sexta-feira, 31 de agosto de 2018

PRESSÃO VERMELHA

Sebastian Vettel comemora a vitória em Spa-Francorchamps. Piloto alemão superou Lewis Hamilton ainda na primeira volta (abaixo) e mostrou a força da Ferrari na luta contra a Mercedes, que sentiu o golpe.

            O campeonato de Fórmula 1 voltou das férias de verão europeu com o sinal vermelho dando o tom do que pode ser esta segunda metade da temporada, para desespero das hostes prateadas do time da Mercedes, que viu Sebastian Vettel vencer a corrida da Bélgica com grande facilidade, e sem dar chances a Lewis Hamilton de surpreendê-lo em algum momento, como ocorrera no treino de classificação, quando a chuva resolveu dar o seu tradicional ar da graça na região das Ardenhas, permitindo ao inglês marcar a pole-position.
            A Ferrari já tinha dado mostras de ter o melhor carro nas últimas provas antes da pausa de verão, e só não confirmou seu domínio em virtude de circunstancias e erros alheios. Vettel triunfou em Silverstone e deu o recado: a parada agora iria ser pautada pelo time italiano, e não pela escuderia alemã; Mas, quando tudo caminhava para novo triunfo na corrida seguinte, em Hockenhein, a chuva marota acabou fazendo Vettel cometer um erro grosseiro e abandonar a corrida, permitindo o triunfo de Hamilton. Na Hungria, mais uma vez São Pedro interviu, permitindo ao inglês marcar a pole e sair na frente no circuito magiar, que como todos sabem, é tremendamente difícil de se ultrapassar quem vai à frente, permitindo à Mercedes novo triunfo, e até colocando em xeque o favoritismo teórico que o time de Maranello havia conquistado com sua excelência técnica.
            O modelo SF71-H continuava a ser o melhor conjunto do grid, tanto em chassi quanto em motor, mas a Mercedes revidava com o piloto mais aguerrido do grid, e melhor aproveitamento das oportunidades de corrida. Com isso, a escuderia alemã partiu para as férias de verão europeu com alguma tranquilidade, enquanto a Ferrari poderia ficar batendo cabeça como já fez tantas vezes, quando tinha a faca e o queijo na mão, e se embananava sozinha. E a chance poderia ter sido irremediavelmente perdida, pois quem não garantia que a Mercedes poderia trabalhar no modelo W09, e conseguir evoluir seu carro e torna-lo mais forte que o da Ferrari? Se isso acontecesse, o baque seria ainda mais contundente em Maranello, que poderia ver outro campeonato em potencial ir parar nas mãos da rival prateada, e continuar mais um ano na fila.
            E o que vimos em Spa-Francorchamps foi uma Ferrari tinindo, que só não dominou mais ainda a prova belga porque, na confusão da largada, Kimi Raikkonen acabou atingido, e seu carro sofreu avarias que acabaram levando ao seu abandono, em uma pista onde o finlandês costuma andar muito rápido, e tinha boas chances de fazer dobradinha com Vettel, já que o time não permitiria que ele vencesse a corrida, já que está concentrado unicamente no piloto alemão para o título. Se a chuva aparecesse no domingo, como muitos esperavam, a briga com a Mercedes poderia ser mais complicada, e arriscada, pois Hamilton parece ter muito menos embaraço em pilotar no molhado que Sebastian atualmente. Mas, como nada de anormal aconteceu, salvo o incidente na largada entre Nico Hulkenberg, Fernando Alonso e Charles LeClerc, com consequências para alguns outros pilotos, Vettel resolveu partir para o ataque desde o apagar das luzes vermelhas, e na reta Kemmel, em um trecho de alta velocidade e aceleração plena, já deixou Hamilton para trás, mais cedo do que todos imaginavam. E a partir daí, o piloto alemão controlou a corrida como quis.
            Hamilton, após o pit stop, até encostou no rival, mas Sebastian acelerou fundo para mostrar que o inglês não deveria se entusiasmar muito, e abriu distância. Lewis, ciente de que não teria condições de forçar a disputa pela liderança sem comprometer seu equipamento, resolveu então acomodar-se no segundo lugar, e assim foi até receber a bandeirada 11s atrás do piloto da Ferrari, que chegou à sua 52ª vitória na F-1, superando Alain Prost, e ficando atrás apenas de seu conterrâneo Michael Schumacher e do rival Lewis Hamilton. E o sinal vermelho acendeu com força em Brackley, mostrando que as inovações que eles desenvolveram nas férias de verão não funcionaram como eles esperavam, e a Ferrari está mais forte do que nunca.
Atingido por trás por Nico Hulkenberg na largada, o McLaren de Fernando Alonso voou por cima do Sauber de Charles LeClerc. Felizmente, ninguém se feriu, mas sobrou problemas para vários pilotos, que acabaram abandonando a prova belga. 
            Era tudo o que os tiffosi queriam ouvir, até porque a corrida seguinte é aqui em Monza, palco do Grande Prêmio da Itália, e que deverá estar mais lotado do que nunca pelos torcedores ferraristas. E a escuderia de Maranello não pretende deixar brechas para o rival aprontar alguma. Maurizio Arrivabene, diretor da equipe italiana, já deu a ordem: manter pressão sobre a Mercedes, e de preferência, esmagar a rival na pista sem dó nem piedade. No ano passado, Hamilton havia ganho na Bélgica, e Vettel fez uma grande corrida, pressionando o rival, chegando em 2º lugar. Isso entusiasmou a torcida para a corrida em Monza, mas o que se viu aqui foi Hamilton partindo para uma vitória arrebatadora, e assumindo a dianteira no campeonato, que até então estava defendida bravamente por Vettel. Foi a virada decisiva para Hamilton marchar para o título de 2017, no que teve ajuda também de alguns azares da Ferrari nas corridas seguintes. Mas, no ano passado, ainda que pouca, a Mercedes tinha um carro melhor do que os italianos.
            Agora a situação é diferente: é a Mercedes que precisa correr atrás. E Arrivabene sabe que esse é o problema do time alemão, pois desde o início da nova era turbo híbrida, a escuderia prateada dominou as temporadas, com percalços apenas ocasionais, vendo sua dupla de pilotos duelar entre si pelo título. Só no ano passado a Ferrari conseguiu realmente ameaçar a supremacia da Mercedes, mas a equipe de Brackley conseguiu dar conta do recado, mantendo seu carro competitivo e forte, e errando bem menos que a escuderia italiana. Este ano, o buraco é bem mais embaixo: o modelo W09 não é fraco, e até começou bem o ano, mostrando-se eficiente, mas sem ostentar vantagem sobre o modelo SF71-H. Desde o início da temporada, já se via que Hamilton e Valtteri Bottas teriam dificuldades para sobrepujar os pilotos do time italiano. E apesar da boa performance do carro prateado, foi a Ferrari que começou melhor a temporada, aproveitando-se de percalços e acontecimentos inesperados que surgiram, surpreendendo os alemães, que só foram se reencontrar em Baku, na quarta prova, e obtendo uma surpreendente vitória em Barcelona. Parecia que o duelo seria equilibrado, sem favoritos destacados entre um time e outro. A batalha pelo título da temporada tinha tudo para ser renhida.
            Só que a partir do Canadá, quando a Ferrari estreou uma nova versão de sua unidade de potência, tudo ficou muito mais complicado para a Mercedes, que até conseguiu ir tocando a situação, aproveitando-se dos acontecimentos e circunstâncias para não apenas equilibrar a balança da disputa, como até se distanciar um pouco. Só que, em algum momento, tudo pararia de dar errado na Ferrari. E isso aconteceu com Vettel na Bélgica, onde a perda da pole em um circuito com vários pontos favoráveis a ultrapassagens foi um revés mínimo. E tudo indica que, se não houve nada de anormal, a tendência é que os carros vermelhos voem aqui nas retas do Parque de Monza.
            Monza é uma pista de potência bruta, onde os propulsores são exigidos a fundo, com 70% da volta feita em aceleração plena. Hamilton fala que deverá ter menos problemas aqui do que na Bélgica, apesar de Spa ser uma pista veloz e que exige também muito dos motores. Só que Spa também tem várias curvas, algumas delas bem fechadas, como a La Source, o que exige também equilíbrio do carro, e um acerto aerodinâmico que torne o monoposto ágil nestas curvas, e não penalize a velocidade de ponta nas retas. Monza tem poucas curvas, e a maioria é de alta velocidade, e as poucas chicanes também não exigem muito do equilíbrio dos carros. Todos os competidores usam o mínimo de asa nesta pista, o que demonstra o quão essencial é a velocidade bruta dos carros.
            Se o equilíbrio do monoposto não é tão exigido, essa pode ser a desculpa para a Mercedes ter mais chances contra a Ferrari aqui, mas o problema não se resume a isso: a unidade de potência do time italiano já conseguiu superar a da Mercedes, e com mais potência, Vettel e Raikkonen deverão voar ainda mais baixo nas retas de Monza. Sim, a Mercedes vai ter trabalho aqui para enfrentar sua rival vermelha, que vai fazer de tudo para continuar tirando o sono dos prateados durante todo o final de semana. Toto Wolf já acusou o golpe, e diz que o time precisa manter a cabeça fria e permanecer unido. Já se fala até em usar Bottas oficialmente como segundo piloto, oficializando uma condição que, na prática, já impuseram ao finlandês há várias corridas. Mesmo nos momentos mais complicados do ano passado, isso nunca foi discutido abertamente. Realmente, os tempos mudaram, e de favorita, a Mercedes agora virou a desafiante. E será que conseguirá reagir à altura nesta nova condição? Arrivabene aposta que não, e por isso mesmo, a ordem é atacar, de modo a desestabilizar de vez a rival, e não permitir um revide como ocorreu em 2017, quando foi o time italiano que desandou em momentos decisivos.
            Mas, pelo sim, pelo não, há outra ordem no time italiano, e diz respeito a não se empolgarem com o momento. Momento de superioridade técnica à parte, Hamilton e a Mercedes ainda lideram os campeonatos de pilotos e construtores, respectivamente, lembrando que erros precisam ser evitados a qualquer custo, sob pena de dar aos rivais oportunidades valiosas que lhes permitam virar novamente o jogo. E ele tem razão: se Hamilton, mesmo com a Ferrari tendo um carro bem melhor, for novamente campeão, terá um efeito catastrófico na escuderia de Maranello, pela perda de um campeonato que tinha praticamente tudo para vencer de lavada até. E Lewis já mostrou que pode ser bem perigoso aproveitando-se destes lapsos dos concorrentes. Portanto, nada de clima de “já ganhou”, mesmo estando aqui em Monza, onde a torcida certamente está esperando um novo triunfo dos carros vermelhos. E Vettel, igualmente tetracampeão como Lewis, ser superado pelo inglês em número de títulos? Não creio que Sebastian seja fraco para deixar que isso o desestabilize, mas outra derrota, e nestas condições, onde enfim tem novamente o favoritismo para ser campeão, pode fazer um estrago na autoestima do piloto. Mas o maior impacto será mesmo na Ferrari, que estará sendo cobrada pela torcida mais do que nunca, e que não perdoará uma derrota se esta for consequência de erros do time.
            Por isso mesmo, tanto a Ferrari quando a Mercedes estão bem pressionadas aqui em Monza. A Mercedes quer provar que o momento de superioridade dos rivais vermelhos não é tudo o que se viu em Spa, e que ainda pode lutar contra a Ferrari. Mas já sentindo o gosto de não ser mais a favorita dos últimos anos. E o time de Maranello tendo de tomar cuidado para que o bom momento não vire um pesadelo por algum acontecimento ou circunstância inesperada, e principalmente, não se permitir nenhum erro. Arrivabene definiu bem o tom ao falar que nos últimos anos a Mercedes infringiu derrotas dolorosas a eles, e que agora, é o momento de devolver-lhes essas derrotas. Seu otimismo decorre do fato de que eles já sabem o que é perder, mas a Mercedes não, e por isso, eles estão despreparados para encarar a dificuldade desta nova realidade. Blefe ou ameaça real?
            O desafio está lançado. Só espero que renda uma corrida mais disputada que a do último domingo, por que a prova belga não foi lá das mais empolgantes, em termos de disputas na pista...


A situação parece estar mesmo complicada para a Toro Rosso montar uma dupla titular no ano que vem. Praticamente não há nenhum nome disponível pronto para correr na F-1, depois que o programa de formação bancado pela Red Bull praticamente queimou a grande maioria de participantes do programa ao longo da última década. A mais nova fofoca do momento é que Danill Kvyat, que foi demitido da escuderia de Faenza, depois de ter sido “rebaixado” de volta ao time pela Red Bull em 2016, agora estaria sendo sondado para retornar a Faenza em 2019. Só que Kvyat agora é piloto de testes da Ferrari, tendo atuado nos simulares da equipe para ajudar no desenvolvimento do bólido de Maranello. A Ferrari iria liberá-lo para guiar para a Red Bull, ainda que na Toro Rosso? E depois de ter levado aquela rasteira da Red Bull há dois anos, o que o desestabilizou emocionalmente e comprometeu sua confiança como piloto, e por isso ter sido demitido da escuderia antes do fim da temporada do ano passado, será que ele aceitaria voltar a guiar para seu ex-time e ter de aguentar novamente Helmut Marko e Christian Horner fungando no seu cangote? Ambos irão precisar caprichar muito para convencer o russo a encarar esse convite, e não sei se ele vai estar a fim de levar desaforo novamente de ambos. Se for verdade a idéia de trazer Danill de volta, isso dá uma idéia de como a Red Bull “matou” seu programa de formação de pilotos com sua administração do mesmo nos últimos anos, conforme dissertei na coluna da semana passada... Tantos pilotos que poderiam ter tido seu potencial aproveitado e que foram dispensados, para não dizer descartados por eles, e agora tendo de arrumar pilotos... Nada como um dia depois do outro...
Danill Kvyat foi rifado pela Red Bull para promover Max Verstappen, e sem conseguir se recompor, acabou demitido. Aceitaria voltar para lá depois disso, e ainda para voltar à Toro Rosso? Que situação para a Red Bull chegar a isso...


Lance Stroll ainda corre pela Williams aqui em Monza, mas pode ser que já esteja na Force India em Cingapura, próxima etapa. Esteban Ocon deve dançar nesta troca de cadeiras, infelizmente, o que é uma pena. Stroll até reconhece isso, mas volta a afirmar que merece um lugar melhor na F-1, apesar de tudo. Tal declaração não vai fazer ele ganhar mais admiradores, mesmo admitindo a injustiça que será cometida com o piloto francês...


Depois de mais de uma década, após sediar sua última prova de uma categoria Indy, o circuito de Portland está pronto para retornar, fazendo sua estréia na atual Indycar, antiga IRL, neste final de semana. A pista mista da capital do Estado do Oregon entrou no lugar de Watkins Glen, outro circuito misto que novamente deixou o calendário da competição. Inaugurado em 1960, a pista de Portland sediou sua primeira corrida Indy em 1984, tendo Al Unser Jr. como primeiro vencedor. A pista permaneceu sediando corridas na antiga F-Indy até 2007, ano do último campeonato disputado pela categoria. Michael Andretti e Al Unser Jr. foram os pilotos que mais venceram a corrida, com 3 triunfos cada. Três brasileiros conseguiram vencer a corrida, todos com duas vitórias cada um: Émerson Fittipaldi, Gil de Ferran, e Cristiano da Matta. Do grid atual da Indycar, Scott Dixon, Tony Kanaan, Will Power, Simon Pagenaud, Graham Rahal e Sébastien Bourdais já correram em Portland, com Bordais tendo vencido a última corrida realizada por lá, em 2007, quando defendia a equipe Newmann/Hass/Lannigan. A corrida será transmitida ao vivo no canal pago Bandsports neste domingo a partir das 16 Hrs. pelo horário de Brasília.
Mais uma pista da velha F-Indy estréia na atual Indycar. Agora é a vez de Portland.

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – AGOSTO DE 2018


            E o mês de agosto nem bem chegou e já está indo embora, e talvez a sensação de ter passado tão rápido foram as semanas de férias em alguns campeonatos, embora em outros os pilotos tenham continuado a acelerar fundo. E fim de mês significa mais uma edição da Cotação Automobilística, fazendo uma avaliação de alguns dos acontecimentos que rolaram no mundo da velocidade neste mês, sempre com minhas devidas considerações e comentários a respeito, que como repito sempre, fica a critério de todos os leitores concordarem ou não com minhas posições sobre os assuntos dissertados. Sei que não dá para agradar a todo mundo, e do mesmo modo, não dá para tratar de todos os assuntos que tivemos nestas últimas semanas, mas espero que possam pelo menos apreciar o texto, que segue abaixo no esquema tradicional de sempre das avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Uma boa leitura a todos, e até a próxima edição da Cotação Automobilística no mês que vem, com algumas avaliações dos acontecimentos do mês de setembro:



EM ALTA:

Equipe Ferrari: O time de Maranello já há algumas corridas vem demonstrando ter o melhor carro do grid, tanto no conjunto de chassi quanto na unidade de potência, mas devido a erros bobos e circunstâncias do momento, não estava conseguindo capitalizar essa superioridade toda, de modo que Lewis Hamilton assumiu a liderança da competição com uma folga até preocupante, após a etapa da Hungria, onde se temia que, na volta das férias, a Mercedes pudesse eliminar essa superioridade e talvez até a superasse. Bom, a prova na Bélgica mostrou que a escuderia rossa continua na frente em performance, de modo que Sebastian Vettel não teve dificuldades para vencer a corrida em Spa-Francorchamps e começar a descontar a diferença para o inglês, acendendo o sinal de alerta em Brackley. O time vermelho só não saiu mais vitorioso porque Kimi Raikkonen acabou pegando parte do rescaldo do acidente na largada, e acabou com o carro avariado, tendo de abandonar uma corrida onde tinha tudo para talvez até vencer, não fosse a política tacanha da escuderia, que parte para Monza com o entusiasmo e o otimismo em alta para vencer em grande estilo perante sua grande torcida. Se nada de inesperado acontecer, os tifossi deverão ir à loucura no GP da Itália deste ano... E com razões muito concretas para isso.

Alexander Rossi: O piloto da equipe Andretti vem com tudo nesta reta final do campeonato da Indycar para tentar conseguir o caneco de campeão. Depois de duas vitórias incontestáveis em Mid-Ohio e Pocono, Rossi ainda conseguiu diminuir ainda mais a vantagem do líder Scott Dixon em Gateway, chegando na frente do piloto da Ganassi numa aposta ousada de economizar combustível nas voltas finais para evitar ter de fazer um splash & go. Com um carro que parece bem mais competitivo do que o do rival neozelandês, Alexander vem se mostrando uma ameaça forte ao pentacampeonato de Dixon, que tenta resistir como pode à aproximação do rival. Restando duas provas para encerrar a competição, em circuitos mistos, a vantagem de Scott perante Rossi não dá tranquilidade do líder da competição, o que motiva ainda mais o piloto da Andretti na luta pelo título, que pode dar ao time de Michael Andretti seu primeiro campeonato deste o título conquistado por Ryan Hunter-Reay em 2012, e romper o domínio de Penske e Ganassi na galeria de títulos da Indycar.

Segurança em primeiro lugar: A MotoGP chegou à pista de Silverstone para o Grande Prêmio da Inglaterra, mas infelizmente, São Pedro também esteve presente, e a chuva complicou a situação da competição de motos, especialmente por causa do novo asfalto do circuito inglês, que ficou com uma série de ondulações que acumularam água e transformaram o traçado em uma armadilha perigosa para os competidores, onde tivemos um forte acidente que acabou por mandar um dos pilotos da classe rainha, Tito Rabat, para o hospital com a perna fraturada após ser atingido por um colega quando havia caído na caixa de brita. A organização até tentou mudar os horários, para tentar fugir da chuva, mas não teve jeito, e depois de constantes adiamentos e enrolação, após verem que não havia condições de serem disputadas as provas, foi decidido pelo cancelamento total da corrida, das três categorias, priorizando a segurança dos pilotos, e uma vez que não havia como adiar a prova para o dia seguinte devido a logística e compromissos de parte do pessoal envolvido com a realização da MotoGP. O público ficou chateado, especialmente por esperar o dia todo pela competição, debaixo de chuva e frio, mas felizmente prevaleceu a melhor opção, e ouvindo os pilotos sobre as condições da pista.

Daniel Serra: O piloto da equipe RC continua liderando o campeonato da Stock Car, e contando com a sorte de ver seus principais adversários não conseguindo manter a mesma consistência que ele nos resultados. Um exemplo foi na rodada dupla de Campo Grande, onde mesmo com a desclassificação na segunda corrida, pelo fato de seus rivais não terem tido resultados constantes, sua vantagem na classificação, que era de 35 pontos, aumentou para 43, em virtude da mudança de vice-líder, que era Marcos Gomes, e passou a ser Max Wilson, uma vez que o piloto da Cimed não teve um final de semana como gostaria na capital do Mato Grosso do Sul, e ainda acabou superado por Felipe Fraga, que teve um bom final de semana, e está embolado atrás de Wilson na luta pela vice-liderança da competição. Só que, enquanto Wilson, Fraga e Gomes se pegam na tabela, Daniel Serra vai escapando na dianteira do campeonato. Ainda tem muito chão pela frente, mas se Serra não tiver mais contratempos como o da segunda corrida de Campo Grande, sua primeira prova sem marcar pontos no ano, vai ser difícil impedir que ele chegue ao título da temporada, o que marcaria um bicampeonato consecutivo, já que ele é o atual campeão da categoria, tendo vencido o certame no ano passado. E parece que tomou gosto pela coisa, pois vem sendo um piloto constante e bastante cerebral, e sem deixar de ser rápido, tendo vencido duas provas este ano.

Segurança do Halo testada: Desde sua introdução na F-1 este ano, e obrigatório para alguns outros certames, o halo sempre foi contestado devido à maneira como a FIA o adotou, sem maiores testes de outros dispositivos, como o aeroscreen, que acabou descartado após crítica de Sebastian Vettel após um único teste rápido e inconclusivo. Muitos defendiam que fossem estudadas outras possibilidades, mas a entidade que comanda o automobilismo, numa atitude abrupta e pouco transparente, resolveu enfiar o halo goela abaixo nas categorias, sem permitir maiores discussões. Esteticamente feio e criticado por muitos, não há dúvidas de que o dispositivo tem seus méritos, e ganhou muitos defensores depois do acidente da largada do GP da Bélgica, onde o carro de Fernando Alonso, catapultado após ser atingido por trás por Nico Hulkenberg, voou por cima do carro de Charles LeClerc, com uma das rodas atingindo a parte frontal da peça, de modo que muitos estão afirmando, até com algum exagero, que o jovem monegasco foi salvo pela peça, quando se vê que a batida realmente passou perto, mas poderia também não tê-lo atingido como se apregoam. Ainda deve se manter parte das críticas à sua introdução, pelo modo pouco discutido como a FIA o impôs, e não se trata de questionar a segurança, a qual deve ser sempre prioridade, só que o halo poderia passar sem isso se fosse devidamente estudado mais a fundo, o que deve passar a ser nos próximos anos, com a peça sendo mais evoluída, e menos contestada. E quem sabe, fique até esteticamente mais elegante, e tenha sua segurança melhorada, porque a grosso modo, ela ainda não protege contra tudo, e bastará uma única falha para seus críticos caírem matando em cima, no caso de algo dar errado. Na primeira vez que acabou exigida, felizmente tudo deu certo, e que não seja necessário haver uma segunda oportunidade para comprovar sua eficiência.



NA MESMA:

Mundial de Endurance: A disputa na classe LMP1 do WEC continua sendo uma disputa apenas a dois, da Toyota, única equipe de fábrica, contra os times independentes, que aliado a um regulamento tendencioso, não oferece condições da marca japonesa ser desafiada de fato na pista, correndo sozinha contra ela mesma. E isso pode ser visto nas 6 Horas de Silverstone, onde a equipe nipônica cruzou a linha de chegada com 4 voltas de vantagem para o competidor mais próximo, no caso, a Rebellion, o que mostra a diferença de performance brutal entre os carros, que em tese deveriam ter um regulamento homogêneo, já que pertencem à mesma classe, a LMP1. Este jogo de cartas marcadas só não frutificou exatamente como o planejado na etapa da Inglaterra porque os dois carros da Toyota apresentaram desgaste irregular numa prancha debaixo do bólido, ocasionando a desclassificação de ambos os carros, impedindo mais uma vitória consecutiva do bólido Nº 8, que tem Fernando Alonso, Sébastien Buemi, e Kazuki Nakajima ao volante. E com isso, o triunfo acabou indo para a Rebellion. Mas que ninguém se engane: a Toyota tem o campeonato entregue para ela, pelas diferenças de performance que não são igualadas às dos demais times como deveria ser pelo regulamento. E aos poucos, isso já começa a minar a credibilidade da competição na LMP1. Resta saber até quando isso vai durar...

Scott Dixon: O piloto neozelandês vem tirando leite de pedra com o carro da Ganassi, que quem diria, está virando time de um carro só. Com uma performance inferior à dos carros de Will Power e Josef Newgarden, e do principal rival Alexander Rossi, Dixon tem se valido do seu imenso talento para capitalizar todas as oportunidades que surgem nas corridas para conseguir o melhor resultado possível, conseguindo por vezes suplantar os rivais na maioria das oportunidades, e mantendo uma constância impressionante. Isso explica a sua liderança na competição, e parte das vitórias obtidas no ano, sempre conseguindo superar os rivais, seja na estratégia, seja no braço, ou simplesmente na sorte. Mas os rivais estão se aproximando, e a vantagem de 29 pontos na classificação, apesar de não ser desprezível, também não permite baixar a guarda, e tudo pode acontecer nas duas etapas finais do campeonato, ainda mais porque o encerramento, em Sonoma, terá pontuação dobrada, como vem ocorrendo nos últimos anos. E sorte também é um fator decisivo, pois Dixon até agora tem conseguido escapar de confusões e incidentes na pista, tendo terminado todas as corridas e pontuado bem na grande maioria das vezes. Resta saber se a sorte vai continuar assim, pois no que depender do neozelandês, na pista ele costuma se garantir...

Marc Márquez: A “Formiga Atômica” continua disparada na liderança do mundial de MotoGP. Apesar das vitórias da Ducati nas etapas da República Tcheca e da Áustria, o piloto da equipe oficial da Honda até aumentou a sua vantagem na pontuação, uma vez que Valentino Rossi, o vice-líder, mesmo tentando tirar leite de pedra de uma Yamaha que ainda não mostrou a que veio na temporada 2018, não conseguiu resultados que lhe permitissem aproximar-se do atual campeão da categoria, muito pelo contrário, estando agora nada menos do que 59 pontos atrás. E as vitórias obtidas pela Ducati também não constituem uma ameaça à liderança de Marc, já que tanto Dovizioso quanto Lorenzo estavam muito atrás na pontuação, e mesmo com os bons resultados, ainda estão muito longe para poderem desafiar o piloto da Honda pelo título, que ganhou ainda o bônus do cancelamento da prova de Silverstone, o que tirou dos concorrentes uma oportunidade para tentar se aproximar do espanhol, que continua correndo sozinho na liderança da tabela do campeonato.

Brendon Hartley: O piloto neozelandês estava sendo considerado quase carta fora do baralho para continuar como piloto da Toro Rosso na F-1 por sua falta de resultados, na comparação com seu companheiro de equipe Pierre Gasly. Mas com a promoção deste para a Red Bull, e sem outros pilotos disponíveis para assumirem como titulares do time de Faenza em 2019, a Red Bull poderá ter de manter Hartley por falta de opções no mercado, e ainda ter de correr atrás de um “desconhecido” para fechar a dupla titular no próximo ano. Brendon teria a seu favor a experiência desta temporada, e do motor Honda, que poderia ser muito útil para a escuderia disputar a competição no próximo ano. E pouparia a Red Bull do vexame de ter que caçar pilotos no mercado, mostrando que seu programa de formação de pilotos minguou. Campeão do Mundial de Endurance, infelizmente até o presente momento Hartley não se encontrou na F-1, ficando muito a dever tanto em performance quanto em resultados. Não fosse a Red Bull praticamente ter ficado sem opções, Helmut Marko já o teria espinafrado e demitido da Toro Rosso sem pestanejar, como já fez com muitos outros pilotos, alguns deles de reconhecido talento hoje, mas também rifados sem dó nem piedade pelo consultor da Red Bull. Ainda assim, nada está garantido para o neozelandês, que pode mesmo não ter mais chances na F-1 em 2019.

Kimi Raikkonen: As boas performances do piloto finlandês aumentaram suas chances de continuar fazendo dupla com Sebastian Vettel na Ferrari na próxima temporada. O alemão se dá bem com Kimi, especialmente pelo parceiro não desafiar sua posição de primeiro piloto, lógico, mas a maior ameaça à posição de Raikkonen era Sergio Marchionne, que era entusiasta da idéia de promover Charles LeClerc, revelação da temporada, ao time de Maranello em 2019, o que muitos consideravam precipitado, uma vez que o monegasco está apenas em sua primeira temporada na F-1, e rápida ascenção à rossa poderia expô-lo demais à pressão por resultados, defendendo estes então pelo menos mais uma temporada antes de torná-lo um titular dos carros vermelhos. Mas, com a morte de Marchionne, a nova direção do grupo Ferrari deve manter as posições do que está dando certo, enquanto se ajeita no comando, e ninguém duvida que, quando está motivado, Raikkonen tem lenha para queimar, como vem mostrando nesta temporada, só não estando melhor na competição devido a dois abandonos que o fizeram perder boas oportunidades de pontuar, por fatores alheios a seu controle, como na Bélgica. Assim, é bem provável que Kimi siga, pelo menos por mais um ano, como companheiro de Vettel na escuderia de Maranello. O anúncio deve sair no GP da Itália, palco tradicional da escuderia para fazer seus anúncios para o ano seguinte.



EM BAIXA:

Programa de pilotos da Red Bull: O programa mantido pela marca de bebidas energéticas foi um dos mais badalados no início da década, apoiando vários jovens com potencial para chegar à F-1, onde seriam aproveitados na Toro Rosso, e posteriormente na Red Bull. Mas as cobranças por vezes exageradas, além de critérios de promoção nem sempre objetivos e imparciais, começaram a fazer o programa de apoio não parecer tão atrativo como antes. O estilo por vezes “bronco” de Helmut Marko no trato com os pilotos, e o modo como alguns pilotos foram rifados sem a menor cerimônia deixaram uma impressão ruim que está se fazendo sentir agora, onde a Red Bull praticamente não tem pilotos prontos para assumir a Toro Rosso na próxima temporada, e outro piloto, Carlos Sainz Jr., preferiu ir tentar a sorte na concorrente McLaren, mesmo com o time inglês não indo bem em tempos recentes, do que continuar sob a batuta de Marko e Christian Horner. Que os jovens talentos seriam cobrados, ninguém questionava, e aceitavam as regras. Mas parece que as cobranças extrapolaram o combinado, e as promoções que muitos esperavam viraram micos, com consequências negativas no mercado de pilotos. No final das contas, a marca que “dava asas” mais cortou do que deu, e hoje muitos preferem passar longe da marca dos energéticos...

Fernando Alonso: O piloto espanhol não queria, mas sairá da F-1 pela porta dos fundos, sem conseguir voltar novamente ao pódio, e sem conhecer novas vitórias. Devido ao seu gênio e temperamento, Alonso colhe o que plantou na categoria máxima do automobilismo, e mesmo sendo o melhor piloto do grid, não tinha lugar nos times de ponta vencedores não só pelo bairrismo de quem já lá está, como no caso de Hamilton (Mercedes) e Vettel (Ferrari), mas pelo péssimo clima de equipe que o asturiano nunca procurou evitar fomentar em suas passagens onde quer que fossem. Ele buscará novos caminhos em 2019, e um provável retorno à F-1 dificilmente se concretizará. E como desgraça pouca é bobagem, suas últimas corridas na categoria máxima do automobilismo não deverão ser proveitosas, já que a McLaren não evolui, e para variar, Alonso sofreu um forte acidente que arruinou suas já poucas possibilidades na prova belga, quando foi acertado por Nico Hulkenberg e voou por cima de Charles LeClerc, felizmente sem maiores sustos. E ele ainda teve sua vitória nas 6 Horas de Silverstone, pelo Mundial de Endurance, cassada por irregularidades nos carros da Toyota na classe LMP1, que acabou excluída da prova. Definitivamente, este mês não foi mesmo dos melhores para o espanhol.

Como está fica...mas...: E a F-1 por pouco não ficou reduzida a 9 times e 18 pilotos. Com a situação financeira em estado crítico, a equipe Force India acabou salva por um consórcio de investidores capitaneado por Lawrence Stroll. Com dívidas saldadas, o time apresentou-se na Bélgica e sua dupla de pilotos fez uma grande corrida, mostrando estar merecendo a chance de continuar competindo, e ajudando a F-1 a minimizar o estrago de perder mais competidores. Só que a F-1, por outro lado, também não ajudou tanto quanto poderia: o time, que agora se chama Racing Point, perdeu todos os pontos conquistados até a Hungria, por conta de ser tratado como uma equipe nova, e não terá direito às premiações em dinheiro daqui em diante, por pelo menos mais duas temporadas, devido às regras imbecis que a categoria máxima do automobilismo possui em seu regulamento. E times como McLaren, Williams e Sauber não hesitaram em não dar aval para a escuderia poder manter tais pontos, o que as beneficiou no campeonato de construtores, mostrando que o companheirismo na F-1 é mais tênue e influenciado por interesses mesquinhos e baixos do que se poderia esperar...

Emoção nas corridas da F-1: Por mais que alguns digam que o campeonato da categoria máxima do automobilismo está bem satisfatório, em virtude do duelo entre Lewis Hamilton e Sebastian Vettel pelo título, e com algumas disputas interessantes na pontuação no bloco intermediário, a F-1 está conseguindo se superar no quesito monotonia nas corridas este ano, a ponto de até mesmo a corrida da Bélgica, disputada no espetacular circuito de Spa-Francorchamps, ter sido completamente maçante, com apenas uma ou outra disputa deposição, e nada mais. E isso em uma pista com vários pontos de ultrapassagem. E, em virtude da necessidade de poupar equipamento, em virtude da regra imbecil (mais uma) que disponibiliza aos pilotos apenas 3 unidades de potência na temporada, Hamilton desistiu de tentar lutar com Vettel pela vitória, uma vez que não tinha como acompanha-lo sem comprometer seu equipamento. E a discrepante performance entre as três principais equipes mostrou novamente o abismo entre elas, de modo que até Valtteri Bottas, que largou do fundo do grid, e precisou parar no box para trocar o bico danificado de seu carro, ainda chegou ao pelotão da frente, mesmo atrasado, terminando em 4º. A temporada até então vinha tendo algumas boas provas em virtude de alguns acontecimentos inesperados, mas já mostrou que, quando nada de anormal acontece, as provas tem sido as piores possíveis em termos de emoção. E a própria categoria parece não conseguir tomar providências para corrigir isso...

Segurança dos carros LMP1 no WEC com brasileiros: Primeiro, foi Pietro Fittipaldi que bateu forte nos treinos para as 6 Horas de Spa-Francorchamps, em maio, fraturando as duas pernas, na condução do carro da equipe Dragonspeed, e ficando de molho praticamente três meses, até retornar oficialmente às pistas, na corrida de Mid-Ohio da Indycar. Agora, nas 6 Horas de Silverstone, foi a vez de Bruno Senna, da equipe Rebellion, bater forte, com o piloto fraturando o tornozelo, e ficando de fora da corrida. Dois acidentes, um deles bem forte, e outro nem tanto, mas que mesmo assim deixou o piloto com ferimentos. E ainda com dois pilotos brasileiros? Os carros da classe Protótipos são descritos como F-1 “carenados”, e em tese, muito seguros, mas os ferimentos sofridos pelos pilotos deveriam merecer atenção para se modificarem as frentes destes bólidos, de modo a aumentar a proteção para as penas dos pilotos. Não é por brasileiros terem se machucado, mas isso pode ser um risco para qualquer piloto em caso de uma batida que dê azar de pegar justo naquele ponto ou local inadequado, tanto da pista como do carro. Pelo estardalhaço que alguns fizeram pelos acidentes sofridos por Robert Wickens em Pocono, pela Indycar, e a carambola entre Fernando Alonso e Charles LeClerc na Bélgica, na F-1, a direção do WEC deveria dar uma estudada mais a fundo na situação, em busca de soluções para proteger melhor os pilotos.