sexta-feira, 1 de abril de 2011

MAIS DO MESMO

            A F-1 iniciou o campeonato de 2011 com a mesma cara de 2010: corrida com poucas ultrapassagens na pista, e Sebastian Vettel na frente, pra variar. O atual campeão do mundo largou na pole em Melbourne e lá ficou até a bandeirada final, perdendo a dianteira apenas momentaneamente nas trocas de pneus. Ao restante dos competidores, sobrou apenas ver quem ficava com o “resto”, que por acaso ficou com Lewis Hamilton, numa surpreendente ascensão da McLaren, que estreando um novo assoalho e algumas peças novas, corrigiu os fracos desempenhos mostrados pelo chassi MP4/26 nos testes da pré-temporada. Hamilton foi o 2° colocado, depois de conseguir cavar um lugar na primeira fila na base do tudo ou nada, mesmo ficando a quase 1s do tempo de Vettel, que não deu chances a ninguém, nem mesmo a seu companheiro de equipe Mark Webber.
            Destaque também para a excelente corrida de Vitaly Petrov, que já tinha surpreendido nos treinos de classificação, deixando Nick Heidfeld na sobra no time. O russo largou em 6° e ficou sempre entre os primeiros, e finalizou em 3° lugar, tornando-se o primeiro piloto de seu país a subir ao pódio da F-1. Mais irônico ainda foi que, logo atrás dele, chegou Fernando Alonso, que pela segunda corrida consecutiva, ficou vendo a traseira de Petrov sem conseguir ultrapassar, só que desta vez foi ainda pior, pois em nenhum momento o espanhol da Ferrari esteve em posição de discutir um lugar no pódio. Quem também surpreendeu foi Sérgio Perez: o piloto mexicano da Sauber fez sua estréia na categoria em grande estilo, e foi logo superando seu companheiro de time Kamui Kobayashi, que não é de se deixar intimidar com nada na pista. Perez ainda foi o único piloto a conseguir completar a prova australiana com apenas uma troca de pneus, tendo rodado praticamente metade da corrida com os compostos mais macios sem perder ritmo com a degradação dos mesmos. A desclassificação do time suíço por um erro na asa traseira foi um balde de água fria, mas o show na pista não foi esquecido.
            As novas regras adotadas para este ano, pelo menos no GP da Austrália, não mostraram grande coisa, com a corrida a exibir poucas ultrapassagens, embora estas tenham sido muito mais abundantes do que se tivessem sido feitas na pista que deveria ter aberto a temporada, no Bahrein. A corrida de 2010 foi mais emocionante, mas é de se lembrar que choveu naquele dia, o que ajudou a embaralhar as cartas como só São Pedro é capaz de fazer. Com pista seca no domingo, a F-1 teve de se virar com o que tem normalmente, e até não fez muito feio, mostrando pelo menos algumas boas brigas, mas todos esperavam mais devido às novas regras e componentes técnicos.
            A asa traseira móvel não facilitou tanto as ultrapassagens como se esperava, e diga-se de passagem, quem ia à frente usava o kers para se defender de uma eventual tentativa de ultrapassagem, nada mais natural, então, que os recursos ajudassem a anular uma possível facilitação na ultrapassagem. E os pneus Pirelli, em sua volta oficial à categoria, também não causaram os sustos que muitos imaginavam, graças ao piso pouco abrasivo da pista do Albert Park, que permitiu à maioria dos pilotos adotar estratégias similares às vistas no ano passado, com apenas 2 paradas, embora alguns, como a Ferrari, tenham precisado de 3 trocas durante o GP. A temperatura do GP australiano, que se esperava poder complicar também a durabilidade dos pneus, ajudou a manter tudo mais igual. E a diferença de compostos nem sempre significou mais facilidade em tentativa de ultrapassagem, como se viu no duelo entre Mark Webber e Fernando Alonso, onde o piloto da Red Bull, mesmo com compostos novos e macios, não foi capaz de superar o espanhol com pneus mais duros e mais gastos, e guiando um carro que claramente não esteve à altura da Red Bull e até da McLaren durante todo o fim de semana.
            Para os brasileiros, foi uma corrida para esquecer: Felipe Massa, alegando ter novamente problemas com o aquecimento dos pneus (!), ficou novamente bem atrás de Fernando Alonso, e só terminou em 7° devido à desclassificação dos Sauber (terminou na verdade em 9°). O único ponto alto do brasileiro foi seu duelo inicial com Jenson Button, onde conseguiu manter-se à frente do piloto da McLaren, muito mais rápido. Mas, depois, durante o decorrer da prova, Button superou o brasileiro, mesmo tendo sido punido com um drive through por passar fora da pista Massa numa primeira tentativa, perdendo muito tempo. Rubens Barrichello, se por um lado confirmou o bom potencial do novo FW33 da Williams (o brasileiro foi quem mais fez ultrapassagens no GP australiano, tendo caído para último na primeira volta e já estava em 9° quando se enroscou com Nico Rosberg), cometeu dois erros de principiante no fim de semana: rodou e atolou na brita durante o Q2, tendo de largar apenas em 17°, e depois na prova, errou uma freada onde atingiu a Mercedes de Nico Rosberg, voltando ao último lugar, e tendo de recuperar terreno novamente. Acabou abandonando com problemas no câmbio, que pode ser o ponto fraco do seu carro até o presente momento.
            A Hispania, em que pese ter tido mais tempo que em 2010 para aprontar o seu carro, conseguiu fazer ainda pior este ano: seu novo F111 só ficou pronto nos últimos minutos do segundo treino livre de sexta, e dando apenas uma única volta com Vitantonio Liuzzi. Na classificação, os carros foram absurdamente mais lentos que no ano passado, e com a nova regra dos 107% que limita a participação na corrida, o time espanhol já foi a nocaute logo no início da classificação de sábado, e nem mesmo uma solicitação à FIA ajudou o time a largar desta vez. A Virgin assumiu a lanterna do pelotão, e a Lótus, apesar de mais evoluída este ano, continuou andando lá atrás, mais até do que se esperava, o que mostra que este ano vai ser complicado para os novatos da categoria, mesmo com a experiência de sua primeira temporada em 2010.
            Ainda é cedo para dizer que o panorama da F-1 em 2011 será o que foi visto na Austrália. Por ser um traçado urbano, Melbourne não é parâmetro totalmente fiel do que poderemos ver durante todo o ano. A esperança é que as provas seguintes mostrem algo um pouco diferente, para se manter a expectativa e emoção da disputa do campeonato com um pouco de incerteza. Do contrário, se o panorama for o mesmo da Austrália, Vettel já poderá estar com uma mão na taça do bicampeonato...e precisamos que a categoria mostre alguns ares novos, e não mais do mesmo que estamos vendo nas últimas corridas...


A IRL teve uma estréia conturbada em São Petesburgo: a nova regra que obriga os carros a largarem lado a lado na bandeira verde, durante a corrida, substituindo a tradicional fila indiana adotada até o ano passado provocou algumas confusões entre os pilotos, que mais afoitos do que de costume, tocaram rodas entre vários carros. Na largada, a corrida já assumiu uma feição diferente, com Marco Andretti capotando de leve e ficando de cabeça para baixo, em um strike que atingiu também Scott Dixon e Hélio Castro Neves. Enquanto Andretti terminava ali sua corrida, os outros dois rumaram para os boxes, onde retomaram a prova nas últimas colocações, sem chances de fazer mais nada. Livre de alguns concorrentes de peso, o atual campeão Dario Franchiti só precisou se preocupar mesmo com Will Power, a quem superou numa das relargadas, e manteve-se firme na ponta até a bandeirada. Power, por sua vez, passou boa parte da corrida estando na alça de mira de Tony Kanaan, que fez uma estréia com o pé direito no acelerador na KV Racing. O piloto baiano ainda teve um forte sufoco nas voltas finais com a pressão de Simona Di Silvestro, que aproveitou bem as confusões das relargadas para subir às primeiras colocações, onde se manteve com grande catgoria. Power ficou em 2° lugar, e Kanaan completou o pódio. Raphael Matos também fez uma boa estréia na equipe AFS, terminando em 7°, à frente de Vitor Meira (8°) e Bia Figueiredo (14°). A próxima etapa é no dia 10 de abril, no circuito misto de Barber Dodge, no Alabama.

Nenhum comentário: