quarta-feira, 25 de outubro de 2017

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – OUTUBRO DE 2017



            Pois é, outubro também já está indo embora, e o ano de 2017 aproxima-se de seu final. Hora de fazer o tradicional balancete de fim de mês do mundo da velocidade, com mais uma edição da Cotação Automobilística, fazendo uma avaliação dos últimos acontecimentos do mundo do esporte a motor pelo mundo afora, sempre com minhas impressões e visão sobre os assuntos enfocados. Aproveitem bem o texto, que segue no esquema tradicional de sempre das avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Uma boa leitura a todos, concordando ou não com minhas opiniões, e até a cotação do mês que vem...



EM ALTA:

Lewis Hamilton: O piloto da Mercedes aproveitou novamente as oportunidades que apareceram e conquistou duas vitórias cruciais que o deixaram praticamente com a mão na taça do tetracampeonato mundial, precisando apenas de um 5º lugar no GP do México para sacramentar a conquista, o que é muito provável que aconteça. O piloto inglês não deu chances aos adversários em Suzuka e Austin, e mostrou calma e maturidade para ir buscar a vitória mesmo quando foi momentaneamente apertado pelos adversários na pista. Com isso, abriu uma grande vantagem na pontuação, e além de ser o novo recordista de poles da F-1, já superou até mesmo Michael Schumacher nas estatísticas de partida na 1ª fila das corridas. E tem tudo para aumentar seu currículo ainda mais. Neste ritmo, até mesmo o recorde de vitórias de Schumacher, 91, pode vir a ser alcançado em algum tempo, uma vez que Hamilton já tem 62, e pode terminar o ano com ainda mais triunfos...

Max Verstappen: O piloto holandês finalmente jogou o azar para escanteio e vem crescendo no campeonato, obtendo os resultados que sempre se esperaram dele desde o início do ano. Obteve uma vitória firme na Malásia, e pontuou firme no Japão e nos Estados Unidos, mesmo com as punições sofridas. E a Red Bull, que não é boba nem nada, já renovou o contrato do piloto por mais algumas temporadas, dando um banho de água fria nos concorrentes que já vinham crescendo o olho há tempos em cima do jovem atrevido e veloz. Se a Red Bull ganhar mais potência no motor Renault, o jovem Verstappen vai ser um páreo mais duro do que já é atualmente. E ele não é de fazer falsas promessas, seu lema é partir para cima com tudo.

Marc Márquez: O piloto tricampeão da Honda na MotoGP deu um passo decisivo com a vitória no GP da Austrália em direção ao tetracampeonato, ao vencer a corrida, em um momento onde o rival Andrea Dovizioso prometia crescer na pontuação, após uma vitória acirradíssima obtida na etapa do Japão. A “Formiga Atômica” mostrou sua agressividade e talento no momento certo, e abriu uma grande vantagem que dificilmente será revertida, se não acontecer nenhum imprevisto, uma vez que Dovizioso ficou quase zerado em Phillip Island, e suas chances de conquistar o título agora dependem muito mais de um azar de Márquez do que de suas próprias capacidades. Seria o 4º título de Marc em 5 anos na classe rainha do motociclismo. Alguém consegue segurar o espanhol?

Sébastien Ogier: Faltando apenas duas etapas para encerrar o campeonato mundial de rali de 2017, o piloto francês está quase com mais um título garantido. Findo a etapa da Catalunha, Ogier tem 198 pontos, contra 161 do vice-líder, uma diferença de 37 pontos. Ott Tanak vem de uma vitória e dois pódios nas últimas duas etapas, mas vai precisar contar com um providencial azar de Sébastien se quiser levar o título, já que o atual campeão vem mantendo uma grande regularidade, também tendo subido ao pódio nas últimas etapas, tendo ficado zerado na pontuação apenas no rali da Finlândia, e pontuando firme em todas as outras etapas. Mas Tanak vem em uma disputa acirrada com Thierry Neuville, que está com 160 pontos, apenas 1 a menos, e esse duelo entre ambos está permitindo que Ogier escape na liderança, e com chances de liquidar a fatura já na próxima etapa, no País de Gales, penúltima prova da competição. Só mesmo um desastre para tirar Ogier do páreo, e ele não costuma dar muita chance para milagres deste tipo...

Carlos Sainz Jr.: O piloto espanhol conseguiu estrear na Renault antes do que imaginava, e já chegou metendo tempo no principal piloto do time, o alemão Nico Hulkenberg, e fazendo bonito em sua primeira corrida no novo time, nos Estados Unidos, marcando pontos importantes para o time, o que só mostra o quando Jolyon Palmer estava realmente devendo em termos de performance. Mesmo que Hulkenberg tenha tido alguns percalços e seu desempenho não tenha sido o de costume, é de se relevar a estréia de Carlos em seu novo time, mostrando que o piloto realmente merecia a chance de pilotar um carro com maior potencial que o da Toro Rosso. As provas finais do campeonato mostrarão se o resultado de Austin foi um golpe de sorte ou não, mas todo mundo já aponta que o sossego de Nico na escuderia francesa já era com o novo companheiro de time...



NA MESMA:

Motor Honda: De despedida da McLaren, a unidade de potência da fábrica japonesa permanece do mesmo jeito: falta potência e falta fiabilidade. Em Austin, Fernando Alonso até que se classificou bem, mas na corrida, o motor quebrou de novo, fazendo o espanhol abandonar mais uma corrida. E Stoffel Vandoorne já perdeu a conta de quantas posições perdeu por troca de componentes da unidade, o que tem jogado o piloto para o fim do grid, de onde já é muito difícil de sair, comprometendo resultados que já não são muito animadores de se obter. Claro que a marca promete melhorar no ano que vem, mas já andamos ouvindo muito isso nos últimos tempos. Para a Toro Rosso, que irá contar com estas unidades no próximo ano, é esperar que desta vez a coisa vá para a frente realmente. Do contrário, 2018 promete ser um ano tenebroso para o time de Faenza...

Disputa na Force India: Esteban Ocon e Sérgio Perez continuam duelando pelas posições na pista e ajudando a Force Índia a se consolidar como 4ª escuderia na classificação de construtores da F-1 este ano. E os resultados de ambos nas últimas corridas mostram um desempenho bem parelho de ambos, com certa vantagem para Ocon, que vem se aproximando de Perez na classificação, estando o mexicano com 13 pontos de vantagem sobre o francês. Com duas corridas para terminar o campeonato, será que há uma invertida nas posições na classificação? Pelo menos, ambos pararam de se tocar na pista, mas infelizmente isso se deve também ao time ter optado por dar “ordens de equipe” que até certo ponto, pode tolher a capacidade de ambos andarem mais forte, mas pelo menos garante que eles não batam entre si e comprometam os resultados que podem apresentar...

F-1 na Globo: A Rede Globo anunciou a renovação e/ garantia das cotas de patrocínio para a temporada de 2018 na grade da emissora. Todas as cotas foram vendidas, rendendo à emissora carioca mais de US$ 100 milhões anuais com o pacote, que inclui veiculação dos comerciais das marcas participantes durante as corridas e nas reportagens veiculadas dentro dos telejornais da emissora. Um bom sinal, diante da indefinição da permanência de Felipe Massa na categoria, o que mostra que os anunciantes têm confiança na estabilidade da audiência da competição. Por outro lado, significa também que a emissora não fará grandes novidades em sua transmissão, mantendo o atual padrão que nos últimos dois anos, simplesmente passou a transmitir todas as provas do estúdio no Rio de Janeiro, mandando apenas um repórter e equipe técnica ao local das corridas, fazendo a transmissão in loco apenas no GP do Brasil. E nada mais. Do jeito que está, continuar com as transmissões no canal aberto é quase um prêmio, haja visto que em certos países, as transmissões atualmente estão apenas em canais fechados, se bem que em muitos destes casos, a qualidade da transmissão mais do que compensa o modo, o que não é bem o caso do Brasil, onde mesmo a transmissão no SporTV muitas vezes não é tão melhor do que a da Globo no seu canal aberto...

Ferrari mais um ano na fila na F-1: Depois do Grande Prêmio dos Estados Unidos, restou à Ferrari se resignar e ter de encarar mais um ano na fila para tentar voltar a ser campeã na F-1. As últimas corridas, onde o time italiano enfrentou problemas e quebras, fulminou as chances de Sebastian Vettel levar a casa de Maranello de volta ao status de campeã da categoria máxima do automobilismo. Salvo um milagre impensável, Lewis Hamilton conquistará o tetracampeonato, e a Mercedes já é campeã de construtores novamente. A luta agora é para Vettel pelo menos ser vice-campeão, assim como a Ferrari no campeonato de construtores, o que em tese não é muito difícil, mas exige atenção para não serem surpreendidos. E tentarem ser campeões novamente em 2019. E com isso, uma década se passou desde o último título conquistado pelo cavallino rampante, no distante ano de 2007, com Kimi Raikkonen...

Valtteri Bottas: O piloto finlandês não faz um mau campeonato, mas já teve momento melhor na competição este ano, quando parecia capaz de entrar firme na disputa pelo título da temporada. Mas, nas últimas provas, ele tem ficado muito atrás de Hamilton, e até chegou a ameaçar Vettel na classificação do campeonato, mais pelos desaires sofridos pela Ferrari do que propriamente por seu desempenho, tendo chegado sempre atrás do alemão quando este não tem problemas que o levam ao abandono. Com o contrato renovado para 2018, o finlandês está garantido por mais um ano no melhor carro do grid, mas para 2019, precisa se mexer desde já, e se garantisse o vice-campeonato, seria visto com bons olhos pela cúpula da Mercedes, que no momento, tem tido muito mais consideração pelo fato de Bottas não arrumar confusões internas no time, o que não é de se desprezar, mas que seria bom melhorar o desempenho, para ficar bem mais próximo de Lewis, que está conseguindo os resultados que todos esperavam...



EM BAIXA:

Equipe Williams: O time inglês já jogou a toalha neste campeonato, e agora se concentra em projetar um bom carro para o ano que vê, que segundo Paddy Lowe, terá muitas mudanças em relação ao modelo atual, cujo desenvolvimento, vindo do modelo de 2014, já atingiu o limite. Mas o time insiste em algumas práticas totalmente erradas, quanto ao planejamento de sua dupla de pilotos para a próxima temporada. Felipe Massa, mais uma vez, parece estar sendo posto de lado pelo time, que resolveu testar Robert Kubica, e Paul Di Resta, como opções para o próximo ano, nomes que, numa comparação direta, não tem mais a oferecer do que Felipe Massa, que até alerta o time de que sua manutenção serviria para ajudar o desenvolvimento e comparação dos dados de desempenho do carro atual para o novo. Melhor o brasileiro ir se preparando para uma possível decepção, pois em 2011, o time também deixou Rubens Barrichello de mãos abanando para preteri-lo por Bruno Senna, sem dar uma resposta ao veterano piloto até que já não havia mais nada a fazer. A Williams parece não aprender certas lições com os erros já cometidos no passado...

Regras da F-1: Que a categoria máxima do automobilismo anda cheia de frescuras e regras ridículas, não é segredo para ninguém. O Liberty Media até vem fazendo um trabalho de promoção interessante, tentando deixar o clima mais ameno e relaxado, mas ainda tem muita coisa para ser feita, e uma delas é simplesmente certas regras imbecis, como as dos motores, que andam penalizando bastante os pilotos e prejudicando o potencial das corridas. Essa regra precisa ser revista, ou tornada mais flexível. Quantos pilotos já foram punidos esse ano por causa disso? Tudo bem, é a regra, mas acho que foram longe demais ao estabelecer um limite tão baixo de componentes. Outra regra que precisa ser melhor esclarecida ou aplicada de forma mais objetiva é esse lance de ultrapassar os limites da pista. Max Verstappen que o diga, a respeito da punição que o tirou do pódio em Austin domingo passado. Alguns pilotos andaram exagerando um pouco, mas parece que o holandês só foi punido por ter feito uma ultrapassagem assim. Essas áreas todas de asfalto complicam a situação, e é preciso uma observação mais objetiva do que pode ou não fazer, já que essa regra de não ultrapassar os limites da pista tem sido muito variável. Ou volta-se a fazer a parte que não é pista voltar a ser grama e brita, que aí ninguém exagera por risco próprio de arruinar sua corrida...

Daniil Kvyat: O piloto russo foi sacado da Toro Rosso para a estréia de Pierre Gasly, no Japão, mas como o piloto tinha que participar da decisão da Superformula no Japão, Kvyat voltou ao cockpit da escuderia B dos energéticos para participar do Grande Prêmio dos Estados Unidos, uma vez que Carlos Sainz Jr. acabou indo antes da hora para a Renault. O russo até que fez bonito, pontuando na corrida do Texas, mas para a corrida seguinte, no México, já foi sacado novamente pelos dirigentes do time, que confirmaram a volta de Gasly, e a permanência, por hora, de Brendon Hartley, que substituiu Sainz Jr. nos EUA. Pelo visto, a carreira de Daniil na F-1 já era mesmo, e a Red Bull, cujo programa de pilotos não anda funcionando a contento, após “queimarem” tantos nomes ao longo dos anos, não terá novas chances na categoria máxima do automobilismo...

Hélio Castro Neves: O piloto brasileiro da equipe Penske encerrou sua carreira em tempo integral na Indycar, sendo remanejado por Roger Penske para o seu novo programa no endurance norte-americano, no IMSA Wheather Tech Sportscar. Com praticamente duas décadas de competição nas categorias Indy, Hélio sempre andou na frente desde que passou a defender a Penske, em 2000, mas infelizmente, sempre faltou o título, que lhe escapou em várias ocasiões. Sobra de consolo ter vencido por três vezes as 500 Milhas de Indianápolis, o que não é de se desprezar, mas o título que faltou conquistar, e foi levantado por vários de seus colegas deixa um certo ar de frustração e de serviço incompleto, que agora não poderá ser reparado. Pelo menos, restará o consolo de continuar disputando a Indy500, e quem sabe, igualar-se aos maiores vencedores da corrida, ou até superá-los. O futuro dará a resposta. E ficaremos apenas com Tony Kanaan na Indycar em 2018...

Watkins Glen fora do calendário da Indycar 2018: O ótimo autódromo misto de Watkins Glen caiu fora novamente do calendário da Indycar para a temporada do próximo ano. Incapazes de acertar uma data com os organizadores, a direção da categoria excluiu a pista da competição em 2018, após o circuito ter retornardo à competição nas últimas duas temporadas, e de ter feito parte do calendário entre 2005 e 2010. Em seu lugar, entra o circuito misto de Portland, que sediou pela última vez uma prova Indy em 2007, pela F-Indy original, e que agora fará sua estréia no calendário da IRL. Em que pese a boa notícia de Portland estar na competição, a perda do clássico circuito que já abrigou as corridas da F-1 até 1980 certamente fará falta, na opinião de pilotos e equipes. Quem sabe ele possa retornar em um futuro próximo...


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