Com 5 vitórias e 8 poles na temporada, Simon Pagenaud conquistou o título da Indycar 2016. |
O campeonato 2016 da
Indycar terminou, e o título ficou com o melhor piloto da temporada. Simon
Pagenaud, em sua segunda temporada pelo time de Roger Penske, finalmente
desencantou e chegou ao título, garantindo mais um feito à escuderia Penske,
que neste ano completou 50 anos de fundação. Aliás, a Penske tem motivos de
sobra para se orgulhar deste campeonato. Will Power ficou com o
vice-campeonato, e Hélio Castro Neves foi o 3° colocado. Melhor, só mesmo se Juan
Pablo Montoya, o quarto piloto do time, tivesse seguido o exemplo de seus
companheiros de equipe e viesse logo a seguir, mas o colombiano, vice-campeão
em 2015, fez uma temporada pífia, após começar o ano vencendo nas ruas de São
Petesburgo, na Flórida. Aliás, os únicos pódios conquistados por Montoya no ano
foram na primeira etapa, e domingo passado, ao terminar a prova de Sonoma numa
honrável terceira colocação. No restante do ano, a performance do colombiano
foi bastante insossa, e o fez terminar o ano numa pífia 10ª posição. Muito
pouco, se levarmos em conta a supremacia da Penske no ano.
A Penske venceu 10 das
16 provas da temporada, com direito a 12 pole-positions. Na pontuação por
equipes, venceu com sobras, acumulando 2.140 pontos, enquanto a segunda
colocada, a Andretti, somou 1.684 pontos. A Ganassi, por sua vez, veio logo
atrás, com 1.638 pontos. Simon Pagenaud foi o piloto que mais voltas liderou no
ano, com 406. Will Power ficou na 6ª posição neste quesito, com 139 voltas,
atrás de Hélio Castro Neves, em 5°, que liderou 143 voltas. Já Montoya, apesar
de tudo, foi o líder durante 123 voltas, o que lhe dá a 7ª posição na tabela.
Juan Pablo Montoya começou o ano com o pé direito em São Petesburgo, mas depois perdeu o rumo no restante do campeonato, e deve perder seu lugar na Penske em 2017. |
Contratado pela Penske
na condição de nova estrela da categoria, depois de dois anos brilhantes
competindo pela equipe de Sam Schmidt, Simon Pagenaud teve um ano meio
conturbado em 2015, se acostumando à estrutura do time de Roger Penske. Acabou
sendo apenas o 11° colocado, com 384 pontos. Scott Dixon foi campeão com 556
pontos, empatado com Montoya, mas levando o título por ter uma vitória a mais
que o colombiano. Será que o pequeno francês renderia em um time de ponta o
mesmo que apresentava em um time médio? Muitos devem ter pensado que Simon
sentiu o peso, mas nada como dar tempo ao tempo, e deixar o piloto mostrar o
que sabe. E neste ano, Pagenaud não deixou dúvidas disso. Seu início de
temporada foi arrasador, com nada menos do que 3 vitórias nas 5 primeiras
corridas, onde sempre esteve no pódio, enquanto seus rivais não apresentavam a
constância necessária.
Mas é verdade que a
meio da temporada, começou a apresentar alguns resultados inferiores. Talvez
administrando a grande vantagem que tinha conseguido, o fato é que apenas Will
Power, também da Penske, conseguiu representar ameaça ao favoritismo do
francês. O australiano conseguiu 4 vitórias em corridas onde Pagenaud não foi
muito bem, à exceção de Detroit, e isso balançou sua favorável margem de pontos
na dianteira da competição. Power vinha se aproximando pouco a pouco, e
enquanto o australiano parecia render mais, Simon tinha resultados menos
vistosos. A vitória obtida em Mid-Ohio serviu para o francês mostrar que ainda
era o líder do campeonato, mas Power, não se deixando abalar, chegou logo
atrás, mostrando que o duelo ainda ia render muito. Quando venceu as 500 Milhas
de Pocono, muitos esperavam ver uma reviravolta no campeonato, com o
favoritismo pendendo para Power, e não para Pagenaud. Mas foi aí que o Simon
conseguiu reagir. Primeiro, terminando à frente de Power a inacabada corrida do
Texas, e voltando a ampliar sua vantagem de pontos na classificação. Outro
golpe duro de encarar foi o acidente que Power sofreu em Watkins Glen, o que
lhe tirou as oportunidades de reduzir novamente a desvantagem de pontos. Não
fosse a pontuação dobrada de Sonoma, poderia ter terminado o campeonato ali
mesmo, na prática. A vantagem de Pagenaud já era muito grande para ser
revertida.
Mas é claro que, numa
corrida com pontuação dobrada, e numa pista travada e complicada como Infineon,
surpresas podem acontecer, como houve no ano passado, quando Scott Dixon venceu
a corrida e sagrou-se novamente campeão, derrotando o favorito Juan Pablo
Montoya, que chegara a Sonoma como franco favorito, e o neozelandês,
praticamente como azarão. Não dava para negar a possibilidade de acontecer algo
assim novamente, com a diferença de que apenas Power e Pagenaud poderiam levar
o título. E, no momento decisivo, Simon foi à luta, e arrebatou com perfeição a
pole-position, numa luta renhida com Hélio Castro Neves. Largando na pole, era
torcer para não ter sua estratégia bagunçada por alguma bandeira amarela, ou
algum outro incidente de corrida. Mas, quem teve mesmo problema com isso foi
justamente Power. Em determinado momento da corrida, seu carro ficou lento na
pista, até parar completamente, por um problema de câmbio. Ali estava
sacramentada a conquista do título para Pagenaud.
Com Power recolhido
aos boxes, bastava ao piloto da Penske correr para o abraço, mas ele fez
questão de tornar a sua conquista do título algo categórico. E rumou firme para
a vitória, mesmo com a pressão nas voltas finais de Graham Rahal, que parecia
ter força suficiente para desalojar Pagenaud da liderança da corrida. E com sua
5ª vitória no ano, Pagenaud teve o seu fim de temporada perfeito. O piloto
francês terminou a temporada com 127 pontos de vantagem para o Will Power, que
ficou com o vice-campeonato. Helinho, por sua vez, ficou com o 3° lugar, em uma
disputa renhida com Josef Newgarden.
Josef Newgarden foi um dos destaques do ano, e venceu a corrida de Iowa. |
Newgarden, aliás, é o
grande nome do mercado de pilotos da categoria, e todos apostam que ele
assumirá o lugar de Montoya na Penske em 2017. O olho grande em cima do piloto
norte-americano justifica-se: correndo pela modesta equipe de Ed Carpenter,
Josef venceu a prova de Iowa, e terminou o campeonato numa honrosa 4ª
colocação, perdendo para Hélio Castro Neves por apenas 2 pontos. Há quem aposte
que ele vai para a Ganassi, e até a própria Honda estaria se mobilizando para
colocar o piloto no seu principal time, a Andretti. Mas tudo parece indicar que
Roger Penske deve vencer a parada. E tudo que a categoria precisa no momento é
outro piloto americano no rol dos favoritos ao título, já que Ryan Hunter-Reay
e Graham Rahal tiveram temporadas abaixo do esperado, devido à deficiência da
Honda nesta temporada, tanto a nível dos kits aerodinâmicos, como a nível dos
motores, podendo rivalizar e superar a concorrente Chevrolet apenas em poucas
corridas. A Honda, aliás, sai de 2016 duplamente derrotada: teve uma permissão
“especial” da direção da categoria para evoluir seu kit aerodinâmico além do
permitido normalmente pelo regulamento, mas isso não a impediu de sofrer uma
derrota para a Chevrolet. Seu único trunfo foi ter vencido as 500 Milhas de
Indianápolis, com Alexander Rossi, outro que surpreendeu a todo naquela prova,
mas que se apagou em boa parte do restante do campeonato, que finalizou em 11°,
mas sem subir ao pódio em nenhuma outra corrida. Não fosse a Indy500, Rossi
teria passado o ano completamente em branco, em termos de exposição na mídia.
Os pilotos brasileiros
passaram mais um ano em branco no campeonato. Hélio Castro Neves, apesar de ter
finalizado o ano em 3° lugar, teve muito azar em alguns momentos, vendo sua
estratégia de corrida ruir em virtude de bandeiras amarelas que surgiram nos
momentos mais indevidos, enquanto em outras provas, acabou se envolvendo em
confusões. Em Detroit, uma bandeira amarela justo no momento em que iria ao box
arruinou suas chances de vitória, qu acabaram com Will Power, que havia parado
no box uma volta antes. O brasileiro precisou parar na bandeira amarela, e com
isso caiu para o fim do pelotão. Em Sonoma, apostou numa estratégia que o
permitiria andar a fundo nas voltas finais, quando a maioria poderia precisar
de um reabastecimento de emergência, mas a bandeira amarela, motivada pelo
carro de Power parado na pista, permitiu que os demais pilotos economizassem o
suficiente para não precisarem parar mais, e quando teve de fazer seu último
pit stop, não deu para voltar à dianteira da corrida. O brasileiro ainda se
envolveu em um acidente com Scott Dixon em Mid-Ohio que arruinou suas chances
de um bom resultado na etapa. E como esquecer o acidente bisonho sofrido por
Helinho nos boxes de Pocono, quando foi literalmente atropelado pelo carro de
Alexander Rossi, que despencou em cima dele, por pouco não atingindo sério sua
cabeça? Hélio ainda marcou duas pole-positions, e ainda conta com o respeito de
Roger Penske, e por isso continua firme no time para a próxima temporada. Mas
já são dois anos sem vencer, e isso é incômodo para qualquer um.
Tony Kanaan e Hélio Castro Neves não fizeram uma temporada ruim, mas também não brilharam como se esperava, e passaram mais um ano sem vencer na categoria. |
Tony Kanaan foi outro
piloto que poderia ter tido um ano muito melhor, se não tivesse uma série de
azares que arruinaram corridas onde poderia ter tido resultado muito melhores.
Sonoma foi um exemplo disso: o brasileiro precisou rodar para evitar de colidir
com outro piloto logo no início da prova, e com isso caiu praticamente para o
último lugar, perdendo muito tempo na pista. Tony acabou finalizando a corrida
em 13°, mas tinha ritmo notadamente superior para terminar muito mais à frente.
Abandonos na corrida do misto de Indianápolis e em Watkins Glen também
contribuíram para uma pontuação menos expressiva. O único consolo de Kanaan é
que Scott Dixon também não teve um ano para se comemorar, exatamente, tendo
terminado em 6° lugar na classificação, apenas 16 pontos à frente de Tony, que
foi o 7° na tabela final. Mesmo assim, se levarmos em conta que nada menos do
que 8 pilotos diferentes venceram corridas durante a temporada, sendo que a
grande maioria tinha, em tese, equipamentos de times menos competitivos, dá
para ficar incomodado com o fato de tanto Kanaan quanto Hélio ficarem de fora
da turma dos vencedores de corridas neste ano.
Com relação ao aspecto
operacional da temporada, as audiências da Indycar melhoraram na TV americana,
mas ainda estão longe de atingir os índices exibidos pela Fórmula Indy original
nos anos 1990. Mesmo assim, há o que comemorar. Primeiro, pela incorporação ao
calendário do melhor circuito misto de todos os Estados Unidos: Elkhart Lake,
praticamente uma unanimidade entre pilotos e fãs. E, se a planejada prova nas
ruas de Boston acabou não acontecendo, há males que vem para o bem: a categoria
retornou a Watkins Glen, circuito misto que teve todo o seu traçado recapeado,
e que é muito melhor do que os recentes circuitos de rua por onde a categoria
tem perambulado ultimamente. Ainda conseguiram garantir as 500 Milhas de Pocono
no calendário pelas próximas duas temporadas, e há negociações para termos a
entrada de Portland, e possivelmente de Surfer’s Paradise, na Austrália, que
faziam parte do calendário da Indy original, e eram pistas onde os pilotos
gostavam de correr, em um futuro próximo. Isso para não mencionar a grande
festa que foi a centésima edição das 500 Milhas de Indianápolis, que foi de
longe o evento mais badalado do ano, até mais do que normalmente costuma ser.
A IRL finalmente incluiu a pista de Road America em seu calendário, e foi um dos pontos altos da temporada de 2016. |
Para o torcedor
brasileiro, o fato da TV Bandeirantes deixar de mostrar o campeonato brasileiro
de futebol em sua grade aos domingos fez a emissora paulista dar um pouco mais
de valor à transmissão das corridas da Indy, mas não muito mais do que o
telespectador estava habitualmente acostumado. Várias provas que poderiam ter
sido exibidas no canal aberto continuaram sendo exibidas no canal pago
Bandsports. Pelo menos, deram uma estabilizada na equipe de transmissão,
deixando Téo José como narrador na maioria das provas, ao lado de Felipe
Giaffone nos comentários. A experiência de ambos é inegável, mas ainda faz
falta na programação da emissora um destaque maior para a categoria, inclusive
com a exibição de reportagens e matérias sobre o mundo da Indy, que certamente
seria muito útil para ajudar a criar maior empatia entre o público leigo do
universo das corridas. Mesmo que o caixa da emissora esteja baixo, o que
inviabiliza mandar um time de reportagem e transmissão para o local das provas,
dá para quebrar o galho com material produzido pela própria TV americana, que
poderia ser bem utilizado para deixar o telespectador potencial mais por
“dentro” da Indy. Ao menos, informalmente, a emissora já confirmou que deve
manter a transmissão da categoria em 2017, para felicidade dos fãs de
automobilismo.
Para 2017, a Indycar
já anunciou seu calendário, com 17 corridas, com a entrada da prova de Saint
Louis, mais um circuito oval. Mas o campeonato ainda continuará “apertado”
entre março e o início de setembro, comprimindo algumas corridas no espaço de
poucas semanas. A direção da categoria deveria repensar essa estratégia, e
esticar a duração em mais algumas semanas, pois há quem reclame da intensa
maratona de provas em determinados momentos, que exigem intenso esforço de seus
integrantes, no caso das equipes, e da logística de transporte, mesmo sendo
tudo feito nos Estados Unidos, com apenas uma corrida no Canadá. Para os
brasileiros, espera-se um ano melhor de Tony Kanaan, que deve seguir firme na
Ganassi, e de Hélio Castro Neves, que vai para sua 18ª temporada na Penske,
ainda sem um título no currículo. E, claro, que a Bandeirantes pelo menos
ofereça uma transmissão decente para os amantes do automobilismo. Emoção na
pista e grandes disputas, isso a Indycar já mostrou que deve continuar
oferecendo.
A MotoGP volta a se reunir
novamente, agora para a disputa da prova do circuito de Aragão, na Espanha, que
será disputada neste domingo, com transmissão ao vivo pelo canal pago SporTV.
Hoje começam os treinos, e a expectativa é se a dupla da Yamaha vai conseguir s
aproximar de Marc Márquez, que continua bem folgado na liderança da competição,
com nada menos do que 43 pontos de vantagem para Valentino Rossi. O desafio
está lançado. Mas, depois de chegar a 8 vencedores diferentes nesta temporada,
será que a categoria rainha do motociclismo nos presenteará com mais um
vencedor diferente no ano? A conferir...
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