quarta-feira, 29 de março de 2017

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – MARÇO DE 2017



            Já estamos fechando o mês de março, e começaram alguns dos mais importantes campeonatos do mundo da velocidade, com os pilotos acelerando pra valer suas máquinas versão 2017. E como acontece em todo final de mês, lá vamos nós para mais uma edição da Cotação Automobilística, fazendo uma avaliação do que aconteceu no mundo do esporte a motor neste último mês, com minhas impressões sobre os acontecimentos. Então, aproveitem o texto, no esquema tradicional de sempre das avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Uma boa leitura a todos, e até a cotação do mês que vem...



EM ALTA:

Sebastian Vettel: O tetracampeão alemão da Ferrari começou a temporada da F-1 2017 com o pé direito no acelerador. Travou um bom duelo com Lewis Hamilton pela pole-position em Melbourne, e na corrida, conseguiu conservar melhor os seus pneus do que o tricampeão inglês, acelerando no momento certo para voltar à sua frente na parada de box, e vencer com autoridade a primeira corrida do campeonato, indicando que poderá ser uma pedra na sapatilha do piloto da Mercedes, que lutará pelo tetracampeonato. Vettel foi preciso e não cometeu erros, mas ainda contou com um pouco de sorte quando Hamilton ficou preso atrás de Masx Verstappen, o que fez o inglês perder tempo na pista. Veremos se ele manterá a mesma forma em situação menos vantajosa.

Sebástien Bourdais: Não é todo dia que um piloto que larga em último consegue vencer uma corrida, e mesmo no campeonato Indy, onde os carros são bem parelhos para todo mundo, para conseguir tal feito é preciso um misto de sorte e competência, que foi o que ocorreu com o piloto francês, tetracampeão da F-Indy original, e atualmente piloto do menor time da Indycar, a Dale Coyne. Bourdais teve de largar em último em São Petesburgo, na Flórida, e mesmo que tenha dado sorte quando a corrida teve uma bandeira amarela, o francês mostrou grande eficiência conseguindo ser mais veloz do que o atual campeão, Simon Pagenaud, na parte final da corrida, para evitar sofrer um ataque do piloto da Penske, e venceu com autoridade a corrida, abrindo a temporada na liderança da competição. Bourdais merecia ter carro melhor à altura de seu talento para poder brilhar em tempo integral na competição, e não ocasionalmente, como tem ocorrido nos últimos anos.

Maverick Viñalez: O novo piloto da equipe Yamaha no mundial de MotoGP confirmou a forma exibida na pré-temporada, ao obter sempre os melhores tempos e conquistou a pole-position na primeira corrida da temporada, em Losail, no Qatar, mesmo que tenha sido agraciado com o cancelamento do treino de classificação pela chuva. E mesmo com um início de corrida um pouco claudicante, Maverick foi à luta, e travou um belo duelo com Andrea Dovizioso pela liderança da corrida em sua parte final, conseguindo superar na raça o piloto italiano da Ducati, e cruzar em primeiro a linha de chegada, obtendo sua segunda vitória na classe rainha do motociclismo, e estreando na equipe de fábrica da marca dos três diapasões com o pé direito e com vitória. Não por acaso, Marc Márquez, o atual campeão, já elegeu Viñalez como seu provável maior adversário na temporada. Mostrando uma adaptação perfeita à moto da Yamaha, Maverick tem tudo para fazer juz ao favoritismo demonstrado na pré-temporada. Cabe aos concorrentes trabalharem duro para evitar esse cenário, mas precisam combinar isso com Viñalez...

Sébastien Ogier: Parece não importar muito em qual equipe esteja, mas em 2017, o atual campeão do Mundial de Rali continua a ser o homem a ser batido. Apesar de um pouco mais de equilíbrio após a saída da equipe da Volkswagen da competição, Ogier está novamente liderando o campeonato. Não é uma diferença muito grande, se comparada às que já impôs a seus rivais em tempos passados, mas ele continua rápido, e para azar dos concorrentes, extremamente regular. Alguém aí duvida que o francês não esteja comemorando mais um título ao fim do ano? Melhor ficarem com as barbas de molho... Falta de aviso não terá sido...

Protótipos Cadillac na Endurance americana: O campeonato da IMSA Weathertech Sportscar já começa 2017 com a surpresa da marca Cadillac conquistando as vitórias nas duas etapas iniciais da competição, e com a mesma escuderia: a Wayne Taylor Racing, dos irmãos Ricky e Jordan Taylor. Depois de faturarem as 24 Horas de Daytona, eles venceram as 12 Horas de Sebring, ostentando a competitividade do protótipo montado sobre o chassi da Dallara. Em Daytona, o modelo fez dobradinha, com o time do trio Christian Fittipaldi/João Barbosa/Felipe Albuquerque terminando em 2° lugar. E repetiram a dose em Sebring, novamente com o time de Christian em 2°, mas fazendo também o 3° lugar no pódio com a escuderia do trio Eric Curran/Michael Conway/Dane Cameron. E com certa vantagem para os adversários. É cedo para afirmar, mas os Cadillacs dão pinta de que irão dominar a temporada das provas de longa duração dos Estados Unidos este ano. O novo modelo começou bem, e os concorrentes que se virem para bater seus pilotos.



NA MESMA:

Equipe Williams: O time de Frank Williams fez uma pré-temporada que dava a entender haver recuperado parte da competitividade perdida no ano passado, o que a fez terminar o campeonato na 5ª posição. Mesmo reconhecendo que disputar vitórias estava fora de cogitação, por Mercedes e Ferrari estarem melhores, o que se viu na Austrália foi um time pela metade, com Felipe Massa dando os únicos resultados, e o novato Lance Stroll por enquanto sendo uma negação no time. Mas ruim mesmo foi ver Felipe Massa terminar a corrida em um solitário 6° lugar, a mais de 1 minuto de diferença para o vencedor Vettel, mostrando que o novo FW40 ainda precisa de muito desenvolvimento para permitir ao time pelo menos um desempenho sólido para se garantir como 4ª força da competição.

Brasileiros na Indy 2017: Tony Kanaan e Hélio Castro Neves estão há duas temporadas sem vencer no campeonato Indy, e a prova de estréia deste ano acabou mostrando a dupla brasileira fora da disputa pelas primeiras posições. Kanaan até largou bem, mas tve novamente azares na estratégia de corrida, e despencou lá para o meio do pelotão, de onde não conseguiu se recuperar, terminando em 12°. Com Hélio foi o contrário: o piloto da Penske largou na segunda metade do grid e teve uma prova complicada, para conseguir uma posição final até satisfatória diante das dificuldades enfrentadas na corrida, fechando em 6°. Mas se ambos quiserem voltar a vencer e a disputar o título da categoria, terão de caprichar mais do que vem mostrando nos últimos tempos. Ambos estão em equipes competitivas, e precisam conseguir fazer bom uso disso. E ter um pouco mais de sorte também, o que anda fazendo um pouco de falta.

Emoção, precisa-se: A etapa de estréia da F-1 2017, em Melbourne, mostrou mais do mesmo: uma corrida com poucas emoções, e dificuldades de ultrapassagem, que aparentemente ficaram piores com o novo regulamento técnico adotado pela categoria nesta temporada. Entre os ponteiros, praticamente só houve mudança de posição nos boxes entre Vettel e Hamilton. Contou-se nos dedos as ultrapassagens efetivamente realizadas durante a corrida, e a indicação de que as manobras serão ainda mais complicadas este ano já começaram a surgir. Dá-se um desconto porque o circuito do Albert Park, mesmo com o uso da asa móvel, nunca foi fácil para se ultrapassar, e portanto, é preciso esperar no mínimo até a corrida da China, em um autódromo, para se avaliar adequadamente se as corridas deste ano poderão realmente mostrar mais emoção, ou se estaremos fadados a vermos procissões em alta velocidade. E os novos pneus, muito mais resistentes e duráveis, também podem contribuir para a piora do nível das disputas, pelos pilotos precisarem de menos paradas nos boxes. A conferir em breve...

Transmissão da F-1 na Globo: A emissora carioca havia conseguido renovar com certa facilidade suas cotas de patrocínio para a transmissão da categoria máxima do automobilismo este ano, e ainda saiu no lucro com a permanência de Felipe Massa, que já havia decidido se aposentar da F-1. Mas nada de incrementar a transmissão com dados mais abrangentes do que esperar dos novos carros da categoria além do óbvio. E, para variar, ou melhor, mostrar mais do mesmo, Galvão Bueno continuou falando sozinho mais do que Reginaldo Leme e Luciano Burti juntos. E cometendo suas gafes durante a transmissão, que já não era boa por causa das falhas de informação gráfica da FOM. Em determinados momentos, Galvão parecia estar quase 30 anos no passado, ao se referir a um dos pilotos da Renault como sendo Jonathan Palmer, sendo que na verdade o piloto em questão era seu filho, Jolyon, e que até agora vem demonstrando ser muito pior do que o pai na pista. E outra lástima a Globo continuar com transmissão da corrida feita em estúdio... Pelo visto, as transmissões direto da pista, uma mostra do prestígio que o campeonato tinha na grade global, foi mesmo para o brejo...

Estréia da Ducati no certame 2017 da MotoGP: A expectativa da Ducati na classe rainha do motociclismo eram um pouco mais elevadas para esta temporada. Afinal, o time de Borgo Panigale contratou o tricampeão Jorge Loreno para capitanear sua escalada de volta aos primeiros lugares do grid, um reforço nada desprezível para a marca italiana, que quer ser novamente campeã. E, pelo que mostrou nos testes da pré-temporada, ali mesmo em Losail, a equipe tinha reais aspirações de fazer bonito, pelo menos naquele circuito, já que a direção do time admitiu que ainda é cedo demais pensar em disputar o título contra as poderosas Honda e Yamaha. Mas quem brilhou mesmo na etapa noturna de abertura do campeonato no time foi Andrea Dovizioso, que era um dos favoritos para vencer, e travou um duelo ferrenho com Maverick Viñalez pela vitória, que culminou com o triunfo do espanhol. Coube a Dovizioso repetir o seu resultado de 2016, quando também foi um dos destaques da prova catariana, e também subiu ao pódio em 2° lugar, e mostrando a Lorenzo que ele terá muito trabalho pela frente em sua nova equipe.



EM BAIXA:

McLaren/Honda: Em seu terceiro ano de parceria, o que prometia ser uma chance de redenção acabou mostrando mais do mesmo visto nos dois últimos anos. A nova unidade de potência nipônica não mostrou performance e nem fiabilidade nos testes da pré-temporada, em Barcelona, e na Austrália, Fernando Alonso teve de tirar leite de pedra para conseguir andar na 10ª posição, ainda tendo de contar com a dificuldade de ultrapassagem dos novos carros para se defender dos pilotos que vinham atrás, com carros mais competitivos. Mas, no final, o seu novo MCL-32 o deixou na mão, e o espanhol, já com pouca paciência para aguentar mais um ano de calvário, declarou que nunca teve um carro tão ruim nas mãos. A cobrança em cima dos japoneses já está pegando fogo, e com muita razão. Por outro lado, o novo carro também não é nenhuma maravilha, como os testes aferiram, e o time de Woking deve penar mais um ano na parte de trás do grid, para infelicidade de seus torcedores e da própria F-1, que vê um time com potencial ainda se arrastando na pista, sendo uma sombra do que já foi um dia.

Informações de tela da nova F-1: Não há dúvidas de que o grupo Liberty Media, novo proprietário do campeonato de F-1, pretende dar uma arejada na categoria, de forma a fazê-la recuperar o prestígio que já teve um dia, mas o que se viu na Austrália, em termos de transmissão, foi algo à beira do desastre: informações praticamente inexistentes na tela durante a maior parte do tempo, sem indicações de quem estava em que posição, e falta da identificação dos carros em grande parte do tempo. Muitos que acompanhavam a corrida pelas imagens da FOM ficaram completamente perdidos, sem saber detalhes básicos da cronometragem, bem como da comparação de performance. E olha que este setor nem tinha muito o que melhorar. Foi uma pisada na bola que, aliada à procissão que se tornou a prova australiana, ajudou a temporada a começar com uma impressão inicial não muito positiva. Nada que não possa ser corrigido, mas um sinal de que precisam tomar mais cuidado com alguns detalhes que podem não parecer tão importantes, mas que contam muito para a apresentação do show.

Estigma do piloto pagante: Os acidentes sofridos durante a pré-temporada em Barcelona, aliado a outro acidente sofrido nos treinos para o Grande Prêmio da Austrália ajudaram a criar uma impressão não muito positiva a respeito de Lance Stroll, o mais novo piloto da F-1, e companheiro de Felipe Massa em um dos times mais tradicionais da categoria, a Williams. E o desempenho, no cômputo geral, não foi dos melhores: Stroll largou em último e abandonou com problemas nos freios, tendo disputado a corrida inteira se digladiando nas posições de meio do grid para trás. Some-se a isso o elevado investimento feito pelo pai do garoto, que inclusive bancou sessões de testes privados nos últimos meses para que o filho tivesse uma estréia decente, e temos uma imagem de que Lance é mais um destes pilotos que só está na F-1 por causa do dinheiro, e não por mérito próprio. Lance venceu o campeonato da F-3 Européia, e não é exatamente um braço duro, como seu início na F-1 dá a entender. Mas a categoria máxima do automobilismo costuma detonar pilotos talentosos que acaso tenham uma estréia desastrada ou azarada, portanto, é melhor o garoto se benzer um pouco e começar a trabalhar sério para evitar ser estigmatizado como piloto pagante no pior sentido da palavra...

Estréia da F-Truck 2017: Depois de ameaçar não ter campeonato este ano, a direção da F-Truck até conseguiu realizar a abertura da competição, no autódromo do Velopark, no Rio Grande do Sul. Mas o cenário foi constrangedor: nada menos do que 9 equipes debandaram da competição, por desavenças com a organização da categoria, deixando o grid da competição restrito a apenas 9 caminhões na etapa de estréia. E, a corrida só teve mesmo disputa a sério entre os pilotos da equipe Mercedes, Wellington Cirino e Paulo Salustiano, que fizeram uma prova completamente à parte. Cirino largou na pole, mas no final, Salustiano é que ficou com a vitória. Chegou-se ao cúmulo de se perder as atividades da sexta-feira, até que a direção da F-Truck saldasse uma dívida pendente com o circuito, o que não ajudou no clima da competição. Os times que deixaram a competição prometeram que em breve anunciarão seus planos, possivelmente de criarem um campeonato próprio, onde disputarão as corridas, já que terão praticamente 20 caminhões para isso. Com uma disputa assim, se a F-Truck, que já foi a categoria de competição de esporte a motor mais forte do Brasil em seus bons tempos, chegar viva ao fim do ano, vai ser um milagre. Mas é mais um prego que se coloca no automobilismo nacional, que já teve dias muito melhores...

Pilotos chineses na F-E: Uma das potências econômicas do mundo atual, a China não parece ainda ter apresentado pilotos com credenciais para fazer bonito em campeonatos de destaque pelo mundo. E a F-E, mesmo contando com dois times chineses, parece não apostar muito em seus conterrâneos como pilotos. A nova equipe Techeetah, aliás, até apostou, mas acabou de dispensar os serviços de Ma Qing Hua, que será substituído pelo mexicano Esteban Gutiérrez já a partir da próxima etapa, justamente na Cidade do México. Mas, se levarmos o retrospecto de Gutiérrez em consideração, pelo que fez na equipe Hass de F-1 no ano passado, muitos afirmam que será trocar o seis pelo meia dúzia. De qualquer forma, ainda não foi desta vez que um piloto chinês conquistou um lugar ao sol com destaque no mundo do automobilismo mundial...

 



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