quarta-feira, 4 de maio de 2011

ARQUIVO PISTA & BOX – FEVEREIRO DE 1994

            Dando prosseguimento à publicação de minhas antigas colunas, eis aqui a coluna que escrevi em fevereiro de 1994, com uma pequena resenha dos testes da pré-temporada. Como de praxe, expectativas em alta de um ano de boa competição. Hora de rever um pouco o que aconteceu naquela época. Boa leitura a todos...

PROMESSAS E DÚVIDAS

Adriano de Avance Moreno

            Fevereiro chegou ao fim, e a poucas semanas do início da temporada de 94, pode-se afirmar que o baralho de opções está mais misterioso do que nunca. A Ferrari parece ter uma “bomba” nas mãos, e já começa a atrair a ira dos tiffosi mais exaltados, antevendo uma nova temporada de fiascos. A Williams finalmente colocou o seu novo carro na pista, mas os testes que irão fazer todos sentirem seu verdadeiro potencial só irão ser feitos em março, a poucos dias do início do campeonato. A McLaren disse que seu carro vai melhorar, e já acertou um teste sigiloso com Alain Prost, o que vai dar o que falar. Já a Benetton, detentora do novo recorde extra-oficial da pista de Barcelona, já começa a cantar vantagem de que lutará pelo título e Michael Schumacher diz que chegou sua vez de ser campeão. A Jordan mostra que evoluiu muito, e Eddie Jordan diz que pretende desbancar a McLaren este ano. A Sauber também mostrou forte evolução, e promete incomodar as equipes de ponta, e quem sabe, lutar pelo pódio durante a temporada. Diante de tanta euforia, promessas e resultados de testes separados entre equipes, aqui e ali, que perspectivas podemos prever para o mundial de 94?
            A evolução da Jordan e da Benetton pode mostrar um novo equilíbrio na temporada, mas até o momento, nem Williams, McLaren e Ferrari sabem exatamente o quanto seus carros poderão render. Mika Hakkinem já diz que o novo MP4/9 tem potencial para ser um carro vencedor; Ayrton Senna não se considera favorito isolado ao título; Jean Alesi e Gerhard Berger, apesar dos problemas enfrentados, afirmam que a Ferrari vai surpreender. Se todos esses prognósticos dos pilotos, que teoricamente devem pressentir o quanto seus carros poderão render, se confirmarem, teremos enfim a volta da competitividade à F-1.
            Muitos afirmavam que o banimento da eletrônica excessiva da F-1 ao fim de 93 poderia não dar em nada, mas até agora, a confusão criada nos projetos das equipes parece dar um vigoroso ânimo ao ver que a idéia parece que vai dar certo. Não que as equipes de ponta deixarão de ser de ponta, ou que as equipes que andavam lá atrás poderão vir a andar na frente. Nada disso. Apenas as distâncias entre as escuderias deverá ser menor. Uma visão bem otimista deve imaginar que os desempenhos das principais equipes, como McLaren, Williams, Benetton e Ferrari, devem ficar bem semelhantes, e algumas equipes médias, como Sauber, Jordan e Ligier poderão encostar um pouco mais nos times de ponta, o que deve tornar a briga mais interessante.


Na F-Indy, acabaram as expectativas de Marco Greco fazer uma boa temporada. Seu lugar foi rifado para o japonês Hiro Matsushita (é melhor o Raul Boesel tomar cuidado com este cara na pista), e vai ter de correr o campeonato na Arciero Racing, uma subsidiária da Dick Simon, revivendo a situação de 93, quando correu pela Sovereign, uma subsidiária da Ganassi. Como a Arciero também usa equipamentos de segunda mão, Marco Greco parece mais uma vez destinado a comer o pão que o diabo amassou...
Já as perspectivas de Émerson Fittipaldi para a temporada são as melhores. Os testes com o novo Penske 94 mostraram que a equipe evoluiu muito bem o projeto de 93, e deve dar muito trabalho à concorrência na pista. A Penske volta a correr com 3 pilotos a temporada inteira, mas garante que não vai repetir os erros de 1990, quando acabou dividindo os esforços entre seus 3 pilotos e fizeram uma temporada fraca. Para isso, a equipe foi ampliada de 140 para 180 pessoas. Émerson é o primeiro piloto oficial e tudo indica que deverá ter a prioridade geral da equipe, por sua maior experiência e currículo, após a aposentadoria de Rick Mears no ano passado. Al Unser Jr., contudo, pode dar trabalho, enquanto Paul Tracy precisa de maior regularidade para poder fazer frente a seus companheiros de equipe...

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