Trazendo
mais um antigo texto, esta coluna foi lançada em 14 de novembro de 1996, e
fazia um balanço do que tinha sido o campeonato da Fórmula Indy naquele ano,
que consagrou o americano Jimmy Vasser e iniciou a sequência de títulos da
escuderia de Chip Ganassi, que até então era tido apenas como uma equipe média
na categoria. Foi o apogeu da carreira de Vasser, que nunca mais venceu nenhum
campeonato nos anos que se seguiram de domínio da Ganassi na competição. Seus
azares chamavam-se Alessandro Zanardi e Juan Pablo Montoya, que simplesmente
jogaram Jimmy para escanteio dentro da escuderia e conquistaram 3 títulos
consecutivos para o velho Chip. Hoje, Vasser virou dono de equipe, sendo
co-proprietário da KV Racing, que teve o brasileiro Tony Kanaan como piloto nos
últimos 3 anos. Fiquem agora com o texto, e boa leitura...
INDY 96
Semana
passada, eu fiz uma revisão do campeonato da F-Indy deste ano com relação ao
que os pilotos brasileiros fizeram este ano. Hoje, é a vez de fazer uma análise
do mundial de 96 da F-Indy como um todo.
Foi
mais um ano de competição acirrada entre os pilotos da Indy, o que prova ser
uma categoria muito competitiva e disputada, embora este ano não tenha sido
tanto assim. Em relação ao número de equipes que venceram corridas, houve um
retrocesso em relação a 1995, quando 7 escuderias conseguiram atingir o degrau
mais alto do pódio. Este ano, apenas 4 times conseguiram este feito.
Como
não poderia deixar de ser, a equipe Chip Ganassi mostrou ter o melhor
equipamento da temporada, o chassi Reynard 961 associado ao potente motor Honda
V-8 turbo, mais os pneus Firestone, que demonstraram visível superioridade aos
Goodyear durante quase toda a temporada. Mas não foi só o equipamento certo que
permitiu a Jimmy Vasser e a Alessandro Zanardi conseguirem 7 vitórias na
temporada, e terminarem, respectivamente, como campeão e 3º colocado no
campeonato. A equipe também mostrou uma preparação exemplar do carro, que
revelou-se competitivo em quase todos os circuitos do calendário.
Felizmente
para a competição do mundial, a Chip Ganassi não obteve todos os resultados
potenciais que almejava,do contrário o campeonato teria terminado muito mais
cedo, talvez com 3 ou 4 etapas de antecedência. Fatores alheios como acidentes
e fiabilidade mecânica prolongaram a disputa até Laguna Seca, última etapa da
temporada, onde Vasser alcançou o título. Jimmy Vasser, aliás, por pouco não o
perdeu, pois após a US500, onde obteve sua 4ª e última vitória, decaiu muito em
termo de resultados, ficando afastado das primeiras posições por um bom
período. Não foram problemas do equipamento, e sim do piloto, visto que
Alessandro Zanardi, seu companheiro de equipe, disputava os primeiros lugares
das etapas seguintes e até chegava a vencer. A pressão de liderar o campeonato
sem dúvida deixou o americano muito tenso, mesmo quando sua vantagem já lhe
permitia correr apenas por resultados.
Foi
o bastante para a concorrência se animar e partir para o ataque: Michael
Andretti alcançou 5 vitórias e foi o piloto quem ais venceu no ano, alcançando
o vice-campeonato na etapa final. O filho de Mario Andretti, entretanto, foi o
próprio culpado de não ter ido mais longe: nas etapas iniciais do ano, Michael
se envolveu em inúmeros acidentes, a maioria deles provocada pelo seu arrojo
excessivo ao volante, que até motivou uma advertência da CART para tomar mais
cuidado. Não fossem tantas batidas, Michael poderia ter chegado ao
bicampeonato.
A
equipe Hall também foi à luta, mas inúmeros azares, como já mencionei semana
passada, impediram Gil de Ferran de concretizar seus planos. A própria
Newmann-Hass parecia duas equipes diferentes: enquanto Michael Andretti
conseguia vencer corridas e avançar na disputa pelo título, Christian
Fittipaldi não conseguia encontrar fiabilidade em seu carro nas etapas finais
do certame, o que o prejudicou muito.
A
Penske teve sua pior temporada de que há memória: terminaram o ano sem nenhuma
vitória. Seus únicos feitos foram 2 pole-positions de Paul Tracy. Depois do
extraordinário sucesso do chassi de 94, a Penske parece não ter conseguido mais
reencontrar o caminho do desenvolvimento de seus carros. Enquanto em 95 o time
conseguiu alguma reação e lançou Al Unser Jr. à disputa do título, este ano a
disputa foi muito menor, e “Little” Al só conseguiu chegar lá por sua
regularidade. Na melhor oportunidade de vencer, em Road America, o filho
de Al Unser foi traído pelo motor Mercedes de seu Penske quando faltava meia
volta para encerrar a corrida, numa das raras ocasiões em que o chassi
mostrou-se competitivo. Já Paul Tracy teve como pior inimigo seu pé direito em
excesso no acelerador, o que o fez sofrer inúmeros acidentes, assim como
quebras no seu carro. Al Unser Jr., com uma condução mais suave, conseguiu
poupar mais o seu equipamento, e terminou maior número de provas. Porém, nem um
nem outro conseguiram superar as deficiências de competitividade do carro. Essa
mesma queda de performance minou as esperanças de Émerson Fittipaldi também,
como relatei semana passada.
A
Tasman, depois do bom ano de estréia em 1995, parecia prometer vôos maiores em
1996, mas não conseguiu fazer isso a contento. Poles e vitórias foram
alcançadas, mas a equipe não conseguiu ir além de certo nível, ficando a dever
nas etapas finais. Mas a maior desilusão foi a equipe Green, que depois de
conquistar o mundial do ano passado com Jacques Villeneuve, teve um ano
medíocre, com a escuderia perdendo o bom entrosamento de seu corpo técnico e
padecendo o ano inteiro de falta de fiabilidade mecânica, algo muito importante
em um campeonato equilibrado como o da F-Indy. Não restou muito o que Raul
Boesel pudesse fazer, e nem o milonário patrocínio da Brahma. No fim da
temporada, a Green perdeu Boesel, o patrocínio da cervejaria brasileira, e até
o piloto que teria para o próximo ano, pois Robby Gordon preferiu ir para a Nascar.
Neste momento, o futuro do time para o ano que vem é totalmente incerto...
Outros
nomes em potencial para vencer foram Robby Gordon, que teve suas performances
tolhidas pela péssima fiabilidade mecânica do conjunto Reynard/Ford XD (o mesmo
da equipe Green), e Bobby Rahal, que não vence uma corrida desde 1992, quando
conquistou o tricampeonato. Problemas de pista, assim como falta de fiabilidade
mecânica, foram constantes ao longo do ano; ainda assim, terminou o ano em 7º
lugar. Seu companheiro de equipe, Brian Herta, ficou em 8º.
Resumindo,
o campeoanto de F-Indy de 96 foi uma disputa de azares, literalmente. Ganhou a
parada quem teve menos problemas durante a temporada. Para o bem do espetáculo,
a Chip Ganassi felizmente não conseguiu explorar todo o seu potencial, mas para
o azar do mesmo, a concorrência também não conseguiu aproveitar as chances que
isso lhe deu em sua totalidade. Mas competição é isso; e que em 97 ela esteja
presente mais do que nunca no campeonato da F-Indy...
Classificação final do Campeonato de
F-Indy (até o 29º colocado):
1) Jimmy Vasser
|
154
|
16) Mark Blundell
|
41
|
2) Michael Andretti
|
132
|
17) Parker Johnstone
|
33
|
3) Alessandro Zanardi
|
132
|
18) Robby Gordon
|
29
|
4) Al Unser Jr.
|
125
|
19) Émerson Fittipaldi
|
29
|
5) Christian Fittipaldi
|
110
|
20) Eddie Lawson
|
26
|
6) Gil de Ferran
|
104
|
21) Roberto Moreno
|
25
|
7) Bobby Rahal
|
102
|
22) Raul Boesel
|
17
|
8) Brian Herta
|
86
|
23) Juan Manuel Fangio II
|
5
|
9) Greg Moore
|
84
|
24) Jan Magnussen
|
5
|
10) Scott Pruett
|
82
|
25) Scott Goodyear
|
5
|
11) André Ribeiro
|
76
|
26) P. J. Jones
|
4
|
12) Adrian Fernandez
|
71
|
27) Maxximiliano Papis
|
4
|
13) Paul Tracy
|
60
|
28) Hiro Matsushita
|
3
|
14) Maurício Gugelmim
|
53
|
29) Marco Greco
|
2
|
15) Stefan Johnsson
|
43
|
Uma tragédia ocorreu domingo passado no
kartódromo de Manaus, onde era disputada mais uma etapa do campeonato
amazonense de kart: Carlos Eduardo Azevedo, de 12 anos, ao tentar ultrapassar
Wandermarkison Almeida, também de 12 anos, acabou sofrendo um violento
acidente. Os dois karts se tocaram e o de Carlos Eduardo acabou sendo projetado
para o ar, capotando 3 vezes, em uma delas sobre o corpo do menino, que sofreu
fratura da coluna vertebral. Carlos Eduardo Azevedo disputava corridas de kart
há 5 anos, e acabou morrendo ainda na pista.
Depois dos testes realizados no
autódromo do Estoril, semana passada, a FOCA já planeja outra sessão para os
dias 25 a 28 deste mês. E declarou ainda que tem a intenção de programar, para
o início de fevereiro de 97 uma semana de testes no circuito de Interlagos,
visando testar os novos carros 97, bem como os pneus Goodyear e
Firestone/Bridgestone. A última vez que as equipes de F-1 testaram no Brasil
foi em 1989, no circuito de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.
Nova fofoca à solta nos bastidores da
F-1: A Sauber vai usar motores Ferrari V-10 no campeonato de 97. Os motores,
segundo os boatos, não terão o logo da escuderia de Maranello nos cabeçotes. A
Ferrari nega o acordo, mas dizem que Peter Sauber, proprietário da equipe
suíça, já teria divulgado até detalhes do contrato, devidamente assinado. Até o
momento, fica como boato...
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