sexta-feira, 8 de junho de 2012

QUEM LEVA NO CANADÁ?


            Chegamos a uma das etapas mais aguardadas do campeonato de Fórmula 1, o Grande Prêmio do Canadá, e o fim de semana tem tudo para ser dos melhores. Primeiro, pelo fato de a atmosfera da cidade de Montreal ser única, abraçando o seu GP como se fosse uma grande festa. Não fosse o trabalho de promoção ímpar dos australianos, os canadenses faturariam sem problemas o título de prova mais festiva da temporada. E, para variar, o circuito Gilles Villeneuve, situado na ilha de Notre Dame, uma ilha artificial localizada no Rio São Lourenço, que corta a grande metrópole, oferece não apenas um visual bonito, mas também uma das pistas que oferece mais emoções durante o campeonato. E nem comentei que o clima costuma ajudar de vez em quando...
            E, no atual estágio do campeonato, com 6 vencedores diferentes em 6 provas até aqui, as chances de vermos um 7° vencedor diferente são bem grandes. O traçado da prova canadense é bem particular, misturando características de pistas permanentes com as de um circuito de rua. Muitos trechos da pista possuem os guard-rails e os muros muito próximos, como nos circuitos urbanos, e onde um erro geralmente costuma ser fatal. Temos também um bom trecho de reta, que deve ser muito apreciado pelos carros da Mercedes, com seu esquema de duto canalizador de ar. Nico Rosberg e Michael Schumacher tem tudo para brilhar nos treinos, e quem sabe, até aprontar uma surpresa na corrida, ainda mais depois da pole do heptacampeão em Monte Carlo, em uma performance que lembrou os bons tempos de Michael, apesar da punição que o relegou à 6ª posição. Por outro lado, para a Ferrari, este trecho de alta velocidade da pista deverá ser complicado. Por mais que o F2012 tenha melhorado, o carro ainda padece de baixa velocidade em reta, e diminuir muito a asa traseira, a fim de compensar, não é uma boa idéia: o circuito tem muitas curvas de baixa velocidade, onde toda a estabilidade será necessária para se ganhar tempo. A jogada é simples: vai ser preciso fugir do miolo para conseguir folga na reta. Se em Barcelona Fernando Alonso conseguiu até se dar bem, em Montreal não há como garantir que o panorama vai se repetir.
            Também não há garantias de que a Ferrari poderá andar bem no Canadá. Em Mônaco, onde a velocidade de ponta era baixa, e o principal era estabilidade mecânica, o time rosso até que se deu bem, com seus dois pilotos. Mas em Montreal, a estabilidade aerodinâmica volta a ditar o ritmo, e o F2012 ainda tem algumas deficiências nesse quesito. Os técnicos de Maranello aprontaram um pacote de modificações para a corrida canadense, que garantem ser mais um passo à frente na performance atual do carro. Veremos nos treinos de hoje o quanto isso é verdade.
            Na Red Bull, o clima é de aparente tranqüilidade, apesar de a FIA ter declarado que os buracos feitos no assoalho próximos aos pneus traseiros estavam fora do regulamento e não poderiam ser usados. O time desconversa e fala que eles já estavam fora dos planos mesmo para a prova canadense. Pode ser verdade, como também pode não ser. Como único time a vencer 2 vezes na temporada, e com diferenças até mínimas entre as classificações no campeonato, todo detalhe pode fazer a diferença, e aparentemente, esse já vai ser um detalhe que poderá fazer falta, a não ser que Adrian Newey consiga tirar algum trunfo da manga. De qualquer maneira, o time austríaco chegou a Montreal determinado a recuperar a vitória que por pouco não conseguiu no ano passado, quando Sebastian Vettel perdeu a corrida na última volta ao rodar sob forte pressão de Jenson Button, da McLaren, que venceu após fazer uma corrida espetacular, que ficou ainda mais apimentada devido à chuva. E Vettel, diga-se de passagem, está incomodado com a forma com que Mark Webber está pilotando este ano, estando praticamente empatados em número de pontos no campeonato. Para quem no ano passado deitou e rolou sobre o companheiro de equipe, ele definitivamente não está muito à vontade com isso.
            Mas quem não está mesmo à vontade com a situação atual é Jenson Button. Vencedor nesta pista no ano passado, onde começou a se credenciar como favorito para o vice-campeonato, o campeão de 2009 está apagado desde a corrida de início do campeonato, na Austrália, onde venceu e deu até impressão de que poderia ser o piloto a ser batido em 2012. Considerado o piloto que melhor sabia preservar seus pneus sem deixar de ser rápido, o inglês, ironia das ironias, não está conseguindo se entender com os novos pneus da Pirelli nesta temporada. Para piorar a situação, um ponto que Button sempre afirmou que precisava melhorar, que era a posição de classificação, está sendo um ponto fraco ainda mais contundente este ano. Devido ao grande equilíbrio entre os times, as diferenças que até o ano passado ainda garantiam a presença no Q3 agora estão sendo cruciais para se perder a vaga na fase final do treino. E largando no meio do grid, onde as disputas estão cada vez mais apertadas, pode comprometer irremediavelmente a estratégia de corrida. Basta lembrar que em Monte Carlo Button ficou preso atrás de uma Caterham durante boa parte da corrida, e na tentativa de ultrapassar o concorrente, Jenson errou e acabou batendo, dando adeus à prova.
            Mas a própria McLaren também precisa melhorar. Tida como melhor carro na Austrália, a situação começou a degringolar nas corridas seguintes, a ponto de Lewis Hamilton, até agora, não ter conseguido vencer, e nem sequer ser o favorito em alguma corrida. Hamilton, por outro lado, está fazendo bom uso da regularidade para marcar pontos importantes e evitar desgarrar-se dos ponteiros, mas é imprescindível voltar a vencer para readquirir força no campeonato. A McLaren, que no ano passado soube ser a principal força opositora da Red Bull, apesar da supremacia desta, este ano parece não conseguir dar um direcionamento ao desenvolvimento de seu carro. O time está se esforçando, mas até agora, os resultados não surgiram como se esperava. Talvez aqui na pista canadense o time prateado volte a deslumbrar na pista, pois foi aqui no ano passado que a McLaren conseguiu sua segunda vitória, depois do triunfo de Hamilton na China.
            E a Lótus começa a perder um pouco o encanto. Andando sempre entre os primeiros em várias corridas, o time pecou por ser conservador nas estratégias de pneus, e com isso, uma potencial vitória até agora andou escapando dos carros negros. E há quem diga que o clima na escuderia, depois do desempenho pífio de Mônaco, já não seria exatamente tão empolgante quanto antes. Mas tudo pode mudar nesta corrida, claro. E ainda não podemos deixar de considerar que Williams e Sauber ainda podem voltar a aprontar, depois de não mostrarem praticamente nada na última corrida. A verdade é que o campeonato está tão cheio de altos e baixos que até o presente momento, não se pode descartar ninguém de uma provável surpresa na corrida. Até agora, apenas Monte Carlo apresentou uma corrida monótona, com pouquíssimas ultrapassagens, como convém ao traçado monegasco, sempre propenso a favorecer corridas em fila indiana, mas essa certamente não é a situação aqui em Montreal.
            Se mesmo nos tempos de corridas chatas e de poucas disputas este GP sempre ofereceu um agito anormal, temos boas chances de vermos uma corrida das mais interessantes no domingo, com algumas idéias a se tirar já nos treinos livres que teremos hoje. Mas, independente dos treinos, fica valendo a pergunta mais crucial: quem vai legar a corrida desta vez? Respostas na bandeirada quadriculada na tarde de domingo, e não antes...


Scott Dixon conquistou em Detroit, semana passada, a segunda vitória consecutiva da Chip Ganassi no atual campeonato da Indy Racing League. Se em Indianápolis foi Dario Franchiti a encerrar a seção de azares na temporada, na pista do Belle Isle Park foi a vez do neozelandês cravar pole e vitória, mostrando que a Penske não irá ficar rindo à toa este ano. Embora Will Power ainda lidere o campeonato, com 232 pontos, Scott Dixon está logo atrás com 206, seguido de Hélio Castro Neves com 177 pontos. E neste final de semana, amanhã, já temos mais uma corrida, à noite, no circuito oval de Texas Motor Speedway, onde a Ganassi tem tudo para continuar tirando o sono do time de Roger Penske. Quem achou que Power iria deslanchar sozinho no campeonato, que comece a se preparar para ver uma briga das boas pelo título...

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