quarta-feira, 28 de setembro de 2016

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA - SETEMBRO DE 2016



            Mais um mês está indo embora, e alguma categorias já encerraram o seu ano, como a Indy e a Indy Lights, enquanto várias outras categorias seguem firmes mundo afora no universo do esporte a motor, com algumas também entrando em sua reta final. E, como acontece sempre ao fim de cada mês, é novamente chegada a hora de trazer o habitual balanço dos acontecimentos vividos pelo mundo da velocidade nestas últimas semanas, com mais uma edição da Cotação Automobilística, fazendo a sua tradicional avaliação do panorama deste mês que estamos deixando para trás, no esquema conhecido de sempre nas avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Então, uma boa leitura para todos, e no mês que vem tem mais...



EM ALTA:

Simon Pagenaud: O piloto francês da equipe Penske sagrou-se campeão da temporada 2016 da Indy Racing League com todos os méritos. Foi o piloto que mais venceu durante o campeonato, com 5 vitórias, a última delas justamente em Sonoma, a etapa final, coroando com chave de ouro a sua conquista do título, tendo inclusive largado na pole-position, posição que ocupou por 8 vezes no ano. Com os problemas de câmbio enfrentados por Will Power na corrida final, Simon poderia ter relaxado e simplesmente corrido para terminar à frente de seu companheiro na equipe de Roger Penske, mas lutou firme para terminar o ano com uma vitória irretocável, e mostrar que ele foi, de fato, o melhor piloto de todo o campeonato, e não apenas o mais regular, como teve de ser em algumas das etapas da competição. Com isso, Pagenaud cala os críticos que desandaram de sua temporada em 2015, quando sofreu um pouco para e adaptar à nova escuderia, e desde já se torna o piloto a ser vencido na temporada de 2017.

Nico Rosberg: O piloto alemão da equipe Mercedes mostrou que ainda está firme no páreo pelo título da F-1 em 2016. Com uma desvantagem de 19 pontos para Lewis Hamilton antes de iniciar o GP da Bélgica, no retorno das férias de agosto, Rosberg cumpriu seu papel ao vencer em Spa-Francorchamps, prova que Hamilton e a Mercedes escolheram para eliminar o seu déficit de motores para a temporada. Mas em Monza e Cingapura, foi Rosberg a mostrar toda a sua capacidade para aproveitar as oportunidades e retomar a dianteira do campeonato, que parecia irremediavelmente perdida para o atual campeão inglês. Um vacilo de Lewis na largada na Itália acabou com suas chances de vitória, que foram bem aproveitas por Nico, e em Cingapura, em uma pista onde Red Bull e Ferrari tinham tudo para complicar a vida da escuderia alemã, Rosberg não deu chances aos adversários, e conseguiu uma vitória categórica que mostra que o duelo dele com Hamilton está longe de terminar, e que deve seguir aberto até o fim do campeonato.

Marc Márquez: O piloto espanhol ruma firma para o tricampeonato na MotoGP, ao conquistar em Aragão mais um triunfo, e brecar a escalada de seus rivais Valentino Rossi e Jorge Lorenzo, que vinham aos poucos reduzindo sua imensa vantagem na competição, que agora equivale à mais de duas vezes a pontuação de uma vitória, o que significa que mesmo que abandone as próximas duas etapas da competição, ele ainda permanecerá como líder do campeonato. Mas o número de corridas vai diminuindo, e com isso, também as chances da dupla da Yamaha reverter a situação e se posicionar melhor para tentar conquistar o título da temporada. A “Formiga Atômica” vem conseguindo se manter livre de maiores problemas no ano, mas nem por isso deixa de ser agressivo e ousado quando a chance de vitória se apresenta. Em Aragão, Márquez soube ter paciência e achar o momento certo para atacar e rumar firme para a vitória, sem cometer nenhum erro, e mesmo depois de levar um tombo feio em um dos treinos. Vai ser difícil impedir o tricampeonato do piloto da Honda...

Variedade de vencedores no Campeonato da MotoGP: Por mais que Marc Márquez esteja rumando com determinação rumo ao tricampeonato, é inegável que a temporada da classe rainha do motociclismo está mostrando grandes embates nas corridas, e conseguiu até agora a façanha de apresentar nada menos do que oito vencedores diferentes na atual temporada, um dado bastante positivo para os fãs da velocidade. E ainda podem pintar novos vencedores até o fim da competição, dependendo das circunstâncias. Mesmo que alguns destes vencedores sejam ocasionais, depois de algumas temporadas onde o degrau mais alto do pódio foi monopolizado pelos times de fábrica da Honda e Yamaha, não deixa de dar uma perspectiva animadora para a próxima temporada, onde a concorrência deve ficar ainda mais acirrada com o melhor desenvolvimento dos concorrentes. E, na pista, os pilotos tem contribuído para as disputas, sempre partindo para o ataque, com alguns pegas que levantaram o público nas arquibancadas.

Felipe Fraga: O piloto da equipe Cimed Peugeot conquistou na corrida 1 de Londrina sua 3ª vitória na atual temporada da Stock Car brasileira, e ampliou ainda mais sua vantagem na competição, acumulando agora 39 pontos para o vice-líder, Rubens Barrichello. É uma vantagem razoavelmente confortável, mas ainda há 4 provas para fechar a competição, todas em rodadas duplas, o que significa que Fraga não pode baixar a guarda, até porque a princípio seu lugar no time será ocupado por Cacá Bueno em 2017. Portanto, o líder da competição, que conseguiu também vencer a Corrida do Milhão, em Interlagos, precisa se prevenir contra reviravoltas que possam complicar suas chances de faturar o título da competição, um belo cartão de visitas para garantir seu lugar no grid no próximo ano. Cada rodada dupla permite a um piloto acumular até 45 pontos, se vencer ambas as provas. A corrida 1 garante 30 pontos ao vencedor, enquanto a corrida 2 dá a metade, 15 pontos. E atrás de Barichello vem muita gente disposta a embolar a competição, como Valdeno Brito, Marcos Gomes, Max Wilson, Diego Nunes, Cacá Bueno e Daniel Serrar. E essa turma não vai desistir sem lutar.



NA MESMA:

Calendário da IRL 2017: Depois de pelo menos garantir algumas provas interessantes para o calendário, a direção da Indycar conseguiu manter todas as corridas para a próxima temporada, que terá uma proava a mais, com a inclusão de Saint Louis na disputa. A categoria manteve todas as corridas deste ano, o que é um bom sinal, e há tratativas para Portland e Surfer’s Paradise serem incluídas em um futuro próximo. Mas a direção da Indycar precisa dar uma esticada no tempo da competição, que continua muito apertado, com todo o campeonato sendo disputado num espaço de praticamente 180 dias. Ao alegar que faz isso para não bater de frente com outros campeonatos esportivos nos Estados Unidos, a Indycar simplesmente não mostra muita fé no seu próprio produto, que tem de ser forte o suficiente para se garantir na concorrência com outras modalidades esportivas. Ao menos a temporada 217 não terá nenhuma “aventura” em pistas desconhecidas, que poderiam gerar problemas operacionais, como foi a malfadada tentativa de promover uma corrida nas ruas de Boston, que acabou cancelada, este ano.

Brasileiros na IRL: Pelo segundo ano consecutivo, Tony Kanaan e Hélio Castro Neves passaram em branco na categoria de monopostos dos Estados Unidos. Hélio ainda conquistou duas pole-positions, mas não conseguiu vencer nenhuma corrida, sendo o único piloto da Penske a não subir ao degrau mais alto do pódio na temporada. Apesar disso, e graças à sua regularidade, Hélio terminou o campeonato na 3ª colocação, resultado que até não pode ser considerado exatamente ruim, mas se levarmos em consideração que Josef Newgarden terminou apenas 2 pontos atrás do brasileiro, na classificação, o panorama não é dos mais agradáveis, dando a entender quão sem brilho foi o ano de Helinho, que segue firme na Penske para 2017. Tony Kanaan, por sua vez, foi vítima de vários azares durante o ano, bem como de estratégias que não lograram êxito, e em determinados momentos seu time não conseguiu encontrar o melhor ajuste do equipamento. Terminando o ano apenas 16 pontos atrás de Scott Dixon se torna um alento, pelo fato de mostrar que todo o time da Ganassi teve de fato um ano mediano em termos de resultados, já que em várias corridas havia performance para muito mais. Mas passar mais um ano sem vencer, quando 8 pilotos diferentes venceram nesta temporada chega mesmo a incomodar. Melhor sorte em 2017...

Rivalidade na Yamaha: A equipe de fábrica dos três diapasões está com o clima quente nos boxes na MotoGP. De saída para a Ducati em 2017, Jorge Lorenzo tem se bicado com Valentino Rossi nas últimas entrevistas pós-GP, mostrando que a escuderia não tem o melhor dos ambientes de convivência entre os dois campeões. Lorenzo criticou a ultrapassagem sofrida por ele em Misano, alegando que Rossi foi agressivo em demasia, ao que muitos entenderam como inconformismo por estar atrás do italiano na classificação do campeonato. Depois de andar muito abaixo do esperado em algumas etapas com chuva neste ano, é óbvio que Lorenzo que tentar sair da Yamaha por cima, para chegar á Ducati como tendo sido o piloto mais veloz do time japonês ao fim da temporada. Mas Rossi não vai aliviar para o espanhol na pista, e se ele disse que o italiano foi agressivo, o que dizer então de Marc Márquez, que costuma ser bem mais atirado na disputa de posição? O duelo entre a dupla da Yamaha só vai ajudar Márquez a disparar ainda mais na competição, a exemplo do que vimos na prova de Aragão, com o piloto da Honda partindo para mais um triunfo, enquanto Rossi e Lorenzo duelavam para ver quem seria o 2° colocado, que acabou ficando com Lorenzo. Rossi por pouco não deu adeus à corrida em sua última investida contra Lorenzo, a poucas voltas do fim, tentando retomar a 2ª posição, mas conseguiu evitar de sofrer o pior, e garantir o pódio, ao mesmo tempo em que manteve uma disputa limpa tanto quanto possível com o parceiro de time. Resta saber até quando os dois conseguirão se encontrar “pacificamente” na pista, pois pelo que se vê nas entrevistas, o respeito que Lorenzo e Rossi aparentavam ter um pelo outro já foi para o espaço...

Disputa Ferrari/Red Bull na F-1: Com a Mercedes disparada na liderança, parte da atratividade do Mundial de F-1 é ver quem será a melhor equipe do “resto” do grid, e a disputa entre a Red Bull e a Ferrari tem tudo para se estender até a prova final, em Abu Dhabi. O time rosso saiu-se melhor na Itália, graças ao traçado de alta velocidade de Monza, que tolheu parte do poderio da Red Bull, mas o time dos energéticos até conseguiu reagir em Cingapura, marcando 4 pontos a mais que a escuderia italiana, que se encontra agora 15 pontos atrás do time dos energéticos na classificação de construtores. Mas tanto Red Bull quanto Ferrari poderiam ter feito mais em Marina Bay. Pelo lado da Red Bull, uma largada ruim comprometeu a prova de Max Verstappen, e pelo lado da Ferrari, uma falha no treino de classificação obrigou Sebastian Vettel a largar da última fila, de onde fez uma grande prova de recuperação. A disputa entre os dois times promete ser dura até a corrida final. Quem vai ficar com o vice?

Disputa Force India/Williams: Enquanto Ferrari e Red Bull se digladiam, logo atrás, a Williams e a Force India também estão engalfinhadas pelo posto de 4ª força do campeonato na F-1. Se a Williams havia conseguido uma folga em Monza, ela foi por água abaixo em Cingapura, onde novamente os indianos fizeram um trabalho um pouco melhor, e voltaram a ficar à frente do time de Frank Williams, que está tendo trabalho até para conseguir pontuar. Por sua vez, a Force India só não passou à frente com maior folga porque Nico Hulkenberg acidentou-se logo na largada da corrida de Marina Bay. A Williams tenta se segurar do jeito como pode, enquanto a Force India vem melhorando paulatinamente, e já tem um ritmo de prova superior, podendo terminar o ano na sua melhor classificação desde que estreou na F-1. Quem vai levar a melhor nesta disputa?



EM BAIXA:

Felipe Massa: O piloto brasileiro anunciou em Monza que está se despedindo da F-1 ao fim do ano, e com o desempenho que vem mostrando, sua última temporada na categoria máxima do automobilismo infelizmente não será das mais memoráveis. Prova disso foi o desempenho que o piloto demonstrou nas etapas da Itália e Cingapura, onde ele até começou bem, mas depois decaiu, sem conseguir resultados mais expressivos. Felipe sai de cabeça erguida da F-1, por ter conseguido manter durante toda a sua carreira a imagem de um piloto ético, solidário com seus times, e sem criar celeumas com rivais e companheiros de equipe, algo que é valorizado no ambiente interno da categoria. Mas, para muitos torcedores, será visto como mais um brasileiro que “fracassou” na tentativa de ser campeão, o que quase ocorreu em 2008, e nunca mais se repetiu. E, infelizmente, a Williams acaba cumprindo sua sina de “enterrar” a carreira de mais um piloto brasileiro na F-1, como já havia acontecido com Antonio Pizzonia, Rubens Barrichello, Bruno Senna, e agora com Massa. Críticas à parte, seria pelo menos uma vitória moral Felipe conseguir terminar o ano com alguns resultados mais razoáveis, já que na classificação está sendo alcançado por Fernando Alonso, mesmo com uma McLaren claudicante. Ficar atrás do espanhol seria um ponto negativo indesejável para se ter no currículo a esta altura da sua participação na F-1.

Equipe Audi no Mundial de Endurance: O time da Audi tem mostrado que seu novo modelo R-18 tem um desempenho bem satisfatório para bater a Porsche no Mundial de Endurance, mas precisa ter sua fiabilidade melhor trabalhada, assim como o trabalho da equipe, uma vez que a esquadra alemã perdeu novamente as chances de vitória em mais uma etapa por detalhes importantes nestes quesitos. Em Austin, no Texas, a equipe de Ingolstadt poderia muito bem ter vencido em dobradinha, e até com certa folga, mas acabou vendo a Porsche novamente garantir o seu triunfo, ao não mostrar a confiabilidade de seu equipamento, algo muito importante numa categoria de provas de longa duração, onde velocidade e fiabilidade devem andar de mãos juntas tanto quanto possível. O prejuízo para a Audi só não é maior porque na Porsche quem vem vencendo as corridas é o trio do carro que começou mal a competição, e portanto, ainda está se recuperando na classificação, que é liderada pelo outro carro da escuderia. E, claro, agradecer pelo fato da Toyota também não estar conseguindo mostrar resultados à altura do que se esperava dos nipônicos, que pelo visto vão passar mais um ano como coadjuvantes na luta entre os alemães no WEC.

Juan Pablo Montoya: O piloto colombiano pode ter terminado a temporada da IRL 2016 com um belo terceiro lugar na prova final, em Sonoma, mas o balaço da temporada para o vice-campeão de 2015 é muito ruim. Montoya iniciou o ano vencendo em São Petesburgo, dando a entender que manteria o elevado ritmo demonstrado no ano passado, quando por pouco não levou o título, mas conforme a temporada avançava, foi Pagenaud a comandar o campeonato pela Penske, enquanto o colombiano despencava com resultados muito ruins. Tão ruins que Roger Penske está considerando a manutenção do esquema de quatro carros da Penske para 2017, e segundo dizem, com chances de contratar Josef Newgarden, um dos destaques da categoria, para o lugar de Montoya. Juan Pablo já garantiu que continua na IRL no próximo ano, o que indica que ele saiu a campo para garantir um lugar no grid na próxima temporada. Que necessariamente não significa estar na Penske. Roger Penske quer decidir logo essa situação, e se há 3 anos atrás sua aposta no colombiano, que estava abandonando a Nascar, se mostrou acertada, hoje parece que essa aposta já venceu, e que Montoya precisará buscar novos ares se quiser continuar no grid de 2017...

Red Bull na Stock Car brasileira: Depois de praticamente uma década apoiando integralmente o time de Andreas Matheis, eis que a fabricante de energéticos mais conhecida do planeta resolveu dizer adeus à categoria da Stock Car brasileira. Em um momento de crise na economia, não é um bom sinal perder um patrocinador com a força que a Red Bull tem, ainda mais pelo fato da marca não ter exatamente problemas financeiros que justifiquem largar o patrocínio desta maneira. Embora não tenha havido declarações a respeito, comenta-se nos bastidores que a marca já andava de saco cheio de alguns desmandos ocorridos na categoria, bem como por parte da CBA. Analisar tudo isso daria espaço para um livro, e só o que se pode avaliar é que não deixa de ser uma notícia ruim para a Stock Car, que conseguiu se manter na TV, mas no canal por assinatura SporTV, que gera muito menos visibilidade do que na TV aberta, espaço que a Globo parece não estar disposta a conceder à categoria no curto prazo, mantendo as transmissões apenas na TV paga.

Jenson Button: O piloto inglês, campeão de 2009, vai se retirar da F-1, pelo menos na temporada de 2017, com vistas a um retorno em 2018, que muitos acreditam que seja difícil de ocorrer. A McLaren procurou se garantir para a eventualidade de Fernando Alonso abandonar o time ao fim do próximo ano, e com isso, ficar sem um nome de peso para comandar o time em 2018. Button, por sua vez, não andava com seu cacife muito em alta para negociar sua permanência em bases mais vantajosas para o próximo ano, tendo seu nome vinculado a uma transferência para a Williams, mas sem o status importante que presumivelmente julgaria ter. O ano “sabático” que anunciou tirar vai testar a vontade de Jenson em realmente permanecer na F-1, ou se irá partir para novos desafios na vida profissional. Ao mesmo tempo, ele permanecerá auxiliando o time no desenvolvimento do carro na fábrica, e poderá confirmar se a McLaren irá realmente voltar a disputar as primeiras colocações, o que poderia motivá-lo a voltar ao cockpit como titular em 2018. Mas, no caso do projeto do time inglês ainda demorar a se acertar, é bem possível que Button pense melhor, e pendure o capacete na F-1. Mika Hakkinem fez isso em 2002, quando prometia voltar em 2003. O bicampeão finlandês deixou a F-1 meio que por baixo, mas viu que seus desejos já eram outros... Vejamos que decisão Button tomará...


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