sexta-feira, 29 de abril de 2011

IRL BRASIL 2011

            Chegou a vez do Brasil assistir novamente os carros da Indy Racing League acelerarem nas ruas de São Paulo. O circuito montado junto ao sambódromo na capital paulista está pronto para receber os carros da categoria, que aceleram a partir de manhã, numa programação intensa com os treinos livres e classificação, para não mencionar também a presença da GT Brasil, que também terá treinos e corrida neste final de semana no mesmo espaço destinado à categoria americana. Se no ano passado a prova mostrou-se complicada fora da pista, com problemas como o piso demasiado liso da reta do sambódromo, bem como o excesso de ondulações do traçado, este ano tudo foi feito com mais calma, sem os atropelos de 2010. Nada mais do que a obrigação, claro, mas quando se trata do poder público no Brasil, confesso que sempre fico com um pé atrás, de tanta palhaçada que já vimos em nossas pobres terras tupiniquins, que certamente poderiam ter melhor sorte em muitas ocasiões, caso este fosse um país realmente sério...
            Até o fechamento desta coluna, ainda havia vários ingressos disponíveis nos pontos de venda. Apesar dos preços mais acessíveis em relação à Fórmula 1, e deste ano termos um setor a mais no circuito, a chamada Indy Área, onde o público poderá circular à vontade e apreciar os carros com um pouco mais de intimidade, pela área dos boxes na vizinhança do setor, a IRL ainda não conseguiu cativar totalmente os brasileiros. O público do ano passado foi bom para uma corrida inaugural, e este ano deve ser, se não melhor, ficar na mesma faixa de ocupação dos lugares disponíveis. A Bandeirantes, que tanto apregoa a qualidade da competição do certame, faria um grande favor a si mesma se transmitisse o campeonato com mais desenvoltura, e não fizesse por vezes um samba do crioulo doido nas suas transmissões, que ora são na TV aberta, ora na fechada, e por aí vai. O fã que se preze, acima de tudo, quer respeito e um serviço decente de transmissão de uma categoria, algo que na Bandeirantes é uma verdadeira montanha-russa, com vários altos e baixos.
            Saudades dos tempos da verdadeira F-Indy, que quando chegou aqui, no Brasil, há 15 anos atrás, quando tivemos a primeira corrida da categoria no Rio de Janeiro, havia um clima diferente em relação ao evento. Verdade que o público, naquela ocasião, também não todo o sucesso que se imaginava, mas o apelo que a F-Indy tinha em nosso país era muito maior. Tínhamos mais pilotos, e boa parte deles estava em times com chances de vencer, ou pelo menos de aprontar boas surpresas. E a vitória inaugural foi de um brasileiro, André Ribeiro, com o Lola/Honda da Tasman, um time médio, mas que prometia muito. Além das boas expectativas, justificadas pela presença de nossos pilotos, entre eles Émerson Fittipaldi, seu sobrinho Christian, Gil de Ferran, Raul Boesel e Roberto Moreno, havia também um trabalho, que até então era exemplar da TVS/SBT na transmissão da categoria. Téo José, numa narração competente, sabia passar emoção e sobriedade melhor que outros narradores. E o trabalho de Dedê Gomes, e Luiz Carlos Azenha nas reportagens nos boxes, deixava tudo muito melhor de se acompanhar e curtir. Confesso que atualmente, não vejo nada disso na transmissão da IRL, uma categoria que surgiu de um racha promovido irresponsavelmente por Tony George, e que ajudou a sepultar a Indy como a conhecíamos.
            Hoje, nossas expectativas de vitórias estão restritas a Hélio Castro Neves, que corre pela Penske, o mais forte time da atual IRL. Mas Hélio vem tendo um início de campeonato abaixo da expectativa, e até o momento, vem perdendo a briga interna na própria Penske para seus colegas de time, Ryan Briscoe, e principalmente, Will Power. Mas Helinho não pode ser descartado do jogo na véspera, pois pode conseguir virar a maré de azar vista até agora, e dar uma alegria inédita aos brasileiros, a de ver um de nossos representantes a conquistar a primeira vitória de uma corrida da categoria em nosso país. Nossos demais pilotos no certame, infelizmente, dependerão de fatores externos para galgar resultados acima das possibilidades de seus times. Tony Kanaan, que vem tendo um excelente início de temporada, dadas as dificuldades pelas quais passou até poucos dias antes de começar o campeonato, está ciente de que as chances da KV são limitadas, e que precisará de muito trabalho para conseguir vencer propriamente. Tony está jogando na inteligência e estratégia nas corridas até agora, com um despenho sólido dentro de suas possibilidades, e com certeza, será sua principal arma novamente para conseguir um bom desempenho. Mas Tony vai ter um empecilho extra neste final de semana: uma virose o acometeu durante a semana, e o obrigou inclusive a cancelar parte de suas atividades promocionais por ordem médica, que receitaram descanso absoluto. Isso não vai fazer Kanaan desistir da luta, mas com certeza vai ser um obstáculo adicional que certamente complicará sua situação no cockpit do carro da KV.
            Situação parecida vive Bia Figueiredo, que fraturou um osso do pulso na prova de abertura do campeonato, precisou de uma cirurgia, perdeu a segunda etapa, e mostrou em Long Beach, há duas semanas, que ainda não estava plenamente recuperada. A jovem vai disputar a corrida com uma proteção no antebraço, mas a recuperação incompleta é algo que Bia terá de superar para vencer os adversários, que com certeza, não vão dar moleza na pista. Vitor Meira, nosso melhor representante no ano passado, quando subiu ao pódio em 3° lugar, tem contra si o potencial limitado de seu time, mas confia em fazer uma corrida eficiente e tentar manter-se longe dos problemas para, quem sabe, não apenas repetir o bom resultado de 2010, como até tentar algo melhor. E ele já avisou que, agora que se tornou pai, pretende dedicar uma possível vitória à sua pequena Juliana, nascida há poucos dias. Completando nossos representantes, Raphael Matos também corre por um time pequeno, a AFS, mas isso não o impedirá de tentar dar o máximo de si perante a torcida verde-amarela.
            O circuito montado na região do Anhembi este ano não terá as ondulações que tantas críticas provocaram dos pilotos. O traçado foi recapeado, e com asfalto do mesmo tipo usado em Interlagos. Ao mesmo tempo, a reta do sambódromo já recebeu seu devido tratamento para evitar as patinadas dos carros vistas no ano passado. A longa reta da marginal Tietê, a maior reta de um circuito usado no campeonato, deverá ser o principal ponto de ultrapassagens, assim como foi no ano passado. E outros pontos foram retocados e melhorados, com base nas lições do que se viu na corrida de 2010. Até mesmo o tempo deve ajudar, pois as possibilidades de chuva para o final de semana são poucas, e mesmo assim, o traçado foi todo vistoriado e a drenagem melhorada, a fim de evitar os inconvenientes vistos pela intervenção de São Pedro na corrida do ano passado.
            Tudo leva a crer que teremos uma corrida com diversas opções e com muita disputa. Para aqueles que curtem a velocidade e as corridas, é hora de curtir os carros Indy em São Paulo. E que vença o melhor!


Tony Kanaan e Hélio Castro Neves usarão pinturas especiais em seus carros neste final de semana. Ambos competirão com bólidos mostrando a cor vermelha como principal. O motivo é o patrocínio da Cervejaria Itaipava, que irá estampar seu logo nos bólidos de nossos principais representantes. A Itaipava, por sinal ,também é patrocinadora oficial da corrida, que terá o nome de Itaipava São Paulo Indy 300 Nestlé. Palmas para a Itaipava, que no momento parece ser a empresa que mais aposta em nossos pilotos no automobilismo internacional, e que andam muito necessitados de melhor aporte financeiro. Um exemplo que poderia ser seguido por diversas outras empresas, como já ocorreu em épocas não tão distantes dos dias de hoje...


Apesar dos itinerários de ônibus à disposição para se chegar ao circuito montado na região do Anhembi, a melhor opção é ir pelo metrô, descer na estação Tietê, e caminhar até a pista, distante poucos quarteirões. Pode cansar um pouco, mas certamente deverá ser bem mais prático do que encarar o trânsito nas ruas dos arredores. E nada de pressa. Ir com calma é o principal: guarde a adrenalina para a hora da competição...

Um comentário:

ALexandre Maeller disse...

Acontece meu caro, que pouco blogs dão noticias sobre a prova da Indy em São Paulo, não existe o mesmo interesse da midia sobre as provas que irão se realizar neste fim de semana