quarta-feira, 18 de outubro de 2017

ARQUIVO PISTA & BOX – MARÇO DE 1998 – 20.03.1998



            De volta com uma de minhas antigas colunas, esta foi lançada no dia 20 de março de 1998, e o assunto debatido era a estréia de nossos representantes nos principais campeonatos de monopostos à época, aF-1, e a F-CART. Na categoria máxima do automobilismo, teríamos mais um período de vacas magras, com nossos pilotos na categoria carecendo de carros competitivos para poderem mostrar do que eram capazes. A expectativa era pelo menos conseguir fazer algo melhor do que em 1997, mas nem isso era algo muito possível. Não bastasse nossos pilotos não terem carros de boa performance, ainda sofriam com a falta de fiabilidade, sofrendo os mais variados percalços. Enquanto isso, do lado de cá do Atlântico, a F-CART atravessa uma excelente fase, e o Brasil tinha vários representantes no grid, a grande maioria com carros competitivos que permitiam até vencer corridas. Mas, mesmo com um equipamento menos desigual, não seria naquele ano que nossos pilotos mostrariam sua força de fato. Gil de Ferran até que tentou, mas a superioridade da Ganassi e de Alessandro Zanardi acabaram com as esperanças do brasileiro e de seus demais compatriotas que ansiavam por melhores resultados e chances de disputarem o título.
            Nas notas rápidas, os calendários daquele ano dos certames da F-3 Inglesa, e da F-Renault Européia, além de comentários rápidos sobre a estréia da F-1 em Melbourne, na Austrália, além de mais alguns comentários a respeito da F-CART, e da F-3 Inglesa. Aproveitem o texto, que em breve tem mais...

A LARGADA DOS BRASILEIROS

            Enfim, foram iniciados os campeonatos de 98 da Fórmula 1 e Fórmula CART. Mais uma vez, o Brasil marca presença nos dois campeonatos. No caso da F-1, entretanto, nossos pilotos começaram 98 com o pé esquerdo. Na Austrália, Rubens Barrichello, Ricardo Rosset e Pedro Paulo Diniz não conseguiram nada de positivo. De certo modo, pareceu tudo igual ao ano passado, quando nenhum de nossos pilotos teve um bom fim de semana em Melbourne.
            Na TWR-Arrows, o panorama foi quase igual ao de 97: o carro foi feito em cima da hora, quase sem testes, tendo que ir para a pista mostrar serviço. Diniz teve um tremendo susto ao ver seu carro pegar fogo quando levava o monoposto para o grid de largada antes de começar a corrida. Teve de mudar para o carro reserva, que não permitiu nada muito melhor. Já Rubinho limitou-se a engatar a primeira marcha, pois o câmbio quebrou na hora e sua corrida ficou em 2 míseros metros percorridos para encostar o bólido. Rosset ainda conseguiu andar razoavelmente bem, mas ficou a pé antes da metade da corrida.
            Já na F-CART, nossos pilotos começaram razoavelmente bem, mas tiveram inúmeros percalços durante a prova de Miami. Gil de Ferran e André Ribeiro que o digam: Gil liderava a corrida quando sua equipe arriscou na estratégia de Box, e com isso, derrubou o brasileiro para a 15ª posição. Terminou a prova em 7º lugar, posição até satisfatória. Já André Ribeiro acabou sendo traído pelos pneus, cujo primeiro jogo estava com desgaste muito acentuado e provocou um pit stop extra. André caiu para as últimas posições e não conseguiu recuperar as voltas de desvantagem na prova. Nossos dois estreantes na categoria, Tony Kanaan e Hélio Castro Neves, praticamente já foram “diplomados” nos ovais: primeira corrida, e primeira batida no muro. Christian Fittipaldi finalmente começou bem um ano, terminando em 4º lugar. Maurício Gugelmim acabou num decepcionante 10º lugar, segundo ele próprio admitiu. Já Roberto Moreno, que assumiu de última hora o carro da equipe Project Indy, conseguiu a façanha de terminar a corrida com apenas 1 volta de desvantagem para o vencedor, Michael Andretti, mesmo que em apenas 15º lugar.
            É cedo para fazer qualquer análise do que se pode esperar da temporada em relação aos brasileiros, mas é certo que todos, seja na F-1 ou na F-CART, ficaram aquém de suas possibilidades. As equipes TWR-Arrows, Stewart e Tyrrel podem fazer muito mais do que mostraram na Austrália. Todos os times dispõem de bons orçamentos para esta temporada. O problema é a falta de fiabilidade dos carros. Até mesmo a Tyrrel, que estava mais adiantada do que a Stewart e a TWR-Arrows, acabou sucumbindo a problemas mecânicos em Melbourne. Mas, mesmo que consigam resolver seus dilemas, as possibilidades de nossos pilotos, ao menos na F-1, não parecem ser das melhores para este campeonato.
            Na F-CART, o problema parece inverso: temos praticamente 3 pilotos em equipes de ponta, enquanto outros 2 contam com excelentes estruturas intermediárias. Mas parece surgir todo tipo de contratempo. Temos potencial de sobra para, mais uma vez, disputar o título da categoria, mas fica a dúvida se esse potencial vai se confirmar, ou se vamos ficar mais uma vez na expectativa apenas. É preciso conter a euforia, pois há cerca de 4 anos estamos esperando um título na categoria, e o máximo que conseguimos até agora foi o vice-campeonato de Gil de Ferran ano passado.
            Apesar de tudo, a esperança nunca morre, e é a ela que nós nos agarramos, mais uma vez. Que venham as próximas corridas!


CALENDÁRIOS 98: F-3 Inglesa

Data
Circuito
22.03
Donington Park
29.03
Thruxton
05.04
Silverstone
25 e 26.04
Brands Hatch
04.05
Oulton Park
17.05
Silverstone
25.05
Croft
14.06
Snetterton
10.07
Silverstone
15 e 16.08
Pembrey
30.08
Donington Park
13.09
Thruxton
27.09
Spa-Francorchamps*
04.10
Silverstone

(*) = Etapa na Bélgica


CALENDÁRIOS 98: F-Renault Européia

Data
Circuito (País)
22.03
Le Mans (França)
05.04
Silverstone (Inglaterra)
26.04
Jarama (Espanha)
10.05
Paul Ricard (França)
17.05
Ímola (San Marino)
07.06
Spa-Francorchamps (Bélgica)
05.07
Monza (Itália)
30.08
Hungaroring (Hungria)
11.10
Hockenhein (Alemanha)
17.10
*

(*) = Etapa a definir


O massacre imposto pela McLaren às demais equipes no GP da Austrália fez com que quase todas as demais escuderias de F-1 se movimentassem intensamente. Esta semana todos estiveram testando sem parar nas pistas de Monza, Barcelona e Silverstone. A Ferrari, por sua vez, fez uso intensivo de suas duas pistas, em Mugello e Fiorano. Em todas as equipes, apenas uma meta: não sofrer tamanha humilhação no GP do Brasil, em Interlagos.


A F-3 Inglesa dá a sua largada neste domingo, no circuito de Donington Park. Este ano, teremos 4 representantes brasileiros na disputa: Enrique Bernoldi, que corre pela equipe Promatecme; Ricardo Maurício na Alan Docking Racing; e a dupla de pilotos da Paul Stewart Racing, Mário Haberfeld e Luciano Burti. Todos com bons esquemas e estruturas, e com excelentes chances de trazer para o Brasil mais uma taça de campeão da F-3 Inglesa...


Só para lembrar, nossos pilotos já conquistaram 7 títulos na F-3 Inglesa, a saber:

1969
Émerson Fittipaldi
1977
Nélson Piquet
1978
Chico Serra
1981
Maurício Gugelmim
1983
Ayrton Senna
1991
Rubens Barrichello
1992
Gil de Ferran


Vai começar também a F-Renault Européia. Nosso brazucas na parada são Giuliano Losacco, Gastão Fráguas e Hoover Orsi. Todos com chance de fazer bonito no certame...


Os motores Mercedes surpreenderam em Homestead, na prova de abertura do campeonato da F-CART. Nenhum quebrou, e o mais importante, conqusitaram a pole-position com Greg Moore e por pouco não venceram a corrida com o mesmo piloto, que cruzou a linha de chegada a míseros 0s07 de Michael Andretti, o vencedor. Um bom indício para as demais equipes com o motor alemão, entre eles a PacWest, cujos pilotos confessaram sua decepção com o desempenho dos carros de 97 no último domingo...


Nas transmissões da F-CART a TVS/SBT fez a estréia de seu novo comentarista Celso Miranda no último fim de semana. Miranda substituiu Dedê Gomez, que fazia parceria de transmissão com Téo José e Luiz Carlos Azenha desde 1993...

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