quarta-feira, 9 de novembro de 2016

ARQUIVO PISTA & BOX – OUTUBRO DE 1997 – 17.10.1997



            Hoje trago novamente mais uma de minhas antigas colunas. Esta, publicada em 17 de outubro de 1997, falava das consequências da punição sofrida por Jacques Villeneuve nos treinos para o Grande Prêmio do Japão de F-1 daquela temporada. Deu que o canadense realmente perdeu seus pontos na corrida, e iria para Jerez, prova final, 1 ponto atrás de Michael Schumacher, que em seu segundo ano na Ferrari já levava o time vermelho à disputa do tão sonhado e esperado título, cujo jejum se aproximava dos 20 anos, na época. Mas Villeneuve conseguiu superar as dificuldades em Jerez e conquistou aquele que é até hoje o último título de construtores e de pilotos da equipe Williams.
            Nos tópicos rápidos, menção à contratação de André Ribeiro pela equipe Penske para o campeonato de 1998 da F-CART. Pena que o time de Roger Penske tivesse um ano tão atribulado na temporada seguinte, e uma parceria que se imaginava longa acabou durando muito menos do que se imaginava. E também havia a conquista do título da F-Vauxhall por Luciano Burti, que era considerado mais uma das grandes promessas do automobilismo brasileiro que poderia chegar à F-1. Infelizmente, Burti não teve as chances mais adequadas na categoria máxima do automobilismo, e durou pouco por lá.
            Aproveitem bem a leitura do texto. Em breve, trago outras colunas antigas por aqui...


JUSTIÇA DAS PISTAS

            Como eu já dizia aqui na coluna da semana passada, este atual campeonato da Fórmula 1 apresentou muitas reviravoltas durante o seu desenrolar. E em Suzuka, vimos outra delas. A punição a Jacques Villeneuve apimentou ainda mais a disputa pelo Mundial. A transgressão de alguns pilotos ao aviso de bandeira amarela no acidente de Jos Verstappen durante o treino livre acabou pegando Villeneuve. Para piorar o azar do canadense, como ele estava sob observação desde a etapa de Monza, acabou penalizado justamente, enquanto os demais pilotos, Michael Schumacher entre eles, por serem réus primários, tiveram o conhecido “sursis” e puderam correr sem nenhum problema.
            Lógico que a decisão estava correta, embora o local e o momento de sua ocorrência, por um breve lapso de tempo, deu a forte impressão de que os cartolas estava jogando suas cartas de modo a prolongar a disputa do mundial até a última etapa, em Jerez de La Fronteira. E ninguém além de Jacques Villeneuve se sentiu perseguido pela punição. Só que uma observação mais acurada mostra que tudo ficou dentro do regulamento.
            A equipe Williams fez o que podia: apelou da decisão e o piloto canadense participou da corrida. Só que, por causa disso, o resultado do GP do Japão é apenas provisório. O caso vai a julgamento dia 21 em Paris, antes do GP da Europa. Seja lá qual for o veredicto, a verdade é uma só: tudo vai se decidir na pista espanhola.
            Jacques Villeneuve perdeu em Suzuka sua melhor chance de evitar maiores dúvidas a respeito de suas qualidades como piloto. Michael Schumacher, que vinha perdendo ritmo nas últimas provas, simplesmente virou novamente o jogo, com ou sem apelação. A tática inteligente da Ferrari derrubou a Williams e principalmente Villeneuve. Pior, se Villeneuve perder o título em Jerez para Schumacher, não vai poder ficar alegando que foi a punição de Suzuka que o fez perder o título. Jacques terminou a corrida em um pífio 5º lugar, o que não faz muita diferença na luta pelo título. Ou melhor, até faria, mas num circuito travado como é Jerez, a habilidade do piloto conta muito, e não me surpreenderia se o bicampeão alemão chegasse com tudo para vencer a corrida. Com apenas 1 ponto de vantagem para o piloto da Ferrari (ou ficando 1 ponto atrás, se realmente perder os pontos de Suzuka, tudo está indefinido. E é bem provável que Villeneuve perca mesmo os pontos de Suzuka. O que pode complicar as coisas é a FIA aumentar a punição a Villeneuve. Se isso ocorrer, o canadense pode até não poder disputar o GP da Europa, o que confirmaria o tricampeonato de Michael Schumacher.
            Injustiça? Talvez. Villeneuve tinha 9 pontos de vantagem sobre Schumacher quando chegou a Suzuka. Se cumprisse a punição, não ficaria pior do que já está, confirmada sua suspensão. E ele ainda partiria para Jerez disposto a dar tudo por tudo na luta pelo título, que estaria em termos quase iguais para ambos os pilotos que batalham pelo campeonato. Porém, além de ter apelado, o que pode complicar as coisas, o canadense ainda fez uma corrida pífia em Suzuka, caindo como um patinho na jogada da equipe Ferrari e tendo uma participação até modesta no GP. Se fosse um piloto de fibra mesmo, Villeneuve não teria desistido de lutar pela vitória, o que mostraria determinação e garra, requisitos indispensáveis a um grande campeão que corre atrás de sua primeiro título mundial de F-1, como o canadense fica apregoando. Villeneuve acabou resignando-se a um mísero 5º lugar, enquanto Schumacher batalhou como nunca pela vitória, e a conseguiu. A sua euforia depois no pódio era mais do que óbvia
            Qualquer que seja o resultado do julgamento da FIA, a verdade é que Schumacher está merecendo muito mais o título de campeão de 1997 do que Villeneuve. É uma pensa. Nesse quesito de garra, Jacques ainda esteja bem abaixo de seu pai, o lendário Gilles Villeneuve, que só costumava baixar os braços após a bandeira final de cada corrida. Ou quando o carro já não andava mais. Ele era um batalhador até o fim. E era assim que Jacques tinha de se comportar n o último domingo...


Sábado passado, à noite, foi disputado o segundo GP noturno da IRL, em Lãs Vegas. Deu vitória de Eliseo Salazar. Agora, a categoria parte para 1998...


Mais um brasileiro campeão em 97: Luciano Burti conquistou o título da F-Vauxhall no circuito de Thruxton, Inglaterra. A prova foi vencida por Justin Wilson, que foi o pole e dominou a prova. Com o resultado, Justin conquistou o 3º lugar no campeonato. Luciano foi o campeão mesmo abandonando a corrida, já que seu maior perseguidor, o escocês Andrew Kirkaldy, também abandonou a corrida, ficando com o vice-campeonato. Outro brasileiro, Wagner Ebrahim, ficou em 2º lugar nesta corrida, conquistando a 4ª posição no campeonato.


Na F-3 Inglesa, Johnny Kane faturou o título da categoria com o seu 2º lugar na prova disputada também em Thruxton. A vitória foi do francês Nicolas Minassian, que ficou com o vice-campeonato. Enrique Bernoldi foi o 3º colocado na corrida, ficando na 5ª posição no campeonato. Outro brasileiro, Ricardo Maurício, terminou o certame em 11º lugar...


Essa foi certamente a maior bomba do ano na F-CART. A Penske oficializou a contratação de André Ribeiro para ser piloto do time pelos próximos 3 anos. Em 1998, ele fará dupla com o norte-americano Al Unser Jr. Paul Tracy está desempregado. Uma opção para o canadense é a Tasman, mas é bem provável que Steve Horne opte por outro brasileiro. Não é difícil repetir na equipe da F-CART a mesma dupla que foi campeã e vice-campeã na Indy Lights este ano...


Por falar em pilotos desempregados, Raul Boesel é outro brasileiro de renome a procurar uma vaga para 98. Carl Hogan já declarou que aprecia o talento e a técnica do brasileiro, mas para tê-lo como piloto, Boesel precisa preencher outro requisito, que significa uma única coisa: US$ 4,5 milhões em algum patrocínio. Sem isso, nada feito!


A Stewart confirmou que manterá seus dois pilotos para 1998: Rubens Barrichello e Jan Magnussen. Os mesmos pilotos, a expectativa é que os problemas deste ano não se repitam...

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