Cá
estou eu novamente trazendo outro antigo texto na seção Arquivo aqui do blog.
Esta coluna é do dia 22 de novembro de 1996, e o assunto principal era um
pequeno balanço do ano que nossos representantes tiveram no campeonato de F-1
daquele ano. Completando o texto, algumas notas rápidas sobre acidentes
ocorridos naqueles dias, mas que felizmente só ocasionaram mesmo perda total
dos carros, com os pilotos saindo sem maiores problemas das pancadas. Uma boa
leitura a todos, e semana que vem tem mais...
F-1 BRASIL 96
Dando
continuidade à retrospectiva da F-1 e da F-Indy em 1996, passo agora a enfocar
o ano de nossos pilotos na F-1. Não foi um bom ano em termos de resultados e de
performance, pelo que a culpa cabe mais exclusivamente às escuderias defendidas
por nossos pilotos do que aos mesmos.
Começando
por Rubens Barrichello, pode se notar uma boa evolução na performance do piloto
brasileiro, que readquiriu a sua já tradicional garra de pilotagem, mostrando várias
boas performances. O ponto alto foi sua corrida em Interlagos, onde Rubinho
desafiou Jean Alesi e Michael Schumacher na luta por um lugar no pódio. Se é
verdade que Barrichello ficou devendo nessa corrida, é também verdade que a
Jordan ficou devendo mais ainda por não ter utilizado uma melhor estratégia.
Por fim, Rubinho acabou rodando e abandonando a corrida. Foi um erro do piloto,
mas também do carro, que já estava dando alguns problemas com os freios.
A
partir daí, as coisas começaram a decair. A Jordan, como em 1995, acabou
ficando parada, enquanto os demais times progrediam. Os carros de Eddie Jordan,
que estavam entre os mais velozes nas retas graças à invulgar potência dos
motores Peugeot V-10, passaram a ficar mais lentos, perdendo para a Ferrari,
Benetton e McLaren, e em alguns circuitos, até para a Ligier. Com um excelente
orçamento, a Jordan não teve nenhum aperto financeiro durante o ano, mas parece
ter alcançado o limite de sua capacidade técnica. A mudança de direção do setor
técnico, descentralizando as funções de Gary Anderson a meio da temporada,
acabaram deixando a escuderia perdida no desenvolvimento de seus carros, que
passaram a apresentar problemas de tração. E, para piorar, o time perdeu a fé
em Rubinho, pelo que na segunda metade do campeonato passaram a dar mais
atenção a Martin Brundle, que começou então a ter melhores resultados que o
brasileiro.
O
ambiente na escuderia atingiu o fundo do poço, e a relação Barrichello/Jordan,
já em seu 4º ano, apresentava uma fadiga de material a não deixar dúvidas. O
clima ficou péssimo, pois a própria equipe ficou dividida: uns apoiavam
Barrichello, enquanto outros passaram a ficar contra. Tal ambiente refletiu-se
de maneira negativa na equipe e no piloto. Ao fim da temporada, Eddie Jordan contratou
o alemão Ralf Schumacher, irmão caçula do bicampeão Michael Schumacher, e
ficava claro que Barrichello não teria mais lugar na equipe para 97.
Resumindo,
1996 foi um ano tão ou mais difícil do que 1995 para Rubinho. A mudança para a
nova Stewart Racing no próximo ano é mais do que benéfica. Barrichello precisa
de novos ares para desenvolver seu talento, que sempre esteve com ele. Já a
Jordan, neste momento, está pagando pelo desprezo ao brasileiro, pois não
consegue nenhum primeiro piloto decente para 1997.
Tarso
Marques teve uma passagem relâmpago pela Minardi, disputando apenas os GPs do
Brasil e da Argentina pela equipe italiana. Não conseguiu seguir adiante por
falta de patrocínio, mas conseguiu deixar uma excelente impressão nos chefes de
equipe da F-1. Conseguiu um contrato de piloto de testes com a Arrows e já
assinou um contrato para ser piloto efetivo da Minardi em 97. Para quem só
disputou 2 corridas e não teve muita chance de mostrar o que sabe nas corridas,
Tarso saiu lucrando. No próximo ano, será a hora de mostrar a que veio.
Já
Pedro Paulo Diniz teve um excelente ano em termos de evolução. Andou muito bem
em vários circuitos, chegando até a desbancar Olivier Panis, primeiro piloto do
time. Mas Pedro teve de se mexer com seu patrocinador, a Parmalat, para
conseguir tratamento decente na equipe Ligier, que dava prioridade total a
Panis. Apesar de ter conseguido um equipamento mais condizente, não conseguiu
melhores resultados devido à péssima fiabilidade do carro. Mas suas capacidades
ficaram em evidência, o que lhe valeu um contrato de Tom Walkinshaw para ser o
segundo piloto da nova TWR/Arrows em 97, fazendo companhia a Damon Hill, o
atual campeão mundial. Assim como aprendeu muito na Ligier e com Panis, Pedro
declara que terá muito a aprender com Hill na nova escuderia. Sem dúvida
alguma, ele irá aprender, e mostrar o seu talento na F-1.
Já
o último brasileiro, Ricardo Rosset, teve um ano de duro aprendizado na F-1, em
que suas performances foram tolhidas pela escuderia, que poderia ser definida
como equipe de “2 pilotos e 1 só carro”. Com a Arrows dando toda a prioridade a
Jos Verstappen, Rosset nunca conseguiu resultados nem performances condizentes
com seu talento, que ficou escondido pela má vontade esportiva da equipe e pela
inferioridade do seu equipamento. Enquanto Verstappen avançava nas primeiras
posições do pelotão intermediário, Rosset digladiava-se com Minardi e Forte
Corse, os lanternas das corridas.
E,
para provar que o problema era mesmo o carro e não o seu talento, na primeira
oportunidade que teve de testar com o monoposto de Verstappen, Rosset de
imediato foi mais rápido que o holandês em todas as suas voltas, de forma que
não restam dúvidas de que a Arrows acabou “podando” as chances de Ricardo neste
ano. Para 97, Rosset ainda negocia com várias equipes, entre as quais Tyrrel,
Sauber e Lola.
Bem,
este foi o ano de nossos pilotos na F-1. Para 97, tudo indica que teremos dias
melhores, mas ainda será muito cedo para se falar em vitórias novamente, como
há alguns anos atrás. Um ou outro pódio, talvez já seja possível pensar, mas
mesmo assim, com muita dificuldade...
Semanas agitadas na F-1 ultimamente. Nos testes do Estoril, Julles
Boillion sofreu um forte acidente quando testava a Jordan, tendo desmaiado com
a pancada e dando um grande prejuízo a Eddie Jordan, já que não sobrou muita
coisa do carro. Nos mesmos testes, Heinz-Harald Frentzen teve seu primeiro
acidente com a Williams, sob os olhares de Frank Williams. E, semana passada,
em Suzuka, Damon Hill, testando os pneus Bridgestone, fez um excelente tempo
com o chassi antigo da Ligier, e também acabou batendo o carro, abreviando os
testes.
Enquanto isso, no lado de cá do Atlântico, em terras americanas,
Christian Fittipaldi bateu forte contra o muro do circuito de Homestead em uma
sessão de testes. O piloto saiu ileso do acidente, mas o carro ficou totalmente
destruído...
Depois de passar quase que praticamente o campeonato inteiro ficando a
pé durante as corridas, finalmente Raul Boesel conquistou um prêmio na F-Indy
em 1996. No jantar da CART, realizado em Detroit semana passada, o Reynard/Ford
decorado com o logotipo da Brahma levou o prêmio de carro mais bonito da
temporada, de cerca de US$ 10 mil. No mesmo jantar, Jimmy Vasser levou o seu
prêmio de campeão da temporada, e ganhou a quantia de US$ 3 milhões...
E a F-Indy expande seus horizontes: já está confirmada uma etapa do
campeonato em terras japonesas em 1998, em uma pista que está sendo construída
pela Honda próximo à cidade de Motegi. O circuito, já batizado de Twin Ring
Motegi, será um complexo automobilístico composto de uma pista oval de cerca de
2,4 Km, onde será realizada a prova da F-Indy; e uma pista mista, com cerca de
4,9 Km de extensão, que pode servir futuramente para provas de F-1. E a Honda mostra
que não está brincando: o investimento na construção da nova pista chega a meio
bilhão de dólares...
Declaração de Pedro Paulo Diniz durante os testes dos novos pneus
Bridgestone: “Eles já dão mais competitivos que os da Goodyear”. Um recado a
ser considerado pela concorrência...
Nova fofoca nos bastidores da F-1: Eddie Jordan, sem muitas opções de
pilotos, estaria tentando contratar Nigel Mansell para ser o primeiro piloto de
seu time em 1997...
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