E
o campeonato 2012 da Fórmula 1 mostra que este ano tem tudo para ser um dos
melhores da história da categoria: domingo passado, em Mônaco, assistimos à 6ª
vitória de um piloto diferente em 6 provas disputadas até agora. Se é verdade
que tivemos o primeiro time a repetir vitória na temporada – a Red Bull, por
outro lado, o equilíbrio demonstrado até agora pelo atual campeonato tem tudo
para oferecer maiores emoções. E a próxima corrida, no Canadá, é em um circuito
que costuma oferecer corridas mais empolgantes do que a maioria, como ficou
comprovado no ano passado, quando a chuva ainda deu um tempero extra ao GP
canadense, que presenciou uma vitória magistral de Jenson Button. Com
resultados muito mais imprevisíveis do que de costume, não se pode negar que os
torcedores devem estar adorando a situação. E nem mesmo entre a imprensa
especializada, é possível afirmar com precisão quem será o provável campeão
deste ano. Está tudo em aberto, e ainda tempos pilotos e times com potencial para
entrarem na lista de vencedores de GPs desta temporada como há tempos não se
via. E quem ganha é o torcedor.
Mas,
claro, diz o ditado que não dá para agradar a todos, e na categoria máxima do
automobilismo, e de gente ligada a ela, tem aqueles que já demonstraram
irritação com o panorama de imprevisibilidade que a F-1 atual está oferecendo.
A mais nova crítica veio de Niki Lauda, tricampeão nas temporadas de 1975, 1977
e 1984. Segundo o austríaco, ter pilotos demais ganhando é ruim para o público,
que quer ver, acima de tudo, os campeões sempre no pódio. Na indireta, então
podemos deduzir que termos novas caras no pódio, como Pastor Maldonado, Sérgio
Perez, Romain Grossjean não seja interessante para o torcedor, que estaria
desejando que a categoria voltasse ao seu marasmo habitual, onde logo na
largada já sabíamos quem chegaria ao fim da prova e a venceria. Eu creio que
Lauda anda meio senil para fazer este tipo de afirmação, pois, como torcedor e
jornalista especializado, desejo mais é que o circo “pegue fogo”, e quanto mais
gente na festa, melhor. E dentro da categoria, não se pode dizer que os times
de ponta estejam exatamente felizes com o panorama atual, certamente.
Explica-se:
os times se acostumaram, nos últimos tempos, a terem tudo programado e previsto
dentro de certos parâmetros. Saber seus limites e capacidades os ajuda a
explorar melhor as corridas, mas dominando-se todos os dados à disposição,
aumenta a previsibilidade, e diminui a possibilidade de resultados inesperados,
caso nada saia dos conformes. Por estas e outras, só víamos mais emoção quando
as corridas eram disputadas sob chuva, um elemento sobre o qual os times não
tem muito controle. E o controle sobre seus dados ajudou os times a tornarem a
F-1 extremamente monótona nos últimos anos. Claro que tivemos disputas,
confrontos, mas nunca além de certo ponto. Antes, os resultados variavam mais
porque os monopostos estavam sempre nos limites de performance e desempenho.
Hoje, com regras que estabelecem vida útil para componentes como motor e
câmbio, além dos avanços tecnológicos em áreas da mecânica, os carros ficaram
quase inquebráveis. Houve até corrida recente onde não houve um abandono sequer
de piloto, e provas onde por muito pouco todos quase chegaram nas mesmas
posições de largada. Uma hora, isso cansaria os fãs, e era preciso tornar as
provas mais atrativas, não apenas para o público nos autódromos, mas
especialmente para os telespectadores.
Depois
de muitas tentativas de resultados duvidosos, eis que no ano passado a FIA
pareceu ter acertado a combinação certa: uso do Kers, asas traseiras móveis, e
sobretudo, os pneus de duração incerta feitos pela Pirelli para apimentar o
show. Deu certo, e neste ano, a fabricante italiana mudou a fórmula dos
compostos, e desta vez, parece ter conseguido se superar: passadas 6 provas,
nenhuma escuderia conseguiu até agora dominar os novos compostos. E eles
detestam ficar “no escuro”. E enquanto não dominarem este quesito, o atual
campeonato promete muitas surpresas.
Também
houve piloto reclamando deste comportamento dos pneus. Michael Schumacher foi
curto ao dizer que os carros não davam mais satisfação aos pilotos, pois estes
tinham sempre que pensar antes em conservar os pneus do que em serem rápidos,
de modo que os atuais bólidos não podem mais ser exigidos no limite como
antigamente. Jenson Button, por sua vez, disse que não está conseguindo se
entender com os pneus nas últimas corridas, e nem mesmo seu time consegue achar
uma direção a seguir para melhorar a situação. Mas o piloto inglês ressaltou
que a situação é igual para todos, e este é um desafio que precisa ser vencido,
e na minha opinião, está mais do que correto. A chiadeira de Schumacher decorre
mais do fato de que ele nunca foi de economizar pneus, andando sempre a fundo,
em uma época onde ser mestre nos pit stops, que tinham também reabastecimento
de combustível, era uma arma vital para se dominar as corridas. Com estratégias
de paradas formuladas com perfeição, na grande maioria das vezes Schumacher se
mandava na frente, exigindo tudo do carro, parava e ainda voltava, se não na
frente, em posição melhor do que a anterior. Ele se especializou em andar forte
com pista livre, para ganhar a posição nos boxes, uma vez que na pista, a
situação era mais complicada. Agora, tendo de saber ser rápido, e ao mesmo
tempo, conservar os pneus, e não sabendo dominar isso da forma como fazia
antes, parece ter tirado o bom humor do heptacampeão.
Curioso
notar que Mark Webber também criticou o excesso de vencedores deste ano na F-1.
Mas, depois de sua vitória em Mônaco, duvido que o australiano continue com
suas críticas, que pareciam mais advindas do fato de que ele ainda não tinha
conseguido entrar na festa dos vencedores. Pelo mesmo motivo, Michael
Schumacher parecia outro após a classificação em Monte Carlo sábado passado,
onde conquistou a pole-position para a prova monegasca, que só não foi
efetivada devido à punição que teria de cumprir por ter atropelado Bruno Senna
em Barcelona.
Fico
com a posição de Button: o desafio é igual para todos, estão todos na mesma
situação, e cabe aos pilotos e seus times encontrarem uma maneira de superarem
o desafio que lhes é apresentado. E até o presente momento, o atual campeonato
está sendo um verdadeiro sucesso, e temos tudo para vermos no Canadá um
provável 7° vencedor diferente em 7 provas. Se eles não querem que haja tantos
vencedores, que tratem de lutar na pista para mudar isso. Na minha opinião,
estão é reclamando de barriga cheia.
Campeonato
ruim? Imagina...
A edição 2012 da Indy500 novamente foi encerrada sob bandeira amarela,
em virtude de uma batida na última volta da corrida. Mas desta vez não foi tão
dramática quanto no ano passado, embora a disputa tenha sido muito mais
intensa. Takuma Sato partiu para o tudo ou nada contra a dupla da Ganassi nas voltas
finais da corrida. O intrépido japonês superou Scott Dixon e partiu para cima
de Dario Franchiti, que abriu na volta final na liderança. Sato forçou passagem
por dentro na curva um, mas Dario não deu espaço ao japonês, que acabou tocando
rodas na linha branca da parte interna, provocando uma rodada e indo parar
direto no muro, felizmente sem conseqüências para o piloto nipônico, além da
tremenda frustração de perder a disputa. A corrida, como de costume, teve
alguns acidentes, sendo o de maior monta com Mike Conway e Will Power, sendo
que o carro de Conway chegou a voar junto ao alambrado, mas felizmente sem
maiores conseqüências para o piloto. Uma roda de um dos carros por pouco não
atingiu Hélio Castro Neves, mas tocou de leve em uma de suas rodas dianteiras,
desalinhando de leve sua suspensão e tirando parte do equilíbrio de seu carro e
o fazendo perder parte do ritmo. Quem também bateu forte foi Marco Andretti,
mas também sem maiores percalços além dos danos do carro. Entre os brasileiros,
destaque para Tony Kanaan, que fez um arranque fulminante nas últimas
relargadas e chegou até a liderar a corrida, mas acabou superado pela dupla da
Ganassi e por Sato até este bater. Hélio Castro Neves terminou em 10°; Rubens
Barrichello em 11° (eleito o melhor novato na corrida este ano); e Bia
Figueiredo, após uma rodada e perder 10 voltas no Box consertando o carro, foi
apenas a 23ª colocada. A próxima corrida do campeonato da IRL já é neste final
de semana, no circuito de Belle Isle Park, em Detroit, que retorna à categoria.
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