sexta-feira, 8 de setembro de 2017

OPERAÇÃO QUADRANGULAR NA F-1



Para manter Fernando Alonso e voltar a ser competitiva, McLaren deve entrar em uma verdadeira operação envolvendo também os japoneses da Honda, os franceses da Renault e a Red Bull e Toro Rosso.

            O Grande Prêmio da Itália foi um fiasco para a McLaren, como já se esperava, e tanto Fernando Alonso quanto Stoffel Vandoorne ficaram pelo meio do caminho, com novas quebras nos carros, e a situação com a Honda praticamente insustentável, com todo mundo apenas contando os minutos para ser oficializada a separação entre a escuderia britânica e a fábrica japonesa, que a despeito dos esforços, não está conseguindo entregar os resultados esperados. E agora, nesta semana, ventilou-se um possível acordo que poderá servir para agradar a ambas as partes, com interesses de terceiros na empreitada proposta.
            Renegada por Mercedes e Ferrari na possibilidade de receber suas unidades de potência para 2018, a última esperança da McLaren é a Renault, de obter um novo motor para o próximo ano. Ocorre que os franceses já estão comprometidos com 3 escuderias, e dizem que não têm condições de fornecer a uma quarta. Com a perspectiva de perderem a McLaren, os japoneses da Honda tentaram acordos com a Sauber, e mais recentemente, com a Toro Rosso, recebendo negativas de ambos os times, situação vexaminosa para a marca. Os suíços preferiram continuar com os propulsores da Ferrari, ampliando sua cooperação com o time italiano, para se tornarem praticamente um time “B” de Maranello. E a Toro Rosso teria tido divergências financeiras a respeito do acordo para o negócio não sair. Só que agora o time de Faenza pode acabar tendo de engolir os propulsores nipônicos contra a vontade.
            Em primeiro lugar, os japoneses não querem sair da F-1. Por mais vexames que estejam enfrentando, desistir da categoria seria uma vergonha ainda maior, repudiados por todos. E a Liberty Media, atual dono da categoria máxima do automobilismo, também vê com maus olhos a saída da Honda, o que deixaria a F-1 novamente com apenas 3 fornecedores de motores. O que fazer para remediar a situação, então? E como a Toro Rosso se encaixa nesta nova equação proposta esta semana?
            Bem, a McLaren precisa de um motor, e o Renault, em que pese estar atrás de Ferrari e Mercedes, é muito superior ao Honda, o que não é difícil, convenhamos. Mas, com um bom carro, mesmo o propulsor francês oferece muito mais alternativas, e a Red Bull é o exemplo, com o time dos energéticos ocupando a terceira posição no mundial de construtores, e com um de seus pilotos, o australiano Daniel Ricciardo, sendo o 4º colocado no campeonato. A McLaren afirma que possui um bom carro, mas lhe falta motor. Portanto, o desejo é pelo menos conseguir os propulsores franceses, para pelo menos voltarem a apresentar um desempenho decente, e voltarem a crescer.
            Curiosamente, para a Red Bull, a Renault já não lhes é suficiente. Assim como o time de Woking, eles querem mais, mas Ferrari e Mercedes igualmente não vão lhes fornecer suas unidades de potência. Portanto, que tal eles ficarem com a Honda? Uma loucura, não? Calma aí, que não é bem assim que as coisas podem parecer...
            Acontece que a Toro Rosso pertence à Red Bull. É o seu time “B” na F-1, usado para seus novos pilotos aprenderem a guiar na categoria máxima do automobilismo, e mostrarem do que são capazes, para no futuro serem efetivados no time principal. Aconteceu com Sebastian Vettel, com Daniel Ricciardo, e mais recentemente, com Max Verstappen. E eles correm com os mesmos motores do time principal, os Renault (que na Red Bull são rebatizados de TAG Heuer). Só que a Toro Rosso nunca consegue ir muito longe no pelotão intermediário, e no atual momento, está em uma disputa renhida com Williams, Hass e Renault no Mundial de Construtores, e parece que não vai muito mais longe que isso. A idéia agora então do time austríaco seria usar seu time “B” para receber os propulsores da Honda, que além do fornecimento das unidades, também entrariam com parte do orçamento de manutenção do time, como ocorre hoje com a McLaren.
            A mudança seria benéfica para os japoneses: eles teriam mais tranquilidade para trabalhar e desenvolver seus propulsores, já que por mais ambiciosas que fossem as metas de Faenza, vencer corridas ou disputar o título nunca iriam acontecer realmente, ou isso seria extremamente difícil. Com um ambiente de um time sem as cobranças de um time tradicional e de história vencedora como a McLaren, imagina-se que a Honda obtenha mais sucesso em evoluir seu equipamento. E a Red Bull ficaria atenta a esse desenvolvimento, para no momento certo, pegar para si os propulsores nipônicos, e estabelecer-se como time de fábrica dos japoneses na categoria, deixando de serem “clientes” da Renault. Pode demorar um pouco, mas o raciocínio é válido, e seria extremamente vantajoso para o time principal dos energéticos.
A Red Bull não está contente com a Renault, e poderia vir a ser o futuro time de fábrica da Honda, mas só depois que os propulsores nipônicos estiverem plenamente desenvolvidos, tarefa para a qual eles usarão o seu time B, a Toro Rosso (abaixo), que na prática serviria como bucha de canhão para os nipônicos poderem desenvolver seu equipamento.
            Para a Red Bull, seria uma boa economia de recursos. Boa parte do orçamento da Toro Rosso hoje é bancado pela companhia de Dietrich Mateschitz, e a Honda assumiria parte destes gastos. Consequentemente, estes recursos que seriam economizados poderiam ser aplicados na equipe principal. E eles poderiam ter o motor Honda tão logo ele se tornasse competitivo o suficiente para levar vantagem sobre as unidades fornecidas pela Renault, e com um status superior ao que já dispõem atualmente na relação equipe-fabricante. A McLaren conseguiria os propulsores franceses, e resolveria boa parte de seus problemas. Claro, com relação ao déficit de performance das unidades francesas para as rivais alemães e italianas, isso seria motivo de reclamação para um momento posterior, mas para quem no momento não consegue nem usar seus propulsores a fundo e já teve quebras em todos os componentes e sendo penalizada a largar do fim do grid, está mais do que bom.
            A McLaren inclusive poderia continuar contando com Fernando Alonso, que ganharia um equipamento bem mais competitivo, e seria garantia de resultados na pista. O espanhol voltaria a trabalhar com a marca pela qual foi bicampeão mundial em 2005 e 2006, e os franceses, em que pesem contarem atualmente com a forte dupla da Red Bull, sabem que o acréscimo do bicampeão seria positivo para a marca, que ainda não é capaz de vencer ou subir ao pódio com seu time próprio, capitaneado por Nico Hulkenberg na pista. E a mudança para a Renault seria essencial para manter Alonso no time, já que o espanhol tem levado a escuderia nas costas nos últimos anos, e mesmo assim, pontuar tem sido tremendamente difícil. Na verdade, Fernando está em um beco sem saída, pois não há espaço para ele nos times mais competitivos. A McLaren precisa dele, e ele não tem também opções melhores. Cogitou-se uma opção na Williams, mas em termos de carros, a McLaren parece possuir um monoposto melhor que o do time de Grove, ignorando, claro, a unidade de potência. O WEC até poderia ser uma opção, mas com a classe LMP1 por um fio, não creio que Fernando se aventure nos LMP2. E a Indy, bem, a Indy em tempo integral não é o que Alonso viu em Indianápolis: é algo muito mais acanhado, e menos glamuroso, e onde teria de abdicar de ganhar o salário que recebe atualmente. Poder continuar na McLaren, agora com um carro pelo menos competitivo, e quem sabe até vencedor, caso a Renault consiga aprimorar de forma substancial seu equipamento para 2018, é o que resta de melhor para Alonso.
            Em tese, todos ganham: a F-1 mantém a Honda; a Red Bull, em que pese as críticas à Renault, se aguenta bem com os franceses, enquanto os japoneses terão um pouco de paz e sossego para ver se conseguem enfim encontrar o rumo do sucesso com suas unidades de potência, que no momento adequado, ganhariam um novo time de ponta para equipar e brilhar enfim na disputa por vitórias e pelo título, como se imagina na teoria os dirigentes da Red Bull; Fernando Alonso se manteria na F-1, e quem sabe a McLaren volta a vencer corridas, e até disputar o título, com Fernando, se não sendo campeão novamente, mas pelo menos voltando a ser protagonista, e não figurante?
            Quem sairia perdendo seria a Toro Rosso, pois até que os japoneses conseguissem desenvolver adequadamente o seu equipamento, o time B dos energéticos teria de viver os dramas que hoje afligem a McLaren: performance duvidosa, sem confiabilidade, e com perspectivas de melhoras incertas no curto prazo. Ou até pior, pois se o chassi concebido em Faenza não for bom, o time pode se afundar ainda mais. Um calvário que seria difícil de seus pilotos aguentarem também, sem perspectivas de almejarem a bons resultados. Claro, pode ser que em 2018 os japoneses apresentem um motor melhor, e a situação não seja tão ruim como vem sendo nesta temporada. O problema é não ter garantias de melhora, como vimos do ano passado para cá, quando todo mundo esperava uma evolução da Honda, e viu-se totalmente o contrário. Mas pior mesmo é ter de ser usado como time de testes em tempo integral, literalmente, por ordem do time principal, com o intuito exclusivo de desenvolver as unidades de potência nipônicas. O alívio é certamente imaginar que também poderão usufruir destas unidades, quando apresentarem-se devidamente competitivas, e não apenas verem-nas serem repassadas ao time principal tão logo fiquem prontas para tanto. Restará a ambos terem paciência para esperarem este momento chegar. A dúvida é quanto tempo isto irá demorar, e se irá acontecer, pelo menos na performance esperada pelo time austríaco, de que os japoneses possam pelo menos superar dos propulsores franceses, e se aproximarem das unidades da Mercedes e da Ferrari.
            Oficialmente, nada ainda foi assinado ou divulgado, mas nos bastidores, comenta-se que o acordo descrito já foi selado e sacramentado, restando apenas ser divulgado no momento oportuno, que poderia vir também com a confirmação da renovação de Fernando Alonso com a McLaren agora com os propulsores Renault para 2018. Uma grande operação quadrangular envolvendo Red Bull, Renault, Honda, e McLaren para tentar agradar a gregos e troianos, com interesses imediatos e mediatos diversos, cada um com o seu objetivo específico. Que rolo para se conseguir ajeitar todos estes fatores... E olhe que ainda nem se pode garantir que tudo corra conforme a teoria dos fatos aqui explicada. Tem muito chão pela frente ainda. Como torcedor, espero que tudo dê certo, e todas as partes envolvidas consigam obter seus objetivos nesta empreitada. Vejamos o que poderá acontecer em 2018, se isso tudo ficar assim...


Hoje começam os treinos para o Grande Prêmio de San Marino, no circuito de Misano, Itália, pelo campeonato da MotoGP, e com uma importante ausência na pista: Valentino Rossi. O “Doutor” caiu quando treinava de enduro perto de sua casa em Tavullia, na Itália, na quinta-feira da semana passada, e se deu mal, fraturando a tíbia e fíbula da perna direita. O piloto foi operado ainda na madrugada de sexta-feira, e teve alta já no sábado. Mesmo assim, os médicos estimaram que Valentino precisará de cerca de 40 dias para se recuperar completamente, o que o deixará de fora das etapas de San Marino, neste final de semana, e certamente de Aragão, daqui a duas semanas. Para este final de semana, o time da Yamaha contará apenas com a presença de Maverick Viñales na pista. O time dos três diapasões optou por não substituir Rossi nesta etapa, e ainda não decidiu o que fará na etapa de Aragão. A princípio Valentino, que está se recuperando em casa, afirma que tentará estar apto para voltar à pista no circuito espanhol, mas sabe que dificilmente estará recuperado até lá. Valentino vai além, e já dá por encerrada a sua luta pelo título da temporada, mesmo que retorne na próxima corrida. O heptacampeão sabe que, mesmo que disputa a corrida seguinte, perdendo apenas a etapa de Misano, ele não conseguirá ter o desempenho ideal, e seus concorrentes deverão abrir ainda mais vantagem para ele na classificação do campeonato. Atualmente, Rossi é o 4º colocado na tabela de pontos, com 157 pontos. O líder é seu compatriota Andrea Dovizioso, da Ducati, com 183 pontos, havendo uma desvantagem de 26 pontos do “Doutor” para o líder, pontuação que já supera o máximo que pode obter em uma corrida. Com apenas 6 provas para fechar o campeonato, e portanto com 2 delas sem perspectiva de reduzir essa diferente, Rossi sabe que suas chances de tentar o oitavo título na classe rainha do motociclismo este ano são extremamente reduzidas. Quando retornar em condições mais ideais, provavelmente em Motegi, no Japão, etapa marcada para o dia 15 de outubro, Rossi terá apenas 4 provas para tentar se recuperar, e dado o equilíbrio que vemos no momento entre os demais ponteiros no campeonato, realmente não haverá muito a fazer. A chance de um novo título fica para 2018, no que pode ser a última temporada do “Doutor”, quando estará com 39 anos, a não ser que renove mais uma vez com a Yamaha. Rossi foi vice-campeão nas últimas temporadas e mostra uma disposição e vitalidade impressionantes na pista, já tendo atingido, na etapa de Silverstone, disputada há duas semanas atrás, a marca de 300 provas disputadas na categoria. Algo a se impressionar, e a se respeitar...


Valentino Rossi não foi o único piloto da MotoGP a sofrer um acidente nestes últimos dias. Carl Crutchlow, da equipe LCR, time satélite da Honda, precisou passar por uma cirurgia para religar um tendão do dedo. O piloto estava em casa tentando cortar um pedaço de queijo parmesão quando a faca escorregou e atingiu o dedo da mão, cortando o tendão. Crutchlow disse que cortar queijo parmesão é algo “muito perigoso”, e que não pretende voltar a tentar cozinhar tão cedo... “Sou terrível na cozinha”, declarou. Melhor ficar mesmo na pilotagem das motos...

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