Pois
é, o mês de setembro já está indo embora, e em outubro, iniciamos o último
trimestre do ano. A Indycar encerrou sua temporada, enquanto outros
campeonatos, como a F-1 e a MotoGP seguem firmes em suas disputas, com força
total às corridas, com suas disputas pelo mundo afora, entre outras várias categorias.
E todo fazemos todo fim de mês, é o momento de mais uma edição da Cotação
Automobilística, fazendo uma avaliação do panorama geral de alguns dos últimos
acontecimentos do mundo da velocidade, com minhas impressões e visão sobre os
assuntos enfocados. Espero que todos possam apreciar o texto, que segue abaixo
no esquema tradicional de sempre das avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde);
NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Uma boa
leitura a todos, concordando ou não com minhas opiniões, e até a cotação do mês
que vem...
EM ALTA:
Josef
Newgarden: O piloto norte-americano já havia deixado sua marca na Indycar em
2016 ao ser um dos destaques do campeonato, mesmo competindo pelo time modesto
de Ed Carpenter. Contratado por Roger Penske para substituir Juan Pablo
Montoya, Josef vinha fazendo uma temporada bem satisfatória na primeira metade
do campeonato, até vencer a prova de Toronto, e simplesmente desembestar com
mais uma vitória em Mid-Ohio, e vencer outra corrida em Gateway, assumindo o
status de favorito na luta pelo título. Uma pisada de bola em Watkins Glen
encheu as esperanças dos concorrentes, mas em Sonoma, na prova final da
competição, Newgarden foi logo marcando a pole, e mostrando que não ia deixar
barato a luta pelo título, que conquistou com um segundo lugar porque o time o
convenceu de que não precisava arriscar uma nova vitória na pista em um duelo
potencialmente perigoso com Simon Pagenaud. E o americano chegou ao título com
méritos: foi o piloto que mais venceu na temporada, com 4 triunfos, e ao
contrário de Pagenaud, não precisou de um tempo de acomodação ao time da
Penske, e foi logo campeão, e desde já, é o homem a ser batido na temporada de
2018. Os rivais que se preparem, porque o homem é decidido mesmo... Que o diga
Pagenaud...
Equipe
Penske: O time de Roger venceu mais um campeonato, e em 17 corridas, venceu
nada menos do que 10. Josef Newgarden, o campeão, faturou 4 provas; Will Power
venceu 3 corridas, enquanto Simon Pagenaud venceu outras duas, e Hélio Castro
Neves faturou a corrida de Iowa. Apesar de no início da competição haver um
certo favoritismo do pessoal da Honda, a Penske, principal time da Chevrolet,
mostrou porque é a melhor escuderia da categoria, colocando todos os seus
quatro pilotos nas primeiras cinco posições do campeonato, tendo apenas um
piloto da Honda, Scott Dixon, para furar esse domínio. E a Chevrolet deve muito
à Penske: foi o único time da marca a vencer corridas, enquanto todas as demais
7 provas, que acabaram vencidas pelo pessoal equipado pela Honda, diluiu-se em outros
cinco times, sem que nenhum deles conseguisse mostrar domínio na competição.
Para 2018, a adoção do novo kit universal promete emparelhar um pouco mais a
disputa, mas falta alguém combinar com a Penske se isso vai se tornar
realidade... E Roger não tem perspectiva alguma de deitar sobre os louros de
mais uma vitória na competição...
Lewis
Hamilton: O piloto inglês segue firme na luta pelo tetracampeonato, e conseguiu
na pista de Singapura sua terceira vitória consecutiva no mundial de F-1. Por
mais méritos que tenha tido nas vitórias na Bélgica e na Itália, Lewis acabou
bafejado pela sorte na corrida noturna disputada nas ruas da cidade-estado do
sudeste asiático, é verdade, mas aproveitou a chance e ampliou como nunca sua
vantagem no campeonato, em uma prova onde ele tinha tudo para perder para
Sebastian Vettel a liderança da competição, obtida em Monza. Mas o inglês,
merecidamente, não está cantando vitória antes do tempo, e sabe que a vitória
era algo que nem ele esperava, e por isso mesmo, precisa se dedicar com afinco
para manter a dianteira nas corridas que faltam, e trabalhar para evitar sofrer
um revés parecido, até pelo histórico de Sebastian Vettel em situações
semelhantes quando estava na Red Bull e conseguiu reverter sua desvantagem. Mas
fica cada vez mais forte a sensação de que teremos um novo tetracampeão na F-1
este ano, do que um novo pentacampeão...
Carlos
Sainz Jr.: O piloto espanhol conseguiu o que desejava: irá pilotar para o time
oficial da Renault em 2018, em um empréstimo ao time oficial francês. E ele
comemorou em grande estilo em Singapura, fazendo sua melhor corrida até então
naF-1, e terminando a prova em Marina Bay em 4º lugar, deixando Nico Hulkenberg
bem para trás na classificação do campeonato, e se aproximando do francês
Steban Ocon. Mas a liberação do espanhol só ocorreu devido à intrincada rodada
de negociações para a Renault equipar a McLaren no próximo ano, ficando a Toro
Rosso com os propulsores da Honda, que muito provavelmente poderão equipar a
Red Bull em 2019. Mas, com perspectivas de um ano crítico da Toro Rosso em
2018, liberá-lo por empréstimo à Renault, um time maior e mais competitivo,
deverá ser uma boa chance para Sainz mostrar efetivamente do que é capaz, e
poder chamá-lo de volta em 2019, para o time principal da Red Bull, no caso da
saída de Max Verstappen ou Daniel Ricciardo. E Carlos está mais do que fazendo
por merecer a chance de poder guiar para um time teoricamente mais competitivo,
enquanto no momento não há chance da Red Bull aproveitá-lo como se deve.
Marc
Márquez: O tricampeão da equipe oficial da Honda partiu para o ataque nas duas
últimas provas da MotoGp e conseguiu duas vitórias muito importantes em sua
luta pelo tetracampeonato, desbancando o italiano Andrea Dovizioso, da Ducati,
da liderança do campeonato, após este fazer duas provas conservadoras nos
mesmos GPs. Márquez admitiu que correu riscos ao pilotar de forma agressiva nas
duas etapas, mas valeu a pena, e apesar de ter tomado um tombo na classificação
da corrida em Aragão, a “Formiga Atômica” fez uma corrida impecável para
liderar uma dobradinha da escuderia nipônica e abrir vantagem na classificação
em um momento decisivo da competição, restando apenas 4 provas para encerrar o
mundial. É a volta do “velho” Marc Márquez, que detonava a tudo e a todos na
pista? Os triunfos em Misano e Aragão foram suados, sem aquele domínio
arrasador, mas igualmente válidos, e que mostram a força de Marc, cada vez mais
favorito na luta pelo título da temporada. Resta saber de Andrea Dovizioso terá
força para brecar o piloto espanhol, uma vez que a Yamaha parece estar fora de
combate para se intrometer na disputa...
NA MESMA:
Hélio
Castro Neves: O piloto brasileiro da equipe Penske fez uma boa temporada na
Indycar em 2016, mas continua batendo na trave, e mais uma vez, ficou sem o tão
sonhado título em sua 20ª temporada nas categorias Indy. Pior ainda foi ver
outro companheiro de equipe, desta vez o novato no time, Josef Newgarden, ser
campeão. Há18 anos competindo sob o comando de Roger Penske, Helinho já viu Gil
de Ferran, Sam Horsnish Jr., Will Power, e Simon Pagenaud vencerem campeonatos
com a Penske, enquanto ele tem no máximo vice-campeonatos. E este ano, sua
atuação na prova de encerramento em Sonoma foi burocrática e conservadora demais
para alguém que lutava pelo título, ao contrário de seu companheiro Pagenaud,
que arriscou na estratégia e venceu a corrida, mesmo que isso não impedisse o
título de Newgarden, mas que pelo menos fez o francês terminar o ano como
vice-campeão. A se confirmar o boato de que Penske pretende remanejar o
brasileiro para o seu time de endurance, Helinho deixará a Indy com o desgosto
de nunca ter conseguido ser campeão mesmo competindo pelo melhor time da
categoria, sempre dispondo na maior parte do tempo de um carro vencedor. Seu
consolo é ter no currículo três triunfos na Indy500, o que não é pouca coisa, e
poder sonhar em vencer novas edições da prova, uma vez que deverá continuar
participando da corrida. Mas ficará uma sensação de serviço incompleto...
Max
Verstappen: O piloto holandês vem tendo uma temporada abaixo da crítica, em
termos de resultados. Se ele mostrou que continua extremamente veloz, por outro
lado, andou se metendo em confusões, e sofrendo com problemas em seu carro, que
por mais que o time jure que não se deve ao seu estilo de pilotagem, ainda dá o
que pensar. Max tinha tudo para conseguir um bom resultado em Singapura, e por
pouco não foi o pole-position, num claro sinal de superar a má fase que vem
tendo na competição. Mas Verstappen, quando não corre atrás de alguma zica,
parece que é a zica que corre atrás dele: o holandês da Red Bull acabou tocando
em Kimi Raikkonem na largada, ao se ver fechado por Sebastian Vettel, e acabou
dando origem a um incidente que acabou por tirar a ele e a dupla ferrarista da
corrida. Claro que houve novamente aqueles que o acusaram pelo ocorrido, mas
dessa vez ninguém fez besteira propriamente, tendo sido um incidente de corrida
normal. Tanto que a FIA não puniu ninguém. Mas deve ter sido novamente um golpe
duro para o jovem holandês ver novamente seu parceiro de equipe Daniel
Ricciardo subir novamente ao pódio, em 2º lugar, e acabar empatado em pontos
com Sérgio Perez na classificação, podendo ser superado pelo mexicano na
próxima corrida, se esta fase permanecer. E Verstappen ainda ajuda a tumultuar
um pouco o ambiente, que já não anda bom exatamente, ao afirmar que pode deixar
a Red Bull em 2019, como se o time estivesse fazendo corpo mole em relação a
melhorar o seu equipamento na competição...
Michael
Schumacher: O estado de saúde do heptacampeão continua um mistério, e quase
nada se sabe a respeito. O fato de ter surgido a notícia de sua possível
transferência da Suíça para os Estados Unidos, onde passaria a se tratar com um
especialista em lesões cerebrais, só indica que o estado do ex-piloto alemão
teoricamente estancou, sem perspectivas de melhoras, e que suas condições
infelizmente não são as mais encorajadoras. Só não dá para mensurar quão
incapacitado Michael se encontra atualmente, e esta situação certamente é um
martírio para sua legião de fãs, que com o passar do tempo terá de se dar conta
de que seu ídolo, a grosso modo, se foi, e nunca mais voltará, mesmo que ele
não tenha “morrido” oficialmente, porque na prática, é o que ocorreu de fato.
Um dilema que deve estar sendo tremendamente pesaroso para sua família...
Disputa
dos times LMP1 no Mundial de Endurance: Prestes a se despedir da categoria LMP1
do WEC, a Porsche está perto de conquistar mais um título na competição, após
as vitórias do trio Brendon Hartley/Earl Bamber/Timo Bernhard, que venceram as
etapas do México e dos Estados Unidos, abrindo 51 pontos de vantagem para os
concorrentes mais próximos da Toyota, que parecem incapazes de dar luta ao time
de Sttutgart em suas últimas provas no certame. Com apenas 3 provas ainda para
fechar a competição, só um milagre pode fazer da Toyota campeã no único duelo
que lhe interessa, pois competir em 2018, sem enfrentar outro time de fábrica à
altura, não parece muito o gosto dos japoneses, que não conseguiram vencer em
Le Mans, e caminham para ficarem como prêmio de consolação terem sido campeões
apenas uma vez, em 2014, no WEC.
Valentino
Rossi: O “Doutor” pode ter ficado de fora da disputa pelo título da MotoGP na
prática em 2017, dada a sua desvantagem na pontuação para o líder Marc Márquez,
e certamente, a fratura que sofreu na perna e o fez perder a etapa de San
Marino foi decisiva para que piloto italiano da Yamaha tenha que adiar por mais
um ano o sonho de voltar a ser novamente campeão da classe rainha do
motociclismo. Mas quem é rei nunca perde a majestade, e mesmo forçando o seu
retorno já na prova de Aragão, Rossi mostrou porque é um monstro do
motociclismo, ao classificar-se na primeira fila, em 3º lugar, e duelando boa
parte da corrida pela vitória, mesmo com as fortes dores na perna ainda em
recuperação (tanto que usava uma muleta para andar nos boxes). No final, o
desempenho levemente superior do time oficial da Honda foi mais forte que a
determinação do piloto de Tavulia, que começou a perder rendimento pelo
desgaste dos pneus, e também pelas dores na perna, finalizando a corrida em 5º
lugar, um resultado assombroso para quem havia se acidentado apenas 23 dias
antes. Com três semanas até a prova do Japão, Rossi deverá estar plenamente recuperado
até lá, e com certeza mostrando na pista novamente o talento que o tornou um
ícone mundial do motociclismo.
EM BAIXA:
Jolyon
Palmer: O que muitos esperavam se concretizou: o piloto inglês foi dispensado
pela Renault para a temporada de 2018. Curiosamente, a redenção na pista veio
tarde, com Palmer marcando seus primeiros pontos em Singapura, quando já havia
sido comunicado que não teria lugar no time francês na próxima temporada. Sua
meta agora é tentar arrumar um lugar no grid para 2018, mas a situação vai ser
meio complicada, e não é sua bela atuação em Marina Bay que irá convencer os
donos das equipes que ainda possuem vagas em aberto para o próximo ano. Mas,
como desgraça pouca é bobagem, ainda correm rumores de que Jolyon pode ficar a
pé ainda este ano, podendo ser substituído por Carlos Sainz Jr. a partir de
alguma prova entre as restantes do calendário da F-1.
Tony
Kanaan: O piloto baiano deixa a Chip Ganassi com um quê de decepção, sem
conseguir mostrar os resultados que esperava. Em quatro anos competindo pelo
time do velho Chip, Tony sempre acabou ficando bem para trás em relação a Scott
Dixon, que inclusive ganhou o campeonato de 2015 enquanto o brasileiro foi o 8º
colocado na classificação naquele ano. Seu melhor campeonato no time foi em
2016, onde terminou em 7º no campeonato, mas apenas 16 pontos atrás de Dixon,
que foi o 6º colocado. Neste ano, enquanto Scott foi o 3º colocado, com 621
pontos, Tony terminou em 10º lugar, com 403 pontos. O clima infelizmente azedou
com o time, e Kanaan buscará sua recuperação em 2018 no time da Foyt, que este
ano teve uma performance bem fraca. Depois de brilhar na KV após sair do time
da Andretti, esperava-se que Tony voltasse com tudo à disputa do título, mas o
melhor que conseguiu foi uma única vitória em Fontana em 2014, muito pouco para
suas pretensões de melhores resultados.
Felipe
Massa: O piloto brasileiro tem enfrentado problemas com a queda de performance
acentuada da Williams nas últimas corridas, mas infelizmente Felipe também não
tem ajudado muito nas oportunidades que surgiram recentemente de obter melhores
resultados. Como consequência disso, Massa terminou atrás de seu parceiro Lance
Stroll na Itália, e cometeu um dos erros mais crassos da temporada quando
insistiu em se manter na pista em Singapura com pneus de chuva forte quando
todos os demais pilotos já utilizavam compostos intermediários. A falta de tato
com os pneus comprometeu qualquer possibilidade de pontuar, o que Stroll
conseguiu, e agora se encontra bem próximo do brasileiro na pontuação do
campeonato. Com interesse em permanecer na Williams para a próxima temporada,
Felipe tem de evitar estes erros e mostrar ser de importância fundamental para
a escuderia inglesa, o que desempenhou bem no início do ano, mas depois, com a
queda de performance, começou também a não conseguir mais mostrar o mesmo
desempenho frente a seu companheiro de equipe, que vem crescendo de produção,
enquanto o brasileiro parece ter estagnado. Nesse ritmo, só o conservadorismo
da Williams e sua intimidade para com o brasileiro garantirão sua permanência
em 2018, o que pode ser muito pouco...
Daniil
Kvyat: Depois de ser “rebaixado” para a Toro Rosso no ano passado, o piloto
russo não foi mais o mesmo na F-1, e este ano continuava a fazer uma temporada
apagada na escuderia B dos energéticos, sem conseguir incomodar Carlos Sainz
Jr., ou obter resultados mais vistosos como os do espanhol. E o calvário finalmente
se completou esta semana, com o anúncio de sua substituição pelo francês Pierre
Gasly, que já assume o seu cockpit na próxima corrida, na Malásia. A esperança
de Daniil era que, com a parceria da Toro Rosso com a Honda em 2018 poderia
acabar impondo um piloto oriental na escuderia, para evitar perder as
referências, eles teriam, em tese, de manter Kvyat como titular, não podendo
correr o risco de terem uma dupla completamente “virgem” na F-1, ainda mais competindo
com um motor que ainda não mostrou a que veio na F-1. Infelizmente a paciência
da escuderia chegou ao fim antes que o russo esperava, e até mesmo com justa
causa, em virtude não apenas de sua falta de resultados, como também dos
acidentes em que se envolveu durante este ano nas corridas......
Honda
na F-1: A montadora japonesa conseguiu se manter na F-1 em 2018, mas às custas
de uma negociação complicada, e sendo empurrada praticamente goela abaixo para
equipar um time com vistas a ser unicamente “bucha de canhão” para o
desenvolvimento durante o campeonato do próximo ano da unidade de potência
nipônica. O ponto positivo é que, sem a pressão de um time grande, o trabalho
de desenvolvimento deve fluir melhor na Toro Rosso. O ponto negativo é que o
bólido do time italiano não deve permitir vôos muito altos para a escuderia,
portanto, os japoneses que não tenham expectativas demasiado elevadas para o
próximo campeonato. Por outro lado, se tudo correr bem, e o desenvolvimento
vier de fato, os propulsores da Honda poderão equipar a Red Bull em 2019,
fazendo os nipônicos ganharem outro time de ponta para tentarem enfim voltar a
brilhar na F-1. A teoria parece boa, mas é a prática que está deixando todo
mundo preocupado. Caso contrário, a Toro Rosso teria aceitado receber as
unidades japonesas de braços abertos, e não por imposição de sua proprietária,
a Red Bull. E pensar que há pouco mais de 25 anos atrás, todo mundo queria ter
os motores da Honda...
Nenhum comentário:
Postar um comentário