De
volta com a seção Arquivo, trago hoje a coluna que foi publicada no dia 03 de
outubro de 1997. O assunto era um balanço do fim do campeonato da F-Indy
original, chamada na época de F-CART, pelo imbróglio gerado com a IRL, que
garantiu a exclusividade do nome “Indy”. Foi um ano bem disputado, e apesar do
domínio de Alessandro Zanardi, teve várias corridas com boas brigas na pista, e
até alguns acidentes fortes. Nos tópicos rápidos, menção à conquista por parte
do Tony Kanaan do campeonato da Indy Lights daquele ano, com Hélio Castro Neves
ficando com o vice-campeonato, e Cristiano da Matta com a 3ª posição no final. Foi
um ano em que nossos pilotos mandaram e desmandaram na categoria de acesso à “F-Indy
original”, coisa que dificilmente se repetirá nos dias atuais, pela escassez de
pilotos produzidos por aqui, além da falta de apoio maior por parte de empresas
e patrocinadores. Fiquem agora com o texto, e boa leitura dos eventos de quase
vinte anos atrás...
FIM DE CAMPEONATO
Com
a realização das 500 Milhas da Califórnia, disputada no último domingo no
novíssimo autódromo Califórnia Speedway, em Fontana, a F-CART encerrou o seu
campeonato de 1997. Como não poderia deixar de ser, foi um ano muito disputado
por vários pilotos, embora em sua segunda metade tenha havido certa
predominância de Alessandro Zanardi.
Zanardi,
aliás, fez bem em encerrar a disputa pelo título em Laguna Seca,
garantindo o título por antecipação. O piloto italiano bateu forte 2 vezes
durante os treinos em Fontana, e não se sentiu muito bem depois, pelo que não
disputou a corrida. Até mesmo o substituto de Zanardi, o holandês Arie
Luyendick, não teve sorte em Fontana: acabou no muro, depois de ser atingido
por Arnd Meyer, que rodou à sua frente. O saldo da equipe Ganassi no fim de
semana foi bem desastroso: 3 carros inteiramente destruídos. Felizmente, nem
ferimentos para os pilotos.
Mas
a maior atração das 500 Milhas da Califórnia foi o seu palco. O novo Califórnia
Speedway, de propriedade de Roger Penske, é espetacular. As instalações são as
mais modernas de todo o campeonato da categoria, e só deverá ter um rival à
altura no autódromo de Motegi, no Japão, que estreará no ano que vem no
calendário. A área de estacionamento é ampla, assim como o pit line, o paddock,
bem como os camarotes e as instalações reservadas à imprensa. O custo da
empreitada foi de cerca de US$ 110 milhões. E o público foi excelente, com mais
de 115 mil pessoas só no dia da corrida. O desenho da pista é idêntico ao de
Michigan, mas não se pode dizer que a pista seja igual. O ângulo de inclinação
das curvas é muito menor, o que possibilitou velocidades estonteantes na
qualificação, com a pole de Maurício Gugelmim a cerca de 388 Km/h. Tamanha
velocidade, aliada à inexperiência dos pilotos com a pista, levou a diversos
acidentes, como os de Alessandro Zanardi, Patrick Carpentier, Paul Tracy, Arie
Luyendick, etc. A pista exige respeito.
Encerrada
a corrida e o campeonato, os pilotos começam sua preparação para 98. Alguns já
tem contrato acertado, mas outros ainda estão caçando um cockpit para a próxima
temporada. Não há mesmo tempo para o descanso. Hoje mesmo, os times da F-CART
já estão no Japão, na cidade de Motegi, a convite da Honda, para testes no
novíssimo circuito de Twin Ring Motegi, que fará sua estréia no calendário de
98. A Honda praticamente arcou com todas as despesas de transporte dos times ao
Japão para este evento, que visa promover seu novo autódromo.
Para
1998, mais provas no calendário, totalizando 19 etapas, com a inclusão do GP do
Japão e o GP de Houston (EUA), o que vai encarecer ainda mais a categoria e
dificultar ainda mais a negociação de uma vaga de piloto na F-CART. Dali a
pouco os dirigentes não vão mais poder dizer, em tom de brincadeira, que são
mais baratos do que o pessoal da F-1...
Mas
já se foi 1997. Que venha a temporada de 1998 da F-CART...
Na decisão da Indy Lights, Tony Kanaan
ficou com o título da categoria; Hélio Castro Neves ficou com o
vice-campeonato; e Cristiano da Matta assegurou a 3ª colocação no certame. E o
pessoal já está seguindo em frente: Kanaan já acertou contrato com a equipe
Tasman de F-CART para ser o companheiro de André Ribeiro em 98. Já a equipe
Tasman de Indy Lights contará no ano que vem com outros 2 brasileiros:
Cristiano da Matta, que permanecerá mais um ano na categoria, e Airton Daré...
Na F-3000 Internacional, Ricardo Zonta
faturou em Mugello, na Itália, o título da categoria por antecipação. Zonta
largou na pole e venceu a corrida praticamente de ponta a ponta. Jason Watt
ficou em 2º lugar. Juan Pablo Montoya, que disputava o título com Zonta,
terminou em 3º lugar. Max Wilson ficou em 4º. E esta semana Zonta continuou
seus testes com a equipe Jordan. Para 1998, ele deverá ser piloto de testes do
time, que terá como pilotos titulares Damon Hill e Ralf Schumacher.
E, em Nurburgring, na prova da F-Opel
alemã disputada como preliminar da F-1, Marcelo Battistuzzi ganhou mais uma
vez, e com isso faturou seu segundo título este ano. Depois de se sagrar campeão
da F-Opel européia, agora Battistuzzi faturou o título da F-Opel alemã.
No último fim de semana tivemos também
uma coisa interessante: o campeonato da F-3 inglesa teve uma etapa disputada
em... Spa-Francorchamps (Bélgica). A vitória ficou com Enrique Bernoldi. Outro
brazuca, Mário Haberfeld, terminou a etapa em 7º lugar...
A maior fofoca que se ouviu durante a
semana na F-1 foi sobre o acidente “em família” dos irmãos Schumacher na
largada do GP de Luxemburgo, disputado em Nurburgring. Michael
Schumacher disse que não tinha sentido culpar seu irmão Ralf
pelo ocorrido e que tudo já estava esquecido, mas quem viu a cara do bicampeão
alemão depois do incidente garante que isso é apenas fachada. E eu ainda
endosso que, por causa disso, as chances de Schumacher perder o título deste
ano aumentaram bastante. Com tantas estripulias que anda cometendo na pista,
Ralf Schumacher já se tornou um ponto de interrogação para Eddie Jordan...
A McLaren estava dando um show em
Nurburgring, dominando a corrida com seus dois pilotos e pronta para repetir
uma dobradinha que não via há tempos (a última foi em 1991, em Suzuka, quando
Gerhard Berger venceu e Ayrton Senna foi o 2º), quando tanto David Couthard
quanto Mika Hakkinen ficaram a ver navios e a pé. O motivo foi até vergonhoso,
em se tratando de um GP em terras alemãs: quebra dos motores, que no caso da
McLaren são os Mercedes-Benz. Sobrou a consolação da primeira pole-position da
McLaren desde 1993, e de Mika Hakkinen...
Tarso Marques fez o seu melhor treino
classificatório este ano, mas não adiantou muito: ficou logo na 1ª volta,
abandonando com problemas de motor. Seu colega de equipe, Ukyo Katayama, também
ficou por aí mesmo. Parece que penitência não se paga apenas na igreja...
Na F-CART, as equipes Rahal Racing e
Della Peña Motorsports resolveram mudar de pneus para 98. Ao invés dos
Goodyear, usarão os Firestone, que conquistaram pelo segundo ano consecutivo o
título da categoria...
Olivier Panis retornou à F-1 em
Nurburgring e até marcou pontos, ficando em 6º lugar. Com o retorno de Panis, o
italiano Jarno Trulli ficou a pé, mas é o preferido para ser o companheiro de
Panis no time no ano que vem.
Pedro Paulo Diniz fez sua melhor corrida
este ano. Com uma largada impressionante, ele pulou de seu 15º lugar no grid
para 8º, posição em que ficou até as paradas de boxes dos demais à frente e
avançando com os abandonos de Hakkinenm Couthard, Magnussen e Barrichello. E,
por mais de 20 voltas, agüentou forte pressão de Olivier Panis com muita raça e
determinação. Muito bom, Diniz mostrou que só precisa de um carro à altura para
brilhar ainda mais...
Para aqueles que quiserem sentir a
emoção de pilotar um carro da F-CART, mesmo que seja só de brincadeira, está
para chegar ao mercado brasileiro o novo jogo CART PRECISION RACING, jogo
oficial, homologado pela CART, que reproduz o campeonato de 1996 com todos os
pilotos e pistas do calendário, além dos carros. Quem já conhece outros jogos
de corrida para computador tem a obrigação de conferir esta nova opção...
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