quarta-feira, 7 de setembro de 2016

FLYING LAPS - AGOSTO DE 2016



            E os meses seguem em alta velocidade. Já chegamos a setembro, e alguns campeonatos entram em sua reta final, como é o caso da Indy e Indy Lights. Outros, como a F-1, ainda tem um longo caminho pela frente, até novembro, quando terão seus desfechos. E todo início de mês é hora de trazer mais uma edição da sessão da Flying Laps, com algumas notas rápidas de alguns dos acontecimentos ocorridos no mundo da velocidade no último mês, que não puderam ser citados nas colunas semanais, com alguns comentários rápidos sobre cada assunto. Então, uma boa leitura para todos, e até a próxima sessão Flying Laps de outubro.


O mundo do automobilismo mostrou novamente a sua pior face no início neste último mês de agosto. Bryan Clauson, piloto profissional nos Estados Unidos, faleceu após sofrer um violento acidente enquanto disputava uma corrida com carros gaiola em um circuito oval de terra, em Belleville High Banks, no Estado do Kansas. A categoria, conhecida por lá como midget, consiste em disputar corridas em pistas ovais de terra em carros montados com proteção de gaiolas, e apesar de serem bem populares, possuem uma segurança bem questionável. Clauson já havia vencido aquela prova três vezes, e não era inexperiente na categoria. Mas, ao tentar driblar um retardatário, acabou indo parar no muro, e teve seu carro rebatido de volta para o meio da pista, onde foi violentamente atingido por outro competidor, tendo seu carro muito danificado na colisão, a ponto de a equipe de resgate ter levado meia hora para conseguir tirar Clauson das ferragens retorcidas que seu carro de competição se tornou. O piloto chegou a ser levado para o hospital da cidade de Lincoln, em estado grave, mas Bryan não resistiu aos ferimentos, vindo a falecer poucas horas depois do acidente. Nascido em Carmichael, na Califórnia, Bryan tinha 27 anos, e disputara três edições das 500 Milhas de Indianápolis. O piloto disputou corridas em diversas categorias desde que começou no kart e nos próprios midgets, aos cinco anos, perambulando por provas da Nascar, Sprint, e outras categorias variadas. O esporte a motor, é preciso lembrar, é uma atividade perigosa, e embora as corridas de midgets exibam uma segurança fraca, se formos comparar com a F-1, os americanos não parecem ter começado uma “caça às bruxas” a exemplo do que ocorre na categoria máxima do automobilismo pela morte do piloto, que foi sentida, sim, mas não demonizada. Não que os americanos sejam insensíveis à perda de vidas humanas nas corridas. Eles apenas a encaram em parte como uma fatalidade que infelizmente ocorre num esporte perigoso. É verdade que algumas medidas de segurança poderiam ser melhoradas, mas os americanos valorizam os pilotos pela sua coragem e capacidade de desafiar o perigo, e é isso uma das atrações e charme das competições do esporte a motor. Vermos pessoas que são capazes de desafiar o perigo, indo aos limites da velocidade em um carro de competição que pessoas normais nunca conseguiriam. As provas de midgets continuarão com seu público cativo, nos inúmeros circuitos onde estas corridas são realizadas nos Estados Unidos. Clauson não será esquecido, mas sua morte não promoverá nenhuma revolução na categoria. É uma outra forma de encarar o perigo das provas do esporte a motor, bem diferente da obsessão por segurança vigente na F-1, que beira a paranoia, com punição aos pilotos pelo menor contato que tem na pista entre um piloto e outro, que em tese não precisaria chegar a estas raias extremas querendo tornar tudo seguro 100% e controlado. Se os midgets poderiam aprender um pouco com a F-1 sobre como ter um pouco a mais de segurança em seus carros (sem os exageros obsessivos de segurança, claro), a F-1 também poderia aprender a ser um pouco menos exagerada com a categoria americana. Mas duvido que tanto uma quanto a outra encontrassem um ponto comum para conversarem sobre tal assunto...


A Indycar retomou no último dia 27 o restante da prova do Texas, interrompida em sua data original no mês de junho devido à chuva que caiu no Texas Motor Speedway. E tivemos um final eletrizante, com vários pilotos duelando lado a lado pela vitória na pista texana. Ganhou Graham Rahal, por meros 0s008 sobre James Hinchcliffe, que por sua vez precisou suar o macacão para segurar Tony Kanaan atrás de si nas voltas finais, quando o baiano por pouco não assumiu a liderança da prova, com os pilotos se colocando praticamente lado a lado por toda a pista, tentando ganhar a ponta. E a corrida, a exemplo da primeira parte, disputada em junho, teve sua cota de acidentes, mas felizmente em menor violência, se bem que em maior número de incidentes. Ed Carpenter deu uma pequena fechada em Scott Dixon, e fez o neozelandês rodar a alta velocidade, indo parar no muro externo. Mas, algum tempo depois, foi o próprio Carpenter quem deu uma balançada violenta e acabou no muro, mas não sem quase arruinar a corrida de Hélio Castro Neves, que vinha logo atrás. O piloto brasileiro da Penske escapou por pouco de ir para o muro também, e precisou ir ao box para reparar os danos no bico e na traseira de seu carro. Com as bandeiras amarelas e o empenho dos mecânicos no box, Hélio voltou à pista e ainda conseguiu terminar a corrida em 5° lugar. Outros que se estranharam na pista foram Mikhail Aleshin e Jack Hawksworth, que felizmente nada sofreram além de danos leves em seus carros e ficarem de fora da prova. Na briga da dupla postulante ao título, Simon Pagenaud se deu melhor, chegando em 4° lugar, enquanto Will Power foi o 8°, aumentando novamente a vantagem do piloto francês na pontuação do campeonato.


E a MotoGP vem mostrando surpresas nas últimas corridas do campeonato. Depois de assistirmos ao retorno da Ducati ao degrau mais alto do pódio na classe rainha do motociclismo em Zeltweg, desta vez vimos mais uma vitória de um time satélite na competição. Na pista de Brno, na República Tcheca, quem brilhou foi o inglês Carl Crutchlow, da equipe LCR Honda. O piloto inglês venceu com autoridade a prova, que começou novamente com o piso molhado, o que fez alguns pilotos literalmente sumirem na disputa da corrida, como foi o caso do tricampeão Jorge Lorenzo, que definitivamente não está se dando bem com São Pedro ultimamente. Em contrapartida, Valentino Rossi voltou ao pódio, com a 2ª colocação, mas como Marc Márquez, líder do campeonato, chegou logo atrás, em 3°, o melhor que o “Doutor” conseguiu foi tirar a vice-liderança da competição de seu parceiro Lorenzo. Já foram até a corrida de Brno nada menos do que três novos vencedores na categoria: Jack Miller faturou sua primeira corrida em Assen, na Holanda, sobrevivendo às armadilhas do piso molhado; Andrea Iannone desencantou na Áustria, e agora Crutchlow arrepiou na República Tcheca. Tirando a prova da Áustria, nas outras duas a chuva ajudou a dar uma temperada na disputa das duas rodas, e podem apostar que muitos pilotos vão tratar de fazer a dança da chuva nos fins de semana das próximas corridas...


Depois de um jejum de seis corridas, eis que Sébastien Ogier voltou a vencer uma etapa no Mundial de Rali. O atual campeão não subia ao alto do pódio desde a etapa da Suécia, mas resolveu matar a saudade na etapa da Alemanha e mostrar à concorrência que eles não podem ficar muito entusiasmados em tentar achar que terão chances de levar o título na atual temporada. Aliás, durante este hiato de triunfos de Ogier na competição, apenas um piloto conseguiu vencer mais de uma vez, Kris Meeke. O problema é que, tirando uma outra corrida, ele não conseguiu pontuar em mais nenhuma etapa e tem apenas 51 pontos na competição. Nem mesmo o fato de Ogier ter ficado sem marcar pontos na etapa da Finlândia ajudou seus adversários a se aproximarem um pouco: Andreas Mikkelsen, o vice-líder da competição, venceu apenas uma corrida, na Polônia, e chegou a 110 pontos, enquanto Ogier deslancha na dianteira com 169 pontos depois deste último triunfo. Na 3ª posição na tabela, Hayden Paddon está empatado com 94 pontos junto com Thierry Neuville, e contabilizando os prejuízos que tiveram por ficarem sem marcar pontos em pelo menos 3 etapas do Mundial. E o que dizer de Jari-Matti Latvala, companheiro de equipe de Ogier no time de Volkswagen, que ocupa apenas a 5ª posição com 89 pontos, tendo vencido apenas a etapa do México. A competição ainda tem muito chão pela frente, com 5 etapas, mas só um desastre pode tirar o favoritismo de Ogier, cuja vantagem é de mais de duas vitórias na pontuação, o que significa que, mantido o ritmo atual, o francês deve faturar o caneco de 2016 na etapa da Catalunha. Mas há quem preveja que o título possa ser conquistado já na etapa da Córsega. Na classificação de construtores, a disputa está um pouco menos desigual, com a Volkswagen liderando com razoável folga sobre a Hyundai (256 a 201), mas sem poder baixar a guarda em relação à fábrica sul-coreana. Já a M-Sports e o segundo time da Volkswagen estão numa briga renhida pelas posições seguintes na tabela, com o time B da marca alemã contando com 121 pontos, apenas 1 a menos do que a M-Sports.


O Mundial de Rali, aliás, sofreu uma baixa em seu calendário: as fortes chuvas na região de Huairou, China, que causaram enchentes e diversos estragos, motivaram o cancelamento da etapa chinesa na competição. Os estragos foram tantos que as administrações locais não conseguiram viabilizar maior aporte para consertar diversos locais, entre eles trechos por onde passaria o rali agora no início do mês de setembro. Foi feito um pedido oficial para o cancelamento da competição, o que acabou sendo aceito pela organização da competição e a Federação Internacional de Automobilismo. Com isso, o campeonato com 13 etapas, e a próxima disputa será o Raly da França, na Córsega, entre os dias 29 de setembro de 02 de outubro.


A direção da Stock Car confirmou neste mês de agosto a saída do circuito de Brasília do calendário da categoria neste ano. Marcada para o dia 16 de outubro, tudo dependia das obras que estão sendo feitas no circuito, que foi literalmente desmantelado no fim de 2014, para obras visando a realização de uma corrida da Indycar no local, o que não ocorreu devido a irregularidades nas obras então feitas, que motivaram a suspensão dos trabalhos. Com a manutenção da pista de Curitiba, sabe-se lá por quanto mais tempo, a Stock acertou para correr no autódromo de Pinhais na mesma data, já que os trabalhos de reconstrução em Brasília seguem em ritmo de retardatários nas últimas colocações, e vai saber quando efetivamente serão concluídas. Alguns falam que nem em 2017 a pista ficará apta a receber corridas novamente. Portanto, é bem-vinda a notícia da substituição da etapa na capital federal para correr novamente no Paraná. A próxima etapa do calendário da Stock Car é a prova mais importante da temporada, a Corrida do Milhão, que será disputada no próximo dia 11 de setembro, no autódromo José Carlos Pace, em Interlagos. Felipe Fraga lidera o certame, com 133 pontos. Na segunda colocação vem Marcos Gomes, com 112 pontos. Logo a seguir, Max Wilson, Cacá Bueno e Daniel Serra estão empatados com 100 pontos, com Rubens Barrichello e Valdeno Brito logo atrás, com 99 pontos cada um. Diego Nunes, com 90 pontos; Ricardo Zonta, com 89, e Átila Abreu, com 85 pontos, completam os 10 primeiros colocados na classificação da Stock Car.
 

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