O autódromo de Infineon Raceway mais uma vez encerra a temporada da Indycar com mais uma decisão do título da categoria. |
Chegou o momento da
decisão. O pessoal da Indycar está em Sonoma, no Infineon Raceway, para o
encerramento da competição, e temos quatro pilotos na luta pelo título da
temporada, praticamente. Embora a pontuação desta corrida seja dobrada, por ser
a prova final do campeonato, e matematicamente 6 pilotos ainda possam em teoria
chegar ao título, a rigor só Josef Newgarden, Scott Dixon, Hélio Castro Neves,
e Simon Pagenaud tem chances reais mesmo de título. Will Power, o 5º colocado
na competição, tem 68 pontos de desvantagem para Newgarden, e seria preciso uma
combinação de fatores extremamente complicada para dar ao australiano o
bicampeonato da categoria. E seria preciso que os demais pilotos na briga caíssem
fora da competição para que suas chances ficassem realmente válidas. O mesmo
vale para Alexander Rossi, que precisaria de uma combinação praticamente
perfeita de uma vitória e um desastre completo dos demais postulantes ao título
para poder sonhar com a taça.
Com 560 pontos na
carteira, e ocupando a primeira colocação da tabela, o americano Josef
Newgarden faz uma temporada de estréia na Penske muito boa, e com chances de
faturar o título. Mas ele poderia ter complicado a situação ainda mais para
seus rivais se não tivesse batido de forma bizarra após sair dos boxes em
Watkins Glen na semana retrasada, praticamente ficando de fora das primeiras
colocações, e marcando apenas 13 pontos porque o sistema de pontuação da
categoria não deixa ninguém no zero em nenhuma etapa. Josef venceu 4 corridas
no ano, e em tese, depende apenas de si mesmo para chegar ao seu primeiro
título.
Mas a pista mista de
Sonoma pode ser complicada, e tudo pode acontecer na corrida. Qualquer
descuido, já nos treinos livres, pode azedar todo o final de semana, e logo
atrás do americano da Penske vem a maior ameaça à sua conquista, o neozelandês
Scott Dixon, da Ganassi. Dixon tem aproveitado todas as oportunidades que
surgem à sua frente, e qualquer vacilada da concorrência pode ser um prato
cheio para ele, que apesar de certa inferioridade de seu carro frente aos pilotos
da Penske na luta pelo título, venceu uma corrida no ano e com uma grande
constância mantém-se firme na luta, sendo o único piloto não-Penske a de fato
poder conquistar a taça. Dixon foi 2º colocado em Gateway e Watkins Glen, e com
isso, colou em Newgarden, que ficou apenas 3 pontos à sua frente. Basicamente,
Scott precisa chegar na frente de Josef, para levar o seu 5º título, e ele tem
ginga e capacidade para isso. Se a Ganassi tiver um bom acerto no seu carro, na
prática Dixon assume os ares de grande favorito em Sonoma, que em caso de
vencer o campeonato, seria o seu 5º título nas categorias Indy, tornando-o um
dos maiores campeões de todos os tempos.
Josef Newgarden (acima) lidera o certame, mas Scott Dixon (abaixo) está em seus calcanhares e pode dar um bote certeiro no piloto da Penske. |
Um pouco mais atrás,
vem dois outros pilotos de Roger Penske. Hélio Castro Neves vai para o tudo ou
nada na disputa pelo título. Com 22 pontos de desvantagem para Newgarden (538 a
560), o brasileiro precisa vencer para poder dizer que deu tudo de si na luta,
mas mesmo que vença, Newgarden e Dixon terão de ficar abaixo do 2º lugar para
garantir a taça a Helinho, que por via das dúvidas, deve se garantir nos pontos
extras, a fim de abater moralmente seus rivais. Hélio tem feito uma temporada
constante e combativa, embora tenha perdido a chance de obter alguns resultados
melhores por problemas alheios a seu controle, como a bandeira amarela em
Toronto que arruinou suas chances de vitória ou pódio, ou por pequenos
deslizes, como deixar o motor morrer numa das paradas de box em Gateway. Mas o
brasileiro só abandonou uma corrida, no Texas, e voltou a vencer, depois de um
jejum de 3 anos, ao cruzar em primeiro a linha de chegada em Iowa. Mas, se
quiser mesmo ser campeão, sem sombra de dúvidas, ele tem de pensar firme na
vitória em Sonoma. Helinho já venceu nesse circuito, em 2008, e a Penske tem
bom retrospecto no circuito californiano, com triunfos em 2010, 2011 e 2013,
com Will Power; 2012 com Ryan Briscoe; e no ano passado com Simon Pagenaud. Mas
aí é que está o maior perigo: Josef Newgarden também é piloto de Roger Penske,
então...
E Scott Dixon também
tem bom retrospecto em Infineon, com vitórias em 2007, 2014 e 2015, esta última
dando-lhe seu 4º e último título, sem mencionar que naquele ano ele chegou a
Sonoma praticamente como azarão na disputa, com Juan Pablo Montoya cotadíssimo
para conquistar o título. Na verdade, ambos acabaram empatados em número de
pontos, mas Dixon levou a taça por ter mais vitórias no campeonato que o
colombiano. Portanto, é preciso ficar de olho no piloto da Ganassi, até porque
a situação do neozelandês não é tão débil agora. Mesmo assim, Scott terá de dar
duro para manter o time da Penske atrás de si. E mesmo que esteja em posição
muito complicada para tentar ser campeão, nem por isso Will Power irá desistir
de encerrar o ano com mais uma vitória, mesmo que não vença o campeonato.
Hélio Castro Neves (acima) e Simon Pagenaud (abaixo) também estão de olho no título, e querem terminar o ano em grande estilo. |
E, ao contrário da
F-1, sem jogo de equipe na Penske. É cada um por si na pista. Além de Newgarden
e Hélio no pau a pau, Simon Pagenaud, o campeão do ano passado, ainda tem esperanças
de ser bicampeão. Com 526 pontos, o piloto francês, tal como o brasileiro,
venceu apenas uma corrida este ano, não fazendo uma temporada deslumbrante como
a de 2016, mas tem conseguido manter a constância e ficar longe de confusões, e
ainda que tenha carecido de alguns melhores resultados para estar com menos
desvantagem na pontuação, não pode reclamar muito da sorte, a exemplo de Will
Power, que teve dois abandonos fatais para suas ambições de também lutar pelo
segundo título na categoria, nas provas de Toronto e Gateway. Se quiser ser
campeão, a exemplo de Hélio, Simon tem de pensar unicamente em vencer, e ainda
por cima, torcer para que Newgarden ou Dixon subam ao pódio. A diferença para o
piloto brasileiro pode parecer mais fácil de ser suplantada, mas nada pode ser
considerado fácil na pista de Sonoma. E Pagenaud tem mais motivos para não dar
mole na pista, após levar um toque de Josef Newgarden na etapa de Gateway
quando ambos disputavam a liderança da corrida e quase ir parar no muro. Josef
não se desculpou pela forma excessivamente agressiva como superou o companheiro
de time na pista, numa manobra que acabou sendo crucial para seu triunfo na
prova. Então, se o francês estiver à sua frente na pista, Josef que se prepare
para não ter vida fácil, especialmente de Pagenaud.
Com cerca de 3,57 Km
de extensão, o circuito localizado na cidade de Sonoma tem poucos trechos de
reta, e várias subidas e descidas. A maior parte do traçado é estreita, e suas
11 curvas fazem da pista um pesadelo para ultrapassagens. Quem tiver o azar de
largar mais atrás vai precisar de um bom jogo de cintura e estratégia para ir
para a frente, além de um carro muitíssimo bem acertado. E mesmo assim,
dependendo das circunstâncias de corrida, pode-se passar a prova inteira “trancado”
atrás de alguém, sem conseguir passar. Os times terão de ser impecáveis nos pit
stops durante a corrida, para permitirem a seus pilotos subirem posições na
pista. E nem cheguei a mencionar que, vez por outra, o pessoal se empolga
demais em algumas disputas e divididas, e surge a bandeira amarela, que pode
tanto ajudar quanto arruinar a corrida de alguém.
Ultrapassar em Sonoma pode ser bem complicado, portanto, largar na frente será muito importante, e caprichar na estratégia de corrida e nos boxes. |
Para os fãs
brasileiros da categoria, uma lástima a Bandeirantes não exibir a prova no
canal aberto, confinando-a apenas ao canal pago Bandsports. É o encerramento da
competição, e com quatro pilotos lutando a fundo pelo título, sendo um deles
brasileiro, esperava-se da emissora um pouco mais de respeito pelos amantes da
velocidade. Antes, o que atrapalhava era o futebol, cujas partidas acabavam colidindo
com os horários de várias provas, mas o que se viu este ano foi o esquema de
sempre, com várias corridas sendo exibidas apenas no canal pago. Na verdade,
dá-se a impressão de que a emissora atualmente odeia o esporte, ao contrário do
que já foi um dia, o “canal do esporte”, antes mesmo que tivéssemos no Brasil
canais especializados no assunto. A divulgação das corridas é ínfima, e mesmo
nos telejornais, o espaço é tremendamente reduzido. Dessa maneira, não há como
exigir uma audiência maior, se a própria emissora não faz uma divulgação
decente de seu produto. A transmissão do Bandsports começa a partir das
19hrs.40min, ao vivo, pelo menos. Até aqui, o canal aberto transmitirá um
compacto de 15 minutos da corrida durante a madrugada de domingo para segunda,
das 1h30min às 1h45min. É mole? Não, não é!
Aliás, o torcedor
brasileiro que aproveite bem esta corrida. Pode ser a última que tenhamos dois
pilotos brasileiros na categoria. Para o ano que vem, apenas Tony Kanaan está
garantido, e Hélio tem uma posição mais duvidosa: não que ele vá ficar sem
emprego, mas Roger Penske tem outros planos para o piloto brasileiro. Isso será
tema de uma outra coluna muito em breve. Por enquanto, vamos à decisão da
Indycar 2017, e que vença o melhor piloto!
Hoje a F-1 começa os treinos para
o Grande Prêmio de Cingapura, e a perspectiva é de que a Mercedes terá muito
trabalho com a Ferrari, e talvez até mesmo com a Red Bull nesta pista. O
circuito urbano montado na Cidade-Estado do sudeste asiático nos últimos dois
anos não foi bem hospitaleira para as hostes prateadas dos campeões mundiais. É
verdade que em 2016 a vitória foi de Nico Rsoberg, que largou na pole e
conseguiu comandar a corrida até a bandeirada, mas em nenhum momento o piloto
alemão conseguiu ter sossego durante a corrida. Daniel Ricciardo deu uma boa
canseira em Nico, e só não venceu porque Rosberg aguentou firme a pressão do
australiano da Red Bull. Lewis Hamilton fez uma corrida meio apática, largando
em terceiro e finalizando nesta mesma posição. Quem não esteve bem foi a
Ferrari, com Kimi Raikkonem em 4º, até bem próximo de Hamilton, mas com
Sebastian Vettel bem mais longe, em 5º lugar. Já em 2015, o panorama foi
diferente: vitória de Vettel, seu terceiro triunfo no ano, com Nico Rosberg
apenas em 4º lugar, enquanto Hamilton ficou pelo caminho com problemas no
carro. Em 2014, no primeiro ano da nova era turbo híbrida, Hamilton venceu a
corrida até com alguma folga, mas a Mercedes viu Nico Rosberg ficar pelo meio
do caminho. E este ano, o que poderá acontecer? A Ferrari vem muito forte, e
apesar do aparente tropeço em Monza, o circuito de Marina Bay é outra história.
Travado e cheio de curvas, ele tem mais a ver com as tortuosas ruas de Mônaco e
o traçado travado de Hungaroring, pistas onde os carros de Maranello mostraram
muito mais desenvoltura do que os da Mercedes. Não por acaso Hamilton evitou se
empolgar demais após sua vitória na Itália, por saber que nesta pista a
situação tenderá a ser bem mais complicada para ele obter a vitória. Novo líder
do campeonato, com apenas 3 pontos de vantagem para Vettel, Hamilton sabe que
um triunfo nesta pista seria crucial para abater o moral dos ferraristas. Mas o
inglês terá de se aplicar a fundo para conseguir este intento. No ano passado,
Nico Rosberg esteve bem mais à vontade na pista do que Lewis, e conseguiu uma
vitória importante para a conquista de seu título mundial. Se Hamilton
conseguir manter-se no controle, largando na frente, tem boas chances de vencer
a corrida. Mas falta combinar com os adversários, e eles, diga-se de passagem,
tem idéias bem diferentes. Vamos ver quem consegue se dar melhor neste final de
semana, que tem tudo para apresentar uma corrida interessante.
A Williams não terá mais a
presença de seu comando-maior em Cingapura e até o final da temporada. O time
de Frank Williams já não conta com a presença de seu fundador nas últimas
corridas, uma vez que o seu estado de saúde já não é o mesmo de antes. E sua
filha Claire, que assumiu a direção do time, está grávida, devendo dar à luz
agora no mês de outubro, e depois tendo de dar atenção à nova criança. A
escuderia já dá como perdida a 4ª colocação no Mundial de Construtores, não
vendo perspectivas de alcançar a Force India. Por outro lado, tem de se
preocupar com quem vem atrás, com ameaças bem reais de Toro Rosso, Renault, e
até mesmo da Hass, se os carros ingleses voltarem a demonstrar a performance de
corridas como Áustria, Inglaterra, Hungria, e até da Bélgica. Felipe Massa,
aliás, já adiante que o circuito de Marina Bay não deverá facilitar para o time
neste final de semana, pelas similaridades com as pistas de Hungria e Monte
Carlo. No ano passado, o brasileiro terminou a corrida em um nada apreciado 12º
lugar...
Quem está mais animado para este
final de semana é Fernando Alonso. A pista deve favorecer menos a potência dos
motores, e a McLaren pode ter sua chance de voltar aos pontos, depois de
literalmente ficar a ver navios nas últimas duas corridas, disputadas em pistas
de alta velocidade. Mas não é apenas pela perspectiva de um resultado mais
positivo que o espanhol está muito sorridente: o esperado anúncio do acordo
McLaren/Renault já é tido como sacramentado, e com isso, o time de Woking passa
a ter pelo menos um motor satisfatório para a próxima temporada. E, mesmo que a
unidade de potência francesa não se iguale em performance às da Mercedes e
Ferrari, se o carro for bom, pelo menos há esperanças bem melhores, como se vê
na Red Bull. Aliás, o desempenho dos carros dos energéticos em Monza, um
circuito onde a potência do motor é fundamental, foi muito boa, conforme o 4º
lugar de Daniel Ricciardo, largando lá da parte de trás do grid. Poder pelo
menos lutar com dignidade deve dar a Alonso esperanças de dias muito melhores.
E os japoneses irão se virar com a Toro Rosso no próximo ano, bastando isso ser
confirmado oficialmente também. Aguardemos os comunicados de praxe para tornar
tudo confirmado preto no branco...
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