Pelo equipamento e
performance, a Honda tem as melhores expectativas. Tanto que a corrida em
Aragón, na Espanha, acabou com dobradinha do time japonês, com vitória de
Márquez e Dani Pedrosa em 2º lugar, em grande atuação. Apesar do bom resultado
final, o fato da dupla da Yamaha ter finalizado em 4º e 5º lugares, eles nunca
estiveram em posição de discutir a vitória. O único que lhes deu um pouco de
combate foi Jorge Lorenzo, que subiu novamente ao pódio, em 3º lugar, mas que
ainda permanece sem conseguir vencer na Ducati, enquanto Dovizioso já atingiu 5
triunfos no ano. Andrea Dovizioso foi quem deixou a desejar na última prova do
ano em território espanhol: foi apenas o 7º colocado, o que ajudou Márquez a
aumentar a sua vantagem na classificação. Felizmente, para o italiano, ele
conseguiu dar o troco na etapa do Japão, e voltar à luta pelo título.
A Ducati parece ter um
pequeno déficit de performance em relação à Honda, mas dependendo da pista, as
possibilidades são mais flexíveis. E claro, com a chuva se apresentando, as
condições na pista variam, e isso foi bem explorado por Dovizioso em Motegi,
com o piloto da Ducati roubando a vitória de Marc Márquez nos momentos finais
da corrida. Fica a dúvida se, em condições normais, a equipe italiana irá ter
condições de competir de igual para igual com a Honda. Para quem torce por uma
briga acirrada pelo título, espera-se que a Ducati consiga responder à altura,
e repetir um título conquistado apenas por Casey Stoner para a casa de Borgo
Panigale em 2007, há 10 anos atrás. Por enquanto, o time italiano vem até
surpreendendo, com as vitórias de Andrea Dovizioso, quando todo mundo esperava
por uma melhor performance de Jorge Lorenzo, que chegou este ano à equipe e
ainda não se encontrou totalmente com a Desmocédici.
Performances de
equipamento à parte, Dovizioso se diz plenamente ciente de que seu rival
Márquez tem mais talento e maior capacidade, mas nem por isso se considera fora
da disputa. Ele diz que também tem suas armas, e a maior dela é a experiência,
que lhe permite extrair uma performance que no momento o está levando para bem
perto do título. Pelo sim, pelo não, é essa imprevisibilidade que está deixando
esta reta final da competição empolgante. Se na teoria tudo aponta para um
favoritismo, ainda que pequeno, da Honda, e de Márquez, na pista o que temos
visto é que tudo pode acontecer. E a Ducati, com a perspectiva de finalmente
voltar a conquistar um título, vai dar tudo por tudo nesta reta final da
competição. Não se espera esforço menor na Honda, até porque pela experiência
da última década, com o time sendo o único a vencer na competição ao lado da
tradicional rival Yamaha, a escuderia de Márquez e Pedrosa tem vivência e
conhecimentos de sobra para encarar esta situação até com mais naturalidade do
que os italianos, que só a vivenciaram uma única vez. Se as performances de
ambas as equipes se mantiverem próximas, podem esperar duelos renhidos nas
corridas que restam, na Austrália, Malásia, e Comunidade Valenciana.
Quem parece estar
completamente fora de combate na luta pelo título é a dupla da Yamaha.
Valentino Rossi já havia dado praticamente adeus à disputa depois do tombo que
levou em uma atividade extra-pista, que o obrigou a passar por uma cirurgia que
o fez ficar de fora de uma corrida, em Misano. Ele voltou até surpreendendo em Aragón,
apesar do pouco tempo de recuperação e, mesmo bem mais recuperado em Motegi, o
“Doutor” infelizmente caiu durante a corrida, e despediu-se em definitivo das
chances de chegar ao seu oitavo título em 2017. Mesmo a disputa pelo vice, posição
que o italiano conseguiu nos últimos anos, é apenas um sonho distante, dada a
disputa ferrenha entre Márquez e Dovizioso este ano. De qualquer forma, o
melhor resultado, atestado pelo próprio Rossi em Motegi, foi não se machucar no
tombo que levou e o tirou da corrida, levando em consideração os percalços
extra-pista que já teve este ano. No momento, Valentino agora tem de lutar para
terminar o campeonato à frente de Dani Pedrosa, que mesmo sem uma atuação
inspirada, o ultrapassou e está à sua frente na classificação do campeonato,
com 170 pontos, contra 168 do italiano.
Já Maverick Viñales
ainda está matematicamente com chances de chegar ao título, mas a diferença de
41 pontos para o líder Márquez já se tornou um obstáculo praticamente
intransponível. A Yamaha decaiu de performance nesta segunda metade do
campeonato, e já não consegue fazer frente devidamente à Honda, sendo que em
algumas corridas, acabou superada até pelo time satélite da Tech3. Viñales tem
feito o que pode, mas parece ter chegado ao limite com o time oficial da
Yamaha. Para piorar, a corrida sob chuva no Japão não foi nem um pouco
favorável ao time dos três diapasões: enquanto Rossi caiu e abandonou a
corrida, Maverick terminou em um apagado 9º lugar, sem nunca conseguir disputar
as primeiras posições. No momento, Viñales se encontra 30 pontos atrás de
Dovizioso na competição, e mesmo essa diferença para o piloto da marca de Borgo
Panigale parece extremamente difícil de ser reduzida.
Viñales começou a
temporada como o piloto a ser batido, e em tese, era considerado o grande rival
para enfrentar Márquez na disputa pelo título da competição. O espanhol, que
havia demonstrado grande talento na Suzuki, até que correspondeu no início do
ano, mas com a queda de performance da Yamaha, Maverick infelizmente caiu de
performance na mesma proporção, além de ter enfrentado alguns percalços, tendo
ficado bem para trás. Enquanto isso, Andrea Dovizioso, de quem se esperava uma
performance pelo menos à altura da de Jorge Lorenzo, que chegou no time italiano
com o status de tricampeão mundial e que deveria liderar a escuderia no seu
processo de fortalecimento em busca de voltar a disputar o título, foi
surpreendendo a todos, e confirmando as boas expectativas das performances da
pré-temporada, quando se afirmava que, mesmo sem esperar lutar efetivamente
pelo título, a Ducati tinha o melhor equipamento dos últimos anos, ainda que
estivesse ligeiramente abaixo de Honda e Yamaha. Na melhor das hipóteses, a
Ducati estaria logo ali, na sombra de Honda e Yamaha, pronta para abocanhar
qualquer resultado que escapasse às duas principais equipes da competição.
Mas, se a Honda
iniciou o ano um pouco inferior à Yamaha, ela logo conseguiu se impor frente ao
time dos três diapasões, e a Ducati, por sua vez, mostrou-se, pelo menos com
Dovizioso, a explorar totalmente sua intimidade com a Desmocédici, melhor que a
encomenda, obtendo duas vitórias contundentes nas etapas de Mugello e
Barcelona, quando até então tudo apontava para um favoritismo de Viñales. Com
Marc Márquez a partir para o ataque, e uma nova rodada dupla de vitórias em
Zeltweg e Silverstone, assistimos à queda da Yamaha, à afirmação da Honda, e à
grande surpresa da Ducati. Melhor ainda seria se Rossi e Viñales estivessem
firmes na disputa, pau a pau, mas ao que parece, a exemplo dos últimos anos,
teremos novamente apenas uma disputa efetiva a dois pelo título da MotoGP. A
diferença é que a Ducati é a surpresa do ano, e uma vez que todos os últimos
certames foram decididos entre Honda e a Yamaha, a torcida para que a fábrica
italiana vença a competição é a maior possível. Daria um frescor ao campeonato
termos um novo campeão, e mais uma marca a vencer o título.
E, mesmo com boas
corridas, o fato de termos tido apenas Honda e Yamaha disputando de fato o título
da categoria sempre pesa um pouco contra a popularidade do certame, embora não
tenhamos visto um domínio de supremacia ao estila da Mercedes na F-1. Mas,
quanto mais vencedores, melhor para a competição, e para a categoria.
E a próxima etapa da
competição já teve seus treinos iniciando hoje, no circuito de Phillip Island,
na Austrália. Com um traçado de 4,4 Km de extensão, com 12 curvas, 7 para a
esquerda e 5 para a direita, a corrida é disputada em 27 voltas. No ano
passado, esta foi mais uma das corridas da temporada com vencedores
inesperados, com Cal Crutchlow, da LCR Honda, a vencer a prova, secundado por
Valentino Rossi, da Yamaha, em 2º lugar, e Maverick Viñales, então na equipe
Suzuki, fechando o pódio em 3º lugar. Valentino Rossi, aliás, é o maior
vencedor dessa corrida, ao lado de Casey Stoner, com 6 vitórias cada um.
Stoner, aliás, foi quem mais largou na pole na prova, em 5 ocasiões. Do grid
atual, Márquez é quem mais vezes largou na frente, com 3 poles, e é neste
retrospecto que o atual campeão espera manter sua dianteira na competição. De
seu lado, Marc Márquez afirma que a pista australiana é mais favorável à Honda
do que em Motegi, e o espanhol ainda afirma que precisa se preocupar com
Maverick Viñales, embora não deixe de menosprezar a ameaça que Andrea Dovizioso
representa.
O circuito de Phillip Island é o palco do Grande Prêmio da Austrália da MotoGP. |
E, pelo resultado dos
treinos livres realizados hoje, o páreo tem tudo para ser duro entre os dois
postulantes. Márquez fez o segundo tempo, mas Dovizioso ficou logo atrás, com
uma diferença mínima entre eles. Claro que treino é treino, e corrida é
corrida, mas é um indício interessante de que o duelo tem boas perspectivas de
se repetir, e sem favoritos entre ambos. O canal SporTV transmite a corrida ao
vivo na madrugada deste domingo, a partir das 3 horas. A corrida promete!
Hoje começam os treinos oficiais
para o Grande Prêmio do Japão, no Circuito das Américas, em Austin, no Texas. A
corrida pode decidir o campeonato da F-1 de 2017, com Lewis Hamilton a poder
conquistar o tetracampeonato dependendo da combinação de resultados. Se
Hamilton vencer a corrida, e Sebastian Vettel terminar em 7º lugar, a fatura
estará liquidada a favor do piloto da Mercedes, atualmente com 59 pontos de
vantagem para o rival da Ferrari. Para deixar o panorama mais complicado contra
o time italiano, Hamilton tem um retrospecto amplamente favorável em Austin,
tendo vencido nada menos do que 4 corridas das 5 que foram disputadas neste
circuito. A única exceção foi em 2013, quando a vitória foi justamente de
Sebastian Vettel, mas que na época corrida por uma Red Bull praticamente
imbatível, a exemplo da Mercedes das últimas três temporadas. Naquela corrida,
Hamilton foi o 4º colocado, já competindo pela Mercedes. A Ferrari, de qualquer
maneira, precisa reagir, até para Vettel defender sua vice-liderança na
competição, uma vez que com os desaires ocorridos nas últimas provas, Valtteri
Bottas está chegando muito perto do alemão, e com boas chances de lutar pelo
vice-campeonato, o que seria o melhor resultado para a Mercedes, obviamente.
Mas um desastre para o time italiano, que começou o campeonato com muita força
com Vettel, e que seria muito ruim ver seu melhor piloto batido na reta final
para ser apenas o 3º colocado na classificação. Bottas, por outro lado, embora
já garantido para 2018, tem de mostrar serviço para garantir-se para 2019, uma
vez que começaram os boatos de que uma eventual contratação de Max Verstappen
pelo time alemão já se avizinha no horizonte, e o finlandês precisará mostrar
serviço para buscar novos ares onde possa se instalar, no caso de isso se
confirmar...
E mais uma vez, a Globo não irá
exibir o Grande Prêmio dos Estados Unidos ao vivo. Por bater de frente com o
horário do futebol, a emissora carioca fará o que tem feito nos últimos anos: a
transmissão ao vivo ficará por conta do SporTV, que transmitirá a corrida ao
vivo, a partir das 17 horas deste domingo, além dos treinos, com a Globo exibindo
apenas um compacto na TV aberta ao fim da noite de domingo. E, mesmo com a
expectativa da definição do título... Alguma supresa? A única notícia positiva
é que a emissora renovou os contratos de publicidade da categoria, o que
significa que a transmissão das corridas seguirá firme na grade da emissora em
2018, nos mesmos padrões atuais que tem sido mostrados nos últimos anos. Apesar
da expectativa de o Brasil ficar sem um representante pela primeira vez no grid
no próximo ano, já que até o fechamento desta coluna Felipe Massa ainda estava
negociando sua renovação com o time da Williams, a emissora não teve problemas
em negociar todas as cotas de patrocínio da transmissão. Por um lado, isso é
positivo, pois demonstra que os índices de audiência e o interesse da emissora
parecem ter atingido certa estabilidade, de forma que a presença ou não de um
piloto brasileiro não fará diferença para a manutenção das corridas na grade de
transmissão. Por outro lado, contudo, significa também que a Globo não deverá
melhorar o padrão das transmissões, que nos últimos dois anos, ficou restrito a
mandar apenas a equipe de reportagem para as corridas, ficando narradores e
comentaristas fazendo a transmissão de estúdio no Brasil.
O Circuito das Américas, em Austin, Texas, é o palco do Grande Prêmio dos Estados Unidos, que pode decidir a temporada 2017 da Fórmula 1. |
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