Encerrando
o mês de novembro, chegou a hora de mais um balanço dos acontecimentos do mundo
do esporte a motor, com a última edição da Cotação Automobilística de 2016, que
caminha para o seu encerramento. Depois, esta seção só retorna no fim de
fevereiro, com uma avaliação dos acontecimentos do início de 2017. Portanto,
aproveitem bem o texto, no esquema tradicional de sempre das avaliações: EM
ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na
cor vermelho-claro). Com isso, a seção fecha o ano, e espero que todos tenham
podido aproveitar minhas análises e comentários sobre o sobe e desce nas
cotações de vários personagens do mundo da velocidade em 2016. Fiquem agora com
as últimas avaliações:
EM ALTA:
Nico
Rosberg: O filho de Keke Rosberg finalmente alcançou seu tão desejado objetivo.
O filho de Keke Rosberg é o campeão da temporada 2016, e antes que muitos digam
que foi somente pela quebra do motor de Lewis Hamilton na Malásia, é preciso
lembrar que ambos os pilotos tiveram sua cota de percalços ao longo do ano. E
Nico soube se livrar de algumas confusões das quais Lewis não soube se
desvencilhar com a destreza e rapidez necessárias. Num duelo decidido por
detalhes, Rosberg levou a melhor sobre Hamilton, e conseguiu construir o seu
título nesta temporada. E no momento decisivo, em Abu Dhabi, Rosberg ainda teve
brios para não cair na estratégia de seu parceiro de equipe, que juntou os
concorrentes atrás de si, tentando fazê-los entrar na disputa e complicarem a
situação do piloto alemão.
Equipe
Mercedes: O time alemão completa três temporadas de domínio praticamente
absoluto na F-1. Desde a introdução da nova era turbo híbrida, o time sediado
em Brackley, na Inglaterra, perdeu apenas 8 corridas em 59 disputadas. Em 2014,
perdeu apenas 3 etapas, mesmo número do ano passado. Já nesta temporada, foram
apenas 2 derrotas, sendo que uma delas, na Espanha, aconteceu pelo fato de seus
pilotos se eliminarem logo na primeira volta, quando tinham tudo para fazerem
mais uma dobradinha. Com novas regras técnicas a serem adotadas pela F-1 a
partir de 2017, fica a dúvida se o time prateado conseguirá manter seu atual
grau de domínio na competição. Mas o melhor de tudo, nestas três temporadas,
foi a política da Mercedes de dar total liberdade a seus pilotos, permitindo
que duelassem pelo título abertamente, o que salvou o mundial de F-1 da
monotonia completa, ainda que em poucos momentos.
Maverik
Viñales: O piloto espanhol, novo contratado do time oficial da Yamaha da MotoGP
para ocupar o lugar de seu compatriota Jorge Lorenzo, que foi para a Ducati,
começou chegando em seu novo time, ao liderar os dois dias de treinos
pós-temporada realizados em Valência, mostrando que tem tudo para dar trabalho
a Valentino Rossi na próxima temporada, e se colocando, desde já, como
candidato ao título, impressão que foi confirmada pelo próprio Rossi, ao ver a
rapidez como Viñales se adaptou rapidamente à moto de seu novo time. Maverick
conquistou sua primeira vitória na competição nesta temporada, quando defendeu
o time da Suzuki.
Force
India: O time que um dia já foi a Jordan, quando estreou na F-1, chegou à sua
melhor posição na categoria máxima do automobilismo, tendo terminado o
campeonato em 4° lugar, atrás apenas das grandes forças, Mercedes, Red Bull e
Ferrari. O time começou o ano um pouco em baixa, mas veio crescendo
regularmente durante todo o campeonato, alcançando a Williams, e superando-a
com relativa folga nas corridas finais da temporada. Sérgio Perez fez sua
melhor temporada de que há memória, e suplantou Nico Hulkenberg com alguma
facilidade, ultrapassando a barreira dos 100 pontos no campeonato, superando
Valtteri Bottas, da rival Williams, colocando-se, assim, também como o melhor
piloto depois das duplas das três grandes equipes. Um ano para o time sediado
ao lado do autódromo de Silverstone comemorar. Só faltou fazer pole e vencer,
mas aí também seria pedir demais, ainda mais em outro ano de domínio da
Mercedes na competição.
Sébastien
Buemi: O campeão da F-E já tinha iniciado o novo campeonato da categoria com vitória
na etapa de Hong Kong, e na etapa de Marrakesh, resolveu mostrar novamente que
não vai dar mole para os concorrentes. O piloto da equipe e.dams largou em 7°
lugar no grid, após uma punição, e veio superando todo mundo durante a corrida,
até conquistar a liderança e lá ficar até a bandeirada final, conquistando sua
segunda vitória em duas corridas na nova temporada. Com o resultado, Buemi
acumula 50 pontos nas duas etapas, abrindo nada menos do que 22 pontos sobre
seu mais direto perseguidor, o brasileiro Lucas Di Grassi, que foi apenas o 5°
colocado no Marrocos e precisa reagir na disputa. Ainda é cedo para afirmar que
Buemi terá vida fácil para lutar pelo bicampeonato, mas até o presente momento,
o suíço vem dando as cartas na competição, e não pretende baixar a guarda, como
ocorreu em algumas etapas do último campeonato. Azar dos concorrentes.
NA MESMA:
Felipe
Nasr: O piloto brasileiro vinha de uma fase de maus resultados dentro da
Sauber, perdendo sistematicamente para seu companheiro Marcus Ericsson em
posições de largada e chegada nesta temporada. Mas em Interlagos, numa corrida
sob chuva, Felipe aproveitou para lavar a alma e apagar as memórias ruins da
atual temporada. Nasr largou praticamente na última fila, e avançou firme e
determinado nas péssimas condições de piso e visibilidade do autódromo
paulistano, chegando a andar na 6ª posição, à frente de pilotos com carros
muito melhores que os dele. E Felipe se manteve firme e focado a corrida
inteira, sendo superado por outros adversários apenas na parte final da
corrida, mas conseguindo cruzar a bandeirada em 6° lugar, e dando à Sauber seus
primeiros e únicos pontos do ano, salvando o time de fechar a temporada na última
posição. Mas o que poderia ser um sinal positivo para o piloto sofreu outro
revés: o Banco do Brasil resolveu diminuir em um terço sua verba de patrocínio
a Felipe, e com menos grana, suas chances de arrumar um lugar na F-1 em 2017
diminuíram consideravelmente, e os poucos lugares que sobraram estão sendo
literalmente leiloados entre os pilotos. Como quem der mais leva, Nasr pode
muito bem se ver a pé no próximo ano.
McLaren/Honda:
O time inglês de Woking e sua parceria nipônica melhoraram de performance nesta
temporada, se comparados a 2015. Mas, se a temporada não foi tão ruim quanto a
do ano passado, por outro lado também não foi o que muitos esperavam. A unidade
de potência da Honda ganhou mais confiabilidade, mas continuou sendo a mais
fraca do grid, em que pese os avanços obtidos pelos japoneses. Com um carro
mais confiável, tanto Jenson Button quanto Fernando Alonso tiveram chances mais
condizentes de mostrar seu talento, especialmente o asturiano, que conseguiu
pelo menos realizar duas corridas notáveis nos pontos, em Mônaco e Austin.
Mesmo conseguindo conquistar quase o triplo dos pontos de 2015, a McLaren
continuou enfrentando falta de performance em algumas corridas, em especial nas
pistas mais velozes, onde ficou patente a falta de força da unidade de potência
da Honda. O carro também ficou devendo, não sendo tão eficiente quanto deveria,
para tentar compensar a falta de potência. A esperança maior do time são as
novas regras técnicas a vigorar em 2017, que permitirão inclusive
desenvolvimento livre dos motores, algo que a regra do congelamento impediu que
fossem devidamente evoluídos como poderiam ser durante estes dois primeiros
anos na competição na era das unidades turbo hibridas.
Circuito
de Abu Dhabi: Mais um ano, e mais uma vez encerrando a temporada, a pista de
Yas Marina segue sendo um belo espetáculo visual, com a corrida começando ao
entardecer no deserto dos Emirados Árabes Unidos, passando pelo pôr-do-sol e
terminando à noite, mas novamente, a corrida em si não foi nem um pouco empolgante,
e só ganhou maior destaque pela tática de Lewis Hamilton de andar mais lento
para tentar juntar os competidores e tentar complicar a vida de Nico Rosberg na
luta pelo título. Nem mesmo o uso do DRS, a asa móvel, consegue tornar a
corrida mais emocionante, em que pese ter havido algumas disputas razoáveis por
posições no bloco intermediário e mais atrás. Mas foi pouco para render uma
corrida de renome, que só ganhou destaque maior pela decisão do título entre os
pilotos da Mercedes. Um panorama muito diferente do que se viu em Interlagos
duas semanas antes, mesmo considerando a chuva que caiu durante a corrida, onde
o público pôde apreciar muito mais disputas entre os pilotos. Deveriam
proporcionar uma reforma em parte do traçado da pista, de forma a proporcionar
maior disputa entre os carros. E depois Hermann Tilke ainda acha ruim as
críticas que recebe pelas pistas que projeta... Só Sepang, Austin e Turquia
conseguiram ganhar elogios dos pilotos até hoje, e infelizmente, os turcos já
perderam o entusiasmo com a F-1 faz tempo...
Brasil
continua fora do rali Dakar: O mais famoso rali do planeta continua se
aventurando nas terras da América do Sul, para onde se mudou nos últimos anos
em virtude da turma de malucos islâmicos promovendo sua destruição e ódio
irracional contra tudo e todos nas terras africanas estarem ficando ainda
piores do que antes. E, mais uma vez, o Brasil não terá a honra de participar
da competição como parte do percurso. Bolívia e Argentina seguem firmes como
palco da competição, que terá a inclusão do Paraguai, inclusive com a largada
acontecendo na capital do país, Assunção, com previsão do término na capital
argentina, Buenos Aires. Do jeito que andam algumas estradas brasileiras, os
piadistas sempre falaram que não iria sobreviver competidor para cruzar a linha
de chegada se eles viessem andar por aqui, mas piadas à parte, o nosso país,
além de estar perdendo importância no mundo do esporte a motor, também não está
se esforçando nem um pouco para reverter essa decadência de nosso automobilismo.
As poucas iniciativas que se vê por aqui não conseguem vencer o comodismo e as
picuinhas, para não falar da inanição da CBA. Por isso, do jeito que a coisa
vai por aqui, o Dakar até faz bem de não querer saber de disputar sua prova em
nosso país...
Hierarquia
de equipes e pilotos da F-E: Mais uma temporada se iniciou na categoria dos
carros monopostos elétricos, e pelo que se pode notar nas duas corridas
disputadas até agora, a e.dams continua sendo o melhor time, e com o melhor
piloto. A escuderia, que tem o apoio oficial da Renault, conquistou duas
vitórias com Buemi nas duas corridas, e lidera com folga a classificação das
equipes, com 74 pontos, mais que o dobro da 2ª colocada. E a Audi ABT, que foi
a grande rival do time francês na temporada anterior, graças aos esforços de
Lucas Di Grassi, tem tudo para continuar sendo a grande desafiante neste novo
ano, ocupando, no momento, a vice-liderança entre as equipes, em que pese a
Mahindra ter no momento a mesma pontuação do time alemão, 36 pontos, e isso
significar praticamente menos da metade dos pontos dos franceses. Mais atrás, a
competição também é acirrada entre a Virgin e a Andretti. As disputas tem tudo
para continuarem emocionantes na categoria, ainda mais depois que alguns times,
como a Techeetah e a Dragon acertarem direito seus carros. Mas, por enquanto, o
que se delinea é um novo duelo e.dams/Audi ABT, e Sebástien Buemi/Lucas Di
Grassi. Quem vai levar a melhor desta vez?
EM BAIXA:
GP
Brasil na berlinda financeira: O Grande Prêmio do Brasil foi uma das melhores
corridas da temporada atual da F-1, mas nos bastidores, a corrida em Interlagos
teria dado um prejuízo de aproximadamente R$ 100 milhões. Um dos motivos seria
a crise econômica brasileira, que afastou potenciais patrocinadores,
necessitando enxugar seus orçamentos. E como desgraça pouca é bobagem, Bernie
Ecclestone não estaria disposto a socorrer os organizadores para a etapa do ano
que vem, que poderia correr o risco de ser rifada do calendário. Some-se a isso
à ameaça de não termos nenhum piloto brasileiro no grid da categoria máxima do
automobilismo, e a prova brasileira, presente na competição há 45 anos, pode
correr sério risco de sair do calendário.
Debandada
de pistas na F-1?: Depois da Malásia anunciar oficialmente que não pretende
renovar o atual acordo de realização de seu Grand Prêmio, que vai até 2018,
agora é Cingapura, que no entender de Bernie Ecclestone, quer pular fora do
calendário da categoria máxima do automobilismo. O dirigente da FOM chegou a
chamar o pessoal de ingrato, para se referir àqueles que, no seu entender,
imploraram tanto por uma corrida, e agora querem se livrar dela. Faltou ele
reconhecer que aumentou demais as taxas de realização das corridas, acreditando
que o pessoal pagaria sem pestanejar aos aumentos, por vezes irreais, para
manterem suas corridas, alegando que há uma fila de novas propostas para
receber a F-1. E olhe que a China também anda meio que cansando da brincadeira,
e pode pular fora também a qualquer momento. Depois de conseguir realizar o
mais longo campeonato da história, com 21 GPs, ver o número de corridas
despencar abruptamente pode ser um sinal nada agradável de que o atual modo de
Ecclestone negociar GPs está esgotado. Um dia o pessoal iria ver que o barato
da F-1 está é muito caro para ser mantido.
Volkswagen
pulando fora das competições: Ainda abalado pela multa bilionária sofrida no
ano passado após ser condenada por fraudar resultados de emissão de gases de
seus motores, o Grupo Volkswagen resolveu puxar a tomada de duas de suas
operações em campeonatos mundiais de automobilismo de alta popularidade: o
Mundial de Rali (WRC), e o Mundial de Endurance (WEC). E com efeitos imediatos:
acabou-se as temporadas deste ano, adeus. No Mundial de Rali, a decisão deixa a
pé ninguém menos do que o atual tetracampeão da modalidade, Sébastien Ogier,
que vinha de quatro conquistas consecutivas nos últimos quatro anos, defendendo
o time oficial da Volkswagen, e que teria tudo para manter este domínio na
próxima temporada. E, na Endurance, o baque foi tremendo: é a Audi quem está
pulando fora, após quase 18 anos de competições nas provas de longa duração,
sendo 13 vitórias só nas 24 Horas de Le Mans, além dos títulos das duas
primeiras temporadas do WEC. O pessoal de ambas as modalidades ainda estão
tentando digerir o impacto da notícia. E não há dúvida alguma de que ambas as
categorias sentirão a falta destes dois nomes em 2017, enfraquecendo seu
plantel de competidores para a temporada.
Ron
Dennis fora do comando da McLaren: O dirigente inglês, principal responsável
por transformar a escuderia britânica numa potência esportiva e do ramo de
tecnologia, foi “convidado” a se retirar da direção do Grupo McLaren por
imposição dos demais sócios proprietários da organização, que já não aceitavam o
modo como Dennis conduzia as coisas. Ron Dennis ainda é proprietário de 25% do
Grupo McLaren, e ainda faz parte do conselho diretivo, mas não terá mais voz de
comando. O modo autocrático que foi como comandou o time desde que assumiu sua
direção em 1981 e durante todos estes anos, acabou por fazer Ron criar inimigos
até entre seus próprios aliados, e uma hora, a conta iria chegar, ainda mais
pelos anos complicados que a McLaren vem tendo na F-1 nas últimas temporadas.
Dennis mudou radicalmente o modo como uma equipe precisava ser conduzida,
obrigado todos a adotarem seu estilo metódico e detalhista, o que ajudou a
categoria a ficar asséptica e extremamente séria. E acabou vitimado pelo
próprio modo de dirigir as coisas que ajudou a implantar na F-1. E não bastou o
seu histórico à frente da McLaren para ajudá-lo a se manter no cargo. Muitos
não sentirão falta de seu estilo de direção, mas que ele merecia um pouco mais
de respeito pelo que fez da McLaren a potência que é hoje, merecia...
Sebastian
Vettel: O tetracampeão do mundo foi criticado quando trocou a Red Bull pela
Ferrari após o primeiro ano em que ficou sem conseguir vencer corridas na
escuderia pela qual foi campeão de 2010 a 2013, por “abandonar o barco” no
primeiro ano de dificuldades do time. Na Ferrari, o alemão chegou conquistando
todo mundo, sendo muito mais simpático e aberto do que Fernando Alonso, que era
centralizador e muito egocêntrico. Mas, se tudo correu como o esperado em 2015,
a prometida evolução e duelo com as Mercedes este ano nunca vieram, e com a
performance abaixo do esperado, o bom humor de Vettel começou a balançar com a
falta de esperança em repetir as vitórias duramente conquistadas em 2015. Como
desgraça pouca é bobagem, Sebastian ainda teve o desprazer de assistir seu ex-time
recuperar, se não a força dominante que exercera de 2010 a 2013, pelo menos a
primazia de ser o mais próximo rival da Mercedes, superando a Ferrari com
relativa frequência a partir da metade da temporada. Isso, e ainda mais a
comparação de resultados com Kimi Raikkonen, que foi um piloto muito mais
efetivo e constante nesta temporada, deixaram Vettel ainda menos bem-humorada,
e como consequência, o alemão foi o piloto que mais reclamou durante a
temporada. Tanto que até mesmo a torcida italiana, geralmente impaciente e
imediatista, já começa até a cobrar melhor trabalho do piloto. Se as coisas
tornarem a não funcionar da maneira como se espera em 2017, já se espera que
Sebastian caia fora, ou seja “despejado” do time italiano. Exagero? Quem viver,
verá...
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