sexta-feira, 22 de junho de 2012

LE MANS SE RENDE (DE NOVO) À AUDI


            No ano em que comemorou 80 anos da realização de sua primeira edição, as 24 Horas de Le Mans, realizada no último final de semana, viu novamente um show de automobilismo de primeira, com várias disputas entre diversos pilotos e carros que levaram novamente uma multidão que aprecia o esporte a motor para a tradicional cidade francesa que abriga o belo circuito de cerca de 13 Km que sediou uma das provas mais famosas do automobilismo. Apenas a vitória não foi exatamente novidade: a Audi faturou a prova mais uma vez, sendo esta sua 11ª vitória desde que estreou na corrida, há menos de 15 anos atrás. E a equipe das argolas fez bonito, encaixando nada menos do que os 3 primeiros lugares na classificação, mostrando que não tinha praticamente para ninguém. O trio formado por Marcel Fassler, Andre Lotterer e Benoit Treluyer completou 378 voltas na corrida, chegando praticamente 1 volta à frente do trio Alan McNish, Rinaldo Capello e Tom Kristensen, e 3 voltas à frente de Olivier Jarvis, Marco Bonanomi e Mike Rokenfeller. O massacre só não foi maior porque o 4° carro da equipe Audi, pilotado por Marc Gené, Romain Dumas e Loic Duval chegou em 5°, com 12 voltas de atraso, perdendo a 4ª colocação para o Lola B10/60 conduzido por Nicolas Prost, Nick Heidfeld e Néel Jani, que chegou 11 voltas atrás do conjunto Audi vencedor. Mas para a Audi, até que ficou de bom tamanho, ainda mais porque Dumas, ao volante do carro, cometeu a barbeiragem de sair da pista e bater. Mas ele conseguiu chegar aos boxes para que o time fizesse os consertos necessários e retomasse a prova.
            A corrida deste ano teve nada menos do que 56 carros participantes, e destes, 35 chegaram a completar a corrida, em que pese o 35° colocado ter chegado 176 voltas atrás dos vencedores, mas provas de Endurance, ainda mais as 24 Horas de Le Mans, tem disso. O importante é competir, e chegar inteiro ao fim da prova, depois de um dia inteiro de competição ininterrupta, já pode ser considerado uma vitória. E Le Mans, como não poderia deixar de ser, teve também seus acidentes este ano. O mais violento deles envolveu Anthony Davidson, ao volante de um dos carros da Toyota, que foi uma das sensações da corrida este ano, pela volta da fábrica japonesa a uma competição automobilística de nível após terem encerrado sua participação na F-1. O piloto inglês foi tocado após uma ultrapassagem e seu bólido decolou, capotando no ar e batendo com certa violência na barreira de pneus. Davidson acabou fraturando duas vértebras, e embora seu caso não tenha sido relativamente grave, deverá ficar pelo menos dois meses de molho, em recuperação.
            A Toyota, aliás, chegou com a expectativa de desafiar os imbatíveis carros da Audi, uma vez que a Peugeot, que era a grande rival dos alemães nos últimos anos, não participou de Le Mans este ano. Os carros japoneses até deram algum trabalho para as 4 argolas, mas infelizmente os percalços inerentes a uma corrida de longa duração acabaram se mostrando para o time japonês. Seus dois carros ficaram fora de combate ainda no sábado, para decepção de quem esperava ainda ver uma vitória que não fosse da Audi.
            A Audi, aliás, mostrou mais uma vez a inovação nas 24 Horas. Se há alguns anos atrás a marca surpreendeu quando mostrou pela primeira vez um motor movido a diesel para competição na famosa prova, agora eles foram ainda mais ousados: seu modelo R18 que ficou nas duas primeiras colocações tinha propulsão híbrida, na prática, seu motor turbodiesel alimentava um sistema de recuperação de energia que ajudava a dar mais potência ao carro. Apesar do risco que a inovação representava, a Audi apostou nela, uma vez que sistemas como este, que reaproveitam a força gerada pelo próprio carro, devem ser a base dos carros do futuro próximo, e esta experiência deve se mostrar valiosa para os futuros projetos de carros. O motor convencional ficava na parte traseira, enquanto um motor elétrico abastecido pelo sistema de recuperação de energia ficava nas rodas dianteiras, reaproveitando a energia das freadas. Ah, sim, e um detalhe interessante: o sistema utilizado pela Audi foi desenvolvido pela Williams, que recentemente iniciou uma divisão da empresa que trabalha justamente com sistemas híbridos para veículos, como o Kers, dispositivo que é usado pela F-1 nos últimos tempos.
            Com uma divulgação maciça em Le Mans, a Audi simplesmente colhe o que investe, e a fábrica não tem pretensões de entrar na F-1, por mais que alguns caras fiquem injuriados com tal atitude. A tecnologia desenvolvida para as competições vista no circuito francês atende muito mais proximamente as necessidades de evolução em um carro de rua do que a F-1 apresenta hoje em dia. Vale dizer que a F-1 hoje não parece inspirar mais seus fãs a amarem os carros comuns de rua, ao passo que em Le Mans, ainda é possível criar o ambiente em que os fãs de corridas passem a amar também os carros de rua. Sem mencionar que, apesar de todo o gasto feito em uma única corrida, o estresse e tempo gasto na competição é infinitamente menor do que se esgoelar quase o ano inteiro no campeonato da F-1, que está chegando a 20 corridas por ano. E clima entre todos os competidores é muito mais agradável e aberto, ao contrário do ambiente opressor e cheio de frescuras que a categoria máxima do automobilismo exibe hoje em dia.
            Por isso, viva as 24 Horas de Le Mans. E estas, por sua vez, hoje fazem reverência à Audi, que vem tomando conta do pedaço francês desde que estreou. Fica a esperança de mais competição em 2013, até porque dizem que a Porshe, maior vencedora, com 16 triunfos, pretende voltar com tudo em breve, e manter-se na dianteira. Só não pensem que a Audi vai ficar parada esperando...


A IRL acelera este fim de semana no oval de Iowa, que deve ser a última pista oval do campeonato. Mas o cancelamento da corrida que seria feita na China está fazendo o pessoal da Indycar buscar opções de uma corrida substituta. E entre as possibilidades, estaria o circuito de Pocono, um superspeedway trioval de alta velocidade em que a F-Indy original correu até 1989. Mas outra pista legal que está na parada é Laguna Seca, na Califórnia, pista nunca usada pela categoria, assim como Elkhart Lake. Em breve, deveremos saber quem entra no lugar da corrida chinesa. A intenção maior da direção da categoria é tentar aproveitar a mesma data original da corrida em Qingdao...


A F-1 chegou a Valência para a disputa do GP da Europa, e o ambiente na cidade espanhola não é dos melhores. Além de a venda de ingressos não ter sido a mesma dos anos anteriores, o clima de crise econômica reinante na Espanha não ajuda muito quando o assunto é promover e justificar uma corrida de uma categoria caríssima como a F-1, em um momento onde o desemprego no país atinge níveis alarmantes. Junte-se a isso o fato de muita gente em Valência nunca ter tido simpatia pela corrida nas ruas da cidade, ainda mais com o circuito Ricardo Tormo na vizinhança que poderia muito bem sediar a corrida, e temos a possibilidade desta ser a última corrida nesta pista. Há a hipótese de se fazer a corrida espanhola revezar entre Barcelona e Valência, como forma de contornar essa situação, mas a grande maioria prefere que a corrida seja no circuito próximo a Valência, enquanto Bernie Ecclestone quis porque quis montar este novo circuito de rua há alguns anos atrás, e contou com a ânsia de vários políticos locais para conseguir empurrar a prova goela abaixo do povo valenciano. De qualquer forma, a F-1 parece concordar que precisa baixar seus custos, ainda mais com a crise econômica dominando as atenções em toda a Europa. Para 2013, a FIA deve assumir as rédeas do acordo de redução de custos que os times devem seguir, e que não vem sendo cumprido de forma correta, na opinião de alguns, com um ou outro time a burlar as restrições acordadas entre todos. Vamos ver se a categoria consegue tomar algumas atitudes neste sentido que tenham êxito...

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