Já
estamos fechando o mês de março, e começaram alguns dos mais importantes campeonatos
do mundo da velocidade, com os pilotos acelerando pra valer suas máquinas
versão 2017. E como acontece em todo final de mês, lá vamos nós para mais uma
edição da Cotação Automobilística, fazendo uma avaliação do que aconteceu no
mundo do esporte a motor neste último mês, com minhas impressões sobre os acontecimentos.
Então, aproveitem o texto, no esquema tradicional de sempre das avaliações: EM
ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na
cor vermelho-claro). Uma boa leitura a todos, e até a cotação do mês que vem...
EM ALTA:
Sebastian
Vettel: O tetracampeão alemão da Ferrari começou a temporada da F-1 2017 com o
pé direito no acelerador. Travou um bom duelo com Lewis Hamilton pela
pole-position em Melbourne, e na corrida, conseguiu conservar melhor os seus
pneus do que o tricampeão inglês, acelerando no momento certo para voltar à sua
frente na parada de box, e vencer com autoridade a primeira corrida do
campeonato, indicando que poderá ser uma pedra na sapatilha do piloto da
Mercedes, que lutará pelo tetracampeonato. Vettel foi preciso e não cometeu
erros, mas ainda contou com um pouco de sorte quando Hamilton ficou preso atrás
de Masx Verstappen, o que fez o inglês perder tempo na pista. Veremos se ele
manterá a mesma forma em situação menos vantajosa.
Sebástien
Bourdais: Não é todo dia que um piloto que larga em último consegue vencer uma
corrida, e mesmo no campeonato Indy, onde os carros são bem parelhos para todo
mundo, para conseguir tal feito é preciso um misto de sorte e competência, que
foi o que ocorreu com o piloto francês, tetracampeão da F-Indy original, e
atualmente piloto do menor time da Indycar, a Dale Coyne. Bourdais teve de
largar em último em São Petesburgo, na Flórida, e mesmo que tenha dado sorte
quando a corrida teve uma bandeira amarela, o francês mostrou grande eficiência
conseguindo ser mais veloz do que o atual campeão, Simon Pagenaud, na parte
final da corrida, para evitar sofrer um ataque do piloto da Penske, e venceu
com autoridade a corrida, abrindo a temporada na liderança da competição.
Bourdais merecia ter carro melhor à altura de seu talento para poder brilhar em
tempo integral na competição, e não ocasionalmente, como tem ocorrido nos
últimos anos.
Maverick
Viñalez: O novo piloto da equipe Yamaha no mundial de MotoGP confirmou a forma
exibida na pré-temporada, ao obter sempre os melhores tempos e conquistou a
pole-position na primeira corrida da temporada, em Losail, no Qatar, mesmo que
tenha sido agraciado com o cancelamento do treino de classificação pela chuva.
E mesmo com um início de corrida um pouco claudicante, Maverick foi à luta, e
travou um belo duelo com Andrea Dovizioso pela liderança da corrida em sua
parte final, conseguindo superar na raça o piloto italiano da Ducati, e cruzar
em primeiro a linha de chegada, obtendo sua segunda vitória na classe rainha do
motociclismo, e estreando na equipe de fábrica da marca dos três diapasões com
o pé direito e com vitória. Não por acaso, Marc Márquez, o atual campeão, já
elegeu Viñalez como seu provável maior adversário na temporada. Mostrando uma
adaptação perfeita à moto da Yamaha, Maverick tem tudo para fazer juz ao
favoritismo demonstrado na pré-temporada. Cabe aos concorrentes trabalharem
duro para evitar esse cenário, mas precisam combinar isso com Viñalez...
Sébastien
Ogier: Parece não importar muito em qual equipe esteja, mas em 2017, o atual
campeão do Mundial de Rali continua a ser o homem a ser batido. Apesar de um
pouco mais de equilíbrio após a saída da equipe da Volkswagen da competição,
Ogier está novamente liderando o campeonato. Não é uma diferença muito grande,
se comparada às que já impôs a seus rivais em tempos passados, mas ele continua
rápido, e para azar dos concorrentes, extremamente regular. Alguém aí duvida
que o francês não esteja comemorando mais um título ao fim do ano? Melhor
ficarem com as barbas de molho... Falta de aviso não terá sido...
Protótipos
Cadillac na Endurance americana: O campeonato da IMSA Weathertech Sportscar já
começa 2017 com a surpresa da marca Cadillac conquistando as vitórias nas duas
etapas iniciais da competição, e com a mesma escuderia: a Wayne Taylor Racing,
dos irmãos Ricky e Jordan Taylor. Depois de faturarem as 24 Horas de Daytona,
eles venceram as 12 Horas de Sebring, ostentando a competitividade do protótipo
montado sobre o chassi da Dallara. Em Daytona, o modelo fez dobradinha, com o
time do trio Christian Fittipaldi/João Barbosa/Felipe Albuquerque terminando em
2° lugar. E repetiram a dose em Sebring, novamente com o time de Christian em
2°, mas fazendo também o 3° lugar no pódio com a escuderia do trio Eric Curran/Michael
Conway/Dane Cameron. E com certa vantagem para os adversários. É cedo para
afirmar, mas os Cadillacs dão pinta de que irão dominar a temporada das provas
de longa duração dos Estados Unidos este ano. O novo modelo começou bem, e os
concorrentes que se virem para bater seus pilotos.
NA MESMA:
Equipe
Williams: O time de Frank Williams fez uma pré-temporada que dava a entender
haver recuperado parte da competitividade perdida no ano passado, o que a fez
terminar o campeonato na 5ª posição. Mesmo reconhecendo que disputar vitórias
estava fora de cogitação, por Mercedes e Ferrari estarem melhores, o que se viu
na Austrália foi um time pela metade, com Felipe Massa dando os únicos resultados,
e o novato Lance Stroll por enquanto sendo uma negação no time. Mas ruim mesmo
foi ver Felipe Massa terminar a corrida em um solitário 6° lugar, a mais de 1
minuto de diferença para o vencedor Vettel, mostrando que o novo FW40 ainda
precisa de muito desenvolvimento para permitir ao time pelo menos um desempenho
sólido para se garantir como 4ª força da competição.
Brasileiros
na Indy 2017: Tony Kanaan e Hélio Castro Neves estão há duas temporadas sem
vencer no campeonato Indy, e a prova de estréia deste ano acabou mostrando a
dupla brasileira fora da disputa pelas primeiras posições. Kanaan até largou
bem, mas tve novamente azares na estratégia de corrida, e despencou lá para o
meio do pelotão, de onde não conseguiu se recuperar, terminando em 12°. Com Hélio
foi o contrário: o piloto da Penske largou na segunda metade do grid e teve uma
prova complicada, para conseguir uma posição final até satisfatória diante das
dificuldades enfrentadas na corrida, fechando em 6°. Mas se ambos quiserem
voltar a vencer e a disputar o título da categoria, terão de caprichar mais do
que vem mostrando nos últimos tempos. Ambos estão em equipes competitivas, e
precisam conseguir fazer bom uso disso. E ter um pouco mais de sorte também, o
que anda fazendo um pouco de falta.
Emoção,
precisa-se: A etapa de estréia da F-1 2017, em Melbourne, mostrou mais do
mesmo: uma corrida com poucas emoções, e dificuldades de ultrapassagem, que
aparentemente ficaram piores com o novo regulamento técnico adotado pela
categoria nesta temporada. Entre os ponteiros, praticamente só houve mudança de
posição nos boxes entre Vettel e Hamilton. Contou-se nos dedos as
ultrapassagens efetivamente realizadas durante a corrida, e a indicação de que
as manobras serão ainda mais complicadas este ano já começaram a surgir. Dá-se
um desconto porque o circuito do Albert Park, mesmo com o uso da asa móvel,
nunca foi fácil para se ultrapassar, e portanto, é preciso esperar no mínimo
até a corrida da China, em um autódromo, para se avaliar adequadamente se as corridas
deste ano poderão realmente mostrar mais emoção, ou se estaremos fadados a
vermos procissões em alta velocidade. E os novos pneus, muito mais resistentes
e duráveis, também podem contribuir para a piora do nível das disputas, pelos
pilotos precisarem de menos paradas nos boxes. A conferir em breve...
Transmissão
da F-1 na Globo: A emissora carioca havia conseguido renovar com certa
facilidade suas cotas de patrocínio para a transmissão da categoria máxima do
automobilismo este ano, e ainda saiu no lucro com a permanência de Felipe
Massa, que já havia decidido se aposentar da F-1. Mas nada de incrementar a
transmissão com dados mais abrangentes do que esperar dos novos carros da
categoria além do óbvio. E, para variar, ou melhor, mostrar mais do mesmo,
Galvão Bueno continuou falando sozinho mais do que Reginaldo Leme e Luciano
Burti juntos. E cometendo suas gafes durante a transmissão, que já não era boa
por causa das falhas de informação gráfica da FOM. Em determinados momentos,
Galvão parecia estar quase 30 anos no passado, ao se referir a um dos pilotos
da Renault como sendo Jonathan Palmer, sendo que na verdade o piloto em questão
era seu filho, Jolyon, e que até agora vem demonstrando ser muito pior do que o
pai na pista. E outra lástima a Globo continuar com transmissão da corrida
feita em estúdio... Pelo visto, as transmissões direto da pista, uma mostra do
prestígio que o campeonato tinha na grade global, foi mesmo para o brejo...
Estréia
da Ducati no certame 2017 da MotoGP: A expectativa da Ducati na classe rainha
do motociclismo eram um pouco mais elevadas para esta temporada. Afinal, o time
de Borgo Panigale contratou o tricampeão Jorge Loreno para capitanear sua
escalada de volta aos primeiros lugares do grid, um reforço nada desprezível
para a marca italiana, que quer ser novamente campeã. E, pelo que mostrou nos
testes da pré-temporada, ali mesmo em Losail, a equipe tinha reais aspirações
de fazer bonito, pelo menos naquele circuito, já que a direção do time admitiu
que ainda é cedo demais pensar em disputar o título contra as poderosas Honda e
Yamaha. Mas quem brilhou mesmo na etapa noturna de abertura do campeonato no
time foi Andrea Dovizioso, que era um dos favoritos para vencer, e travou um
duelo ferrenho com Maverick Viñalez pela vitória, que culminou com o triunfo do
espanhol. Coube a Dovizioso repetir o seu resultado de 2016, quando também foi
um dos destaques da prova catariana, e também subiu ao pódio em 2° lugar, e
mostrando a Lorenzo que ele terá muito trabalho pela frente em sua nova equipe.
EM BAIXA:
McLaren/Honda:
Em seu terceiro ano de parceria, o que prometia ser uma chance de redenção
acabou mostrando mais do mesmo visto nos dois últimos anos. A nova unidade de
potência nipônica não mostrou performance e nem fiabilidade nos testes da
pré-temporada, em Barcelona, e na Austrália, Fernando Alonso teve de tirar
leite de pedra para conseguir andar na 10ª posição, ainda tendo de contar com a
dificuldade de ultrapassagem dos novos carros para se defender dos pilotos que
vinham atrás, com carros mais competitivos. Mas, no final, o seu novo MCL-32 o
deixou na mão, e o espanhol, já com pouca paciência para aguentar mais um ano
de calvário, declarou que nunca teve um carro tão ruim nas mãos. A cobrança em
cima dos japoneses já está pegando fogo, e com muita razão. Por outro lado, o
novo carro também não é nenhuma maravilha, como os testes aferiram, e o time de
Woking deve penar mais um ano na parte de trás do grid, para infelicidade de
seus torcedores e da própria F-1, que vê um time com potencial ainda se
arrastando na pista, sendo uma sombra do que já foi um dia.
Informações
de tela da nova F-1: Não há dúvidas de que o grupo Liberty Media, novo
proprietário do campeonato de F-1, pretende dar uma arejada na categoria, de
forma a fazê-la recuperar o prestígio que já teve um dia, mas o que se viu na
Austrália, em termos de transmissão, foi algo à beira do desastre: informações
praticamente inexistentes na tela durante a maior parte do tempo, sem
indicações de quem estava em que posição, e falta da identificação dos carros
em grande parte do tempo. Muitos que acompanhavam a corrida pelas imagens da
FOM ficaram completamente perdidos, sem saber detalhes básicos da
cronometragem, bem como da comparação de performance. E olha que este setor nem
tinha muito o que melhorar. Foi uma pisada na bola que, aliada à procissão que
se tornou a prova australiana, ajudou a temporada a começar com uma impressão
inicial não muito positiva. Nada que não possa ser corrigido, mas um sinal de
que precisam tomar mais cuidado com alguns detalhes que podem não parecer tão
importantes, mas que contam muito para a apresentação do show.
Estigma
do piloto pagante: Os acidentes sofridos durante a pré-temporada em Barcelona,
aliado a outro acidente sofrido nos treinos para o Grande Prêmio da Austrália
ajudaram a criar uma impressão não muito positiva a respeito de Lance Stroll, o
mais novo piloto da F-1, e companheiro de Felipe Massa em um dos times mais
tradicionais da categoria, a Williams. E o desempenho, no cômputo geral, não
foi dos melhores: Stroll largou em último e abandonou com problemas nos freios,
tendo disputado a corrida inteira se digladiando nas posições de meio do grid
para trás. Some-se a isso o elevado investimento feito pelo pai do garoto, que
inclusive bancou sessões de testes privados nos últimos meses para que o filho
tivesse uma estréia decente, e temos uma imagem de que Lance é mais um destes
pilotos que só está na F-1 por causa do dinheiro, e não por mérito próprio.
Lance venceu o campeonato da F-3 Européia, e não é exatamente um braço duro,
como seu início na F-1 dá a entender. Mas a categoria máxima do automobilismo
costuma detonar pilotos talentosos que acaso tenham uma estréia desastrada ou
azarada, portanto, é melhor o garoto se benzer um pouco e começar a trabalhar
sério para evitar ser estigmatizado como piloto pagante no pior sentido da
palavra...
Estréia
da F-Truck 2017: Depois de ameaçar não ter campeonato este ano, a direção da
F-Truck até conseguiu realizar a abertura da competição, no autódromo do
Velopark, no Rio Grande do Sul. Mas o cenário foi constrangedor: nada menos do
que 9 equipes debandaram da competição, por desavenças com a organização da
categoria, deixando o grid da competição restrito a apenas 9 caminhões na etapa
de estréia. E, a corrida só teve mesmo disputa a sério entre os pilotos da
equipe Mercedes, Wellington Cirino e Paulo Salustiano, que fizeram uma prova completamente
à parte. Cirino largou na pole, mas no final, Salustiano é que ficou com a
vitória. Chegou-se ao cúmulo de se perder as atividades da sexta-feira, até que
a direção da F-Truck saldasse uma dívida pendente com o circuito, o que não
ajudou no clima da competição. Os times que deixaram a competição prometeram
que em breve anunciarão seus planos, possivelmente de criarem um campeonato
próprio, onde disputarão as corridas, já que terão praticamente 20 caminhões
para isso. Com uma disputa assim, se a F-Truck, que já foi a categoria de
competição de esporte a motor mais forte do Brasil em seus bons tempos, chegar
viva ao fim do ano, vai ser um milagre. Mas é mais um prego que se coloca no
automobilismo nacional, que já teve dias muito melhores...
Pilotos
chineses na F-E: Uma das potências econômicas do mundo atual, a China não
parece ainda ter apresentado pilotos com credenciais para fazer bonito em
campeonatos de destaque pelo mundo. E a F-E, mesmo contando com dois times
chineses, parece não apostar muito em seus conterrâneos como pilotos. A nova
equipe Techeetah, aliás, até apostou, mas acabou de dispensar os serviços de Ma
Qing Hua, que será substituído pelo mexicano Esteban Gutiérrez já a partir da
próxima etapa, justamente na Cidade do México. Mas, se levarmos o retrospecto
de Gutiérrez em consideração, pelo que fez na equipe Hass de F-1 no ano
passado, muitos afirmam que será trocar o seis pelo meia dúzia. De qualquer
forma, ainda não foi desta vez que um piloto chinês conquistou um lugar ao sol
com destaque no mundo do automobilismo mundial...
Nenhum comentário:
Postar um comentário