No
ano em que comemorou 80 anos da realização de sua primeira edição, as 24 Horas
de Le Mans, realizada no último final de semana, viu novamente um show de
automobilismo de primeira, com várias disputas entre diversos pilotos e carros
que levaram novamente uma multidão que aprecia o esporte a motor para a
tradicional cidade francesa que abriga o belo circuito de cerca de 13 Km que sediou uma das
provas mais famosas do automobilismo. Apenas a vitória não foi exatamente
novidade: a Audi faturou a prova mais uma vez, sendo esta sua 11ª vitória desde
que estreou na corrida, há menos de 15 anos atrás. E a equipe das argolas fez
bonito, encaixando nada menos do que os 3 primeiros lugares na classificação,
mostrando que não tinha praticamente para ninguém. O trio formado por Marcel
Fassler, Andre Lotterer e Benoit Treluyer completou 378 voltas na corrida,
chegando praticamente 1 volta à frente do trio Alan McNish, Rinaldo Capello e
Tom Kristensen, e 3 voltas à frente de Olivier Jarvis, Marco Bonanomi e Mike
Rokenfeller. O massacre só não foi maior porque o 4° carro da equipe Audi,
pilotado por Marc Gené, Romain Dumas e Loic Duval chegou em 5°, com 12 voltas
de atraso, perdendo a 4ª colocação para o Lola B10/60 conduzido por Nicolas
Prost, Nick Heidfeld e Néel Jani, que chegou 11 voltas atrás do conjunto Audi
vencedor. Mas para a Audi, até que ficou de bom tamanho, ainda mais porque
Dumas, ao volante do carro, cometeu a barbeiragem de sair da pista e bater. Mas
ele conseguiu chegar aos boxes para que o time fizesse os consertos necessários
e retomasse a prova.
A
corrida deste ano teve nada menos do que 56 carros participantes, e destes, 35
chegaram a completar a corrida, em que pese o 35° colocado ter chegado 176
voltas atrás dos vencedores, mas provas de Endurance, ainda mais as 24 Horas de
Le Mans, tem disso. O importante é competir, e chegar inteiro ao fim da prova,
depois de um dia inteiro de competição ininterrupta, já pode ser considerado
uma vitória. E Le Mans, como não poderia deixar de ser, teve também seus
acidentes este ano. O mais violento deles envolveu Anthony Davidson, ao volante
de um dos carros da Toyota, que foi uma das sensações da corrida este ano, pela
volta da fábrica japonesa a uma competição automobilística de nível após terem
encerrado sua participação na F-1. O piloto inglês foi tocado após uma
ultrapassagem e seu bólido decolou, capotando no ar e batendo com certa
violência na barreira de pneus. Davidson acabou fraturando duas vértebras, e
embora seu caso não tenha sido relativamente grave, deverá ficar pelo menos
dois meses de molho, em recuperação.
A
Toyota, aliás, chegou com a expectativa de desafiar os imbatíveis carros da
Audi, uma vez que a Peugeot, que era a grande rival dos alemães nos últimos anos,
não participou de Le Mans este ano. Os carros japoneses até deram algum
trabalho para as 4 argolas, mas infelizmente os percalços inerentes a uma
corrida de longa duração acabaram se mostrando para o time japonês. Seus dois
carros ficaram fora de combate ainda no sábado, para decepção de quem esperava
ainda ver uma vitória que não fosse da Audi.
A
Audi, aliás, mostrou mais uma vez a inovação nas 24 Horas. Se há alguns anos
atrás a marca surpreendeu quando mostrou pela primeira vez um motor movido a
diesel para competição na famosa prova, agora eles foram ainda mais ousados:
seu modelo R18 que ficou nas duas primeiras colocações tinha propulsão híbrida,
na prática, seu motor turbodiesel alimentava um sistema de recuperação de
energia que ajudava a dar mais potência ao carro. Apesar do risco que a
inovação representava, a Audi apostou nela, uma vez que sistemas como este, que
reaproveitam a força gerada pelo próprio carro, devem ser a base dos carros do
futuro próximo, e esta experiência deve se mostrar valiosa para os futuros
projetos de carros. O motor convencional ficava na parte traseira, enquanto um
motor elétrico abastecido pelo sistema de recuperação de energia ficava nas
rodas dianteiras, reaproveitando a energia das freadas. Ah, sim, e um detalhe interessante:
o sistema utilizado pela Audi foi desenvolvido pela Williams, que recentemente
iniciou uma divisão da empresa que trabalha justamente com sistemas híbridos
para veículos, como o Kers, dispositivo que é usado pela F-1 nos últimos
tempos.
Com
uma divulgação maciça em Le Mans, a Audi simplesmente colhe o que investe, e a
fábrica não tem pretensões de entrar na F-1, por mais que alguns caras fiquem
injuriados com tal atitude. A tecnologia desenvolvida para as competições vista
no circuito francês atende muito mais proximamente as necessidades de evolução
em um carro de rua do que a F-1 apresenta hoje em dia. Vale dizer que a F-1
hoje não parece inspirar mais seus fãs a amarem os carros comuns de rua, ao
passo que em Le Mans, ainda é possível criar o ambiente em que os fãs de
corridas passem a amar também os carros de rua. Sem mencionar que, apesar de
todo o gasto feito em uma única corrida, o estresse e tempo gasto na competição
é infinitamente menor do que se esgoelar quase o ano inteiro no campeonato da
F-1, que está chegando a 20 corridas por ano. E clima entre todos os
competidores é muito mais agradável e aberto, ao contrário do ambiente opressor
e cheio de frescuras que a categoria máxima do automobilismo exibe hoje em dia.
Por
isso, viva as 24 Horas de Le Mans. E estas, por sua vez, hoje fazem reverência
à Audi, que vem tomando conta do pedaço francês desde que estreou. Fica a
esperança de mais competição em 2013, até porque dizem que a Porshe, maior
vencedora, com 16 triunfos, pretende voltar com tudo em breve, e manter-se na
dianteira. Só não pensem que a Audi vai ficar parada esperando...
A IRL acelera este fim de semana no oval de Iowa, que deve ser a última
pista oval do campeonato. Mas o cancelamento da corrida que seria feita na
China está fazendo o pessoal da Indycar buscar opções de uma corrida
substituta. E entre as possibilidades, estaria o circuito de Pocono, um
superspeedway trioval de alta velocidade em que a F-Indy original correu até
1989. Mas outra pista legal que está na parada é Laguna Seca, na Califórnia,
pista nunca usada pela categoria, assim como Elkhart Lake. Em breve, deveremos
saber quem entra no lugar da corrida chinesa. A intenção maior da direção da
categoria é tentar aproveitar a mesma data original da corrida em Qingdao...
A F-1 chegou a Valência para a disputa do GP da Europa, e o ambiente na
cidade espanhola não é dos melhores. Além de a venda de ingressos não ter sido
a mesma dos anos anteriores, o clima de crise econômica reinante na Espanha não
ajuda muito quando o assunto é promover e justificar uma corrida de uma
categoria caríssima como a F-1, em um momento onde o desemprego no país atinge
níveis alarmantes. Junte-se a isso o fato de muita gente em Valência nunca ter
tido simpatia pela corrida nas ruas da cidade, ainda mais com o circuito
Ricardo Tormo na vizinhança que poderia muito bem sediar a corrida, e temos a
possibilidade desta ser a última corrida nesta pista. Há a hipótese de se fazer
a corrida espanhola revezar entre Barcelona e Valência, como forma de contornar
essa situação, mas a grande maioria prefere que a corrida seja no circuito
próximo a Valência, enquanto Bernie Ecclestone quis porque quis montar este
novo circuito de rua há alguns anos atrás, e contou com a ânsia de vários
políticos locais para conseguir empurrar a prova goela abaixo do povo
valenciano. De qualquer forma, a F-1 parece concordar que precisa baixar seus
custos, ainda mais com a crise econômica dominando as atenções em toda a
Europa. Para 2013, a
FIA deve assumir as rédeas do acordo de redução de custos que os times devem
seguir, e que não vem sendo cumprido de forma correta, na opinião de alguns,
com um ou outro time a burlar as restrições acordadas entre todos. Vamos ver se
a categoria consegue tomar algumas atitudes neste sentido que tenham êxito...
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