terça-feira, 22 de novembro de 2016

ARQUIVO PISTA & BOX – OUTUBRO DE 1997 – 24.10.1997



            Hora de trazer hoje mais uma de minhas antigas colunas. Esta, lançada em 24 de outubro de 1997, tratava da decisão do título da F-1 daquele ano, e o palco era o circuito de Jerez de La Fronteira, na Andaluzia, Espanha. Os duelistas eram Michael Schumacher e Jacques Villeneuve. No fim, deu o canadense, e Schumacher, num repeteco do que fez com Damon Hill em 1994, na Austrália, se deu mal. Foi o último título da Williams na F-1, e também a última vez que Jerez sediou um GP de F-1. De quebra, a coluna também traz vários tópicos rápidos de outros acontecimentos recentes no mundo da velocidade naquela semana. Apreciem o texto, e em breve trago mais colunas antigas por aqui...


HORA DE DECIDIR TUDO

            Chegamos à última etapa do campeonato de 1997 na Fórmula 1. O palco é o circuito de Jerez de La Fronteira, na Espanha, palco do GP da Europa, que ocupa o lugar que, originariamente, seria do GP de Portugal. Depois das peripécias do GP do Japão, toda a atenção está voltada para a pista, onde domingo iremos conhecer o campeão desta temporada. E a luta se resume a dois nomes: Michael Schumacher e Jacques Villeneuve. O piloto alemão está 1 ponto à frente do canadense no campeonato, confirmada a desclassificação de Villeneuve em Suzuka. Quem vai ganhar a parada?
            Dúvidas à parte, tudo pode acontecer. E aqui neste circuito, como já vinha acontecendo durante toda a semana, cada um dos desafiantes tenta desestabilizar psicologicamente o rival. Schumacher deu declaração diversas de temer o que a Williams pode fazer, enquanto Villeneuve, por sua vez, diz temer atitudes suicidas por parte de ambos os pilotos da Ferrari. Pressão por pressão, Schumacher ganha a parada. Mas como corrida não se resume a isso, teremos de esperar a bandeirada de chegada para confirmar os acontecimentos.
            Os últimos dias foram pródigos em declarações de efeito: Villeneuve diz que está com mais gana de conquistar o campeonato ainda depois do “tombo” que lhe deram em Suzuka. Já Schumacher, por seu lado, até insinuou uma certa “amizade” entre ele e seu compatriota, Heinz-Harald Frentzen. De resto, tanta coisa foi dita que nem vale a pena ficar relacionando tudo aqui. De positivo mesmo, só a retirada do apelo da Williams sobre a desclassificação de Villeneuve em Suzuka, pois agora iremos ver a decisão na pista, como deve ser feito mesmo.
            E que disputa! Só de passar pelos boxes da Williams e da Ferrari já dá para sentir a tensão no ar. Cada detalhe irá contar aqui na pista de Jerez. O traçado, travado, equilibra os carros, o que deve aumentar o favorecimento a Schumacher, reconhecidamente bom de braço na pilotagem em pistas deste tipo. Tática de corrida? Será que a Ferrari vai jogar novamente como no Japão? Tudo indica que cada detalhe será muito importante nesta luta, e o jogo de equipe é praticamente visto como obrigação. E a Williams? Vai adotar o mesmo jogo, e fazer tática de equipe entre Villeneuve e Frentzen? Sinceramente, acho meio difícil a coisa funcionar direito. A Williams nunca primou direito por fazer jogo de equipe entre seus pilotos.
            Basta lembrar das brigas que se viu entre Nigel Mansell e Nélson Piquet na década de 1980 para confirmar isso. Já nos tempos de Mansell e Riccardo Patrese, a única ocasião em que se viu jogo de equipe dando certo foi no GP de Portugal de 1991, mas a equipe falhou em um pit stop de Mansell, e deixou o inglês apenas com 3 rodas ao sair do Box. Será que agora eles acertam o rumo? Pode ser que sim, pode ser que não.
            Tecnicamente, tudo vai se resumir a 4 pilotos: Michael Schumacher, Eddie Irvinne, Jacques Villeneuve, e Heinz-Harald Frentzen. Do que eles fizerem nos treinos, dá para se ter uma expectativa do que poderá ocorrer na corrida de domingo, mas só após a largada é que teremos a resposta. E o resto da concorrência? Eles também podem fazer muita coisa no meio desta briga. O resultado é uma incerteza total. Ninguém pode dizer quem vai ser mesmo o campeão. Teremos de esperar o desenrolar da corrida para sabermos a resposta.


Em 1994, Jerez de La Fronteira também sediou o GP da Europa. A prova terá 70 voltas de percurso nos 4,428 Km de extensão do circuito espanhol. A pole em 94 foi de Michael Schumacher, com 1min22s762, ao volante do Benetton B194 Ford. E a volta mais rápida também foi de Schumacher, com 1min25s040. Isso dá uma idéia do que o alemão pode fazer durante os cerca de 309,960 Km de percurso da corrida de domingo...


No último fim de semana tivemos um trágico acidente no circuito de Fuji, em Shizuoka, no Japão, durante uma etapa da F-3 japonesa. O piloto Takashi Yokiyama, de 25 anos, bateu de forma brutal contra um cartaz de 5 metros de altura após bater contra outro carro em uma volta sob bandeira amarela. O piloto foi arremessado a cerca de 30 metros de distância, morrendo na hora...


A F-Chevrolet já conhece o seu campeão de 97: Duda Pamplona faturou domingo passado o título da categoria no autódromo de Tarumã, no Rio Grande do Sul. Faltando ainda 2 etapas para encerrar o certame, a disputa pelo vice-campeonato está muito quente. Alex Bachega, Valdeno Brito, Marcelo Carneiro e Douglas Pitoli tem chances de levar o vice...


Mais um brasileiro campeão na Europa: Antonio Pizzonia venceu o Festival de Inverno da F-Vauxhall Inglesa. Pizzonia venceu 3 das 4 baterias programadas pela competição. Na verdade, venceu todas, já que a 4ª e última bateria foi cancelada devido à forte neblina...


Na F-3 Sul-Americana, Juliano Moro venceu a etapa de Piriápolis, no Uruguai, disputada no último domingo. Marcelo Ventre terminou em 2º lugar. Bruno Junqueira, líder do campeonato, acabou abandonando a corrida, disputada em um circuito de rua, no final da prova. Houve vários incidentes durante a corrida entre diversos pilotos, como costuma ser comum em toda prova de circuito de rua...


Paul Tracy já arrumou emprego para 1998 na F-CART: será piloto da equipe Green. Parker Johnstone está a pé para o próximo ano. Curiosamente, o motivo da dispensa do americano da equipe Green foi o mesmo da Penske em relação a Paul Tracy: desempenho inconstante e irregular no campeonato...


André Ribeiro começou esta semana seus primeiros testes na equipe Penske. De início, apenas para se adaptar à nova equipe e ao chassi 97. Para 98, a Penske planeja uma revolução total no time, a começar pelo projeto do novo Penske PC26, com o qual espera dominar novamente a categoria da F-CART, como em 94...


Também esta semana Tony Kanaan começou a testar o chassi Lola T9700 da equipe Tasman visando sua adaptação aos carros da F-CART. Hélio Castro Neves também vai testar o carro, a convite de Steve Horne, mas ainda tem de procurar emprego para 98...


Só para constar, Tony Stewart conseguiu mesmo acabar com o azar: além de conseguir vencer pela primeira vez na Indy Racing League uma corrida, também faturou o título de 96/97. John Menard deve estar comemorando até agora...

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