sexta-feira, 8 de abril de 2011

MAIS UMA OPORTUNIDADE PERDIDA?

            O assunto da semana no meio automobilístico nacional é a morte de Gustavo Sonderman devido ao forte acidente sofrido pelo piloto na Copa Montana durante etapa disputada em Interlagos, no domingo passado. O piloto bateu na Curva do Café e na volta à pista foi violentamente atingido pelo carro de outro competidor, que também sofreu ferimentos, mas felizmente nada de grave. Sonderman, infelizmente, sofreu danos cerebrais irreversíveis, e não resistiu. E começou, então, a comoção, seguida de questionamentos, declarações inflamadas de pilotos, jornalistas especializados, e outros. O grande alvo, claro, são os dirigentes do automobilismo nacional, que até o momento, estão perdendo uma excelente oportunidade para mostrar que valem alguma coisa, e não serem apenas um bando de cartolas que serve unicamente para arrancar dinheiro de empresas e pessoas interessadas em corridas de automóveis neste país.
Aliás, na visão dos dirigentes, a culpa é da Curva do Café, que ali, em 2007, também teria “matado” Rafael Sperafico, em um acidente quase idêntico ao visto domingo passado. A prova da Copa Montana ainda teve o agravante de ser disputada com chuva, e com a largada em um momento onde praticamente ninguém enxergava nada direito, conseqüência da maravilha que são os carros de nossas categorias TOP nacionais. E aí, antes que venham dizer que a culpa é da chuva, vale mencionar também que a segurança dos carros não é lá essas coisas. Tomo como exemplo a Nascar, onde os carros podem até ser parecidos, mas o que serve de inspiração para nossa Stock e suas categorias satélites não vai muito além das aparências.
Na Nascar, os requisitos de construção dos carros são muito mais rigorosos, e a tolerância para defeitos nos carros é praticamente zero. Não sem razão: os carros correm em pistas ovais onde se chega – e se passa, fácil dos 300 Km/h, e são mais de 35 carros em pistas muitas vezes estreitas, onde os acidentes são freqüentes, e com conseqüências que podem ser dramáticas. Mas os carros mostram que agüentam bem as pancadas, e proporcionam a seus condutores uma proteção relativamente alta para um carro com chassi tubular. E olhe que pancadas nas provas da Nascar não faltam nos últimos tempos. Não são um derby de demolição, mas os carros praticamente não saem se desmontando como aconteceu em alguns momentos com os carros utilizados aqui no Brasil.
            Na F-1, as mortes de Roland Ratzemberger e Ayrton Senna desencadearam um vendaval de novas regras técnicas destinadas a aumentar a segurança. Um pouco na base do atropelo, inicialmente, os bólidos da categoria passaram a incorporar novos elementos de segurança, assim como os circuitos passaram por várias mudanças – algumas até exageradas, para que nada como Ímola/94 voltasse a se repetir. Felizmente, de lá pra cá, nunca mais aconteceu nada parecido, mas nem por isso as regras de segurança relaxaram depois, sendo até hoje mais rígidas do que nunca. Da pior maneira, a categoria máxima do automobilismo aprendeu com aquele dia, e tomou providências para que algo assim nunca mais venha a acontecer. Ou, pelo menos, se acontecer algo pior, já estão lá incorporadas medidas de segurança muito mais amplas do que jamais foram adotadas antes. É algo assim que precisa ser feito no automobilismo nacional.
            Mas, o que vemos por aqui no Brasil? Nossos circuitos estão à míngua, e com exceção de Interlagos, Curitiba e do Velopark, o resto está caindo aos pedaços, ou em condições insatisfatórias. Para piorar, não é de hoje que a Stock virou a “menina dos olhos” da CBA, que com a Globo, faz e desfaz do certame, com péssimas transmissões, e pra piorar, carros com segurança insuficiente, além de não se mexer em praticamente nada para melhorar as condições de nossas pistas. Um exemplo é a F-Truck, que já precisou arrumar, por conta, algumas pistas para que pudesse disputar nelas suas provas de maneira pelo menos decente. As medidas de segurança dos carros da Stock, por sua vez, ainda são quase as mesmas de 2007, sem avanços significativos de lá para cá, quando morreu Rafael Sperafico em acidente na mesma curva do último domingo. Carros diferentes, mas basicamente com o mesmo tipo de construção, e pior de tudo, o mesmo tipo de acidente, com uma colisão lateral em cheio que promoveu ferimentos graves no veículo atingido. E quem o atingiu também sofreu ferimentos, leves, mas sofreu. Se este fosse um país sério, de lá para cá teriam sido adotadas medidas mais rigorosas de segurança para o caso de colisões laterais, algo muito provável de acontecer em carros de categoria como a Stock. Mas alguém fez isso?
            Agora, quando falam em fazer um chicane, ou até aproveitar a que foi criada para a MotoGP em 92, aparecem mil empecilhos. E até a FIA agora tem culpa no cartório por não se poder mexer no traçado do autódromo. Desculpas e mais desculpas. E, para os pilotos que enfim reclamam de mais segurança, estes são taxados de “infantis” e “reclamaões”. Mais fácil declarar que as corridas futuras da Stock naquele ponto sejam feitas em bandeira amarela, para diminuir velocidade e evitar até ultrapassagens. Que tal então instalarem um semáforo ali para parar a corrida? E o que dizer da seriedade de uma categoria que proíbe que seus pilotos falem mal dela?
            De toda a falação que ouvi esta semana sobre o assunto, e que com certeza ainda ouviremos nos próximos dias, quero apenas ver o que irá se transformar em medidas concretas para prevenir de modo efetivo, sem demagogias ou propostas esdrúxulas, outros acidentes no local, ou em qualquer outro, de nossos circuitos, nesta categoria dita TOP, e suas “filiais”...
            Desconfio que não serei o único a, mais uma vez, me decepcionar com o jeito como as coisas são feitas neste país...


A F-1 chegou a Kuala Lumpur para a prova mais infernal da temporada, metaforicamente falando. O forte calor tropical destas paragens vai ser um desafio para as novas regras técnicas da categoria, que em Melbourne aparentemente não propiciaram mudanças significativas no andamento da corrida. O forte calor, inédito até agora para todos no ano, deve colocar à prova especialmente os novos compostos de pneus da Pirelli, que ainda não foram utilizados em temperatura alta. O último teste da pré-temporada estava marcado para ser feito no Bahrein justamente por este motivo, mas com o cancelamento do GP, os testes também dançaram, e no seu lugar, os times ganharam mais uma sessão em Barcelona, onde a temperatura não foi um problema para pilotos e escuderias.
Outro ponto interessante será ver o desempenho da asa traseira móvel nas grandes retas de Sepang, que devem ter um efeito mais propício do que a reta dos boxes do Albert Park. Fica a dúvida de qual delas será a escolhida para se usar o dispositivo, que na minha opinião, deveria ser livre nas duas grandes retas, inclusive até na curva em grampo que as separa. Seria um ingrediente interessante para se aumentarem os pegas. Os trechos de longas retas também devem fazer diferença no uso do kers, propiciando um ganho de cerca de 0s4 nos tempos de volta, algo significativo, e que pode ser o remédio anti-asa traseira na defesa das posições.
A dúvida é se a Red Bull poderá ter neste circuito um desafio maior do que na Austrália, mas pelo retrospecto da equipe no ano passado, podem tirar o touro da chuva: a Red Bull venceu aqui com facilidade a corrida, com Sebastian Vettel na frente. Nem deu para falar mais nada: Vettel pulou na frente na largada e de lá nunca mais saiu. A probabilidade de algo assim se repetir domingo, ainda mais depois do que vimos em Melbourne, é grande. Salvo imprevistos, o combate será Red Bull X resto do grid. A dúvida será saber quem vai liderar o “segundo pelotão”. Na Austrália, a McLaren foi o melhor time depois dos austríacos. Em Kuala Lumpur, até o momento, a perspectiva está em aberto, com possibilidade de um duelo franco entre McLaren, Renault, Ferrari, Williams e Mercedes. Tirando a McLaren como opção mais plausível, não dá para apontar qual dos outros times está melhor exatamente. Mas, no fundo, é essa incerteza que motiva o torcedor. E o GP da Malásia deve ser capaz de apresentar uma corrida bem mais agitada do que a vista em Melbourne. Vamos aguardar e ver o que acontece...


Bia Figueiredo vai desfalcar o time de pilotos brasileiros na segunda etapa da IRL, disputada no Alabama neste final de semana, no circuito de Barber. A piloto fraturou um osso da mão direita durante a corrida de estréia do campeonato, em São Petesburgo, e precisou passar por uma cirurgia para colocação de um pino. No seu lugar, o time escalou Simon Pagenaud. Bia deve voltar na etapa seguinte, em Long Beach. No ano passado, a etapa de Barber foi vencida por Hélio Castro Neves.

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