Voltando
com a seção Arquivo, hora de trazer a penúltima coluna do mês de novembro de
1995. O campeonato havia acabado, mas a correria da Fórmula 1 seguia em frente:
logo começariam os testes visando a temporada de 1996, e na época não era
proibido testar à vontade, como hoje. Portanto, dezembro era um mês cheio para
os times, que só davam pausa nas semanas do Natal e do Ano Novo, que ninguém
era de ferro. Isso garantia mais notícias da categoria, já que os fãs
acompanhavam os resultados dos testes. Havia equipes trocando de motor, de
pilotos, etc.
A
coluna faz um pequeno apanhado do campeonato de 1995, que chegou a ter seus
bons momentos, mas no geral, foi um passeio de Michael Schumacher em cima da
concorrência, especialmente dos pilotos da Williams, que não conseguiram
aproveitar o bom equipamento de que dispunham. Uma boa leitura, e em breve, tem
mais antigas colunas para se relembrar um pouco daqueles tempos...
ACABOU A TEMPORADA, QUE VENHA A
PRÓXIMA
Adriano de Avance Moreno
A
temporada de 95 chegou finalmente ao fim na F-1, mas só oficialmente. Já nesta
semana, apenas pouco mais de 7 dias após o GP da Austrália que encerrou o
mundial deste ano, as escuderias já voltarão às pistas, desta vez para seus
primeiros testes visando já a nova temporada de 96, que se iniciará
oficialmente apenas em março do ano que vem. Dia 17 último, na Itália, ocorreu
a apresentação de Michael Schumacher e Eddie Irvinne como os novos pilotos da
Ferrari para a temporada do ano que vem. O novo bicampeão até deu algumas
voltas com o modelo desta temporada, mas foi mais para efeito promocional do
comunicado oficial da formação do time no próximo ano. Nesta semana, Schumacher
irá acelerar a Ferrari para valer no autódromo do Estoril, em Portugal, onde
também irão as equipes Benetton e Williams. A Benetton irá testar com sua nova
dupla de pilotos, Jean Alesi e Gerhard Berger, enquanto Jacques Villeneuve
continuará sua maratona de testes para se acostumar à F-1 e seus circuitos.
Apesar de não serem resultados confiáveis do que se irá ver em 96, já será pelo
menos um indício de como se dará o próximo campeonato em termos de
competitividade.
Depois
dos testes desta semana, dezembro vai ser um mês bem cheio para as equipes, Há
testes coletivos programados para os circuitos de Jerez de La Fronteira , Barcelona, e
Estoril, cada um nas 3 primeiras semanas de dezembro. Só então haverá uma pausa
para o Natal e Ano Novo, para em seguida, no dia 6 de janeiro, recomeçarem de
novo os trabalhos de pista, o que irá incluir a apresentação já de alguns dos
novos modelos para a temporada 96. Os testes de dezembro deverão ser os mais
movimentados, pois várias equipes decidiram trabalhar mais nas sedes do que nas
pistas. É o caso da Jordan, Ligier, McLaren e Sauber, que só irão à pista no
próximo mês. A McLaren também tencionava vir ao Estoril nesta semana, mas o
acidente de Mika Hakkinen em Adelaide adiou os planos da escuderia.
Para
a imprensa especializada, esta é uma época mais calma e relaxada para se
trabalhar. Os jornalistas europeus não precisam ir muito longe para cobrir os
testes, e o clima é mais descontraído, sem as pressões comuns de um Grande
Prêmio. A agitação é menor. A única coisa que ainda impera é a caça às
notícias, cujas fontes continuam lançando no ar a todo momento fuxicos e boatos
que devem ser investigados para gerar as notícias que garantem o noticiário
esportivo e especializado até o começo da próxima temporada. Para os fãs deste
esporte, esta é uma época em que as notícias rareiam um pouco, mas acontecem, e
os jornalistas têm de estar atentos para levar estas informações a seus
leitores. Isto nunca muda, mas o ambiente mais relaxado torna tudo mais fácil e
agradável.
A
temporada de 1995 até que foi boa, levando-se em conta tudo o que aconteceu nas
pistas. Houve etapas muito disputadas e outras emocionantes, o que diminuiu em
muito a monotonia. Várias situações curiosas aconteceram, algumas engraçadas,
outras apavorantes. Apesar da disputa pelo título ter se resumido ao passeio de
Michael Schumacher, o ambiente nas corridas foi de muita disputa e emoção.
Tivemos 5 vencedores diferentes este ano, o maior número desde 1991, quando
também tivemos 5 pilotos diferentes vencendo corridas. Então vamos dar uma
pequena repassada nesta temporada...
Jean
Alesi completou sua marca de 100 corridas disputadas ao largar para o GP do
Pacífico, em Aida. O
resultado não foi lá essas coisas, mas Alesi teve momentos melhores na
temporada, como a sua primeira vitória na F-1, no Canadá. Foi uma vitória mais
decorrente dos problemas de Schumacher, mas vitória é vitória, e há muito Alesi
merecia sentir o gosto do lugar mais alto do pódio. Em Nurburgring, ele esteve
perto de repetir a dose, mas retardatários nas voltas finais estragaram seus
planos, fazendo-o perder muito tempo e permitindo a aproximação de Schumacher.
Para 96, deverá brilhar muito na Benetton, e ele está certo de conseguir isso.
David
Couthard, considerado a revelação de 94, e apontado como campeão em potencial e
melhor piloto que Damon Hill, protagonizou as maiores palhaçadas ao volante
nesta temporada. Conseguiu cometer o cúmulo de bater o carro em plena volta de
apresentação, em Monza, e bater também ao entrar nos boxes, na Austrália. Tanto
em Monza quanto em Adelaide, a pista estava perfeitamente seca. Conseguiu
várias poles, mas em corrida, só conseguiu andar mais rápido que Hill
efetivamente em Portugal, onde conseguiu sua primeira e única vitória na
categoria até o momento; em todas as demais etapas, Hill foi sempre mais rápido
que o escocês. Para 96, David terá de confirmar que é um piloto de ponta na
McLaren, seu novo time.
Johnny
Herbert vive a situação mais curiosa: como segundo piloto da Benetton,
conseguiu sua primeiras vitórias nesta temporada, ao vencer em Silverstone e em Monza. Ambas as
corridas tiveram um denominador comum: Hill e Schumacher, em disputa de
posição, acabaram batendo e saindo da corrida. Outra coincidência: em
Silverstone, Couthard liderava, quando foi punido com um stop & GO, por
exceder o limite de velocidade nos boxes, perdendo a vitória; em Monza, Alesi
liderava, quando ficou sem freios e motor. Para piorar a situação de Herbert,
até agora ele não tem um lugar garantido para a próxima temporada. Talvez consiga
algo na Tyrrel ou na Sauber, ou até vá para a F-Indy.
O
maior acidente do ano, sem dúvida, foi a capotagem de Ukyo Katayama na largada
do GP de Portugal, onde o piloto japonês lembrou as barbaridades de seu
compatriota Satoru Nakajima na largada do GP da Áustria de 1987, o que motivou
3 largadas. A pista ficou cheia de pedaços de carros, mas felizmente, ninguém
se feriu.
A
briga politiqueira também teve seu lugar este ano, no GP do Brasil, onde a
análise da gasolina da Williams e da Benetton fizeram Schumacher ganhar mas não
levar, e depois o alemão teve sua vitória de volta, mas não sua equipe, que
perdeu os pontos daquele GP, o mesmo acontecendo com Couthard em relação à
Williams.
No
quesito emoção, várias etapas foram muito disputadas. O GP da Europa, em Nurburgring,
foi a melhor corrida do ano, seguida pelo GP da Bélgica, onde Schumacher largou
em 16º para conseguir sua 16ª vitória na F-1. As etapas do Canadá, Inglaterra,
Hungria, Itália, Portugal, Argentina, San Marino e outras, também tiveram
grandes disputas, tanto no pelotão intermediário quanto nas posições da frente.
Alguns
outros itens a conferir: a Sauber conseguiu seu primeiro pódio, em o 3º lugar
de Heinz-Harald Frentzen em Monza, e teve sua melhor temporada na F-1. A
Mercedes também conseguiu seus primeiros pódios desde que retornou à F-1 como
fornecedora de motores. Mika Hakkinen foi 2º colocado na Itália e no Japão. A
Argentina voltou ao calendário da categoria depois de uma longa ausência, e a
temporada foi a mais longa em quase 20 anos, com 17 etapas.
Duas
notas tristes no ano: a Lótus faliu antes mesmo da temporada começar; e a
Simtek, que começou os GPs iniciais da temporada, com boas chances de pontuar,
fechou as portas depois da prova de Mônaco.
Bem,
partamos agora para a próxima temporada. Uma temporada que, pelas expectativas,
terá tudo para ser melhor ainda do que esta que acabou de terminar...
A DAMS, equipe da F-3000, já está com seu modelo de F-1 prontinho, e os
primeiros testes devem começar já em dezembro, com o piloto francês Erik Comas.
Ricardo Rosset e Tarso Marques encabeçam a lista de prováveis companheiros de
equipe de Comas na temporada de estréia da DAMS na F-1 em 1996.
Adrian Fernandez perdeu seu lugar na equipe Galles para Eddie Lawson,
mas o mexicano não ficou a pé na F-Indy: vai ser o segundo piloto da equipe
Tasman, escuderia onde corre o brasileiro André Ribeiro. Com isso, a Tasman
ficou com o patrocínio de US$ 6 milhões da cervejaria mexicana Tecate. Scott
Goodyear, que pleiteava a vaga na Tasman, acabou dançando, e terá de procurar
outro time para se manter na F-Indy em 1996...
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