quarta-feira, 13 de junho de 2012

ARQUIVO PISTA & BOX – NOVEMBRO DE 1995 – 23.11.1995


            Voltando com a seção Arquivo, hora de trazer a penúltima coluna do mês de novembro de 1995. O campeonato havia acabado, mas a correria da Fórmula 1 seguia em frente: logo começariam os testes visando a temporada de 1996, e na época não era proibido testar à vontade, como hoje. Portanto, dezembro era um mês cheio para os times, que só davam pausa nas semanas do Natal e do Ano Novo, que ninguém era de ferro. Isso garantia mais notícias da categoria, já que os fãs acompanhavam os resultados dos testes. Havia equipes trocando de motor, de pilotos, etc.
            A coluna faz um pequeno apanhado do campeonato de 1995, que chegou a ter seus bons momentos, mas no geral, foi um passeio de Michael Schumacher em cima da concorrência, especialmente dos pilotos da Williams, que não conseguiram aproveitar o bom equipamento de que dispunham. Uma boa leitura, e em breve, tem mais antigas colunas para se relembrar um pouco daqueles tempos...


ACABOU A TEMPORADA, QUE VENHA A PRÓXIMA


Adriano de Avance Moreno


            A temporada de 95 chegou finalmente ao fim na F-1, mas só oficialmente. Já nesta semana, apenas pouco mais de 7 dias após o GP da Austrália que encerrou o mundial deste ano, as escuderias já voltarão às pistas, desta vez para seus primeiros testes visando já a nova temporada de 96, que se iniciará oficialmente apenas em março do ano que vem. Dia 17 último, na Itália, ocorreu a apresentação de Michael Schumacher e Eddie Irvinne como os novos pilotos da Ferrari para a temporada do ano que vem. O novo bicampeão até deu algumas voltas com o modelo desta temporada, mas foi mais para efeito promocional do comunicado oficial da formação do time no próximo ano. Nesta semana, Schumacher irá acelerar a Ferrari para valer no autódromo do Estoril, em Portugal, onde também irão as equipes Benetton e Williams. A Benetton irá testar com sua nova dupla de pilotos, Jean Alesi e Gerhard Berger, enquanto Jacques Villeneuve continuará sua maratona de testes para se acostumar à F-1 e seus circuitos. Apesar de não serem resultados confiáveis do que se irá ver em 96, já será pelo menos um indício de como se dará o próximo campeonato em termos de competitividade.
            Depois dos testes desta semana, dezembro vai ser um mês bem cheio para as equipes, Há testes coletivos programados para os circuitos de Jerez de La Fronteira, Barcelona, e Estoril, cada um nas 3 primeiras semanas de dezembro. Só então haverá uma pausa para o Natal e Ano Novo, para em seguida, no dia 6 de janeiro, recomeçarem de novo os trabalhos de pista, o que irá incluir a apresentação já de alguns dos novos modelos para a temporada 96. Os testes de dezembro deverão ser os mais movimentados, pois várias equipes decidiram trabalhar mais nas sedes do que nas pistas. É o caso da Jordan, Ligier, McLaren e Sauber, que só irão à pista no próximo mês. A McLaren também tencionava vir ao Estoril nesta semana, mas o acidente de Mika Hakkinen em Adelaide adiou os planos da escuderia.
            Para a imprensa especializada, esta é uma época mais calma e relaxada para se trabalhar. Os jornalistas europeus não precisam ir muito longe para cobrir os testes, e o clima é mais descontraído, sem as pressões comuns de um Grande Prêmio. A agitação é menor. A única coisa que ainda impera é a caça às notícias, cujas fontes continuam lançando no ar a todo momento fuxicos e boatos que devem ser investigados para gerar as notícias que garantem o noticiário esportivo e especializado até o começo da próxima temporada. Para os fãs deste esporte, esta é uma época em que as notícias rareiam um pouco, mas acontecem, e os jornalistas têm de estar atentos para levar estas informações a seus leitores. Isto nunca muda, mas o ambiente mais relaxado torna tudo mais fácil e agradável.
            A temporada de 1995 até que foi boa, levando-se em conta tudo o que aconteceu nas pistas. Houve etapas muito disputadas e outras emocionantes, o que diminuiu em muito a monotonia. Várias situações curiosas aconteceram, algumas engraçadas, outras apavorantes. Apesar da disputa pelo título ter se resumido ao passeio de Michael Schumacher, o ambiente nas corridas foi de muita disputa e emoção. Tivemos 5 vencedores diferentes este ano, o maior número desde 1991, quando também tivemos 5 pilotos diferentes vencendo corridas. Então vamos dar uma pequena repassada nesta temporada...
            Jean Alesi completou sua marca de 100 corridas disputadas ao largar para o GP do Pacífico, em Aida. O resultado não foi lá essas coisas, mas Alesi teve momentos melhores na temporada, como a sua primeira vitória na F-1, no Canadá. Foi uma vitória mais decorrente dos problemas de Schumacher, mas vitória é vitória, e há muito Alesi merecia sentir o gosto do lugar mais alto do pódio. Em Nurburgring, ele esteve perto de repetir a dose, mas retardatários nas voltas finais estragaram seus planos, fazendo-o perder muito tempo e permitindo a aproximação de Schumacher. Para 96, deverá brilhar muito na Benetton, e ele está certo de conseguir isso.
            David Couthard, considerado a revelação de 94, e apontado como campeão em potencial e melhor piloto que Damon Hill, protagonizou as maiores palhaçadas ao volante nesta temporada. Conseguiu cometer o cúmulo de bater o carro em plena volta de apresentação, em Monza, e bater também ao entrar nos boxes, na Austrália. Tanto em Monza quanto em Adelaide, a pista estava perfeitamente seca. Conseguiu várias poles, mas em corrida, só conseguiu andar mais rápido que Hill efetivamente em Portugal, onde conseguiu sua primeira e única vitória na categoria até o momento; em todas as demais etapas, Hill foi sempre mais rápido que o escocês. Para 96, David terá de confirmar que é um piloto de ponta na McLaren, seu novo time.
            Johnny Herbert vive a situação mais curiosa: como segundo piloto da Benetton, conseguiu sua primeiras vitórias nesta temporada, ao vencer em Silverstone e em Monza. Ambas as corridas tiveram um denominador comum: Hill e Schumacher, em disputa de posição, acabaram batendo e saindo da corrida. Outra coincidência: em Silverstone, Couthard liderava, quando foi punido com um stop & GO, por exceder o limite de velocidade nos boxes, perdendo a vitória; em Monza, Alesi liderava, quando ficou sem freios e motor. Para piorar a situação de Herbert, até agora ele não tem um lugar garantido para a próxima temporada. Talvez consiga algo na Tyrrel ou na Sauber, ou até vá para a F-Indy.
            O maior acidente do ano, sem dúvida, foi a capotagem de Ukyo Katayama na largada do GP de Portugal, onde o piloto japonês lembrou as barbaridades de seu compatriota Satoru Nakajima na largada do GP da Áustria de 1987, o que motivou 3 largadas. A pista ficou cheia de pedaços de carros, mas felizmente, ninguém se feriu.
            A briga politiqueira também teve seu lugar este ano, no GP do Brasil, onde a análise da gasolina da Williams e da Benetton fizeram Schumacher ganhar mas não levar, e depois o alemão teve sua vitória de volta, mas não sua equipe, que perdeu os pontos daquele GP, o mesmo acontecendo com Couthard em relação à Williams.
            No quesito emoção, várias etapas foram muito disputadas. O GP da Europa, em Nurburgring, foi a melhor corrida do ano, seguida pelo GP da Bélgica, onde Schumacher largou em 16º para conseguir sua 16ª vitória na F-1. As etapas do Canadá, Inglaterra, Hungria, Itália, Portugal, Argentina, San Marino e outras, também tiveram grandes disputas, tanto no pelotão intermediário quanto nas posições da frente.
            Alguns outros itens a conferir: a Sauber conseguiu seu primeiro pódio, em o 3º lugar de Heinz-Harald Frentzen em Monza, e teve sua melhor temporada na F-1. A Mercedes também conseguiu seus primeiros pódios desde que retornou à F-1 como fornecedora de motores. Mika Hakkinen foi 2º colocado na Itália e no Japão. A Argentina voltou ao calendário da categoria depois de uma longa ausência, e a temporada foi a mais longa em quase 20 anos, com 17 etapas.
            Duas notas tristes no ano: a Lótus faliu antes mesmo da temporada começar; e a Simtek, que começou os GPs iniciais da temporada, com boas chances de pontuar, fechou as portas depois da prova de Mônaco.
            Bem, partamos agora para a próxima temporada. Uma temporada que, pelas expectativas, terá tudo para ser melhor ainda do que esta que acabou de terminar...


 

A DAMS, equipe da F-3000, já está com seu modelo de F-1 prontinho, e os primeiros testes devem começar já em dezembro, com o piloto francês Erik Comas. Ricardo Rosset e Tarso Marques encabeçam a lista de prováveis companheiros de equipe de Comas na temporada de estréia da DAMS na F-1 em 1996.




Adrian Fernandez perdeu seu lugar na equipe Galles para Eddie Lawson, mas o mexicano não ficou a pé na F-Indy: vai ser o segundo piloto da equipe Tasman, escuderia onde corre o brasileiro André Ribeiro. Com isso, a Tasman ficou com o patrocínio de US$ 6 milhões da cervejaria mexicana Tecate. Scott Goodyear, que pleiteava a vaga na Tasman, acabou dançando, e terá de procurar outro time para se manter na F-Indy em 1996...

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