sexta-feira, 23 de setembro de 2016

O ANO DE PAGENAUD


Com 5 vitórias e 8 poles na temporada, Simon Pagenaud conquistou o título da Indycar 2016.

            O campeonato 2016 da Indycar terminou, e o título ficou com o melhor piloto da temporada. Simon Pagenaud, em sua segunda temporada pelo time de Roger Penske, finalmente desencantou e chegou ao título, garantindo mais um feito à escuderia Penske, que neste ano completou 50 anos de fundação. Aliás, a Penske tem motivos de sobra para se orgulhar deste campeonato. Will Power ficou com o vice-campeonato, e Hélio Castro Neves foi o 3° colocado. Melhor, só mesmo se Juan Pablo Montoya, o quarto piloto do time, tivesse seguido o exemplo de seus companheiros de equipe e viesse logo a seguir, mas o colombiano, vice-campeão em 2015, fez uma temporada pífia, após começar o ano vencendo nas ruas de São Petesburgo, na Flórida. Aliás, os únicos pódios conquistados por Montoya no ano foram na primeira etapa, e domingo passado, ao terminar a prova de Sonoma numa honrável terceira colocação. No restante do ano, a performance do colombiano foi bastante insossa, e o fez terminar o ano numa pífia 10ª posição. Muito pouco, se levarmos em conta a supremacia da Penske no ano.
            A Penske venceu 10 das 16 provas da temporada, com direito a 12 pole-positions. Na pontuação por equipes, venceu com sobras, acumulando 2.140 pontos, enquanto a segunda colocada, a Andretti, somou 1.684 pontos. A Ganassi, por sua vez, veio logo atrás, com 1.638 pontos. Simon Pagenaud foi o piloto que mais voltas liderou no ano, com 406. Will Power ficou na 6ª posição neste quesito, com 139 voltas, atrás de Hélio Castro Neves, em 5°, que liderou 143 voltas. Já Montoya, apesar de tudo, foi o líder durante 123 voltas, o que lhe dá a 7ª posição na tabela.
Juan Pablo Montoya começou o ano com o pé direito em São Petesburgo, mas depois perdeu o rumo no restante do campeonato, e deve perder seu lugar na Penske em 2017.
            Contratado pela Penske na condição de nova estrela da categoria, depois de dois anos brilhantes competindo pela equipe de Sam Schmidt, Simon Pagenaud teve um ano meio conturbado em 2015, se acostumando à estrutura do time de Roger Penske. Acabou sendo apenas o 11° colocado, com 384 pontos. Scott Dixon foi campeão com 556 pontos, empatado com Montoya, mas levando o título por ter uma vitória a mais que o colombiano. Será que o pequeno francês renderia em um time de ponta o mesmo que apresentava em um time médio? Muitos devem ter pensado que Simon sentiu o peso, mas nada como dar tempo ao tempo, e deixar o piloto mostrar o que sabe. E neste ano, Pagenaud não deixou dúvidas disso. Seu início de temporada foi arrasador, com nada menos do que 3 vitórias nas 5 primeiras corridas, onde sempre esteve no pódio, enquanto seus rivais não apresentavam a constância necessária.
            Mas é verdade que a meio da temporada, começou a apresentar alguns resultados inferiores. Talvez administrando a grande vantagem que tinha conseguido, o fato é que apenas Will Power, também da Penske, conseguiu representar ameaça ao favoritismo do francês. O australiano conseguiu 4 vitórias em corridas onde Pagenaud não foi muito bem, à exceção de Detroit, e isso balançou sua favorável margem de pontos na dianteira da competição. Power vinha se aproximando pouco a pouco, e enquanto o australiano parecia render mais, Simon tinha resultados menos vistosos. A vitória obtida em Mid-Ohio serviu para o francês mostrar que ainda era o líder do campeonato, mas Power, não se deixando abalar, chegou logo atrás, mostrando que o duelo ainda ia render muito. Quando venceu as 500 Milhas de Pocono, muitos esperavam ver uma reviravolta no campeonato, com o favoritismo pendendo para Power, e não para Pagenaud. Mas foi aí que o Simon conseguiu reagir. Primeiro, terminando à frente de Power a inacabada corrida do Texas, e voltando a ampliar sua vantagem de pontos na classificação. Outro golpe duro de encarar foi o acidente que Power sofreu em Watkins Glen, o que lhe tirou as oportunidades de reduzir novamente a desvantagem de pontos. Não fosse a pontuação dobrada de Sonoma, poderia ter terminado o campeonato ali mesmo, na prática. A vantagem de Pagenaud já era muito grande para ser revertida.
            Mas é claro que, numa corrida com pontuação dobrada, e numa pista travada e complicada como Infineon, surpresas podem acontecer, como houve no ano passado, quando Scott Dixon venceu a corrida e sagrou-se novamente campeão, derrotando o favorito Juan Pablo Montoya, que chegara a Sonoma como franco favorito, e o neozelandês, praticamente como azarão. Não dava para negar a possibilidade de acontecer algo assim novamente, com a diferença de que apenas Power e Pagenaud poderiam levar o título. E, no momento decisivo, Simon foi à luta, e arrebatou com perfeição a pole-position, numa luta renhida com Hélio Castro Neves. Largando na pole, era torcer para não ter sua estratégia bagunçada por alguma bandeira amarela, ou algum outro incidente de corrida. Mas, quem teve mesmo problema com isso foi justamente Power. Em determinado momento da corrida, seu carro ficou lento na pista, até parar completamente, por um problema de câmbio. Ali estava sacramentada a conquista do título para Pagenaud.
            Com Power recolhido aos boxes, bastava ao piloto da Penske correr para o abraço, mas ele fez questão de tornar a sua conquista do título algo categórico. E rumou firme para a vitória, mesmo com a pressão nas voltas finais de Graham Rahal, que parecia ter força suficiente para desalojar Pagenaud da liderança da corrida. E com sua 5ª vitória no ano, Pagenaud teve o seu fim de temporada perfeito. O piloto francês terminou a temporada com 127 pontos de vantagem para o Will Power, que ficou com o vice-campeonato. Helinho, por sua vez, ficou com o 3° lugar, em uma disputa renhida com Josef Newgarden.
Josef  Newgarden foi um dos destaques do ano, e venceu a corrida de Iowa.
            Newgarden, aliás, é o grande nome do mercado de pilotos da categoria, e todos apostam que ele assumirá o lugar de Montoya na Penske em 2017. O olho grande em cima do piloto norte-americano justifica-se: correndo pela modesta equipe de Ed Carpenter, Josef venceu a prova de Iowa, e terminou o campeonato numa honrosa 4ª colocação, perdendo para Hélio Castro Neves por apenas 2 pontos. Há quem aposte que ele vai para a Ganassi, e até a própria Honda estaria se mobilizando para colocar o piloto no seu principal time, a Andretti. Mas tudo parece indicar que Roger Penske deve vencer a parada. E tudo que a categoria precisa no momento é outro piloto americano no rol dos favoritos ao título, já que Ryan Hunter-Reay e Graham Rahal tiveram temporadas abaixo do esperado, devido à deficiência da Honda nesta temporada, tanto a nível dos kits aerodinâmicos, como a nível dos motores, podendo rivalizar e superar a concorrente Chevrolet apenas em poucas corridas. A Honda, aliás, sai de 2016 duplamente derrotada: teve uma permissão “especial” da direção da categoria para evoluir seu kit aerodinâmico além do permitido normalmente pelo regulamento, mas isso não a impediu de sofrer uma derrota para a Chevrolet. Seu único trunfo foi ter vencido as 500 Milhas de Indianápolis, com Alexander Rossi, outro que surpreendeu a todo naquela prova, mas que se apagou em boa parte do restante do campeonato, que finalizou em 11°, mas sem subir ao pódio em nenhuma outra corrida. Não fosse a Indy500, Rossi teria passado o ano completamente em branco, em termos de exposição na mídia.
            Os pilotos brasileiros passaram mais um ano em branco no campeonato. Hélio Castro Neves, apesar de ter finalizado o ano em 3° lugar, teve muito azar em alguns momentos, vendo sua estratégia de corrida ruir em virtude de bandeiras amarelas que surgiram nos momentos mais indevidos, enquanto em outras provas, acabou se envolvendo em confusões. Em Detroit, uma bandeira amarela justo no momento em que iria ao box arruinou suas chances de vitória, qu acabaram com Will Power, que havia parado no box uma volta antes. O brasileiro precisou parar na bandeira amarela, e com isso caiu para o fim do pelotão. Em Sonoma, apostou numa estratégia que o permitiria andar a fundo nas voltas finais, quando a maioria poderia precisar de um reabastecimento de emergência, mas a bandeira amarela, motivada pelo carro de Power parado na pista, permitiu que os demais pilotos economizassem o suficiente para não precisarem parar mais, e quando teve de fazer seu último pit stop, não deu para voltar à dianteira da corrida. O brasileiro ainda se envolveu em um acidente com Scott Dixon em Mid-Ohio que arruinou suas chances de um bom resultado na etapa. E como esquecer o acidente bisonho sofrido por Helinho nos boxes de Pocono, quando foi literalmente atropelado pelo carro de Alexander Rossi, que despencou em cima dele, por pouco não atingindo sério sua cabeça? Hélio ainda marcou duas pole-positions, e ainda conta com o respeito de Roger Penske, e por isso continua firme no time para a próxima temporada. Mas já são dois anos sem vencer, e isso é incômodo para qualquer um.
Tony Kanaan e Hélio Castro Neves não fizeram uma temporada ruim, mas também não brilharam como se esperava, e passaram mais um ano sem vencer na categoria.
            Tony Kanaan foi outro piloto que poderia ter tido um ano muito melhor, se não tivesse uma série de azares que arruinaram corridas onde poderia ter tido resultado muito melhores. Sonoma foi um exemplo disso: o brasileiro precisou rodar para evitar de colidir com outro piloto logo no início da prova, e com isso caiu praticamente para o último lugar, perdendo muito tempo na pista. Tony acabou finalizando a corrida em 13°, mas tinha ritmo notadamente superior para terminar muito mais à frente. Abandonos na corrida do misto de Indianápolis e em Watkins Glen também contribuíram para uma pontuação menos expressiva. O único consolo de Kanaan é que Scott Dixon também não teve um ano para se comemorar, exatamente, tendo terminado em 6° lugar na classificação, apenas 16 pontos à frente de Tony, que foi o 7° na tabela final. Mesmo assim, se levarmos em conta que nada menos do que 8 pilotos diferentes venceram corridas durante a temporada, sendo que a grande maioria tinha, em tese, equipamentos de times menos competitivos, dá para ficar incomodado com o fato de tanto Kanaan quanto Hélio ficarem de fora da turma dos vencedores de corridas neste ano.
            Com relação ao aspecto operacional da temporada, as audiências da Indycar melhoraram na TV americana, mas ainda estão longe de atingir os índices exibidos pela Fórmula Indy original nos anos 1990. Mesmo assim, há o que comemorar. Primeiro, pela incorporação ao calendário do melhor circuito misto de todos os Estados Unidos: Elkhart Lake, praticamente uma unanimidade entre pilotos e fãs. E, se a planejada prova nas ruas de Boston acabou não acontecendo, há males que vem para o bem: a categoria retornou a Watkins Glen, circuito misto que teve todo o seu traçado recapeado, e que é muito melhor do que os recentes circuitos de rua por onde a categoria tem perambulado ultimamente. Ainda conseguiram garantir as 500 Milhas de Pocono no calendário pelas próximas duas temporadas, e há negociações para termos a entrada de Portland, e possivelmente de Surfer’s Paradise, na Austrália, que faziam parte do calendário da Indy original, e eram pistas onde os pilotos gostavam de correr, em um futuro próximo. Isso para não mencionar a grande festa que foi a centésima edição das 500 Milhas de Indianápolis, que foi de longe o evento mais badalado do ano, até mais do que normalmente costuma ser.
A IRL finalmente incluiu a pista de Road America em seu calendário, e foi um dos pontos altos da temporada de 2016.
            Para o torcedor brasileiro, o fato da TV Bandeirantes deixar de mostrar o campeonato brasileiro de futebol em sua grade aos domingos fez a emissora paulista dar um pouco mais de valor à transmissão das corridas da Indy, mas não muito mais do que o telespectador estava habitualmente acostumado. Várias provas que poderiam ter sido exibidas no canal aberto continuaram sendo exibidas no canal pago Bandsports. Pelo menos, deram uma estabilizada na equipe de transmissão, deixando Téo José como narrador na maioria das provas, ao lado de Felipe Giaffone nos comentários. A experiência de ambos é inegável, mas ainda faz falta na programação da emissora um destaque maior para a categoria, inclusive com a exibição de reportagens e matérias sobre o mundo da Indy, que certamente seria muito útil para ajudar a criar maior empatia entre o público leigo do universo das corridas. Mesmo que o caixa da emissora esteja baixo, o que inviabiliza mandar um time de reportagem e transmissão para o local das provas, dá para quebrar o galho com material produzido pela própria TV americana, que poderia ser bem utilizado para deixar o telespectador potencial mais por “dentro” da Indy. Ao menos, informalmente, a emissora já confirmou que deve manter a transmissão da categoria em 2017, para felicidade dos fãs de automobilismo.
            Para 2017, a Indycar já anunciou seu calendário, com 17 corridas, com a entrada da prova de Saint Louis, mais um circuito oval. Mas o campeonato ainda continuará “apertado” entre março e o início de setembro, comprimindo algumas corridas no espaço de poucas semanas. A direção da categoria deveria repensar essa estratégia, e esticar a duração em mais algumas semanas, pois há quem reclame da intensa maratona de provas em determinados momentos, que exigem intenso esforço de seus integrantes, no caso das equipes, e da logística de transporte, mesmo sendo tudo feito nos Estados Unidos, com apenas uma corrida no Canadá. Para os brasileiros, espera-se um ano melhor de Tony Kanaan, que deve seguir firme na Ganassi, e de Hélio Castro Neves, que vai para sua 18ª temporada na Penske, ainda sem um título no currículo. E, claro, que a Bandeirantes pelo menos ofereça uma transmissão decente para os amantes do automobilismo. Emoção na pista e grandes disputas, isso a Indycar já mostrou que deve continuar oferecendo.


A MotoGP volta a se reunir novamente, agora para a disputa da prova do circuito de Aragão, na Espanha, que será disputada neste domingo, com transmissão ao vivo pelo canal pago SporTV. Hoje começam os treinos, e a expectativa é se a dupla da Yamaha vai conseguir s aproximar de Marc Márquez, que continua bem folgado na liderança da competição, com nada menos do que 43 pontos de vantagem para Valentino Rossi. O desafio está lançado. Mas, depois de chegar a 8 vencedores diferentes nesta temporada, será que a categoria rainha do motociclismo nos presenteará com mais um vencedor diferente no ano? A conferir...

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