O início de 1994 parecia extremamente promissor para os brasileiros na F-1. Senna, enfim, guiava o “carro de outro planeta”, como havia definido a Williams no ano anterior. Mas as regras técnicas mudaram radicalmente, e o brasileiro logo viu que seu sonho poderia virar pesadelo. Mas Ayrton nunca se deixou intimidar, e aceitou o desafio, que como veríamos depois, seria maior do que todos esperávamos, inclusive ele próprio. Claro que, se fosse apenas isso, seria o menor dos problemas, em virtude do que veio depois.
Mas, vamos ao texto, enfim. Recordemos, então, o que escrevi naquela época, enfocando um assunto diferente, mas não menos importante, e que mostrava que a categoria máxima do automobilismo já trilhava um caminho que a deixaria irremediavelmente diferente dos anos anteriores. Algo que, infelizmente, só piorou de lá para cá...
A EXTINÇÃO DAS EQUIPES DA F-1
Adriano de Avance Moreno
A F-1, ao contrário do que muitos ainda podem pensar, deixou há muito tempo os climas de camaradagem e união a que o esporte se propôs a conseguir. Desde o fim dos anos 1970 que o clima de rivalidade se acirrou na categoria, tornando-a um meio onde passou a imperar de modo cruel e agressivo a lei da selva, onde só os mais fortes sobrevivem...
Tanto isso é verdade que, de uns tempos pra cá, motivado pela recessão mundial, o número de equipes na F-1, tristemente, tem enfrentado uma grande diminuição, onde vários times acabaram desaparecendo. As causas acabam tendo motivos variados, mas o fator financeiro costuma ser o preponderante. Para se ter uma idéia, muitas das escuderias da década de 1980 já não existem mais hoje, em plenos anos 1990. Algumas, como a Renault, mudaram sua postura, e de equipe, passaram a ser apenas fornecedora de motores para a F-1. Outras, como a Toleman, foram compradas por grandes grupos empresariais e mudaram de nome.
Brabham, Copersucar/Fittipaldi, Alfa Romeo, Ensign, Theodore, ATS, Osella, Lola, AGS, March, Spirit, RAM, Zackspeed, Rial, Scuderia Itália, Onix, Eurobrun, e Coloni, foram algumas das equipes que desapareceram da F-1 desde 1982 pra cá. A grande maioria vitimada pela falta de recursos financeiros, algumas poucas, pela falta de resultados.
Em todos esses casos, talvez o mais triste seja o da Brabham, que era uma equipe muito tradicional, fundada por ninguém menos do que Jack Brabham, que conquistou seu 3° e último título na F-1 pilotando o próprio carro. A Brabham também levou Nélson Piquet ao bicampeonato em seus melhores dias na década de 1980. Sua última temporada, a de 1992, foi amarga e cruel, com apenas 3 GPs disputados, e sempre em último lugar. A equipe faliu antes da temporada terminar, logo após o GP da Hungria daquele ano. Um triste fim para esta escuderia.
Vários outros times sumiram do mapa por falta de resultados, que levaram à falta de recursos. Foi o caso da Copesucar/Fittipaldi, que “afundou” com a carreira de Émerson Fittipaldi. Outros times que seguiram caminho similar foram a Zackspeed, Scuderia Itália, Lola e Alfa Romeo. Outras simplesmente desapareceram por falta de recursos financeiros. Foi o caso da AGS, Rial, Coloni, Ônix, Ensign e March, entre tantas outras. Também a Spirit desapareceu após várias tentativas de competição, como a Osella. Duraram muitas corridas, mas por fim, desapareceram melancolicamente.
Outras equipes estiveram à beira do desaparecimento neste período, mas conseguiram manter-se em atividade e agüentaram firme a situação. É o caso da Lótus, que passou por uma grande crise nas temporadas de 1990 e 1991, mas conseguiu se reestruturar e voltar a ser competitiva, embora sem conseguir voltar ao status de equipe de ponta. Também é o caso da Ligier, que chegou ao fundo do poço em 1988, e só não faliu porque seus patrocinadores franceses são todos de estatais, e Guy Ligier era uma grande amigo pessoal do presidente da França, François Mitterandt. Na temporada passada a Minardi quase naufragou, o que só não aconteceu porque conseguiu dinheiro de Jean-Marc Gounon para conseguir levar a equipe para disputar as 2 últimas provas do campeonato. Já a Scuderia Itália perdeu a paciência com o desastroso chassi Lola e resolveu encerrar suas atividades na F-1.
A Onix foi outro caso que entristeceu. Estreante em 1989, com Bertrand Gachot e Stefan Johnsson como pilotos, a escuderia foi a revelação da temporada, conseguindo até 1 pódio em sua temporada de estréia. Entretanto, sua negociação com um grupo empresarial que depois acabou envolvido em falcatruas financeiras acabou levando a equipe junto para o buraco a meio da temporada de 1990, pondo fim a uma bela promessa na F-1. AGS e Coloni, por sua vez, nunca conseguiram resultados satisfatórios. Teriam tido mais sorte na F-3000, mas quiseram enfrentar a dura realidade da F-1...Pobres equipes...
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