sexta-feira, 1 de junho de 2012

CAMPEONATO RUIM?


            E o campeonato 2012 da Fórmula 1 mostra que este ano tem tudo para ser um dos melhores da história da categoria: domingo passado, em Mônaco, assistimos à 6ª vitória de um piloto diferente em 6 provas disputadas até agora. Se é verdade que tivemos o primeiro time a repetir vitória na temporada – a Red Bull, por outro lado, o equilíbrio demonstrado até agora pelo atual campeonato tem tudo para oferecer maiores emoções. E a próxima corrida, no Canadá, é em um circuito que costuma oferecer corridas mais empolgantes do que a maioria, como ficou comprovado no ano passado, quando a chuva ainda deu um tempero extra ao GP canadense, que presenciou uma vitória magistral de Jenson Button. Com resultados muito mais imprevisíveis do que de costume, não se pode negar que os torcedores devem estar adorando a situação. E nem mesmo entre a imprensa especializada, é possível afirmar com precisão quem será o provável campeão deste ano. Está tudo em aberto, e ainda tempos pilotos e times com potencial para entrarem na lista de vencedores de GPs desta temporada como há tempos não se via. E quem ganha é o torcedor.
            Mas, claro, diz o ditado que não dá para agradar a todos, e na categoria máxima do automobilismo, e de gente ligada a ela, tem aqueles que já demonstraram irritação com o panorama de imprevisibilidade que a F-1 atual está oferecendo. A mais nova crítica veio de Niki Lauda, tricampeão nas temporadas de 1975, 1977 e 1984. Segundo o austríaco, ter pilotos demais ganhando é ruim para o público, que quer ver, acima de tudo, os campeões sempre no pódio. Na indireta, então podemos deduzir que termos novas caras no pódio, como Pastor Maldonado, Sérgio Perez, Romain Grossjean não seja interessante para o torcedor, que estaria desejando que a categoria voltasse ao seu marasmo habitual, onde logo na largada já sabíamos quem chegaria ao fim da prova e a venceria. Eu creio que Lauda anda meio senil para fazer este tipo de afirmação, pois, como torcedor e jornalista especializado, desejo mais é que o circo “pegue fogo”, e quanto mais gente na festa, melhor. E dentro da categoria, não se pode dizer que os times de ponta estejam exatamente felizes com o panorama atual, certamente.
            Explica-se: os times se acostumaram, nos últimos tempos, a terem tudo programado e previsto dentro de certos parâmetros. Saber seus limites e capacidades os ajuda a explorar melhor as corridas, mas dominando-se todos os dados à disposição, aumenta a previsibilidade, e diminui a possibilidade de resultados inesperados, caso nada saia dos conformes. Por estas e outras, só víamos mais emoção quando as corridas eram disputadas sob chuva, um elemento sobre o qual os times não tem muito controle. E o controle sobre seus dados ajudou os times a tornarem a F-1 extremamente monótona nos últimos anos. Claro que tivemos disputas, confrontos, mas nunca além de certo ponto. Antes, os resultados variavam mais porque os monopostos estavam sempre nos limites de performance e desempenho. Hoje, com regras que estabelecem vida útil para componentes como motor e câmbio, além dos avanços tecnológicos em áreas da mecânica, os carros ficaram quase inquebráveis. Houve até corrida recente onde não houve um abandono sequer de piloto, e provas onde por muito pouco todos quase chegaram nas mesmas posições de largada. Uma hora, isso cansaria os fãs, e era preciso tornar as provas mais atrativas, não apenas para o público nos autódromos, mas especialmente para os telespectadores.
            Depois de muitas tentativas de resultados duvidosos, eis que no ano passado a FIA pareceu ter acertado a combinação certa: uso do Kers, asas traseiras móveis, e sobretudo, os pneus de duração incerta feitos pela Pirelli para apimentar o show. Deu certo, e neste ano, a fabricante italiana mudou a fórmula dos compostos, e desta vez, parece ter conseguido se superar: passadas 6 provas, nenhuma escuderia conseguiu até agora dominar os novos compostos. E eles detestam ficar “no escuro”. E enquanto não dominarem este quesito, o atual campeonato promete muitas surpresas.
            Também houve piloto reclamando deste comportamento dos pneus. Michael Schumacher foi curto ao dizer que os carros não davam mais satisfação aos pilotos, pois estes tinham sempre que pensar antes em conservar os pneus do que em serem rápidos, de modo que os atuais bólidos não podem mais ser exigidos no limite como antigamente. Jenson Button, por sua vez, disse que não está conseguindo se entender com os pneus nas últimas corridas, e nem mesmo seu time consegue achar uma direção a seguir para melhorar a situação. Mas o piloto inglês ressaltou que a situação é igual para todos, e este é um desafio que precisa ser vencido, e na minha opinião, está mais do que correto. A chiadeira de Schumacher decorre mais do fato de que ele nunca foi de economizar pneus, andando sempre a fundo, em uma época onde ser mestre nos pit stops, que tinham também reabastecimento de combustível, era uma arma vital para se dominar as corridas. Com estratégias de paradas formuladas com perfeição, na grande maioria das vezes Schumacher se mandava na frente, exigindo tudo do carro, parava e ainda voltava, se não na frente, em posição melhor do que a anterior. Ele se especializou em andar forte com pista livre, para ganhar a posição nos boxes, uma vez que na pista, a situação era mais complicada. Agora, tendo de saber ser rápido, e ao mesmo tempo, conservar os pneus, e não sabendo dominar isso da forma como fazia antes, parece ter tirado o bom humor do heptacampeão.
            Curioso notar que Mark Webber também criticou o excesso de vencedores deste ano na F-1. Mas, depois de sua vitória em Mônaco, duvido que o australiano continue com suas críticas, que pareciam mais advindas do fato de que ele ainda não tinha conseguido entrar na festa dos vencedores. Pelo mesmo motivo, Michael Schumacher parecia outro após a classificação em Monte Carlo sábado passado, onde conquistou a pole-position para a prova monegasca, que só não foi efetivada devido à punição que teria de cumprir por ter atropelado Bruno Senna em Barcelona.
            Fico com a posição de Button: o desafio é igual para todos, estão todos na mesma situação, e cabe aos pilotos e seus times encontrarem uma maneira de superarem o desafio que lhes é apresentado. E até o presente momento, o atual campeonato está sendo um verdadeiro sucesso, e temos tudo para vermos no Canadá um provável 7° vencedor diferente em 7 provas. Se eles não querem que haja tantos vencedores, que tratem de lutar na pista para mudar isso. Na minha opinião, estão é reclamando de barriga cheia.
            Campeonato ruim? Imagina...



A edição 2012 da Indy500 novamente foi encerrada sob bandeira amarela, em virtude de uma batida na última volta da corrida. Mas desta vez não foi tão dramática quanto no ano passado, embora a disputa tenha sido muito mais intensa. Takuma Sato partiu para o tudo ou nada contra a dupla da Ganassi nas voltas finais da corrida. O intrépido japonês superou Scott Dixon e partiu para cima de Dario Franchiti, que abriu na volta final na liderança. Sato forçou passagem por dentro na curva um, mas Dario não deu espaço ao japonês, que acabou tocando rodas na linha branca da parte interna, provocando uma rodada e indo parar direto no muro, felizmente sem conseqüências para o piloto nipônico, além da tremenda frustração de perder a disputa. A corrida, como de costume, teve alguns acidentes, sendo o de maior monta com Mike Conway e Will Power, sendo que o carro de Conway chegou a voar junto ao alambrado, mas felizmente sem maiores conseqüências para o piloto. Uma roda de um dos carros por pouco não atingiu Hélio Castro Neves, mas tocou de leve em uma de suas rodas dianteiras, desalinhando de leve sua suspensão e tirando parte do equilíbrio de seu carro e o fazendo perder parte do ritmo. Quem também bateu forte foi Marco Andretti, mas também sem maiores percalços além dos danos do carro. Entre os brasileiros, destaque para Tony Kanaan, que fez um arranque fulminante nas últimas relargadas e chegou até a liderar a corrida, mas acabou superado pela dupla da Ganassi e por Sato até este bater. Hélio Castro Neves terminou em 10°; Rubens Barrichello em 11° (eleito o melhor novato na corrida este ano); e Bia Figueiredo, após uma rodada e perder 10 voltas no Box consertando o carro, foi apenas a 23ª colocada. A próxima corrida do campeonato da IRL já é neste final de semana, no circuito de Belle Isle Park, em Detroit, que retorna à categoria.

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