não há nada muito certo em relação às mudanças de pilotos entre os times, mas tudo indica que mais à frente a coisa deve pegar fogo, a se confirmarem os muitos boatos que circulam pelos bastidores...


Todos os times da Fórmula 1 estiveram presentes esta semana em Magny-Cours, onde no próximo fim de semana disputa-se o Grande Prêmio da França. Como não poderia deixar de ser, as McLaren andaram sempre na frente, seguidos de perto por Michael Schumacher, que volta a declarar que pretende vencer a prova francesa e iniciar a luta pelo tricampeonato. Depois de uma declaração dessas, e de ver o que o piloto alemão fez em Montreal, fico imaginando o que Schumacher será capaz de fazer para vencer a corrida...


No quesito fabricante de pneus, 1999 deverá ser território por completo da Bridgestone na F-1, já que a Goodyear reafirmou que abandona mesmo a categoria. Já a Michelin, ao que tudo indica, não tem planos de retornar à F-1, pelo menos no ano que vem, mas surgem alguns boatos de que isso poderá acontecer no ano 2000...


Jacques Villeneuve, dizem alguns boatos, estaria aprendendo a ser mais paciente ultimamente. Depois de se debater com uma Williams menos competitiva em diversas provas este ano, o canadense já deve ter sentido que aceitar o desafio de pilotar para a nova equipe BAR nas próximas temporadas poderá ser uma tremenda fria, e por causa disso, já estaria se preparando para encarar uma entressafra de vitórias e aguardar pela nova união Williams/BMW...


Uma hora tinha de acontecer, e a F-3 inglesa finalmente conheceu um vencedor não-brasileiro na atual temporada, em sua 9ª etapa. Desta vez, o triunfo ficou para um britânico, Darren Manning, mas não foi muito motivo de comemoração para os ingleses, pois Mário Haberfeld ficou em 2º lugar, enquanto Ricardo Maurício terminou em 4º. No campeonato, Enrique Bernoldi continua o líder disparado, só que Haberfeld agora assumiu a vice-liderança do campeonato.

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