quarta-feira, 22 de março de 2017

ESPECIAL MOTOGP 2017



            Fãs das duas rodas, acabou a espera. Neste final de semana a MotoGP dá a largada para o seu Mundial de 2017 prometendo várias disputas e muita emoção roda a roda (e alguns tombos, também). O palco de estréia é a pista de Losail, no Qatar, na única corrida noturna do calendário, que terá 18 provas recheadas de competição ferrenha até o mês de novembro, com seu encerramento na pista de Valência, na Espanha. Hora de colocar o leitor um pouco por dentro do que vai rolar na disputa da classe rainha do motociclismo mundial, com o texto que segue abaixo, e preparem-se para acelerar fundo na competição de motos...


MOTOGP 2017: TODOS CONTRA MARC MÁRQUEZ

Tricampeão da categoria, aos 24 anos, o piloto da Honda vai em busca do tetracampeonato, mostrando além de sua grande velocidade, maturidade e constância.

Adriano de Avance Moreno

A MotoGP dá a largada para o Mundial de 2017 no Catar. Preparem suas emoções para disputas em alta velocidade!
            A MotoGP dá a sua largada para o campeonato de 2017 neste próximo domingo, na pista de Losail, no Catar, e a expectativa é de uma temporada com muita disputa, centrada principalmente nas duas melhores equipes do grid, a Yamaha e a Honda, e com a perspectiva de uma Ducati em ascenção para tentar se intrometer com maior regularidade nos pegas pelas primeiras posições.
            O grande destaque desta temporada foi a mudança de alguns dos principais pilotos do grid. Jorge Lorenzo, depois de várias temporadas defendendo o time de fábrica da Yamaha, aceitou finalmente o desafio de comandar a equipe Ducati no mundial, assumindo o lugar que era do italiano Andrea Iannonne, que foi dispensado da equipe italiana. Iannonne foi achar lugar em outra equipe de fábrica, a Suzuki, que por sua vez, perdeu sua principal estrela, Maverick Viñalez, que foi para a equipe da Yamaha, no lugar de... Jorge Lorenzo.
            Com relação ao regulamento técnico, a grande mudança é a proibição das asas nas motos. Cada equipe terá direito de homologar dois desenhos de carenagens para uso durante a temporada, e a Ducati chegou a apresentar um design onde recriava as asas aerodinâmicas em um outro formato, que ainda está tendo sua permissão de uso discutida. De resto, não houve nenhuma mudança do ano passado para cá. Os times estão mais experientes no uso das centralinas eletrônicas padrão para todas as escuderias, em que pese algumas ainda estarem enfrentando alguns problemas em obter o melhor rendimento deste equipamento. Os pneus da Michelin, que estrearam no ano passado, agora já tem um ano de experiência e resultados acumulados, permitindo um desenvolvimento dos compostos que tende a torná-los menos imprevisíveis para pilotos e equipes.
            No ano passado a categoria apresentou nada menos do que nove pilotos diferentes vencendo corridas, em que pese a disputa pelo título ter continuado restrita entre as poderosas Yamaha e Honda, panorama que deve se repetir mais uma vez este ano. Mas dificilmente a MotoGP deverá ver um grande número de pilotos vencendo como houve em 2016: muitas corridas surpreenderam pela presença da chuva, que esteve presente em várias provas, o que fez com que vários pilotos favoritos errassem ou apresentassem performance inferior ao esperado. Se São Pedro não colaborar este ano, as chances de vitória dos demais times caem bastante. Em condições normais, Yamaha e Honda devem dividir novamente as vitórias, com a Ducati correndo por fora, mas podendo surpreender dependendo da pista, mas sem apresentar a mesma constância de desempenho das duas marcas nipônicas. E tudo indica que a disputa acirrada entre Yamaha e Honda tem tudo para ser novamente eletrizante este ano.
            Na Yamaha, Maverick Viñalez, egresso da equipe da Suzuki, onde pilotou nas duas últimas temporadas, desde que estreou na classe rainha do motociclismo, já se ambientou com seu novo equipamento, o modelo YZR-M1, que guiará nesta temporada. O espanhol, aliás, deixou a modéstia de lado, e após terminar todas as sessões coletivas de testes da pré-temporada na frente, já assumiu a condição de favorito, dizendo que não está incomodado com a pressão, agora que finalmente tem uma moto capaz de fazê-lo campeão, e que não aceitará ser segundo ou terceiro colocado nas corridas, e que irá sempre em busca da vitória. E até já deu sua opinião de que adoraria conquistar o título e ter Valentino Rossi como vice-campeão. Mas é muito cedo para descartar o “Doutor” nessa luta. Rossi foi vice-campeão nos três últimos campeonatos, e está sedento por aumentar sua coleção de títulos. Embora não tenha terminado os testes tão bem colocado quanto o novo parceiro de equipe em alguns dias, devido a alguns problemas, o piloto italiano não pode ser subestimado nas corridas. E, se lhe faltar velocidade, ele sabe compensar com muita experiência, mesmo que no ano passado ele tenha cometido alguns equívocos em algumas corridas que o deixaram sem condições de impedir o tricampeonato de Marc Márquez. Aos 38 anos, o italiano não parece se desmotivar com a idade, enfrentando pilotos com pouco mais do que a metade de sua idade, e renovou contrato com o time dos três diapasões até o fim da temporada de 2018.
Maverick Viñalez já está adaptado à sua nova equipe e andou arrepiando nos testes da pré-temporada. O piloto espanhol já se considera um dos favoritos ao título, e nem precisa ser muito modesto...
            Pelo mostrado nos testes da pré-temporada, a Yamaha começa o ano como a melhor moto da competição, mas o time dos três diapasões também iniciou 2016 como favorita, mas depois, não soube manter essa dianteira, sofrendo vários percalços durante a temporada, alguns evitáveis, como erros de seus pilotos, outros não. Por isso, o favoritismo aparente do time de Iwata pode ser momentâneo, precisando ser reafirmado ao longo do campeonato.
            E ninguém pode em sã consciência ignorar a Honda, pelo mais simples motivo: Marc Márquez! A “Formiga Atômica” surpreendeu em 2016 adotando uma postura mais cerebral e menos impulsiva, vencendo quando tinha condições, e garantindo as melhores posições quando não estava em condições de discutir a vitória. Com uma atuação mais constante e regular, Márquez conseguiu evitar se envolver em confusões e acidentes, uma certa tônica em suas apresentações quando não dispunha de equipamento para vencer, o que o levava a tentar tirar no braço a diferença, por vezes com muita ânsia e vontade, o que o levava a extremos indesejáveis. Com os erros e infortúnios dos adversários, Marc carimbou o tricampeonato na casa da Honda, em pleno Japão, para delírio de sua escuderia. E o espanhol é o homem a ser batido nesta temporada. A Honda treinou forte na pré-temporada, e se a Yamaha mostrou a melhor performance, a sua grande rival demonstrou que está muito perto, e que a disputa pelo título está plenamente aberta, com Márquez indo em busca do tetracampeonato. O atual campeão fez diversas simulações de corrida, e apesar de alguns tropeços, entra bem forte neste início de competição, segundo ele, com a Honda em melhor forma do que iniciou o campeonato do ano passado, quando seu time ainda tentava se adaptar às centrais eletrônicas padrão, e ao comportamento mais arisco de sua moto. E, se mesmo em ligeira desvantagem, Márquez conquistou o tricampeonato, imaginem se estiver com sua moto em melhores condições. O aviso está dado, e os concorrentes que se preparem.
Marc Márquez é o homem a ser batido na atual temporada da MotoGP, mas já ficou pressionado pela exibição de Viñalez na Yamaha. O tricampeão sofreu nove quedas na pré-temporada, tentando ir mais rápido. Pressão à vista?
            Fica novamente a expectativa do que Dani Pedrosa poderá render este ano. Veterano na Honda, Pedrosa ficou completamente eclipsado por Márquez, que já conquistou 3 títulos em 4 temporadas completas, enquanto Dani ainda busca seu primeiro mundial, algo que certamente será muito difícil convivendo na mesma garagem que o atual tricampeão, que é um páreo duríssimo na pista, e só se deixou superar por Pedrosa em poucas oportunidades desde que passaram a dividir os boxes da equipe oficial da Honda. Não deve ser diferente neste ano. O fato de manter sua dupla sem mudanças é um ponto positivo para a Honda, por saber o que esperar de seus pilotos, e eles conhecerem a fundo o seu equipamento, ajudando a identificar problemas e apontar soluções. O que não significa que seus adversários mais diretos, no caso, a Yamaha, aparente ter algum problema com a troca de Jorge Lorenzo por Maverick Viñalez, que se aclimatou rapidamente ao time. E Márquez aponta quem serão seus principais adversários na luta pelo título: a dupla da Yamaha, óbvio. Mas não descarta seu parceiro de equipe, Dani Pedrosa, que quando está inspirado, é um piloto rapidíssimo. Pelo que o tricampeão deu a entender, a Ducati não será ameaça este ano.
            Com a chegada de Jorge Lorenzo, a equipe de Borgo Panigale, que retornou às vitórias no ano passado, confirmando o seu crescimento, acredita que chegou a hora de encostar definitivamente nas favoritas Honda e Yamaha, por poder contar com um piloto do calibre de Lorenzo, tricampeão da classe rainha do motociclismo. Andrea Dovizioso terminou o certame de 2016 na 5ª posição, enquanto Andrea Iannonne foi apenas o 9° colocado. Mas a própria direção da Ducati admite que, mesmo com todas as melhoras conseguidas no equipamento do ano passado para cá, a Desmosedici GP 2017 ainda não está em condições de brigar de igual para igual contra as motos dos times oficiais de Honda e Yamaha. Mesmo com o bom resultado obtido no último teste no Catar, onde Dovizioso fez o segundo melhor tempo, e Lorenzo o 4°, a menos de 0s2 de diferença para o mais veloz, Viñalez, é preciso reconhecer que esse desempenho positivo não se repetirá em todas as pistas.
Depois de nove anos na Yamaha, Jorge Lorenzo agora está na Ducati, e já sabe que terá um ano difícil pela frente...
            Jorge Lorenzo, que trocou a Yamaha pela Ducati, concorda com esse prognóstico, mas com relação à corrida de estréia do campeonato, em Losail, admite que em termos de classificação, seu time tem condições de brigar pela pole-position, embora precise aprimorar o ritmo de corrida, onde os rivais poderão fazer a grande diferença. E será necessário muito trabalho para conseguir igualar este que até o presente momento é o principal ponto fraco da Ducati. Acostumado a ser um dos protagonistas na luta pelo título nos seus tempos de Yamaha, Lorenzo terá de se acostumar a ter uma temporada não tão competitiva como esperava, mas tem esperanças no trabalho de desenvolvimento da fábrica italiana, que quer mais do que nunca voltar a disputar o título da MotoGP. Mas, não apenas a Ducati terá de melhorar, como o próprio Lorenzo ainda tem de se adaptar melhor ao estilo de pilotagem exigido pela moto italiana, cujas reações são diferentes das Yamahas com as quais Jorge estava familiarizado nos últimos anos. E por conta dessa adaptação, Lorenzo admite que de início, seu companheiro de equipe Andrea Dovizioso tem tudo para ser mais rápido que ele. Para ajudar no desenvolvimento da Desmosedici, a Ducati ainda conta com os talentos de Casey Stoner, que há algum tempo atrás aceitou a posição de piloto de testes da equipe italiana, e foi o único campeão da marca italiana na categoria. Vejamos quão longe a Ducati conseguirá ir neste campeonato. Vontade é o que não falta a seus pilotos. E Andrea Dovizioso está ansioso por medir forças com seu novo companheiro de equipe, e mostrar porque mereceu ter o seu contrato renovado com a escuderia de Borgo Panigale.
Andrea Iannonne ocupou o lugar de Viñalez na Suzuki. Time japonês deve ter queda em relação a 2016 em sua performance, mas Iannone quer mostrar o contrário...
            Quem perdeu força em 2017 em relação a 2016 é a Suzuki. A equipe nipônica, que obteve uma vitória no ano passado, ficou desfalcada de seu maior talento, o espanhol Maverick Viñalez, que foi contratado pela rival Yamaha. Com isso, a Suzuki resolveu renovar a sua duplade pilotos para esta temporada, contando agora com o italiano Andrea Iannone e o espanhol Alex Rins. Iannone é rápido, mas inconstante, e precisará dosar um pouco o seu acelerador e a afobação, que o fizeram perder resultados importantes no ano passado, ficando completamente à sombra de seu companheiro Andrea Dovizioso na Ducati. Para não falar do mal estar gerado na colisão provocada por ele e levando junto seu parceiro de equipe em uma etapa onde ambos estavam com o pódio garantido, na Argentina, em 2016.
            Nos demais times da competição, algumas mudanças aqui e ali, enquanto alguns mantiveram suas duplas do ano passado inalteradas. E certamente torcendo para terem este ano a mesma sorte de 2016, quando puderam vencer algumas corridas, quebrando a sequência de triunfos monopolizada por Honda e Yamaha.
            E teremos também a estréia de mais uma equipe de fábrica na classe rainha: a KTM. A marca austríaca tem uma grande reputação nas provas de rali, em especial o Dakar, onde possui uma longa sequência de vitórias na competição, mas pelo que se viu nos testes da pré-temporada, vai penar neste seu início de disputa na classe rainha do motociclismo. Contando com a dupla de pilotos Bradley Smith e Pol Espargaro, a KTM acabou ficando quase sempre nas últimas posições na última sessão de testes coletivos em Losail, contando também com o piloto Mika Kallio. O resultado motivou a fábrica a construir um motor completamente novo, já a terceira versão, para disputar a temporada, em virtude da falta de performance. O novo propulsor, contudo, deverá estar disponível somente a partir da etapa de Jerez de La Fronteira, o que significa que nas primeiras etapas ninguém deverá esperar resultados decentes da marca austríaca. O time admitiu ter enfrentado problemas com a eletrônica padrão da categoria, e até agora não conseguiu obter a sincronia necessária para combinar o gerenciamento da centralina com a potência de seu motor.
A KTM faz sua estréia oficial na MotoGP, mas os testes da pré-temporada mostram que o início será bem complicado. A competitividade ainda deixa muito a desejar.
            Em termos de calendário, teremos novamente 18 provas, exatamente as mesmas de 2016. A única diferença é a troca de posição entre as corridas da Áustria e da República Tcheca. No mais, tudo continua igual. A Finlândia está preparando um circuito para fazer sua entrada no calendário, mas a nova pista só deverá estar plenamente pronta para a temporada de 2019. A expectativa inicial era de que o país nórdico poderia estrar já em 2018. A Bélgica até poderia fazer parte do calendário, quando os responsáveis pela pista de Spa-Francorchamps procuraram a Dorna, promotora da MotoGP, com vistas a tentar levar as motos de volta ao circuito belga, o que foi rechaçado pela entidade promotora, com a justificativa de que a pista de Spa não é segura para as corridas de moto, razão pela qual o circuito foi retirado da competição, no início da década de 1990. Indonésia e Tailândia estão em negociações para adentrar o mundial, e talvez tenhamos novidades já para 2018. Fica a dúvida se serão mantidas as 18 provas por ano, ou se haverá algum incremento no calendário. Em caso negativo, mantendo-se o mesmo número de corridas, a dúvida passa a ser quais provas deixariam a competição.
Com relação à transmissão das provas para o Brasil, tudo continuará a ser feito dentro dos canais pagos do SporTV, que irão transmitir também os treinos oficiais e de classificação de todas as corridas, tanto da MotoGP como das provas das categorias de acesso, a Moto2 e a Moto3, no mesmo esquema visto no ano passado. E tudo começa já neste final de semana, com todas as categorias sendo mostradas ao vivo no canal SporTV 2.
            É hora de acelerar fundo nas duas rodas, com o ronco dos motores subindo, e a emoção também...
A nova aerodinâmica apresentada pela Ducati para substituir as asas aerodinâmicas proibidas para esta temporada. Configuração ainda está sendo analisada para uso nas corridas da temporada.

A Yamaha terminou a pré-temporada com os melhores resultados. Mas teste é teste, e corridas são corridas...


CALENDÁRIO DA MOTOGP 2017

DATA
ETAPA
CIRCUITO
26.03
Grande Prêmio do Catar
Losail
09.04
Grande Prêmio da Argentina
Termas de Rio Hondo
23.04
Grande Prêmio das Américas
Austin
07.05
Grande Prêmio da Espanha
Jerez de La Fronteira
21.05
Grande Prêmio da França
Le Mans
04.06
Grande Prêmio da Itália
Mugello
11.06
Grande Prêmio da Catalunha
Barcelona
25.06
Grande Prêmio da Holanda
Assen
02.07
Grande Prêmio da Alemanha
Sachsenring
06.08
Grande Prêmio da República Tcheca
Brno
13.08
Grande Prêmio da Áustria
Zeltweg
27.08
Grande Prêmio da Inglaterra
Silverstone
10.09
Grande Prêmio de San Marino
Misano
24.09
Grande Prêmio de Aragón
Aragón
15.10
Grande Prêmio do Japão
Motegi
22.10
Grande Prêmio da Austrália
Phillip Island
29.10
Grande Prêmio da Malásia
Sepang
12.11
Grande Prêmio da Comunidade Valenciana
Valência


EQUIPES E PILOTOS DA MOTOGP (Categoria Principal)

EQUIPE
PILOTOS
Avintia Racing
Hector Barbera
Loris Baz
Aspar Team MotoGP
Karel Abraham
Alvaro Bautista
Ducati Team
Andrea Dovizioso
Jorge Lorenzo
Estrella Galicia 0,0 Marc VDS
Jack Miller
Tito Rabat
Aprilia Racing Team Gresini
Sam Lowes
Aleix Espargaro
Monster Yamaha Tech 3
Johann Zarco
Jonas Folger
LCR Honda
Carl Crutchlow
Movistar Yamaha MotoGP
Valentino Rossi
Maverick Viñalez
Team Suzuki Ecstar
Alex Rins
Andrea Iannone
OCTO Pramac Racing
Danilo Petrucci
Scott Redding
Red Bull KTM Factory Racing
Bradley Smith
Pol Espargaro
Repsol Honda Team
Dani Pedrosa
Marc Marquez

Vice-campeão nas três últimas temporadas, Valentino Rossi parte novamente em busca de seu 8° título na classe rainha do motociclismo, mas o ano promete ser de disputas bastante acirradas com os rivais na pista.
Dani Pedrosa está muito mais animado e motivado para esta temporada. Será que agora ele consegue sair da sombra de Marc Márquez na Honda? A conferir...              


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