Roteiro do Dakar 2014: etapas na Argentina, Bolívia, e Chile. Ainda não foi dessa vez que o Brasil entrou na rota... |
Já virou tradição há
muitos anos o ano do automobilismo mundial começar com a disputa do maior rali
do mundo, o Dakar, e este ano não foi diferente: a competição iniciou domingo
passado a sua 35ª edição, pelo 5° ano consecutivo em terras sul-americanas.
Este ano o percurso sofreu algumas modificações: ficou mais longo, deixou o
Peru de fora de sua rota, e continua ignorando o Brasil.
A largada foi no
domingo passado em Rosario, de onde mais de 500 participantes partiram para
enfrentar aquele que é considerado o maior rali do mundo em dificuldade,
característica marcante das edições disputadas no continente africano, e que
felizmente não se perdeu quando precisou mudar de ares por questões de segurança,
já que o número de malucos radicais que proliferam em vários lugares do mundo
colocavam em perigo os participantes na África. Além da Argentina, o Dakar 2014
faz uma pequena incursão na Bolívia, chegando à cidade de Uyuni, antes de
partir para o Chile, onde terá sua reta de chegada no dia 18 na cidade de
Valparaíso. Depois de uma semana de competições, hoje os participantes terão a
etapa entre as cidades de San Miguel de Tucumán e Salta. Amanhã todos terão o
merecido dia de descanso, antes de partirem para a segunda metade do rali, ou
pelo menos quem ainda estiver inteiro.
Para este ano, a
competição aumentou o tamanho do percurso em todas as categorias de
participantes. Para os competidores nas motos e quadriciclos, houve um
acréscimo total de cerca de 311
Km; para os carros, a distância a ser percorrida
aumentou em 800 Km.
E as equipes da categoria dos caminhões acabaram premiadas com um aumento
brutal de percurso: serão mais 1.067
Km a serem vencidos. Com apenas 13 dias de competição, o
aumento de percurso para todos implica em maior velocidade em alguns trechos, e
por tabela, forçar mais os equipamentos. Nada como um rali depois do outro...
Para os competidores,
apesar dos percalços, tudo em ordem, afinal, são mais quilômetros de emoção, e
os chamados "loucos do deserto", como ficaram conhecidos os
dakaristas, vivem pela emoção da competição. E a emoção não demorou muito a
aparecer nos sustos enfrentados pelos competidores: na terça-feira, o espanhol Joan Barreda, que
vinha surpreendendo e liderando a competição nas motos, fez a primeira vítima
do Dakar 2014 ao atropelar uma vaca. Barreda deu sorte de não se machucar, e
ainda conseguiu terminar a etapa do dia, entre as cidades de San Rafael e San
Juan na frente, mesmo com algumas avarias na sua moto Honda. Quem não teve a
mesma sorte foi o português Ruben Faria, que sofreu um tombo com sua moto KTM e
precisou ser resgatado de helicóptero e levado a um hospital. Felizmente, passa
bem, e o abandono da competição foi a maior consequência, quando ocupava a 6ª
colocação nas motos. Melhor sorte em 2015...
Os brasileiros este
ano tiveram azar na categoria motos: ontem nossos dois participantes deram
adeus à competição. Dário Júlio levou um forte tombo e também precisou ser
resgatado e levado para um hospital, com fratura no punho na clavícula. Já Jean
Azevedo teve um problema mecânico em sua moto na quarta, e em consequência
disso, não passou por todos os pontos de checagem exigidos na competição, e
teve sua desclassificação anunciada na manhã de ontem. O jeito é tentar
novamente no ano que vem.
Enquanto isso, o
espanhol Marc Coma assumiu a liderança na categoria motos, com a KTM, desalojando
seu conterrâneo Juan Barreda, com Honda, da 1ª posição no rali. O chileno
Francisco López Contardo ocupa a 3ª posição, pilotando uma KTM. Quem não está
tendo um boa participação este ano é o francês Cyril Despres, da Yamaha, campeão
nas motos em 2013, mas que ocupa apenas a 13ª posição até ontem, com mais de 2
horas de desvantagem para o líder Coma. Nos quadriciclos, a liderança está com
o uruguaio Sergio Lafuente, seguido pelo chileno Ignacio Casale e o polonês
Rafal Sonik, todos com equipamentos Yamaha.
Na categoria carros, a
dupla Nani Roma e Michel Perin, da Mini, ocupa a liderança, seguidos por outro
Mini, pilotado por Orlando Terranova e Paulo Fuiza. O campeão de 2013, o
francês Stéphane Peterhansel, e seu compatriota Jean Paul Cottret, seguem na 3ª
posição, consolidando os Minis na categoria no Dakar 2014. Guilherme Spinelli e
Youssef Haddad, com Mitsubishi, ocupam a 16ª posição na competição, com quase 3
horas e meia de desvantagem para o líder na categoria. Já a outra dupla brasileira
nos carros, Reinaldo Varela e Gustavo Gugelmim, também com Mitsubishi, até o
fechamento desta coluna, não aparecia no balanço da cronometragem final desta
quinta-feira divulgada pela organização do Dakar.
Nos caminhões, a
competição segue com o trio formado por Gerard de Rooy, Tom Colsoul, e Darek Rodewald
na liderança, pela equipe da Iveco, largando mais de meia hora de vantagem
sobre os temidos modelos russos da Kamaz, que formam um trio de perseguidores
ao peso-pesado da fábrica italiana, que nesta quinta-feira dominaram o dia em
sua categoria, mostrando força para endurecer a competição.
Depois do merecido
descanso de manhã em Salta, os competidores seguem para a Bolívia, rumo a
Uyuni, e de lá, para Calama, entrando já em território chileno, onde se darão
as derradeiras etapas da competição, passando por locais belos, como o deserto
do Atacama, na penúltima etapa da competição, dia 17. E veremos quem estará na
frente na chegada do dia 18, em Valparaíso, no final da semana que vem. Por
enquanto, esta edição do Dakar está sendo leve em termos de feridos e
problemas, mas no rali nada é previsível, e a segunda metade da competição pode
apresentar um quadro extremamente diferente, com surpresas a todo instante, que
aliás, já andaram ocorrendo em algumas das etapas desta semana, com alguns
competidores se sobressaindo mais do que alguns esperavam, e com dificuldades
surgindo a todo instante. Mas afinal, isso é o Dakar. Previsibilidade não está
no roteiro, e sim a aventura da competição.
Que todos os
participantes que ainda se encontram na competição possam chegar a Valparaíso
dia 18. No Dakar, completar o rali já é um feito, e isso é motivo de
comemoração tão justa como para aqueles que tem a honra de vencer a competição.
O estado de saúde do heptacampeão
Michael Schumacher segue sem maiores novidades. Michael continua em coma
induzido, e seu estado, de acordo com o último boletim, ainda é crítico e o
panorama de recuperação continua incerto. Imagens de uma câmera que Schumacher
levava em seu capacete mostrou que o ex-piloto estava de fato fora das áreas
delimitadas, mas não muito, e que esquiava com velocidade compatível com seu
grau de habilidade. Tudo indica que foi um acidente infeliz, sem um motivo mais
contundente para o ocorrido. Simplesmente aconteceu. O que o tornou diferente
foi ter sido Michael Schumacher a vítima, e não alguém desconhecido. Nas
últimas semanas, houve relatos de outros esquiadores que infelizmente faleceram
vítimas de acidentes ou de avalanches em estações de esqui na Europa, e nenhum
deles teve o mesmo destaque. O que chegou perto foi a notícia do acidente
sofrido pela chanceler Angela Merkel, que também estava esquiando no Natal e
sofreu uma queda forte, fraturando a bacia, mas já tendo recebido alta do
hospital. O quadro de Schumacher segue estável, o que em si é uma boa notícia,
mas ainda não dá para saber como se dará sua recuperação. No momento, a família
do ex-piloto pede privacidade e respeito pelo momento difícil que estão
atravessando, e que a imprensa os deixe em paz e permitam aos médicos fazerem o
seu trabalho. Felizmente o número de jornalistas que fazem plantão em frente ao
hospital diminuiu, mas eles continuam lá. Não há muito o que fazer quanto a
isso: Schumacher é notícia. Só resta esperar que eles se comportem e honrem a
profissão, e não tentem forçar a barra cometendo despaupérios na busca
desenfreada por notícias sobre o estado do heptacampeão de F-1, como o do
imbecil que se disfarçou de padre e conseguiu burlar a segurança do hospital,
entrando até na sala de cirurgia...
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