quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

ARQUIVO PISTA & BOX - NOVEMBRO DE 1996 - 14.11.1996




            Trazendo mais um antigo texto, esta coluna foi lançada em 14 de novembro de 1996, e fazia um balanço do que tinha sido o campeonato da Fórmula Indy naquele ano, que consagrou o americano Jimmy Vasser e iniciou a sequência de títulos da escuderia de Chip Ganassi, que até então era tido apenas como uma equipe média na categoria. Foi o apogeu da carreira de Vasser, que nunca mais venceu nenhum campeonato nos anos que se seguiram de domínio da Ganassi na competição. Seus azares chamavam-se Alessandro Zanardi e Juan Pablo Montoya, que simplesmente jogaram Jimmy para escanteio dentro da escuderia e conquistaram 3 títulos consecutivos para o velho Chip. Hoje, Vasser virou dono de equipe, sendo co-proprietário da KV Racing, que teve o brasileiro Tony Kanaan como piloto nos últimos 3 anos. Fiquem agora com o texto, e boa leitura...

  INDY 96


            Semana passada, eu fiz uma revisão do campeonato da F-Indy deste ano com relação ao que os pilotos brasileiros fizeram este ano. Hoje, é a vez de fazer uma análise do mundial de 96 da F-Indy como um todo.

            Foi mais um ano de competição acirrada entre os pilotos da Indy, o que prova ser uma categoria muito competitiva e disputada, embora este ano não tenha sido tanto assim. Em relação ao número de equipes que venceram corridas, houve um retrocesso em relação a 1995, quando 7 escuderias conseguiram atingir o degrau mais alto do pódio. Este ano, apenas 4 times conseguiram este feito.

            Como não poderia deixar de ser, a equipe Chip Ganassi mostrou ter o melhor equipamento da temporada, o chassi Reynard 961 associado ao potente motor Honda V-8 turbo, mais os pneus Firestone, que demonstraram visível superioridade aos Goodyear durante quase toda a temporada. Mas não foi só o equipamento certo que permitiu a Jimmy Vasser e a Alessandro Zanardi conseguirem 7 vitórias na temporada, e terminarem, respectivamente, como campeão e 3º colocado no campeonato. A equipe também mostrou uma preparação exemplar do carro, que revelou-se competitivo em quase todos os circuitos do calendário.

            Felizmente para a competição do mundial, a Chip Ganassi não obteve todos os resultados potenciais que almejava,do contrário o campeonato teria terminado muito mais cedo, talvez com 3 ou 4 etapas de antecedência. Fatores alheios como acidentes e fiabilidade mecânica prolongaram a disputa até Laguna Seca, última etapa da temporada, onde Vasser alcançou o título. Jimmy Vasser, aliás, por pouco não o perdeu, pois após a US500, onde obteve sua 4ª e última vitória, decaiu muito em termo de resultados, ficando afastado das primeiras posições por um bom período. Não foram problemas do equipamento, e sim do piloto, visto que Alessandro Zanardi, seu companheiro de equipe, disputava os primeiros lugares das etapas seguintes e até chegava a vencer. A pressão de liderar o campeonato sem dúvida deixou o americano muito tenso, mesmo quando sua vantagem já lhe permitia correr apenas por resultados.

            Foi o bastante para a concorrência se animar e partir para o ataque: Michael Andretti alcançou 5 vitórias e foi o piloto quem ais venceu no ano, alcançando o vice-campeonato na etapa final. O filho de Mario Andretti, entretanto, foi o próprio culpado de não ter ido mais longe: nas etapas iniciais do ano, Michael se envolveu em inúmeros acidentes, a maioria deles provocada pelo seu arrojo excessivo ao volante, que até motivou uma advertência da CART para tomar mais cuidado. Não fossem tantas batidas, Michael poderia ter chegado ao bicampeonato.

            A equipe Hall também foi à luta, mas inúmeros azares, como já mencionei semana passada, impediram Gil de Ferran de concretizar seus planos. A própria Newmann-Hass parecia duas equipes diferentes: enquanto Michael Andretti conseguia vencer corridas e avançar na disputa pelo título, Christian Fittipaldi não conseguia encontrar fiabilidade em seu carro nas etapas finais do certame, o que o prejudicou muito.

            A Penske teve sua pior temporada de que há memória: terminaram o ano sem nenhuma vitória. Seus únicos feitos foram 2 pole-positions de Paul Tracy. Depois do extraordinário sucesso do chassi de 94, a Penske parece não ter conseguido mais reencontrar o caminho do desenvolvimento de seus carros. Enquanto em 95 o time conseguiu alguma reação e lançou Al Unser Jr. à disputa do título, este ano a disputa foi muito menor, e “Little” Al só conseguiu chegar lá por sua regularidade. Na melhor oportunidade de vencer, em Road America, o filho de Al Unser foi traído pelo motor Mercedes de seu Penske quando faltava meia volta para encerrar a corrida, numa das raras ocasiões em que o chassi mostrou-se competitivo. Já Paul Tracy teve como pior inimigo seu pé direito em excesso no acelerador, o que o fez sofrer inúmeros acidentes, assim como quebras no seu carro. Al Unser Jr., com uma condução mais suave, conseguiu poupar mais o seu equipamento, e terminou maior número de provas. Porém, nem um nem outro conseguiram superar as deficiências de competitividade do carro. Essa mesma queda de performance minou as esperanças de Émerson Fittipaldi também, como relatei semana passada.

            A Tasman, depois do bom ano de estréia em 1995, parecia prometer vôos maiores em 1996, mas não conseguiu fazer isso a contento. Poles e vitórias foram alcançadas, mas a equipe não conseguiu ir além de certo nível, ficando a dever nas etapas finais. Mas a maior desilusão foi a equipe Green, que depois de conquistar o mundial do ano passado com Jacques Villeneuve, teve um ano medíocre, com a escuderia perdendo o bom entrosamento de seu corpo técnico e padecendo o ano inteiro de falta de fiabilidade mecânica, algo muito importante em um campeonato equilibrado como o da F-Indy. Não restou muito o que Raul Boesel pudesse fazer, e nem o milonário patrocínio da Brahma. No fim da temporada, a Green perdeu Boesel, o patrocínio da cervejaria brasileira, e até o piloto que teria para o próximo ano, pois Robby Gordon preferiu ir para a Nascar. Neste momento, o futuro do time para o ano que vem é totalmente incerto...

            Outros nomes em potencial para vencer foram Robby Gordon, que teve suas performances tolhidas pela péssima fiabilidade mecânica do conjunto Reynard/Ford XD (o mesmo da equipe Green), e Bobby Rahal, que não vence uma corrida desde 1992, quando conquistou o tricampeonato. Problemas de pista, assim como falta de fiabilidade mecânica, foram constantes ao longo do ano; ainda assim, terminou o ano em 7º lugar. Seu companheiro de equipe, Brian Herta, ficou em 8º.

            Resumindo, o campeoanto de F-Indy de 96 foi uma disputa de azares, literalmente. Ganhou a parada quem teve menos problemas durante a temporada. Para o bem do espetáculo, a Chip Ganassi felizmente não conseguiu explorar todo o seu potencial, mas para o azar do mesmo, a concorrência também não conseguiu aproveitar as chances que isso lhe deu em sua totalidade. Mas competição é isso; e que em 97 ela esteja presente mais do que nunca no campeonato da F-Indy...





Classificação final do Campeonato de F-Indy (até o 29º colocado):



1) Jimmy Vasser
154
16) Mark Blundell
41
2) Michael Andretti
132
17) Parker Johnstone
33
3) Alessandro Zanardi
132
18) Robby Gordon
29
4) Al Unser Jr.
125
19) Émerson Fittipaldi
29
5) Christian Fittipaldi
110
20) Eddie Lawson
26
6) Gil de Ferran
104
21) Roberto Moreno
25
7) Bobby Rahal
102
22) Raul Boesel
17
8) Brian Herta
86
23) Juan Manuel Fangio II
5
9) Greg Moore
84
24) Jan Magnussen
5
10) Scott Pruett
82
25) Scott Goodyear
5
11) André Ribeiro
76
26) P. J. Jones
4
12) Adrian Fernandez
71
27) Maxximiliano Papis
4
13) Paul Tracy
60
28) Hiro Matsushita
3
14) Maurício Gugelmim
53
29) Marco Greco
2
15) Stefan Johnsson
43







Uma tragédia ocorreu domingo passado no kartódromo de Manaus, onde era disputada mais uma etapa do campeonato amazonense de kart: Carlos Eduardo Azevedo, de 12 anos, ao tentar ultrapassar Wandermarkison Almeida, também de 12 anos, acabou sofrendo um violento acidente. Os dois karts se tocaram e o de Carlos Eduardo acabou sendo projetado para o ar, capotando 3 vezes, em uma delas sobre o corpo do menino, que sofreu fratura da coluna vertebral. Carlos Eduardo Azevedo disputava corridas de kart há 5 anos, e acabou morrendo ainda na pista.





Depois dos testes realizados no autódromo do Estoril, semana passada, a FOCA já planeja outra sessão para os dias 25 a 28 deste mês. E declarou ainda que tem a intenção de programar, para o início de fevereiro de 97 uma semana de testes no circuito de Interlagos, visando testar os novos carros 97, bem como os pneus Goodyear e Firestone/Bridgestone. A última vez que as equipes de F-1 testaram no Brasil foi em 1989, no circuito de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.





Nova fofoca à solta nos bastidores da F-1: A Sauber vai usar motores Ferrari V-10 no campeonato de 97. Os motores, segundo os boatos, não terão o logo da escuderia de Maranello nos cabeçotes. A Ferrari nega o acordo, mas dizem que Peter Sauber, proprietário da equipe suíça, já teria divulgado até detalhes do contrato, devidamente assinado. Até o momento, fica como boato...

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