De
volta com a seção Arquivo, trago hoje esta coluna datada de 08 de novembro de
1996, que fazia um apanhado do campeonato da Fórmula Indy naquele ano. No seu
primeiro ano após o "racha" promovido por Tony George, nem é preciso
dizer que o campeonato promovido pela CART estava melhor do que nunca, vendo o
americano Jimmy Vasser conquistar o título e ver o surgimento de uma potência
na categoria, a equipe de Chip Ganassi, que passaria a dominar o certame nos
anos posteriores. Para os brasileiros, o ano foi de altos e baixos: se vimos
vitórias de novos brasileiros na categoria, infelizmente tivemos que ver o
forte acidente de Émerson Fittipaldi, que forçou nosso primeiro campeão na
F-Indy a pendurar o capacete profissionalmente. Mas felizmente Émerson se recuperou,
e vive bem até hoje, o que nem sempre acontece com outros ases da velocidade
que infelizmente têm menos sorte que outros. Fiquem com o texto, e em breve
trago mais colunas antigas...
INDY BRASIL 96
Com
o fim dos campeonatos de F-1 e F-Indy de 96, é hora de fazer uma revisão de
tudo o que ocorreu neste ano em ambos os mundiais, e fazer um balanço da
situação. E, para começar, é hora de ver o que nossos pilotos andaram fazendo
na F-Indy nesta temporada.
Pelo
segundo ano consecutivo, as perspectivas de nossos representantes na F-Indy
indicavam claramente que teríamos vários candidatos potenciais ao título da
competição. Entretanto, tal qual 1995, as expectativas não foram
correspondidas. Alguns casos tiveram tamanha repercussão negativa que fica até
difícil acreditar. Não só para os torcedores, como para os próprios pilotos.
O
que deu errado, afinal? Muita coisa: erros dos próprios pilotos, falhas de
equipamento, azares de pista, etc. E ninguém melhor para ilustrar isso do que
Gil de Ferran, que começou o ano como um dos principais favoritos ao título.
Gil teve inúmeros contratempos, alguns provocados por si próprio, outros pela
equipe, pelo carro, e pelos adversários na pista. Um exemplo foi o GP de Long
Beach: largando na pole, o brasileiro dominou a corrida e caminhava firme para
a vitória até que o motor Honda de seu Reynard apresentou defeito a poucas
voltas do final, entregando a vitória de bandeja para Jimmy Vasser. No Rio de
Janeiro, um cálculo errado de combustível deixou Gil parado na pista, fazendo-o
perder 2 voltas na corrida e todas as expectativas de vitória. Já em Road America, Gil foi
vítima de um chega-pra-lá de Alessandro Zanardi, tirando-o da prova. Por outro
lado, em Mid-Ohio, Gil acabou vítima da própria impetuosidade, ao errar a
freada da 1ª curva da 1ª volta e bater em Maurício Gugelmim.
Se tivesse um pouco mais de sorte e tato, com certeza teria
chegado ao título.
Christian
Fittipaldi terminou o campeonato como o piloto brasileiro melhor colocado,
graças à sua regularidade. Correndo pela equipe Newmann-Hass, uma das melhores
da categoria, o jovem sobrinho de Émerson Fittipaldi tinha tudo para chegar ao
título. A fiabilidade de seu carro, contudo, acabou deixando o piloto na mão em
várias ocasiões, enquanto em outras, houve imprudência por parte de outros
pilotos, como em Long Beach,
quando foi vítima de uma colisão com Greg Moore, que tentou ultrapassá-lo onde
não dava. Em Road America,
o carro o deixou na mão a poucas voltas do final, quando o pódio já era certo.
Já em Detroit, fez sua melhor corrida, mas cometeu um erro e perdeu uma vitória
praticamente certa; ainda assim, terminou a corrida em 2º lugar. Um pouco mais
de fiabilidade teria ajudado muito.
Já
Émerson Fittipaldi, por sua vez, teve sua pior temporada na Indy, desde a sua
estréia em 1984. Correndo pela Penske/Hogan, uma “filial” da equipe Penske,
Émerson começou o ano esperançoso, tendo agora um esquema todo voltado para si.
O violento acidente em Michigan, entretanto, abreviou sua temporada, que já
vinha sendo de poucos resultados devido à pouca competitividade do carro, mais
pronunciada em seu time. Felizmente que Émerson escapou sem graves ferimentos,
mas foi por muito pouco que não ficou paralítico, exigindo uma operação que
exigirá um bom tempo de recuperação. Fora isso, nosso campeão enfrentou
inúmeros problemas com o complicado chassi Penske. Além disso, a fiabilidade do
equipamento deixou Émerson a pé em inúmeras provas. Isso sem contar nos azares
da equipe, que o fez ficar sem combustível na pista durante o GP do Brasil,
igual a Gil de Ferran, perdendo as hipóteses de chegar ao pódio. Esperemos
contar com Émerson de volta em 1997, mas isso até o momento é incerto. O mais
provável é que ele encerre a carreira, provavelmente.
Já
Raul Boesel, sem dúvida alguma, foi o piloto que mais desiludido ficou este
ano. Correndo pela equipe campeã de 95, Raul tinha certeza de que conseguiria,
enfim, vencer corridas na Indy. Deu tudo errado: a escuderia andou praticamente
à deriva, enfrentando problemas crônicos de fiabilidade mecânica, boa parte
delas no gerenciamento eletrônico do motor Ford, problema que persistiu por
toda a temporada, e que deixou Boesel a pé praticamente durante mais de metade
das corridas do ano. Sua melhor prova foi justamente no Brasil, onde chegou até
a brigar pelo pódio. Fora disso, não teve uma só corrida onde não enfrentou
vários problemas. Para piorar, Barry Green, dono do time, acusou o piloto de
falta de comunicação com os engenheiros, sem que o piloto paranaense tivesse
realmente culpa. A própria capacidade da equipe, ímpar em 95, parece ter
desaparecido por completo, pelo fato de enfrentarem durante o ano todo um mesmo
problema sem conseguir solucioná-lo. Raul Boesel tenta agora, em 97, pela
equipe Patrick Racing, conseguir atingir os objetivos que não alcançou nesta
temporada.
Maurício
Gugelmim, o melhor brasileiro colocado em 1995, enfrentou uma queda de
rendimento na equipe PacWest. Avarias mecânicas, falta de fiabilidade e azares
de pista foram freqüentes. Só no final da temporada, com a substituição do
engenheiro de seu carro, Maurício conseguiu uma melhora de performance. De
ressaltar, só o belo desempenho do piloto durante a US500, quando ficou em 2º
lugar, e nas 500 Milhas de Michigan, onde foi 3º, ambas no mesmo circuito. Com
a reestruturação da PacWest para 97, Gugelmim espera conseguir finalmente
vencer corridas e disputar o título.
André
Ribeiro foi o piloto nacional que conseguiu os melhores resultados individuais
da temporada, com 2 vitórias, sendo o único a vencer corridas, além de Gil de
Ferran (que venceu em Cleveland). A Tasman, entretanto, teve problemas para
desenvolver o seu equipamento além de certo ponto, pelo que o piloto
brasileiro, apesar de contar com os pneus Firestone e o motor Honda, não
conseguiu ir além da 11ª posição no final do campeonato. Vale ressaltar vários
abandonos durante a temporada, algumas provocadas pelo próprio André, outras
por problemas mecânicos, e azares de pista. A Tasman também está sendo
reestruturada para o próximo ano, e com certeza André espera conseguir os
resultados que almeja.
Roberto
Moreno foi o único piloto brasileiro a conseguir mais do que o esperado.
Correndo pela modesta Payton/Coyne, Roberto impressionou o time pela
competência e profissionalismo. O ponto alto de sua temporada foi o 3º lugar na
US500. Regular com o equipamento e dando o máximo de si, Roberto só não foi
mais longe porque isso seria pedir demais, tendo em vista as reais condições
técnicas de seu time, um dos piores da categoria. Mesmo assim, Moreno conseguiu
muito mais do que a própria equipe esperava. Já Marco Greco teve
desentendimentos com a equipe Scandia, e foi demitido após o GP do Brasil.
Mesmo assim, Greco obteve 2 pontos com o 11º lugar no Rio de Janeiro.
Curiosamente, desde que estreou na Indy, Greco só conseguiu marcar 2 pontos por
temporada. A meio do ano, o piloto encontrou lugar na nova Indy Racing League
(IRL), conseguindo alguns resultados e deverá permanecer por lá em 97.
Este
foi o retrospecto de nossos pilotos este ano na F-Indy. Alguns erros, vários
problemas mecânicos e azares alheios ao controle impediram-os de obter melhores
resultados. Mas não há azar que sempre dure, e o panorama para 97 continua
otimista. Vamos manter a esperança, afinal, ela é a última que morre...
Começou a pré-temporada 97 na F-1. Várias equipes estão reunidas no
autódromo do Estoril desde quarta-feira, testando inúmeros componentes novos
para a próxima temporada. Aproveitando o embalo, a Goodyear também resolveu
participar dos testes na pista portuguesa, experimentando inúmeros compostos de
pneus. A fábrica norte-americana, receosa de sofrer na F-1 a mesma humilhação
da Firestone vista no campeonato da F-Indy, resolveu apressar o desenvolvimento
de seus pneus. Entre os nomes de peso estão Gerhard Berger e Jean Alesi,
treinando com a Benetton; e a dupla titular da McLaren, Mika Hakkinem e David
Couthard. Michael Schumacher inicia os testes hoje pela Ferrari. Entre os brasileiros,
Pedro Paulo Diniz e Tarso Marques testam com a Arrows os novos pneus Firestone
da Bridgestone. Diniz já é piloto titular do time para 97, e Tarso assinou
contrato de piloto de testes até o início do próximo ano, e vem testanto
intensivamente os novos pneus japoneses, obtendo bons resultados, que evoluem
suas marcas a cada nova sessão de testes.
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